Apesar de terem ocorridos em períodos da história diferentes, os períodos da Idade Média e do Renascimento são complementares. Consequência dos acontecimentos e do contexto da época, a Renascença é impossível de ser compreendida sem o período medieval que a antecedeu.
Tabela de Conteúdos
O que foi a Idade Média?
A Idade Média é o período da história posterior à Idade Antiga, que começa com a invenção da escrita, por volta de 4.000 anos antes de Cristo, se encerra em 476, na queda do Império Romano do Ocidente. Assim, durante quase mil anos, a Eurásia, região da Europa e Oriente Média, viveu o período medieval da história, encerrado pelo Renascimento que dá luz a Era Moderna da história.
Com a queda do Império Romano, os bárbaros (povos germânicos que viviam ao norte) encontram um caminho livre para ocupar a Europa. Esses grupos possuem costumes diferentes e dividem o continente em vários reinos, alterando a estrutura política da região. Esse período de instauração dos novos reinos é conhecido como Alta Idade Média, onde a fusão das culturas permitiu um salto de desenvolvimento da região.
Passados 500 anos, o feudalismo se estabilizou como organização política hegemônica através da união entre Reis e Igreja Católica, que governavam os servos. Começa então, o período conhecido como Baixa Idade Média, onde o poder do clero e da realeza eram divinos e incontestáveis. Muitos denominam esse período como a Idade das Trevas.
Esse domínio da religião sobre a vida das pessoas começa a ruir por volta do ano 1500, quando a Peste Negra assolou a Europa, gerando uma série de movimentos sociais de contestação ao regime feudal. Além disso, começam as grandes expedições marítimas, acontece a reforma protestante da Igreja e cai Constantinopla.
Em meio a esse cenário, homens encontram espaço para apresentar suas ideias de uma nova sociedade, baseada na razão e no conhecimento científico, o Renascimento.
O que é Renascimento?
A Escola de Atenas de Rafael Sanzio - Wikimedia Commons
Mais que um período da história, o Renascimento foi um movimento artístico que levou a Europa, e a humanidade, da Idade das Trevas, como alguns denominavam a Idade Média, para a Era Moderna. Durante os séculos XIV, XV e XVI, mercadores que enriqueceram com o comércio, começaram a financiar artistas e cientistas com ideais antagônicos aos ideais medievais até então em voga.
O movimento renascentista foi esse movimento de transição da cultura europeia no campo das artes, da literatura, da pintura, da filosofia, das ciências naturais e humanas. Financiado pelos mercadores, artistas como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Domenico Ghirlandaio, Rafael, Nicolau Maquiavel, Dante Alighieri e muitos outros, transformaram a sociedade da época e impuseram uma nova forma de pensar.
Cultura medieval e renascentista
A Anunciação - Pintura de Andrea del Verrocchio e Leonardo da Vinci - Wikimedia Commons
Movimento artístico e movimento cultural
Enquanto na cultura medieval, a existência de uma entidade superior - Deus - explicava tudo e justificava a organização da sociedade, os expoentes do renascimento defendiam que a razão era quem deveria governar os homens. Defendendo, além da ciência, o sujeito como detentor de direitos básicos, os renascentistas criaram a teoria do humanismo.
- Empirismo x Racionalismo: a razão e a intuição devem ser privilegiadas ante a sensação e a experiência (empirismo), na produção do conhecimento. O conhecimento deve ser comprovado através de processos científicos.
- Absolutismo x Individualismo: o poder do estado deve ser limitado, pois, cada pessoa tem direitos individuais que devem ser protegidos pela sociedade.
- Teocentrismo x Antropocentrismo: a presença de um Deus não deve ser usada para explicar o universo, ao contrário, é o homem, e a humanidade, criação suprema de Deus que deve ser o centro do universo.
- Classicismo: o resgate do conhecimento filosófico produzido na antiguidade clássica greco-romana, renegados durante o feudalismo.
Os ideais renascentistas foram propagados, principalmente, pelas pinturas de Leonardo da Vinci, pelos livros de Dante, pelas esculturas de Michelangelo, entre outras obras de arte. Esse é o motivo pelo qual o movimento renascentista é conhecido por ser um movimento, na sua essência, artístico, que causou mudanças políticas, sociais e econômicas.
Idade Média e Renascimento literário
Durante os anos medievais, as obras literárias eram reservadas apenas a realeza, clero e nobreza, castas que detinham o conhecimento do latim, língua dominante na época. Entre os plebeus, que desconheciam o latim, a principal manifestação cultural foi o trovadorismo. Uma espécie de literato oral, o trovador contava histórias, fazia sátiras e declarava o amor através de poemas cantados.
Com o apoio dos renascentistas, houve um renascimento da literatura. Os livros foram traduzidos para as línguas populares, a moral cristã cedeu lugar às aventuras românticas, e o interesse da população pela literatura foi se intensificando. O principal era Miguel de Cervantes que com o seu livro Dom Quixote, inaugurou o romance na literatura.
Além de Cervantes, outros autores produziram obras literárias importantes, que mostram as mudanças sociais, políticas e econômicas que aconteciam durante o renascimento:
- Divina Comédia, do italiano Dante Alighieri
- O Príncipe, de Maquiavel
- Macbeth, de Shakespeare
Idade Média e Renascimento artístico
A arte medieval oficial era religiosa e acontecia nas Igrejas, o tema central das obras era o poder de Deus e a religião, ficando o homem e a humanidade renegados a segundo plano.
Vista da Catedral de Milão na Itália - Imagem de zhugher por Pixabay
Dois exemplos das artes medievais, que chegaram até os dias atuais, são a arte medieval românica e a arte medieval gótica. Construídas para representar o poder divino na Terra, as Igrejas do período medieval eram verdadeiros monumentos à religião, principal núcleo de poder na Idade Média.
Buscando aumentar a influência nos ciclos do Clero e da Realeza, os mercadores contrataram artistas do porte do pintor Leonardo da Vinci e Michelangelo, que produziram quadros e esculturas sobre a temática religiosa, mas aproximando a arte da vida cotidiana.
Leonardo da Vinci, por exemplo, é conhecido por usar em seus quadros rostos de pessoas comuns para representar deuses e anjos. Além disso, os artistas do renascimento, em suas obras, retomaram temáticas da cultura greco-romana. Entre as principais obras do renascimento artístico estão:
- Mona Lisa, de Leonardo da Vinci
- A criação de Adão, de Michelangelo
- O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli
- A escola de Atenas, de Rafael Sanzio
Idade Média e Renascimento científico
Ao contrário do que se acredita, a Idade Média foi um período de avanço do conhecimento científico. Com ajuda do conhecimento herdado dos romanos e dos povos germânicos, que haviam conquistado o território, o povo europeu desenvolveram novas técnicas de plantio que permitiram a população crescesse em torno dos castelos e mosteiros.
O Triunfo da Morte, 1562, de Pieter Bruegel - Wikimedia Commons
Esse crescimento populacional permitiu o desenvolvimento do comércio, gerando um fluxo de mercadorias e conhecimento entre as diferentes regiões. As primeiras universidades são dessa época também. Surgem as primeiras cidades. São traduzidos os antigos textos em latim divulgados a partir da imprensa móvel, responsável pelo desenvolvimento da imprensa.
Todo esse enriquecimento científico da Idade Média é interrompido com a peste negra, um vírus mortal que dizimou metade da população europeia. Os problemas econômicos, sociais e políticos causados pelo surto epidêmico abrem caminho para uma nova perspectiva social, com o surgimento de novas teorias científicas. É durante o renascimento científico que surgem nomes como:
- Galileu Galilei: astrônomo e defensor da teoria heliocêntrica
- Nicolau Copérnico astrônomo, matemático e autor da teoria heliocêntrica do Sistema Solar
- Francis Bacon: criador do método científico
- René Descartes: filósofo e matético
- Isaac Newton: criador das leis fundamentais da física
Qual a diferença entre o homem medieval e renascentista
A criação de Adão, Michelangelo - Wikipedia Commons
É possível diferenciar os dois tipos de homens que viveram nos dois períodos estudados acima. Enquanto o homem que viveu durante o período medieval tinha uma forte crença religiosa e não contestava o poder da Igreja e dos Reis, o homem renascentista acreditava na ciência como ferramenta de desenvolvimento social e defendia os direitos dos indivíduos contra o poder absolutista da Igreja.
Homem medieval | Homem renacentista |
Deus era o grande pai da humanidade e inventor de tudo do mundo | Os homens deveriam estudar e desenvolver a ciência |
O poder da Igreja e o Rei eram similares ao poder de Deus | Os direitos individuais deveriam ser respeitados e protegidos pelo Estado |
Qualquer conhecimento que não fosse emanado pela Igreja é profanação | Acreditava que o conhecimento clássico dos gregos e romanos deveria ser resgatado |
Perguntas frequentes (FAQ)
De onde veio o termo renascimento?
O termo renascimento foi cunhado pelos próprios renascentistas que enxergaram no movimento o renascimento das artes desenvolvidas na antiguidade clássica e renegadas pela Igreja durante a Idade das Trevas, termo que eles também cunharam.
Onde surgiu o renascimento?
Nasce na região da Toscana, Itália, no século XV e se estende para toda a Itália e Europa nos séculos seguintes. Os ideais esculpidos no renascimento foram as sementes para a Idade Moderno, surgida a partir da Inglaterra (Revolução Industrial), na França (Revolução Francesa) e nos Estados Unidos (Independência Americana).
Qual país é considerado o berço do renascimento?
A Itália é considerada o berço do renascimento e local onde até os dias atuais abriga um grande número de obras, esculturas, pinturas e edifícios de arte gótica, criados pelos principais nomes do renascimento artístico.
Quando se iniciou a Idade Média?
Com a queda do Império Romano, no ano de 476.
Autor do Studybay
Advogado de formação, sempre gostou de ler, mas nunca foi de escrever. Começou a escrever mesmo durante o curso de direito, onde era escolhido para digitar os trabalhos da faculdade, por escrever muito bem, como dizia os amigos. Nunca acreditou nisso, até que começou a ganhar dinheiro escrevendo. Desde então, se dedica à escrita e busca ajudar outras pessoas a escreverem. Além de manter vivo no horizonte o sonho de escrever o seu primeiro romance. É fã de Hemingway e Adoniran Barbosa.