Reflexos da Crise na condução da política comercial brasileira
Dr. FábioTescari A banca examinadora dos Trabalhos deTcc I, em sessão pública realizada em ____________/__/_____, considerou os (as) candidatos (as): 1. Examinador(a) 2. Examinador(a) 3. Examinador(a) RESUMO O presente trabalho busca analisar e avaliar os impactos da crise financeira global de 2008 sobre o comércio exterior brasileiro. LISTA DE ILUSTRAÇÃO Ilustração I - Cronograma de execução TCC II 12 Ilustração II– Ciclos econômicos 14 Ilustração III – Valor, preço e quantum das exportações por classe de produto– variação acumulado do ano (%16) 16 Ilustração IV – Valor, preço e quantum das importações por categoria de uso– variação acumulado no ano (%) 17 Sumário 1 1. INTRODUÇÃO 9 1. Problema 10 1. Hipótese 11 1. Objetivos 11 1. Deve-se o senso comum ao fato de que o acesso ao crédito tinha se expandido a níveis muito elevados, criando a sensação de bonança plena.
O novo milênio entrara a taxas altas de crescimento ao ano, sendo de observação praticamente universal. No entanto, o cenário mudou e, internacionalmente, uma crise econômica teve sua manifestação inicial na esfera financeira. Não é demais lembrar que o sistema capitalista, na sua modalidade financeira, possui ciclos, ora apresentando forte crescimento, ora relevando crises. No ano de 2007, uma crise espalhou-se a partir dos EUA, sendo que no final do ano seguinte seu caráter recessivo foi marcante (MATIJASCIC; PIÑÓN; ACIOCLY, 2009). No mesmo sentido, o autor também revela que, quanto aos fatores microeconômicos, destacou-se a ausência de regulamentação dos mercados financeiros, aliada à farta liquidez que favoreceram a criação de produtos sofisticados. Ainda em 2008, a crise atingiu fortemente o Brasil. É importante destacar que o cenário socioeconômico brasileiro era bastante favorável à época (Cury e Cardoso, 2016), o que fazia o país alcançar um status de relevância internacional e pujança do mercado interno nunca antes apresentados em sua história.
Uma das primeiras medidas de “socorro” aplicada pelo governo brasileiro foi a liberação de financiamento de dólares, visando à compensação da perda dos recursos externos com o intuito de manter o crédito para exportações. Outra ação tomada pelo Brasil para o enfrentamento da crise refere-se à redução de tributos e seus efeitos a médio e longo prazos. As medidas econômicas tomadas pelo Brasil, após os efeitos da crise de 2008, não foram suficientes para impedir os efeitos da crise global no contexto do país. Objetivos 1. ObjetivoGeral - Avaliar o impacto da crise financeira de 2008 na dinâmica do comércio exterior brasileiro. Objetivos Específicos - Analisar as diferenças nos índices relativos ao comércio exterior brasileiro antes e depois da crise de 2008; - Verificar quais foram as políticas econômicas adotadas pelo governo para conter a crise, na esfera do comércio exterior; - Verificar o efeito das medidas tomadas e o resultado prático da implantação das mesmas.
Justificativa A aceitação do argumento de que a crise financeira iniciada nos Estados Unidos em 2008 trouxe consequências ao Brasil não impede que se estude em que medida as iniciativas internas seriam capazes de atenuar os efeitos da crise. A metodologia,segundo Selltiz (1965), visa responder ao problema elaborado, com o intuito de atingir os objetivos do estudo de maneira eficaz e, sobretudo, objetiva, evitando, quando possível, a subjetividade do autor. Para Gil (1999), a metodologia científica pode ser caracterizada como um conjunto de procedimentos técnicos e cognitivos utilizados com a finalidade de atingir o conhecimento. No presente trabalho, a metodologia que se pretende utilizar considera o método analítico-descritivo, sendo realizada a partir da revisão bibliográfica. Ainda, será realizada a análise de dados sobre os indicadores econômicos, analisando, para isso, fontes nacionais e internacionais que são consideradas confiáveis pela comunidade científica.
Além disso, é realizado estudo de caso, analisando o caso da empresa General Motors, no contexto global. A ampliação das crises financeiras deve-se, na visão de Paula e Filho (2011, p. ao processo de globalização financeira, que tem formado um grande mercado mundial de dinheiro e de crédito, gerando um processo de grande dependência, no qual a crise de um país é, geralmente, sentida por outro. Assim: O processo de globalização financeira, em que os mercados financeiros são integrados de tal forma a criar um “único” mercado mundial de dinheiro e crédito, diante de um quadro em que inexistem regras monetário-financeiras e cambiais estabilizantes e os instrumentos tradicionais de política macroeconômica tornam-se crescentemente insuficientes para conter os colapsos financeiros (e cambiais) em nível mundial, tem resultado em frequentes crises de demanda efetiva, determinado fundamentalmente por “forças financeiras”.
De fato, a crise financeira que emergiu em 2007-2008, cujos desdobramentos ainda se fazem sentir nos dias de hoje, é, sobretudo, a crise da globalização financeira, entendida como uma tendência à criação de um mercado financeiro global e de intensificação no fluxo de capitais entre países. Esse processo remonta a crise do sistema de Bretton Woods e a formação do mercado de eurodólares, que, diga-se de passagem, acabou contribuindo para a desregulamentação doméstica dos sistemas financeiros — com o fim da segmentação entre mercados — e a liberalização dos fluxos de capitais. Assim, o formato institucional especí- fico dos mercados financeiros determina as possibilidades de se ter um ambiente em que a especulação possa florescer. Crises financeiras não são apenas resultados de comportamentos “irracionais” dos agentes, mas resultam da própria forma de operação dos mercados financeiros globais liberalizados sem um sistema de regulação adequado.
A crise financeira internacional, cuja origem está nas perdas causadas pelo crescente default dos empréstimos das hipotecas de alto risco do mercado subprime norte-americano e que, devido ao fato de que grande parte dessas hipotecas foram securitizadas e distribuídas a investidores do mercado global, acabou tornando-se global, nos induz a duas reflexões. Em primeiro lugar, ela põe em xeque os benefícios concretos da globalização financeira, com mercados financeiros desregulados, inclusive nos países desenvolvidos. Em segundo lugar, ela nos remete, a partir das medidas de natureza fiscal e monetária implementadas pelos países desenvolvidos e, em menor grau, por países em desenvolvimento — tais como injeção de liquidez e de capital nos sistemas financeiros por parte das autoridades econô- micas destes países e redução sincronizada da taxa básica de juros dos principais bancos centrais mundiais — para se evitar a repetição de uma grande depressão, tanto a repensar o próprio papel do Estado na economia, quanto à necessidade de re-regulamentar os sistemas financeiros domésticos e reestruturar o sistema monetário internacional.
Fora desse cenário por excelência do reforço do Estado, parecia que a vigorosa e decisiva intervenção estatal havia sido mais uma exceção episódica e temporária do que antecipação de tendência que se fortaleceria e perpetuaria no futuro próximo. Temia-se no máximo que as novas condições de guerra permanente contra o terrorismo fundamentalista trouxessem pressões adicionais às dificuldades orçamentárias. Não se percebeu no início que o papel do Estado passaria a ser cada vez mais permanente como fator de estabilização de uma situação econômica de crescente desequilíbrio interno e externo. Para o agravamento dos desequilíbrios concorreu poderosamente a proliferação sem precedentes de instrumentos financeiros e sua estonteante complexidade, não acompanhadas pela capacidade e vontade política e institucional de regulamentação e fiscalização.
Ricupero et. as inovações financeiras referem-se à produção de novos tipos de serviços financeiros ou a novas formas de produção dos serviços financeiros já existentes, com intuito de representarem armas competitivas frente aos concorrentes. O processo de securitização e o desenvolvimento do mercado de derivativos são exemplos típicos de inovações financeiras – operações altamente exploradas pelos investidores no período anterior à crise de 2008. Lima e Deus, 2013, p. O desenrolar da crise financeira de 2008, que serve como objeto da presente pesquisa, foi impactado pela liberalização financeira, a partir do oferecimento de inovações financeiras, com a produção de novos tipos de produtos e serviços que, por não terem sido adequadamente regulamentados, acabaram por tomar conta do mercado a um nível que diversos cidadãos, por exemplo, submeteram-se a operações financeiras de alto risco.
As crises financeiras globais tornaram-se realidade a partir do processo de globalização, que ganhou força nos anos 1990. Assim: As medidas de liberalização e desregulamentação financeira funcionam como uma ponte que ligam o mercado financeiro doméstico de um país ao mercado financeiro global. Dessa forma, as economias liberalizadas se tornam totalmente interligadas, especialmente em suas relações financeiras. Prova dessa interligação está na rapidez com que os efeitos da crise do subprime se espalharam para o resto do mundo. O modo como os demais países foram atingidos pela crise do subprime pode ser entendido a partir da noção de que há assimetrias monetária e financeira no sistema monetário e financeiro internacional. A economia americana apresenta a moeda chave do sistema financeiro e monetário internacional2 , como apontado por Prates (2005).
Bresser-Pereira, 2009, p. Além de colocar em xeque o sistema financeiro, nos seus princípios e modos de atuação, crises financeiras globais, especificamente a de 2008, colocam em risco a própria atuação das instituições financeiras. A crise financeira de 2008, especificamente, demonstrou-se uma crise no centro do regime capitalista, tendo origem nos Estados Unidos. Colocou em dúvida a própria solidez da economia norte-americana. Ricupero et. Segundo, sabemos que a causa direta da crise foi a concessão de emprés- timos hipotecários, de forma irresponsável, para credores que não tinham ca- pacidade de pagar ou que não a teriam a partir do momento em que a taxa de juros começasse a subir, como de fato aconteceu. E sabemos também que esse fato não teria sido tão grave se os agentes financeiros não houvessem recorrido a irresponsáveis “inovações financeiras” para securitizar os títulos podres transfor- mando-os em títulos AAA, e, em seguida, “garanti-los” também irresponsavel- mente com o recurso default credit swaps.
Sabemos também que as agências de risco, de um lado interessadas em agradar seus clientes, de outro, mesmerizada, como toda a sociedade, pelo aparente êxito da globalização financeira nos países ricos, especialmente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, não tinham condi- ções de avaliar os riscos envolvidos. Ricupero et. al, 2008, p. al, 2008, p. O choque entre os modelos de estado liberal e social-democrata revelou-se na crise de 2008. Entretanto, não se pode perder de vista que nem os Estados ditos “liberais”, nem os Estados ditos “social-democratas” escaparam dos efeitos da crise econômica. Nesse sentido, explica-se a ideia de crise financeira global, que é decorrência da formação de uma cadeia de dependência econômica entre vários países, da mesma forma que é fortemente influenciada pela desregulamentação financeira excessiva.
Qualquer que seja a corrente teórica que se assuma para discutir crises econômicas e financeiras, é praticamente unânime a aceitação do fato de que as economias capitalistas alternam períodos de bonança econômica e crises. Em alguma medida, essa é a situação atual do Brasil, como será melhor estudado posteriormente, quando serão observados os efeitos da crise de 2008 no Brasil. Importante destacar, por fim, que “crise econômica” diz respeito a uma das fases dos ciclos econômicos, relacionada à queda do Produto Interno Bruto. Crise financeira, por sua vez, diz respeito ao comportamento irracional de agentes financeiros, impulsionadas pela falta de regulamentação e pela liberalização da economia (Dias, 2010). Os ciclos econômicos e as crises Os ciclos econômicos representam os períodos de expansão e contração na economia que são vivenciados de forma abrangente nos mais diversos setores de um país considerando ao menos um tempo médio de acontecimentos.
Estes acontecimentos, por sua vez, afetam o campo das produções, o índice de empregos, a renda, os investimentos e o crédito disponível. Mitchell e Burns, apud Haberler, 1950) Assim, a ideia de ciclo econômico envolve expansões econômicas, retrocessos, contrações e renascimentos, gerando ciclos permanentes. Ciclos econômicos, na visão dos autores acima podem durar um ano até doze anos. Os ciclos envolvem subidas e quedas das atividades econômicas e são típicas das economias de mercado, pelas razões já expostas até o presente ponto. Alguns fatores podem explicar a geração dos ciclos econômicos. Haberler (1950) observa que alguns fatores exógenos contribuem para a formação de ciclos econômicos, a exemplo das invenções e das inovações. A Escola Austríaca de Economia, com base robusta nos pensadores Escolásticos, é assim chamada pelo fato de seus fundadores e membros iniciais terem nascido na Áustria.
Tem seu início na figura de Carl Menger, mais precisamente no ano de 1871, quando Menger constrói a Teoria Subjetiva do Valor e a Lei da Utilidade Marginal Decrescente. Entusiasmado com as ideias de Menger, Eugen von Böhm-bawerk começou um longo e brilhante trabalho publicado em três volumes na obra “Capital e juro”, obra essa que lhe rendeu o convite a assumir o Ministério das Finanças austríaco em 1889. Forte crítico da obra de Karl Marx, Böhm-bawerk teve entre seus alunos de maior destaque Joseph Schumpeter e Ludwig von Mises. Mises teve, por sua vez, um importante e destacado aluno: Friedrich Hayek que recebeu o prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel no ano de 1974. Soto, 2010) A exposição completa do pensamento construído através da escola austríaca e a conseqüente comparação com outras escolas de pensamento da economia, possivelmente, levariam a presente pesquisa a um campo teórico que fugiria das suas pretensões.
Soto (2010) expõe as principais diferenças entre as escolas de pensamento: Escola austríaca x escola neoclássica: Pontos de comparação Paradigma austríaco Paradigma neoclássico 1. Conceito Teoria da ação humana entendida Teoria da decisão: maximização sujeita de economia (princípio essencial): como um processo dinâmico (praxeologia). a restrições(conceito estrito de "racionalidade"). Perspectiva metodológica: Subjetivismo. Ponto de referência: Processo geral com tendência coordenadora. Não se distingue entre a micro e a macroeconomia: todos os problemas econômicos são estudados de forma inter- relacionada. Modelo de equilíbrio (geral ou parcial). Separação entre a micro e a macroeconomia. Conceito de «concorrência»: Processo de rivalidade empresarial. A previsão é um objetivo que se procura de forma deliberada.
Responsável pela previsão: O empresário. O analista econômico (engenheiro social). Estado atual do paradigma: Notável renascimento nos últimos 25 anos (especialmente depois da crise do keynesianismo e da queda do socialismo real). Situação de crise e mudança acelerada. Teoria da Escolha Pública. Análise econômica da família. Análise econômica do direito. Nova macroeconomia clássica. Teoria econômica da "informação" (economics of information). Em conclusão acho que não se pode, com segurança, abandonar a iniciativa privada o cuidado de regular o volume corrente de investimentos. Keynes, 1982) Apresentados os diferentes entendimentos sobre ciclos econômicos, a partir das diferentes escolas da economia, deve-se passar à análise, no próximo tópico, da crise econômica de 2008. O contexto específico da crise de 2008 A crise econômico-financeira de 2008 teve surgimento no epicentro da economia capitalista, a partir de sucessivos eventos no ano de 2008, nos Estados Unidos.
A causa direta da crise, conforme apontado por Bresser-Pereira (2009), teria sido a concessão de empréstimos hipotecários realizada de maneira desmedida e irresponsável. Basicamente, as operações financeiras constituíam-se da seguinte forma: as agências financeiras concediam créditos hipotecários para credores que não tinham estrutura financeira para arcar com os custos dos empréstimos, a partir do momento em que a taxa de juros crescesse. Sexto, agora, quando vemos o Estado surgir em cada país como a única tábua de salvação, como o único possível porto seguro, fica evidente o absurdo da oposição entre mercado e Estado proposta pelos neoliberais e neoclássicos. Um liberal pode opor coordenação do mercado à do Estado, mas não pode se colocar, como os liberais se colocaram, contra o Estado, buscando diminuí-lo e enfraquecê-lo.
O Estado é muito maior do que o mercado. Ele é o sistema constitucional-legal e a organização que a garante; é o instrumento por excelência de ação coletiva da nação. Cabe ao Estado regular e garantir o mercado e, como vemos agora, servir de emprestador de última instância. Estou seguro, entretanto, que a confiança voltará em breve. Não plenamente. Certamente com cicatrizes para os Estados Unidos e com prejuízos para todos, inclusive cerca de dois anos de recessão. Mas não teremos nada parecido com a depressão dos anos 1930, porque, naquela época, o governo norte-americano demorou quase quatro anos para agir. Agora, usando instrumentos keynesianos e pragmáticos, não apenas o governo dos Estados Unidos, mas todos os governos relevantes financeiramente estão agindo imediatamente, e com força.
No mês seguinte, abril de 2007, a empresa New Century Financial passou por uma grave crise, sendo obrigada a dispensar a metade de seus funcionários. Em julho do mesmo ano, o Bear Stearns, um dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos, avisou seus investidores de que os fundos de derivativos de hipotecas não era mais seguros e que eles poderiam perder dinheiro caso investissem nestes fundos. Alguns bancos de investimento europeus foram encontrando dificuldade até que um dos maiores deles, o BNP-Paribas, anunciou que suspenderia o resgate de três cotas de seus fundos imobiliários. Essa ação do banco BNP levou a uma grande instabilidade no mercado financeiro mundial, com as ações desses maiores bancos de investimento despencando, o que levou a despencar também todo o mercado de capitais europeu.
Essa onda de choque que passou o mercado financeiro mundial em meados de 2007 foi inicialmente controlada através da imediata ajuda de Federal Reserve, do Banco Central Europeu e do Banco do Japão, que juntos injetaram quase 400 bilhões de dólares no sistema financeiro. Freitas e Cintra, 2008, p. A partir de 1980, estabeleceu-se um padrão de sistema financeiro, a nível internacional, analisado por Farhi et al. como um sistema que se estabeleceu a partir do princípio da auto regulação do mercado. O próprio mercado, assim, estabeleceu (e, em certa medida, ainda estabelece) as suas próprias medidas de supervisão e regulação. Os riscos, por exemplo, são eliminados pelas próprias medidas tomadas pelos bancos, conforme esse modelo. CARDOTE, 2009, p. Criada nos Estados Unidos, a crise espalhou-se pelas economias mundiais, afetando diversos países, cada um à sua intensidade e forma.
No contexto europeu, nem mesmo países economicamente sólidos como Alemanha, França e Inglaterra ficaram imunes aos efeitos da crise, que potencializaram os seus respectivos problemas internos. Na Europa, costumou-se utilizar a expressão “crise do euro”. Santos (2012) aponta que a crise do euro teve origem na política fiscal adotada pelos países da União Europeia, que acabaram por gerar déficits nas balanças comerciais. Descreve Santos (2012, p. Em 27 de abril de 2010, a agência Standard &Poor´s rebaixou, mais uma vez, a qualificação da dívida grega para o nível especulativo ( junkbond ) ações duvidosas, ou seja, com alta probabilidade da dívida não ser paga em seu valor integral, inviabilizando o refinanciamento da Grécia nos mercados financeiros. A divulgação dessa notícia causou violentos protestos populares na cidade de Atenas, pois indicava que novas medidas de austeridade seriam adotadas.
No mesmo dia, essa agência rebaixou a nota de Portugal de “A+” para “A-”, e no dia seguinte fez o mesmo com a Espanha. Santos, 2012, p. Por essa razão, também, deve-se o crescimento de movimentos de extrema direita. Esse parágrafo serve apenas a título de contextualização, não sendo possível adentrar nesse debate a um nível mais aprofundado, para os fins do presente trabalho. Uma vez escancarada na Grécia, a crise espalhou-se pela Europa. Santos (2012, p. apresenta a passagem da crise para os demais países europeus: Depois da Grécia, as dúvidas e ansiedade do mercado financeiro mundial atingiram Portugal, Irlanda, Itália e Espanha. Esta é a consequência mais relevante e o dado mais revelador dos efeitos na economia portuguesa da crise financeira iniciada em 2008.
CANTANTE, 2010, p. Como exposto na citação acima, certamente a consequência mais relevante da crise econômica é o desemprego. Como consequência direta do desaquecimento da economia, a diminuição das contratações e o aumento do desemprego costuma representar o ponto mais agudo das recessões. Principalmente, deve-se observar que o desemprego atinge com maior intensidade os mais jovens, o que também foi o caso de Portugal. No início de junho de 2012, o terceiro maior banco espanhol Bankia, solicitou ajuda no montante de 19 bilhões de euros ao governo para evitar falência. No dia 9 do mesmo mês o governo espanhol se reuniu com a Comissão Européia e mencionou o auxílio de até 100 bilhões de euros. Com grande dificuldade de conseguir emprego ou com salários muito baixos, os espanhóis estão ficando sem alternativas e sendo obrigados a buscar alimentos em casas de caridade ou em lixeiras.
O agravamento desta situação fez com que na cidade de Girona, as lixeiras próximas a supermercados fossem trancadas por questões de saúde pública. Em um levantamento recente entre as principais economias do mundo, pode- se constatar que a Espanha mesmo sendo a quarta maior economia do seu bloco econômico, possui uma taxa de desemprego de 25,1%, sendo maior que na Grécia, a qual aponta um índice de 24,4%. As duas tiveram por característica o cenário de superprodução, muito embora a crise de 2008 tenha se caracterizado, desde o início, ainda mais atrelada ao mercado financeiro e à baixa regulamentação do mercado norte-americano no começo do século, permitindo que especuladores tomassem toda sorte de ações com ativos financeiros. Em artigo publicado em Novembro de 2008, Frederico Mazzucchelli traça a seguinte comparação entre as crises de 2008 e 1929: Existe, de outra parte, uma clara semelhança em relação à origem dos distúrbios que resultaram na Grande Depressão e os que estão por detrás da presente convulsão.
Em ambos os casos a débâcle foi precedida pela fragilidade da regulação e pelo relaxamento na percepção dos riscos, o que redundou em uma febre especulativa de consequências desastrosas. A inevitável proliferação de operações financeiras de lastro duvidoso, alavancadas pela expansão desmesurada do crédito, é um traço comum dos dois momentos históricos. No final da década de 1920 e início da de 1930, era ainda limitado o grau de regulação e controle exercido pelas autoridades monetárias sobre o conjunto dos sistemas financeiros. Brasil Taxa anual de crescimento do PIB (%) 2,9 1,6 3,1 5,2 -0,3 7,5 2,7 3,0 Taxa anual de crescimento das importações (%) -2,9 10,6 14,1 17,6 -17,5 38,2 8,9 3,0 Taxa anual de crescimento das exportações (%) 8,7 5,0 8,8 -2,5 -10,8 9,5 2,9 2,7 Transações Correntes/PIB (%) -3,0 -1,7 -0,5 -1,7 -1,5 -2,2 -2,1 -3,2 Dívida Pública bruta/PIB (%) n.
d. n. d. n. Cury e Cardoso (2016) apontam que, em 2001, o PIB brasileiro cresceu 1,3%. Nos anos seguintes, cresceu, em sequência, 3,1%; 1,2%; 5,7%; 3,1%; 4% e 6%. O país chegou a 2008 apresentando sucessivos crescimentos econômicos. Em 2008, ano em que se apresentou a crise global, o país cresceu 5% (Cury e Cardoso, 2016). Entretanto, em 2009, a crise atingiu o país, que apresentou uma queda de 0,2%. Dado o papel fundamental das expectativas dos agentes, o setor bancário reagiu com muita prudência e retraiu consideravelmente o crédito na economia brasileira, levando, consequentemente, as empresas a reverem seus planos de produção e de investimento. A forte retração da oferta de crédito bancário tanto no mercado doméstico como a interrupção de linhas externas foram condições suficientes para provocar uma redução na demanda interna e ancorar as expectativas de inflação, já que desencadearam uma forte parada da atividade econômica nos últimos três meses de 2008.
Esse último trimestre foi marcado pela rápida desaceleração da atividade econômica. Lima e Deus, 2013, p. Como consequência natural da retração econômica, diversos investidores internacionais retraíram os seus investimentos, como exposto acima, o que afetou a economia brasileira. Essa modalidade do mercado financeiro corresponde aos derivativos cambiais, que se caracterizam pelas operações clássicas de venda de dólar no mercado a termo, com uma aposta na apreciação do câmbio que visa ganhar os juros da operação. Lima e Deus, 2013) A pergunta que se apresenta, nesse ponto, é sobre quais teriam sido as medidas econômicas tomadas pelo país, quando a crise econômica global se apresentava. Lima e Deus (2013), com base em dados da Secretaria de Políticas Econômicas (2010), observam que o aumento da liquidez no mercado local destacou-se de maneira muito significativa a partir das instituições financeiras públicas, que passou a oferecer mais crédito a diversos setores que já apresentavam problemas, como agropecuária, por exemplo.
Esse setor, junto com outros, começou a apresentar sinais de aquecimento após as concessões de crédito por parte das instituições financeiras públicas. Ainda, Lima e Deus (2013, p. Trata-se, porém, de um efeito positivo que não foi gerado diretamente pelas medidas do governo brasileiro, àquela altura. O Brasil buscou, inicialmente, combater a crise a partir da expansão do crédito, o que foi capaz de amenizar os efeitos no curto prazo. O desemprego, como apontam Lima e Deus (2013) manteve a sua tendência de crescimento. Entretanto, olhando o contexto da crise econômica sob uma perspectiva mais ampla, uma hipótese que pode explicar a atual crise econômica do Brasil é aquela que diz respeito ao fato de que o modelo de combate à crise econômica de 2008 a partir da concessão ampla de crédito acabou por gerar, anos depois, uma crise econômica de grandes proporções, como a vivida pelo Brasil desde 2014.
Alguns gráficos também são capazes de explicar outros elementos da economia brasileira diante da crise de 2008. O gráfico compara o valor, o preço e o quantum de exportações entre os anos de 2008 e 2009, por classe de produtos, apresentando a variação em termos percentuais, e demonstrando a queda abrupta nos valores, preços e quantum de exportações, em todas as classes de produtos: IlustraçãoIII – Valor, preço e quantum das exportações por classe de produto – variação acumulado do ano (%) Fonte:Funcex, 2010 No que se refere às importações, destaca o Gráfico II extraído do artigo supracitado. No mesmo sentido que o gráfico anterior, o gráfico apresenta a variação de valor, preço e quantum, sendo que, neste caso, de importações por categoria de usos, entre os anos de 2008 e 2009 revela, igualmente, o impacto negativo da crise sobre as importações brasileiras: IlustraçãoIV– Valor, preço e quantum das importações por categoria de uso – variação acumulado no ano (%) Fonte:Funcex, 2010 De acordo com GONÇALVES (2008), medidas econômicas poderiam ser adotadas pelos países que sofriam os efeitos da crise econômica internacional.
Sendo elas aexpansão da liquidez, saneamento financeiro, estatização parcial ou total dos agentes financeiros, garantias de depósitos, empréstimos e aplicações financeiras, contenção da queda do nível de atividade econômica, enfrentamento da crise cambial e redução do impacto social da crise. Como primeira medida, temos a expansão de liquidez, com a intenção de aumentar a disponibilidade de recursos de empréstimos para agentes financeiros e/ou empresas, tendo em vista que no auge da crise houve enxugamento do crédito externo einterno. Essa medida disponibiliza recursos de empréstimos para agentes financeiros, empresas exportadoras e construtoras envolvendo, a redução dos depósitos compulsórios e flexibilização do redesconto, a expansão do crédito para o agronegócio e a ampliação do financiamento do setor exportador em geral.
Em muitos países houve aumentos dos limites de garantia de depósitos à vista e à prazo. A quinta medida versa sobre a adoção de políticas macroeconômicas monetárias e fiscais, expansionistas, objetivando a redução da taxa de juros e a expansão dos gastos públicos para conter a queda do nível de atividade econômica e sustentar certo nível de demanda agregada. Temos aqui a redução das taxas de juros, expansão dos gastos públicos, redução da carga tributária, restituição do imposto de renda para pessoas físicas de baixa renda, medidas para estimular o setor produtivo e políticas comerciais restritivas. No Brasil, após a eclosão da crise a taxa de juro básica da economia não se alterou enquanto as taxas efetivamente cobradas no mercado financeiro aumentaram em razão da contração da liquidez.
O governo Lula também sinalizou com a perspectiva de corte de gastos. Este balanço das medidas tomadas após a eclosão da crise financeira, cambial e econômica mostra que o Governo se restringiu a um conjunto de medidas que se enquadram na chamada “estratégia da linha de menor resistência”. Nesta estratégia a maior parte das medidas contempla: regulação da liquidez; sustentação do setor financeiro; proteção da renda do agronegócio; estímulo às construtoras; e, esforços no sentido de evitar a desvalorização cambial. De fato, os beneficiários diretos da estratégia da linha de menor resistência são setores dominantes no governo da época. Gonçalves, 2008). Medidas de contenção Foco Uso no Brasil após a eclosão da crise 1ª Expansão da liquidez Sim 2ª Saneamento financeiro Não 3ª Estatização Sim 4ª Garantias Não 5ª Políticas expansionistas Contrário sens 6ª Crise cambial Intervenção soft 7ª Impacto social Não Fonte: Gonçalves, 2008 Como resultado imediato das medidas adotadas pelo governo brasileiro para combater os graves efeitos da crise financeira internacional, deve-se analisar se as mesmas surtiram ou não o efeito desejado.
Essa redução pode estar relacionada à diminuição da procura global de produtos agrícolas além da queda de preços das commodities. Quanto as medidas tomadas em relação ao preço da moeda estrangeira no Brasil, constata-se que surtiram pouco efeito. Como apontam ARAÚJO & GENTIL (2010), inicialmente os impactos de forte depreciação cambio foram compensados com o movimento posterior de apreciação cambial, que tem seu inicio em março de 2009. Este movimento está associado a volta dos fluxos de capitais ao Brasil, como pode ser observado na Ilustração VI, em que, no primeiro trimestre de 2009, já se nota uma retomada dos fluxos. Em relação à retomada da demanda externa, os autores a relacionam aos ganhos advindos dos altos preços das commodities à época. Alguns números do desempenho da General Motors, em comparação com outras companhias como a Ford e a Toyota, são expostos por Filho, Ferrassa e Ortega (2010, p.
Em 2009 a GM sofreu uma queda de 52,9% na vendas, com apenas 127. unidades no país contra 270. unidades um ano antes. A Ford por sua vez, obteve uma queda de 48,4% com relação a fevereiro de 2008, ao entregar no mês 99,4 mil veículos. As perdas na General Motors, assim como as das demais empresas, no início de 2008, foram notáveis. Entretanto, especificamente no que diz respeito à empresa norte-americana, percebe-se uma acentuação grave na perda da fatia de mercado. Em junho de 2009, a General Motors pediu concordata nos Estados Unidos, fato que marcou a crise econômica iniciada no país (Uol, 2009). A empresa deveria, portanto, apresentar um plano de reestruturação viável ao governo norte-americano. Assim: A General Motors entrou nesta segunda-feira (1º), numa corte de Nova York (EUA), com um pedido de concordata.
Obama disse ainda que a reestruturação e o reerguimento da GM podem demorar mais do que a recuperação da economia dos EUA, mas que, ao término do processo, a companhia fabricará mais carros nos EUA do que fora dele, além de focar em veículos mais econômicos e menos poluidores. Depois de Obama, foi a vez de Fritz Henderson, atual presidente da GM, falar sobre a situação da companhia. Ele confirmou a intenção de produzir carros mais econômicos e "verdes": "A nova GM, que surgirá entre 60 e 90 dias, terá como foco a produção de carros menores e mais eficientes para o mercado norte-americano, com novas tecnologias e design impressionante", afirmou. Para ele, o pedido de concordata "não é o fim da GM, mas o início de um novo capítulo -- melhor, mais aberto e transparente".
Henderson disse que as operações da GM fora dos EUA e do Canadá não sofrerão mudanças. A. é relevante para o presente trabalho, uma vez que diz respeito ao comércio internacional. Barreto (2011) analisa que, diante da crise de 2008, a Sadia optou por realizar operações financeiras que se destinavam a valorizar o real em relação ao dólar. Cometeu, assim, um erro grave, que foi responsável pelo anúncio, em setembro de 2008, de prejuízo da ordem de R$ 760 milhões. Assim: No dia 25 de setembro de 2008, após uma forte 18 desvalorização do real em frente ao dólar, a Sadia lançou por meio de seu RI uma nota que dava conta da liquidação de diversos derivativos cambiais que a empresa possuía e que, devido à grande valorização da moeda norte-americana, haviam gerado à empresa um enorme prejuízo de R$ 760 milhões.
Posição comprada de US$ 4. Posição líquida de US$ 132. Quantidades originais contratadas (2) Considera a probabilidade de exercício do notional contratado, com base na curva futura do dólar. Fonte: BARRETO, Rodrigo Garcia. Operações de Hedge Cambial em empresas não financeiras: um estudo de caso das empresas Aracruz Celulose e Sadia. CONSIDERAÇÕES FINAIS A crise econômica e financeira de 2008 marcará sempre a história do capitalismo como uma das mais graves já ocorridas dentro desse sistema. Discutir essa crise é, essencialmente, complexo, pois envolve a análise de toda uma conjuntura relacionada ao mercado financeiro global e sobre como os Estados Unidos exercem uma influência econômica em todo o globo. A crise, resultado dos ciclos econômicos, teve origem nos Estados Unidos e no mercado imobiliário norte-americano.
O presente trabalho conclui apontando que os ciclos econômicos e o modelo direcionado à desregulamentação da economia conduzem a crises econômicas. No caso do Brasil, o trabalho conclui apontando que, de fato, a situação econômica do país no período pré-crise foi um fator favorável na contenção dos efeitos da mesma, observando-se a manutenção do crescimento do PIB em anos como 2008, 2009 e 2010. fev. BARRETO, Rodrigo Garcia. Operações de Hedge Cambial em empresas não financeiras: um estudo de caso das empresas Aracruz Celulose e Sadia. Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. f. v. n. p. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A crise financeira de 2008. Acesso em: 29 set.
CARDOSO, Juliana. Europa acerta pacote de 750 bilhões de euros para defender moeda comum. Disponível em: <http://g1. globo. CURY, A. CARDOSO, C. Economia brasileira cresce 0,1% em 2014, diz IBGE. Disponível em <http://g1. globo. A Crise Econômica de 2008 e o Sistema Financeiro Nacional naPerspectiva pós-Keynesiana. Finanças Públicas – XV Prêmio Tesouro Nacional –2010. FARHI, M. PRATES, M. FREITAS, M. ie. ufrj. br/images/pos-graducao/ppge/FernandoFerraz. pdf. Acesso em 23 de outubro de 2017. unijui. edu. br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/3095/TCC%20Eduardo%20Evandro%20Franco. pdf?sequence=1. Acesso em 26 de outubro de 2017. Métodos e técnicas de pesquisa social. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GONÇALVES, R. Crise econômica: radiografia e soluções para o Brasil. São Paulo: Atlas, 1982. KINDLEBERGER, C. Manias, Pânico e Crashes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2000.
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