PRÉ MODERNISMO BRASILEIRO

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Dando ênfase a esse aspecto de crítica entramos mais a fundo na biografia do autor Monteiro Lobato e sua obra Urupês com o personagem Jeca Tatu que retrata exatamente como vive. Assim que ficou marcada a trajetória do pré-modernismo brasileiro. Palavras-chave: Pré-Modernismo. Desigualdade Social. Literatura. Segundo Pagnan, (2010) o termo pré-moderno foi criado por Alceu Amoroso Lima, em 1939, no livro Contribuição à História do Modernismo. O período se aproximava do modernismo e seu foco era a renovação das letras nacionais. Para Pessiani (2003, p. apud Araujo (2012), em sua reavaliação do Pré-modernismo, este período da literatura brasileira foi mais que “simples anteparo do modernismo”, mas um movimento que oferecia novidades, prenunciando elementos estéticos e temáticos, explorados mais tarde pelos modernistas Para Moreira (2010) esse período de transição apresentou traços fortes de duas fases importantes para a literatura brasileira: A literatura brasileira apresentava um período de transição, a fase pré-modernista registra um traço conservador e um traço renovador.

Um traço conservador pode ser percebido pela permanência de características realista-naturalistas, na prosa, e pela permanência de uma poesia com um caráter parnasiano ou simbolista. Não foi considerado uma escola literária por apresentar muitas produções e todas serem distintas uma das outras, não correspondia as tendências existentes da época, como o realismo, o naturalismo e o parnasianismo, apesar de encontrarmos características em algumas obras, como a crítica pela desigualdade social, colocando em evidencia o nacionalismo crítico e a renovação da linguagem literária utilizando expressões populares. Alguns contextos históricos influenciavam essa fase de transição, as reformas urbanísticas, a seca no Nordeste, a guerra dos Canudos, o processo de favelização das cidades, todos esses cenários se transformavam em temáticas das obras literárias da época.

Essas guerras e revoluções foram responsáveis pelo panorama que se formava na literatura, iniciou-se então o combate a um passado decadente, causando rupturas com alguns valores desse passado (RHEINHEIMER, 2013). Os autores buscavam representar o mais próximo possível o interior do país e sua diversidade, temas históricos ganham espaços e passam a ser destaques nas obras literárias. O pré-modernismo passa a ser visto isoladamente compreendendo seu significado, seus autores apesar das inovações e tendências lançadas, não conseguiram romper totalmente com traços conservadores. Euclides da Cunha foi um dos pioneiros escritores da era pré-modernistas. Nessa importante obra ele narra a luta do povo sertanejo contra os desmandos da elite, contra a seca e a fome, pode ser observado realmente a luta do povo de Canudos através do livro, apesar de ser uma leitura difícil e complexa que mistura termos eruditos e tecno científicos, com um linguajar típico da região e neologismos Os Sertões livro escrito sobre a Revolta de Canudos, está dividido em três partes, sendo a terra, o homem e a luta.

Para Fonseca (2014 p. O Sertão é uma obra Sociológica, Geográfica, Histórica e Crítica Humana, é divido em três partes: A terra, o Homem e a Luta. A terra é um estudo científico e geográfico da região, o meio que determina o comportamento do homem. Pode-se notar que suas obras são marcadamente críticas e permeadas de denúncia social. A sua linguagem se diferencia também por não usar a linguagem mais rebuscada e sim a coloquial, ele intencionalmente usa esta linguagem bastante despojada. Foi bastante rejeitado e acusado pela crítica na época, porém sua postura era de irreverência e crítica à intelectualidade acadêmica da época. FONSECA, 2014 p. Na literatura Lima Barreto lança a obra O Triste Fim de Policarpo Quaresma, que narra a história de um funcionário público, um homem sonhador, cheio de ideais e frustrações, sua obra trata de um romance que revela a vida da classe popular, por conta disso, Lima sofre duras críticas por demonstrar através da literatura a desigualdade social.

WALDMAN, 2010 p. “Além de diplomata, Graça Aranha fora um os fundadores da Academia Brasileira de Letras e se consagrara nacionalmente com a publicação do romance Canaã (1902)”. Nas palavras de Di Cavalcanti, era "um nome sonoro de antologia escolar" (Di Cavalcanti, 1955: 112). Apud (WALDMAN, 2010 p. José Pereira da Graça Aranha foi um dos fundadores da Academia Nacional do Letras em 1897, sem ter um livro publicado contrariando assim o estatuto, permaneceu na Academia por 27 anos, se desligou em Outubro Rosa 1924 alegando que a Academia Brasileira havia morrido para ele, informando incoerência ao ter entrado e saindo pela coerência.    Em 1912 escreveu uma carta ao jornal O Estado de São Paulo denunciando as queimadas e a ignorância do caboclo, sua carta teve como título “Velha Praga”, causando grande polêmica ao retratar a incapacidade do povo miserável em desenvolver a agricultura na região.

 Em 1914 apresentou o personagem Jeca Tatu em sua obra Urupês representando toda a miséria do país (FONSECA, 2014). Monteiro Lobato teve muitas obras publicadas a maioria voltada para o público infantil, mas o que se destaca aqui não são suas obras infantis e sim seus livros de contos, segundo Fonseca (2014) Monteiro Lobato foca nas situações das cidades pequenas do interior São Paulo, do caboclo, do caipira que vive naquela região o autor se destacou também pelo seu caráter nacionalista e por ter o meio social sempre presente e marcante retratados em suas obras. Na mesma linha o autor lançou em 1919 um livro de contos chamado Cidades Mortas que retrata a decadência do Vale da Paraíba, esses contos foram escritos de 1900 a 1910 critica as especificidades do rural brasileiro.

Ele o vê como decadente e sem perspectivas de ser reabilitado, porque, segundo entende, caíra em profunda exaustão (SILVA, 2012). Lobato trazia duras críticas ao caipira que usava o fogo como arma para acabar com o mato que ameaçava as plantações, e com isso gerava atrasos em seu desenvolvimento rural, para o autor era muito mais fácil retirar o mato e depois plantar do que colocar fogo e perder boa parte de sua plantação (MOREIRA, 2010) Essas críticas iniciaram quando em 1911 Monteiro herda a fazenda São José do Buquira em Mantiqueira de seu avô, o Visconde de Tremembé, então se muda com sua família, na esperança de tornar em uma fazenda com geração de rendas. Com a Guerra na Europa as finanças da fazenda não estão bem, insatisfeito Lobato envia a carta para o jornal denunciando a prática das queimadas.

A carta trata-se do artigo “Velha Praga”. Jeca Tatu, Chico Marimbondo e Manuel Peroba são acusados da prática danosa. Monteiro Lobato inicia o artigo comparando a devastação causada por este tipo de incêndio à devastação na Europa, motivada pela Primeira Guerra Mundial. Jeca é visto no livro como uma pessoa preguiçosa, acomodada, que aceita suas condições sem esperança de dias melhores, quando na verdade se descobre que toda a inércia do personagem se dá devido a doença conhecida como Amarelão causadas por parasitas e vermes que atacam a mucosa intestinal, causando anemia Lobato se referia a Jeca Tatu como uma pessoa que tinha no sangue e nas tripas zoológico da pior espécie, por conta desses bichos que ele era papudo, feio, molenga, inerte.

Lobato retrata o caboclo como praga, um ser ignorante, a quem a modernização ainda não chegou, “inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela na penumbra das zonas fronteiriças” (LOBATO, 1994, pág. apud (Santos, 2012). Até os dias de hoje o termo “Jeca” é utilizado para associar a uma pessoa acanhada, envergonhada ou residente em área que não possui acesso a civilização. E o termo Tatu refere-se ao mamífero comum no Brasil que vive a maior parte do tempo em buracos ou se esconde na sua própria carapaça (SANTOS, 2011). Lima Barreto é outro nome importante apesar de não ter sido aprovado para ingressar na Academia Nacional de Letras possui uma vasta obra entre contos, crônicas e romance. Sua principal obra foi o romance Triste Fim de Policarpo Quaresma com características do pré-modernismo e críticas ao poder econômico e político, essa obra retratou a vida de Policarpo Quaresma, um funcionário público que foi assassinado a mando político.

O romance de Canaã escrito por Graça Aranha conta a história de dois imigrantes que possuem visões totalmente diferentes, traz à tona questões como o racismo. Aranha expressa tendências naturalistas e simbolistas por esse motivo foi considerado um escritor pré-modernista. Nesse artigo demos ênfase a Monteiro Lobato e sua obra Urupês, que retratou o personagem Jeca Tatu simbolizando o caipira desprovido de recursos financeiros e políticos, uma pessoa abandonada a própria sorte que se acomodou e aceita a realidade, Lobato faz duras críticas ao poder público pela falta de assistência ao povo rural. O Pré-modernismo: A luta entre passadistas, modernos e modernistas no campo artístico brasileiro. Pensares em Revista, n. Setembro de 2012. BARRETO, Lima, Triste fim de Policarpo Quaresma.

Estabelecimento do texto, vocabulários, nota, estudo e comentários de Letícia Malard. Brasília, 2014. FRAZÃO, Dilva. Biografia de Euclides da Cunha. Disponível em: https://www. ebiografia. Graduação em Ciências Sociais. Disponível em: < https://www. ufjf. br/graduacaocienciassociais/files/2010/11/Jeca-Tatu-parte-2-Lianna-de-Souza-Moreira. pdf> SANTANA, Ana L. bpp. pr. gov. br/Candido/Pagina/Memoria-literaria-Graca-Aranha#   SILVA, L. M. Disponível em: https://www. revistas. usp. br/plural/article/view/74436. Acesso em: 20 nov. Editora Intersaberes. Curitiba, 2013. P. WALDMAN, Thaís. À "frente" da Semana de Arte Moderna: a presença de Graça Aranha e Paulo Prado. php?script=sci_arttext&pid=S0103-21862010000100004&lng=pt&nrm=iso. acessos em 20 nov.

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