O ESTUDO E O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL SOB A ÓTICA DE MARX E VIGOTISKY

Tipo de documento:Proposta de Tese

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Desde a Graduação em Pedagogia, vimos Piaget e Vigotsky como os principais pensadores da teoria construtivista. No entanto, após a reaproximação com o meio acadêmico e o retorno às leituras e às investigações a respeito do desenvolvimento infantil, compreendi que a vinculação das teorias dos dois, firmada pelo construtivismo, tem sido forjada para situar a educação a serviço da reprodução do capital. Há, nesse aspecto, um direcionamento do pensamento vigotskiano e piagetiano que na verdade não representam a real finalidade da pedagogia construtivista. O construtivismo, ocupa assim lugar central no conjunto de paradigmas educacionais que remam a favor da ordem vigente, contribuindo para efetivação de uma prática pedagógica voltada para a valorização daquele saber restrito ao cotidiano alienado e a desqualificação do conhecimento construído historicamente pela humanidade (JIMENEZ, CARMO E LIMA, 2010, p.

Nesta perspectiva, houve, nas salas de educação infantil, graves equívocos na interpretação dessas teorias. Por meio das minhas experiências na rede municipal, notei ainda que, por volta de 2010, os materiais metodológicos que visam orientar a atuação dos professores passaram a adotar um viés em que se valorizam as interações e brincadeiras, porém com a visão de que não se deve ensinar linguagem a partir da ótica tradicional, tendo em visto que isso poderia prejudicar o desenvolvimento cognitivo ou forçar a criança aprender algo para o qual não estava preparada. Ainda sob os argumentos errôneos de que a teoria construtivista de Vigostky estaria sendo inserida no espaço escolar, diversas práticas passaram a adotar o eixo de que as crianças conseguiriam construir o conhecimento somente brincando.

Ademais, as exigências em fazer com que os alunos tirassem notas elevadas em exames externos, tais como o Spaece e a Provinha Brasil, tornou o ensino fragmentado, de modo que as crianças não conseguem aprender de forma efetiva. Diante disso, o ensino passou a mesclar a prática de ensino tradicional com a construtivista, no entanto esta última com base em uma falsa ideia da teoria de Vigostky, tendo em vista que é destacado o viés interacionista, abandonando-se a necessidade de ensinar. Por tais razões, pretendemos aprofundar a análise da aprendizagem de linguagem em crianças com base na perspectiva ontomarxista, a fim de entender a necessidade de romper com o ensino tradicional em prol das práticas que privilegiem o conhecimento prático que as crianças já possuem e, a partir disso, relacioná-lo com a ótica apontada por Vygotsky, segundo a qual o aluno aprende linguagem de forma natural, sendo preciso que o ensino das regras considere este fator.

Objetivos Específicos - Discutir a relevância da proposta construtivista em sua amplitude para o ensino de linguagem; - Identificar as problemáticas que tornam as propostas pedagógicas voltadas ao ensino da língua ineficientes na aprendizagem dos alunos; - Demonstrar a importância de que o ensino propicie uma formação emancipadora. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O ensino de linguagens é sempre um desafio que se apresenta aos professores que trabalham com a alfabetização, tendo em vista a diversidade de propostas didáticas. Nesse aspecto, surgem os questionamentos acerca de qual metodologia pode contribuir para que os alunos adquiram o conhecimento indicado em documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1998), a Base Nacional Comum Curricular (2017) e a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (2009).

Diante disso, a fim de atender às orientações postuladas nesses documentos para o ensino de linguagens, cabe destacar a importância de uma prática que não busque somente fazer com que as crianças consigam formar palavras, mas que principalmente entendam o significado que estas possuem. Para tanto, aproximamos a pedagogia à ontologia marxiniana com o intuito de que o ensino da língua aproxime a criança ao que Mukhina (1995) defende como aspectos sociais e qualidades psíquicas. Isso se torna mais evidente quando consideramos os casos de pessoas que são discriminadas em razão de não dominar a língua padrão. O não domínio da linguagem e de suas variedades se torna, pois, um instrumento de repressão do ser social. Em razão disso, é preciso que as práticas pedagógicas considerem a língua como heterogênea, possibilitando que as crianças sejam alfabetizadas e educadas de acordo com essa visão ampla.

o desenvolvimento da linguagem representa, antes de tudo, a história da formação de uma das funções mais importantes do desenvolvimento cultural, na medida em que sintetiza o acúmulo da experiência social da humanidade e os mais decisivos saltos qualitativos dos indivíduos, tanto do ponto de vista filogenético quanto do ontogenético (MARTINS, 2013, p. Desse modo, é necessário frisar que não buscamos definir que determinadas práticas pedagógicas, tais como as que pude verificar nas escolas públicas de Fortaleza, são, em sua totalidade, inaplicáveis para o ensino de língua. Sendo assim, para além da aprendizagem de soletração e de juntar sílabas, o ensino de linguagem tem de direcionar a compreensão do significado que as palavras representam e como podem ser empregadas.

Em conformidade com Leontiev (1975), consideramos essencial o estudo da alfabetização seguindo o viés histórico-social que deve ser realizado para compreender a relevância da escrita, tendo em vista que seu surgimento ocorreu em função da necessidade do homem de se comunicar. Ao se fazer isso, torna-se possível perceber de que modo a linguagem pode ser utilizada para fazer com que as crianças se tornem cidadãos não subordinados ao meio, mas sim agentes transformadores dele. Dessa forma, se muitas vezes o ambiente escolar reproduz o interesse dos dominantes, para a manutenção de condições de submissão dos mais pobres aos mais ricos por meio do acesso a uma educação que não contribui para a formação plena desses cidadãos, enquanto as elites desfrutam de condições de ensino de excelente qualidade, acreditamos, a partir do aprofundamento e constatação prática da metodologia proposta por Vygotsky com a relação do pensamento ontomarxista, que essa relação pode ser rompida, especialmente no que concerne ao ensino de linguagem, por intermédio da adoção de uma proposta que privilegie o conhecimento que as crianças já possuem.

METODOLOGIA Com a finalidade de corroborar os objetivos e o referencial teórico apresentados, ampliaremos o estudo bibliográfico, para além dos que foram apresentados, com base em autores que tratam da linguagem e da educação sob a ótica ontomarxista, da qual fazem parte as propostas pedagógicas baseadas no pensamento construtivista de Vygotsky. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. A Dialética do Trabalho – Escritos de Marx e Engels. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2004. FORTALEZA. Secretaria Municipal de Educação. MARTINS, L. M. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica.

Campinas: Autores Associados, 2013. MARTINS, M. O Capital: crítica a economia política. Livro I: o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2015. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo, Instituto Lukács, 2012. VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução: Paulo Bezerra.

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