O ENSINO DE GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: a aplicação de atividades lúdicas na promoção do olhar crítico da realidade e ampliação das visões de mundo

Tipo de documento:Proposta de Pesquisa

Área de estudo:Geografia

Documento 1

A metodologia utilizada para este artigo é a pesquisa bibliográfica exploratória, desenvolvida com base em pesquisas já elaboradas. Traz, portanto, o conceito de lúdico e enfatiza o processo de ensino aprendizagem com o uso do lúdico nas aulas de Geografia, visto que a disciplina apresenta uma variedade de conteúdos que oportuniza o trabalho motivador e divertido. A proposta em pesquisar a utilização de atividades lúdicas, para o ensino de Geografia, surgiu do processo de formação quando instigada a compreender a importância que “o brincar” tem para criança e que resultados satisfatórios a “brincadeira direcionada” teria no processo ensino-aprendizagem. O ser humano tem, por essência, uma identificação com situações recreativas, divertidas e criativas. Considera, portanto, ao pensar as categorias para o ensino da geografia, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, que paisagem, a escola, a cidade e o bairro onde moramos compõe um universo lúdico.

Além desse “escalonamento” a pedagogia tradicional enumera dados geográficos e apresenta espaços fragmentados e opera, portanto, de forma desconexa. Os autores aqui estudados apontam certa complexidade, na atualidade, para o processo educacional, pois exige a superação de muitos desafios. Entre esses desafios encontram-se a capacidade do educador em buscar inovar métodos de ensino/aprendizagem e outras dinâmicas pedagógicas, que visem despertar o interesse dos alunos. Dessa forma, é possível que o ensino de geografia, enriquecido com a ludicidade possa proporcionar ao aluno, o sentimento de pertencer a uma realidade, na qual as relações entre a sociedade e a natureza formam um todo integrado e que estão em constante transformação, e que ele faz parte e, portanto, precisa conhecer e sentir-se pertencente, participante e co-responsável historicamente.

O objetivo deste trabalho consiste em verificar as possibilidades de utilização de atividades lúdicas, no ensino de geografia para promoção do olhar crítico da realidade e ampliação das visões de mundo, dos alunos dos anos iniciais, do Ensino Fundamental. Milton Santos (1982) afirma que se a geografia for considerada e utilizada como “disciplina das localizações”, esta limita a variedade de relações que acontece entre o homem e o meio e, por conseguinte é insuficiente para a compreensão da totalidade do “território usado”. Para Santos (1982) é imprescindível que a geografia, como “ciência do espaço” contribua para “reconstrução social” utilizando-se de instrumentos teóricos/cognitivos que amplie as possibilidades de encontro com o todo social e com o sentimento de pertencimento desse todo social.

Sobre o método tradicional aplicado ao ensino de geografia, Callai (1998) considera um problema, visto que não acolhe os alunos e não observa o mundo diante de suas complexidade e dinamicidade. Muitas pesquisas (FONTANELLA, 2007; LEMES e LOPES, 2015; KENSKI, 2015: CALLAI, 2005; CAVALCANTI, 2010) sobre o ensino da Geografia os anos iniciais do Ensino Fundamental apontam para uma prática docente conservadora, que mantém atividades rotineiras e repetitivas deixando de experimentar novas atitudes do fazer pedagógico. Dialogando com Callai (2005), a autora orienta que para romper com o tradicionalismo pedagógico é preciso que o professor domine saberes que sejam capazes reconhecer o seu saber, ou seja, a sua prática docente deve ser reflexiva. E isso a criança vai fazendo, superando os desafios e ampliando cada vez mais a sua visão linear do mundo.

Quer dizer, em termos absolutos, ela consegue ir avançando a sua capacidade de reconhecimento e de percepção. Ao caminhar, correr, brincar, ela está interagindo com um espaço que é social, está ampliando o seu mundo e reconhecendo a complexidade dele. O lúdico contribui para o desenvolvimento dessas vivências e experimentações e pode favorecer novos modos de agir no mundo, ou mesmo compreender como acontecem os movimentos do mundo (BACELAR, acesso 2017). Para Hendler (2010), a palavra “lúdico”, significa brincar. O autor ainda afirma que aplicar ou “identificar ludicidade na ação cotidiana possibilita seguir o fluxo do acontecimento com alegria e envolvimento com o momento presente”. Essa, portanto, é uma prática educativa. A educação, segundo Libâneo (2001) é uma prática humana e social, que tem a prerrogativa de modificar os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais.

São essas transformações diárias, que dão o real valor a nossa existência humana, individual e coletiva. Corroborando com Libâneo, Cavalcanti (2010, p. Também não é regra de que está fundada no entretenimento ou brincadeiras, tampouco é igual para todos. A ludicidade é vivenciada e expressa por cada indivíduo, a partir das sensações internas e de acordo com as circunstâncias vividas. Então, ludicidade é um estado interno, que pode advir das mais simples às mais complexas atividades e experiências humanas. Não necessariamente a ludicidade provém do entretenimento ou das “brincadeiras”. Pode advir de qualquer atividade que faça os nossos olhos brilharem As atividades lúdicas se constituem como instrumentos para propor o exercício da ludicidade, entretanto, já reafirmado por Luckesi (2014), as atividades lúdicas não podem gerar desconforto, pois não alcançam efetiva ludicidade, ou seja, se há uma proposta de jogos na sala de aula e um aluno não deseja participar , por uma série de fatores internos, significa que a atividade proposta não não gerou a “presença da inteireza”, para aquele determinado aluno.

A autora afirma em sua pesquisa, que a disciplina é disponibilizada de forma fragmentada e que impõe ao aluno um escalonamento de aprendizado. Para Venturini (2016), o ato de brincar constitui-se de algo fundamental na vida da criança para que esta se desenvolva aguçando sua criatividade e a forma de expressar-se no mundo. Segundo Tristão (2010, p. a prática lúdica deve ser aplicada, principalmente, no ato de ler. Assim, “Atividades de expressão lúdico-criativas atraem a atenção das crianças e podem se constituir em um mecanismo de potencialização da aprendizagem”. a maioria dos professores encontra-se desmotivado e apresenta baixo rendimento; assim, continua reproduzindo fórmulas antigas como receituários, ficando então, entre seguir o livro didático (com cadernos de atividades, plano de curso e avaliações) ou seguir programas oficiais que listam conteúdos para todo o território nacional, desprezando as realidades regionalizadas.

Paralelo aos problemas apontados por Nunes (2004), os professores também sofrem pressão de interesses difusos, seja da escola, das famílias, das Secretarias da quais são vinculados, seja das constantes mudanças do cenário político e das reformas das políticas públicas de educação, das mudanças econômicas e da desvalorização do professor, enfim, tudo repercute para o condicionamento da prática pedagógica (SANTOS, 1979). Percebe-se também certo “cansaço” entre alguns professores e em grande medida se deve aos problemas elencados. Entretanto, é preciso que o professor perceba que ele é o mediador do ensino-aprendizagem e é por ele também, além de outros fatores, que os alunos se sentem pertencentes ao mundo em que vivem, haja vista que boa parte do tempo, alunos e professores estão numa relação direta, na escola.

Para superar, ou ao menos minimizar os problemas, Nunes (2004, p. Não se espera, hoje, que ele estabeleça a veracidade das suas constatações. Espera-­se, sim, que ele seja capaz de demonstrar – segundo critérios públicos e convincentes ­que o conhecimento que ele produz é fidedigno e relevante teórica e/ou socialmente. Desse modo esta pesquisa se constitui do tipo teórico-conceitual-exploratória e fundamentada nos diversos autores pesquisados. As fontes primárias e secundárias, deste trabalho, constituem-se exclusivamente, de fontes bibliográficas. Para a viabilização da investigação, utilizou-se do levantamento e análise bibliográfica realizada durante todo o período de elaboração do projeto de pesquisa e da pesquisa em si. Esta pesquisa observou que em qualquer prática educativa inovadora é preciso pensar que o desenvolvimento da criança estabelece um elo entre o desenvolvimento socioemocional, visto que este não está dissociado do processo cognitivo, ou seja, é “a presença da inteireza” (OLIVEIRA, 2007.

LUCKESI ,2014). Segundo Abed (2010, p. existem várias habilidades emocionais que estão diretamente envolvidas no processo de aprendizagem, dentre elas: “o interesse, engajamento e motivação para construir o vínculo com os ensinantes e com os objetos do conhecimento”. Mas como despertar o interesse e a motivação? Chega-se, portanto, ao ponto fundamental: tudo que se aprende e apreende está, diretamente, ligada às relações pessoais e interpessoais. que atraiu a atenção foi o fato de tornar evidente que atividades lúdicas são mais presentes na Educação Infantil e esquecidos, nos outros anos, conforme afirma: “Já nas outras séries, ele quase desaparece, pois os professores que trabalham nesta escola desenvolvem uma prática mais tradicional, onde brincadeira e jogo são praticamente esquecidos”. As justificativas apontam que a prioridade da escola e do Sistema de Ensino é sobre os conteúdos.

Os resultados descritos por Hendler (2010, p. foram: (1) Mais importante do que a preocupação com a listagem de conteúdos, os professores deveriam preocupar-se com a aprendizagem significativa dos alunos; (2) O lúdico é uma ferramenta que possibilita aprendizagem e automaticamente o conteúdo estará sendo trabalhado. Outra pesquisa selecionada intitula-se “TRILHA GEOGRÁFICA: uso de atividades lúdicas no ensino de Geografia”, de Custódio e Vieira (2015, p. Pesquisa realizada no Colégio Estadual Dr. David Persicano, em Catalão (GO). A metodologia utilizada pelas autoras, além do levantamento bibliográfico e documental foi realizada visitas de observação e proposta de confecção dos mapas em quebra-cabeça, para serem utilizados por todos os professores de Geografia. a confecção dos mapas em quebra-cabeças. Primeiramente, foi realizada pesquisa na internet a fim de encontrar os mapas apropriados para confecção.

De acordo com as autoras, “o uso do mapa em quebra-cabeça é uma maneira de incentivar a aprendizagem, tornando a atividade prazerosa e interessante”. O mapa, para quem sabe interpretá-lo, constitui-se de uma fonte riquíssima de elementos e informações, para tanto é necessária a mediação pelo professor “a fim de ensinar a alfabetização cartográfica e ele (o mapa)1 não seja apenas uma ilustração” (GUIMARÃES: ROSA, 2014, p. Esse trabalho teve como resultados: (1) A aprendizagem foi direcionada, a partir do conhecimento dos alunos agregando novos saberes; (2) Estimula os alunos a se interessarem em interpretar sua própria realidade, “fazendo ligação do global ao local e vice-versa”; (3) “A intenção foi apresentar uma proposta diferente, na qual os alunos aprendem brincando sobre Cartografia, seu cotidiano e podem fazer ligações com o que ocorre em escala mundial” (GUIMARÃES: ROSA, 2014, p.

A pesquisa de número quatro, analisada, é das autoras Freitas e Salvi (2007), intitulada A LUDICIDADE E A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA VOLTADA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA. As autoras organizaram, por assuntos, a temática da ludicidade no ensino de geografia. Ao acertar o participante avança “casas” até chegar à última – FIM, sendo o vencedor do jogo. O número de participantes varia de dois a seis estudantes. Como resultados, a pesquisa demonstra: (1) Propor o jogo na sala de aula constitui-se de outras ferramentas para conhecer o aluno com quem se convive, suas dificuldades e destrezas, não só cognitivas, mas também sociais e emocionais; (2) Durante a aplicação do jogo foi percebido muita descontração e alegria; (3) Ao final da atividade “havia riso e suavidade no olhar, logo, depois andando pelo pátio se podia ver alunos comentando, falando das respostas, lamentando os erros e vibrando com os acertos” (FREITAS; SALVI, 2007, p.

O resultado das quatro pesquisas estudadas corrobora em dois pontos importantes: (1) O professor atual precisa ser inovador, criativo, propor novas formas de aprendizado, que valorizam os alunos e ajudam a promover um ensino de qualidade (2) Novas formas de aprendizagem deve fazer parte do cotidiano do professor, visto que este também aprende quando inova, além de permitir ao aluno se aproximar do conhecimento e da realidade que o cerca; (3) O ensino não se limita às brincadeiras, mas essas devem ser orientadas buscando uma prática que articule o brincar ao saber. HENDLER, 2010; CUSTÓDIO E VIEIRA, 2015; GUIMARÃES E ROSA, 2014; FREITAS E SALVI , 2007). Ainda como resultado dessa pesquisa, uma questão fundamental é debatida por todos os autores aqui referenciados: a prática pedagógica e o ensino de Geografia devem se articular ao ambiente sociocultural dos alunos e de toda a comunidade escolar, pois precisam conhecer e reconhecer o espaço de vivência.

Outra orientação percebida na trajetória desta pesquisa é que o professor pedagogo que atua nos anos iniciais, do Ensino Fundamental, necessita planejar as aulas de Geografia, a partir de alguns vieses: primeiro, estar atento às suas próprias reações emocionais e às reações emocionais dos seus estudantes. “Se o professor for lúdico, sua sala também será”. Segundo, em Geografia e qualquer outra disciplina, dar condições para que a criança possa fazer a sua leitura de mundo, que poderá ser feita a partir do conhecimento geográfico relacionado com a sua realidade. Deve desenvolver a capacidade dos alunos em articular o “ler o espaço, com o saber ler a aparência das paisagens” e desenvolver a capacidade “de ler os significados que elas expressam”.

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