O DUPLO NA OBRA BUDAPESTE DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA
Tipo de documento:TCC
Área de estudo:Literatura
A duplicidade está presente em algumas dimensões relativas à expressão humana, tais como arte, história, filosofia, sociologia e na Literatura. Tudo isso em uma narrativa em que o narrador é o personagem principal. Trata-se de uma metalinguagem que aborda a criação literária, com uma obra dentro da outra, configurada pelo duplo que transita entre a identidade e a alteridade do personagem-narrador cuja vida é marcada por ambiguidades relativas à vida dupla, funcionando como um reflexo dele mesmo. O objetivo é analisar as durabilidades presentes na obra Budapeste, com intuito de desvendar os enigmas buarqueanos acerca do “eu” e do “outro”. A pesquisa é bibliográfica, embasada em autores que tratam de teorias que envolvem a criação literária. O DUPLO NA OBRA BUDAPESTE 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS 28 REFERÊNCIAS 30 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa apresenta uma análise do duplo na obra Budapeste de Chico Buarque.
É notório que a temática do duo está presente em várias nuances da expressão humana: na arte, história, filosofia, sociologia e na Literatura. Na composição literária percebe-se o duo na essência da criação, pois a fragmentação entre narrador e escritor, torna-se complexa e incerta. Além dessa dúvida, Budapeste cria enigmas escondidos através da vida dual do personagem principal, José Costa. São esses enigmas que movem a pesquisa, porque incitam a busca por respostas e principalmente o ato de fazer novas perguntas. Para além, é preciso considerar a respeito da Literatura Contemporânea Brasileira, movimento ao qual Chico Buarque foi incorporado. Essa escola literária surgiu em tempos de desenvolvimento tecnológico e industrial, em contrapartida o contexto político e social era caótico.
Tal escola é marcada pela pluralidade de tendências produzidas desde o final do século XX, até a primeira metade do século XXI. Segundo Fernanda Machado Meireles (2014, p. cabe destacar uma característica marcante da literatura contemporânea, a fragmentação, em que a vida se confunde com a arte, a ficção com a realidade. Uma dessas contribuições culturais, sem dúvida é a obra Budapeste, que apresenta opções múltiplas ao campo de pesquisa acadêmica. Chico Buarque aborda na obra em análise, a questão do duplo. Segundo José Miguel Wisnik, o duplo apresenta-se como: Tema clássico na literatura ocidental que desfila nas narrativas do século XXI, através dos motivos da sombra, do sósia, da máscara, do espelho, e evolui para a indagação dessa esfinge impenetrável e desencantada que é a própria pessoa como persona e ninguém.
Na criação literária, no entanto, o escritor é o duplo de si mesmo por excelência e por definição, aquele que se inventa como outro e que escreve, por um outro, a própria obra (WISNIK, 2003). Ao se pensar no duplo, existe assimilação automática com a figura do Speculum (espelho), sendo assim, esse símbolo tornou-se o significante mais enigmático na construção da duplicidade, não só no mundo literário, mas em todos os ares artísticos. E se pergunta: Qual a importância do reflexo do outro para a construção individual do ser humano? É possível ser outro, e ser si mesmo? O outro “eu” é realmente outro, ou apenas uma das versões que podem existir no mesmo indivíduo? Budapeste exibe problemas em forma de enigmas, que serão analisados através das dualidades presentes na obra.
Desde os primórdios da história, a figura humana vive o duo. Em Gênesis, no Jardim do Éden, Adão e Eva depararam-se com duas faces: o mal (fruto proibido) e o bem (obediência às ordens de Deus). Haja vista, que se trata de uma temática clássica e extensa, esta pesquisa delimita-se apenas em analisar as revelações sobre o “eu”, que os enigmas duais de Chico Buarque transparecem na obra Budapeste. Foram apresentados como referência, os pontos mais importantes dentro da obra que retratam a temática do duplo. padrasto de Pisti (enteado amado) e escritor somente em versos na língua Húngara. São essas perspectivas duais que dimensionam essa pesquisa e as revelações a respeito do “eu” que o duplo possibilita.
JUSTIFICATIVA Sob uma perspectiva acadêmica, pesquisar e analisar essa obra deu-se pela notoriedade de que os leitores brasileiros muitas vezes enaltecem o que é estrangeiro e desprezam o que é nacional. Assim, essa pesquisa torna-se importante para divulgar e reafirmar o valor da literatura materna. Dado que, Budapeste é uma obra genial, um emaranhado de enigmas e uma narrativa escrita entre abismos. A priori como forma de divulgação e enaltecimento da Literatura Brasileira, para que se possa refletir acerca da própria história, através do olhar nacional. Além disso, o tema proposto é atemporal, pode ser incorporado a múltiplas instituições e discutido por diversas faixas etárias. Assim vislumbra-se a possibilidade de disseminar essa pesquisa em sala de aula, diante da mesma primícia, entretanto sob um contexto adequado.
Dessa forma, essa pesquisa não é importante apenas no âmbito acadêmico, pode contribuir para a evolução docente, ajudando o professor a permutar teoria e prática. Ademais, esse trabalho possibilita a evolução do conhecimento científico, além de uma análise introspectiva essa pesquisa intermeia ciências, como a Literatura e a Psicologia. Nesse sentido, Kleiman (2007) afirma que a leitura é da responsabilidade do autor e do leitor, o autor trabalha as palavras, como se fosse um monólogo que deve ser informativo, claro e relevante, deixando pistas no texto para possibilitar a reconstrução do leitor por meio da produção de sentido ou através de inferências. Nesse tocante, [. o leitor deve acreditar que o autor tem algo relevante a dizer no texto, e que o dirá clara e coerentemente.
Quando obscuridades e inconsistências aparecem, o leitor deverá tentar resolvê-las, apelando ao seu conhecimento prévio de mundo, linguístico, textual, devido a essa convicção de que deve fazer parte da atividade de leitura que o conjuntos de palavras discretas forma um texto coerente, isto é, tem a unidade que faz com que as partes se encaixem umas nas outras para fazer um todo. Isso implica atender às pistas textuais, ao invés de ignorá-las, porque não correspondem a nossas preconcepções (KLEIMAN, 2007, p. Em uma obra literária o personagem se desvia da reflexão por meio de análises que se fazem delas. Desse modo, a identidade possui duas formas a permanente e imutável, na qual o indivíduo tem consciência de se como sempre igual; a segunda instável na qual o sujeito se altera, na vivência com o outro, nesse contado ocorre a alteridade na qual ele tem a capacidade de interpretar o outro e ser interpretado por ele.
O outro é um espelho do “eu”. Brait (2005) embasada nos estudos bakhtinianos afirma: É ingênuo pensar, que no ato de olhar-se no espelho há uma fusão, uma coincidência do extrínseco com o intrínseco. O que ocorre, de fato, é que quando me olho no espelho, em meus olhos olham olhos alheios, quando me olho no espelho não vejo o mundo com meus próprios olhos e desde o meu interior; vejo a mim mesmo com os olhos do mundo – estou possuído pelo outro (p. Nesse tocante, eu e outro são contrastes que se espelham no mundo natural, com um endereço pois ambos somente se relacionam no ambiente. O ser possui a necessidade de um estímulo de alteridade no mundo social para sustentar sua responsabilidade com interdependência tão necessária para ambos.
Para Bakhtin (2011), a diferença entre os seres humanos e outros tipos de vida é uma forma de autoria. Conforme Bakthin (2011), a criação ou autoria compõe-se de pensamentos, elocuções, textos escritos, textos literários, atos – necessita de uma ciência mais substanciosa que uma simples poética ou estética. Podem-se examinar os modos como os autores literários moldam sua relação com as personagens e as relações de tais personagens entre si na ficção de uma obra de arte. A obra Budapeste é uma metalinguagem do processo de sua própria criação que mostrou o processo de criação de Chico Buarque de Hollanda através dos olhos do narrador. Essa fundamentação teórica respalda as análises sobre a obra nos capítulos a seguir, levando em conta as teorias abordadas neste capítulo.
ANÁLISE DE BUDAPESTE A análise da obra Budapeste leva em conta o dialogismo, a identidade e alteridade, também a autoria constantes na fundamentação teórica do capítulo anterior. Além disso, são utilizadas análises de autores de outros autores como Chaia (2007), Oliveira (2008), Andrade (2010), Vargas e Umbach (2011) para respaldar as percepções da autora desta pesquisa. IDENTIDADE E ALTERIDADE NA OBRA LITERÁRIA BUDAPESTE José Costa se aventura em ser um personagem-narrador, ele se formou em Letras e é sócio da Cunha & Costa Agência Cultural que fica no Rio de Janeiro. Falava de si próprio, fazendo uma contraposição na história de outro personagem. Quando ele diz que deveria ser proibido debochar daquele que se aventura a usar uma língua estrangeira, ele tem a intenção de dizer que é proibido desvelar a identidade de José Costa.
Ele vai construindo realidades e identidades supostas (VARGAS; UMBACH 2011). Há, na obra romanesca, sinais de construtos de não somente uma, mas de algumas realidades e supostas identidades. No Brasil, o sujeito é José Costa, marido de Vanda, pai de Joaquinzinho, sócio de Álvaro, escritor fantasma. Contudo fica a dúvida, José Costa ou Kaspar Krabble, José Costa ou Chico Buarque. Nesse momento, o leitor que começou a ler um livro intitulado Budapeste, não sabe ao certo se está lendo outro livro em seu lugar. Budapeste é um livro dentro de outro por ser uma metalinguagem sobre a produção literária, pois mostra como a obra foi construída em seus detalhes, mostrando a falta de limite entre narrar e ser narrado, em uma mescla de criador e criação, personagem e autor, em um processo de duplicidade.
Nesse sentido, a metalinguagem que foi tratada por Jakobson (2005) e que foi utilizada para construir uma narrativa que resultou em espelhos que produzem o jogo duplo. O narrador protagonista é um escritor fantasma que em sua língua consegue escrever somente em prosa, mas no húngaro conseguiu escrever poesia e prosa. quando está com Kriska pensa estar com Vanda. Ele possui uma dualidade como autor, pois escreve um trabalho que é seu, mas não pode mostrar sua autoria. Além disso, há uma divisão entre a identidade e a alteridade, em que, de um lado um indivíduo com a identidade de autor da narrativa, e de outro, a alteridade, na qual, a personagem é o próprio narrador, mas transfigurado em autor da obra. Contudo, isso tem mudado, porque o indivíduo se fragmentou e assume identidades diferentes em momentos distintos, sua identidade se define de acordo com sua história de vida e não conforme se estado biológico.
Não existe mais a unificação, centralização e totalidade, o que existe é uma falta de identificação que pode ser vista em José Costa. A importância do narrador reside precisamente em sua capacidade de guiar o leitor para algum tempo e lugar, para que ele consiga interpretar o sentido da história lida. José Costa é um narrador na posição de autor que teve muita relevância no desenvolvimento da narrativa. Como o narrador de Budapeste é em primeira pessoa, sendo também o personagem principal, ele é testemunha não só de seu tempo, mas também de si próprio, em uma aventura psicológica para depois testemunhar sobre os outros e o tempo deles. Sua narrativa é subjetiva, faz com que o leitor desconfie de seus ações humanas em um mundo concreto, social e histórico.
Sendo assim, ele está sujeito a mudanças em seu aspecto material e maneiras humanas de concepção de mundo simbólico. E engravidou de mim, e na sua barriga o livro foi ganhando novas formas, e foram dias e noites sem pausa, sem comer um sanduíche, trancado no quartinho da agência, até que eu cunhasse, no limite das forças, a frase final: e a mulher amada, cujo leite eu já sorvera, me fez beber da água com que havia lavado sua blusa (BUARQUE, 2003). Ao escrever, José Costa repete com insistência termo “palavra”, sendo ela um ponto de apoio para escrever o romance Budapeste, chegando a usá-la oito vezes, não é por falta de repertório do autor, mas se pode deduzir que é uma forma de chamar as palavras, em outras palavras, a inspiração.
Essa prática confere perfeitamente o ditado popular que diz que “palavra puxa palavra”, pois quando se emite uma palavra, ela remete a outra e elas vão chegando como se estivessem brotando e crescendo o texto. O certo é que a palavra faz parte do ofício de produção [. mas no afã de captar ao menos uma palavra. Em um trecho ele diz: “Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira” (BUARQUE, 2003, p. Budapeste possui articulações que permitem apreensão de seu sentido ainda que rompa com os padrões clássicos. Trata-se de um romance que pode se tornar incompreensível ao leitor que busca uma obra dentro dos padrões já conhecidos. Nesse sentido, Chaia (2007) afirma que Budapeste coloca caos na ordem, devido a sua estrutura reflexa do processo de reificação das relações afetivas, da arte, além do limite da própria identidade de autoria de um narrador autor.
A obra é uma arte crítica na qual Chico Buarque tenha colocado em risco sua credibilidade, essa exposição do verdadeiro autor da obra, exige do leitor mais que uma mera apreciação. São devaneios e delírios que fazem parte da imaginação que resulta em criação. Assim, ele se realiza duplamente sendo o escritor anônimo e ao mesmo tempo autor. Costa é um personagem que realizou encomendas repassando a outros a autoria delas, desdobrando-se em um famoso escritor na obra Budapeste, mas que o leitor atento considera que não foi ele quem escreveu, pois, a capa mostra o verdadeiro autor Chico Buarque de Hollanda. O autor Chico fez um jogo duplo irônico que mescla narrador com autor. Enquanto isso o canalha escrevia o livro. Termina com a cena em que Kósta e Kriska leem juntos Budapeste, de autoria pública do Kósta, ao mesmo tempo em que o livro acontecia; além disso, as suas últimas palavras coincidem com a última frase da autobiografia de Kaspar Krabbe (NITRINI, 2008, p.
O exposto faz pensar no que Bakhtin (2011) aborda a respeito do ato criativo que envolve uma posição estético-formal em que a característica básica se torna materializada por meio de uma relação axiológica com um personagem e seu mundo. O texto passa pelo conteúdo, materialidade e forma de criação literária, ampliando o que o autor-criador quer atingir com seu objeto estético. O autor é aquele que dá forma ao conteúdo, não o registrando passivamente, mas o recorta e reorganiza esteticamente. A criação literária constitui-se um processo complexo de transposição refratadas da vida para a arte e seu modo de ver o mundo direciona o olhar do leitor sobre a obra. Isso porque o narrador, tinha uma vida amorosa dupla que resultava em conflitos de identidade e de alteridade.
Costa é um criador em português, escreve em sua maioria romances autobiográficos e era obstinado a dominar o idioma húngaro, e isso foi tão forte que, compôs obras de sucesso, ainda como anônimo neste idioma e chega a ponto declarar publicamente que era o autor da obra. Por isso, o narrador é o protagonista que vive de palavras e através delas encontra seu caráter duplo, que se desdobra entre dois idiomas, que resultou em outros modos de viver duplo, duas mulheres, duas cidades, duas crianças, duas identidades, duas alteridades, entre outras duplicidades. A capa incita a curiosidade do leitor, porque o recurso da quarta capa espelhada faz o leitor inferir que tem em suas mãos uma obra enigmática que vai exigir uma leitura minuciosa.
De início, o leitor vê o espelho e o reflexo, abordados por WISNIK (2003) e Bakhtin (2011), que está por desvendar, e ao fazê-lo pode ser que necessite fazer uma construção do sentido da obra. Seria como se ele se colocasse em frente a um espelho e tentasse se projetar em uma posição apropriada para se ver. Nesse sentido, o indivíduo diante do espelho não está só. Há um outro participante implicado na autocontemplação. O leitor ao tomar o livro Budapeste em suas mãos, observar a capa e quarta capa, já percebe incialmente que há mistérios nessa duplicidade de autoria: Com o livro em mãos, já nos sentimos impelidos a penetrar os mistérios por detrás desse espelho inicial, por detrás desse convite ao sugerido e ao nebuloso.
Um espelho que se apresenta mal intencionada armadilha criada pelo autor, e que será mantida ao longo de toda a narrativa, porque nem o autor, nem o narrador – e aparentemente nem o leitor – devem quebrar o efeito produzido pelo fenômeno do espelhamento. Seu discurso constitui-se um retorno ao passado, ele vai invocando fatos que anteriores que estão na memória. Dessa forma, pode-se dizer que sua narrativa é um presente de lembranças. Em rememorações ele se desloca no tempo e no espaço e a volta ao passado faz parecer que ele conta a história partindo do presente, trasladando ao passado e termina no presente como no início. Esse modo de lidar com o tempo em Budapeste dá a impressão de que ele sai do presente em um sonho, construído por situações vividas no passado e acorda já com o livro pronto e sendo lido, o que exige muita atenção do leitor.
No final da história o narrador se preocupou em fundir tempo da escrita e tempo da história contada espaço, pois no momento José Costa lia o livro simultaneamente ele acontecia, instante em que o leitor descobre que o texto é uma grande metalinguagem da obra mostrando como se faz uma obra. Vanda acabou por presenteá-lo com o livro que imaginava ser escrito por Krabble e quando foi entrevistar o suposto autor, Costa diz que é o autor, nesse instante eles se separam definitivamente por um desgaste que vinha se acumulando, por ele usar todo seu tempo para escrever, deixando de lado ela e o filho. Mas à medida que aprimorava minha literatura, naturalmente comecei a me relaxar no trato com a Vanda. De tanto me devotar ao meu ofício, escrevendo e reescrevendo, corrigindo e depurando textos, mimando cada palavra que punha no papel, não me sobravam boas palavras para ela.
Diante dela nem tinha mais vontade de me manifestar, e quando o fazia, era para falar bobagens, lugares-comuns, frases desenxabidas, com erros de sintaxe, cacófatos. E se alguma noite, na cama com ela, me viessem à boca palavras adoráveis, eu as continha, eu as economizava para futuro uso prático (BUARQUE, 2003, p. Mesmo fugindo das bases de um romance às quais o leitor está acostumado, Budapeste possui disposição que garante uma significação interna. Nesses encontros e desencontros, no final Kósta abandona Kriska, volta ao Brasil, passando um tempo conturbado lá, não conseguindo escrever. Passado algum tempo, volta à Hungria para lançar um livro seu chamado Budapest, convidado pelo cônsul húngaro, fica surpreso, porque não escreveu tal livro. Ele vive em constante conflito, sendo reconhecido como escritor publicamente quando outro escritor anônimo escreve sua autobiografia.
Dito de outro modo, um sujeito foi construído pelo outro. José Costa é uma pessoa no Rio de Janeiro e outra em Budapeste, o que lhe causa inquietude quando ele se vê em um lugar e pensa no outro, fazendo com que ele viva uma crise de identidade. O duplo influenciou muito essa esfera, pois criou uma divisão entre o triângulo amoroso, não deixando nem uma família, nem outra estabilizada, ficando uma lacuna de interação entre pai e padrasto, esposa e amante, narrador e personagem. Trata-se de uma obra que aborda assuntos muito atuais que estão bastante evidentes no decorrer da narrativa, família, obesidade, sentimento de desgosto pelo trabalho. É perceptível que a família é relegada a segundo plano devido ao trabalho, pois há distância do casal, obesidade do devido à falta de atenção dos pais com sua alimentação.
Há um descontentamento de Costa com o nível de reconhecimento do trabalho. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2011. BRAIT, Beth. Bakhtin, Conceitos-Chave. São Paulo: Contexto, 2005. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, s. d. Trad. de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes, 2005. OLIVEIRA, Marília Raeder Auar. Budapeste. Espelhamento, simulacro e metaficção. In: Cadernos do CNLF, Volume X, n. Disponível em: http://www. O autor do livro (não) sou eu. Disponível em:<www. chicobuarque. com. br/critica/crit_budapeste_wisnik.
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