Livro Conservation Treatment Methodology de Barbara Appelbaum Sessão III Choosing a Treatment
Conservation Treatment Methodology. England: Elsevier, 2009. p. RESENHA Durante o processo de trabalhar na restauração de uma variedade de objetos, Barbara Appelbaum se fascinou não pela diversidade, mas sim pelo o que esses objetos poderiam ter em comum. O livro Conservation Treatment Methodology, publicado pela primeira vez em 2007, nasce de uma pergunta: “o que é exatamente que faz com que o tratamento da arte africana seja diferente das pinturas europeias - é simplesmente a diferença de materiais ou há algo a mais?” (APPELBAUM, 2011, tradução nossa). Nessa perspectiva, o livro traz aspectos inovadores por sua aplicabilidade universal. O que significa que sua abordagem é multidisciplinar. E é justamente essa a tendência da ciência moderna. Aproximar cada vez mais as áreas de conhecimento, bem como suas disciplinas. Ademais, é importante frisar que o livro foi escrito por uma mulher.
A relação entre ciência e a conservação é recorrente no livro, porém nesse capítulo a ciência atuará como indicador de qualidade. O estudo científico aprofundado é a característica mais importante para qualquer conservação. Todavia, mesmo a ciência tendo um papel decisivo em apontar melhores resultados no tratamento da conservação, no caminho do conservador há uma boa dose de adequação. Ou seja, a qualidade de um tratamento também depende do próprio profissional, no que tange suas preferências e principalmente em suas habilidades em determinados materiais e métodos. Se por último a escolha do material e do tratamento ainda dependerá uma boa parte da escolha pessoal do conservador. Dentre essas variações se encontram características como aparência, penetração, força de fixação entre outras.
De maneira geral é vital a escolha de materiais que tenham propriedades de envelhecimento, se quiser evitar problemas não é recomendado usar materiais de baixa qualidade no que se refere a longo prazo. A arte da escolha dos materiais é a arte do profissional em amalgamar o saber tradicional e o saber científico. Em outras palavras, a base de sua escolha deve ser científica, mas também dependerá de sua habilidade, criatividade e experiência. Appelbaum faz uma construção argumentativa sobre a estabilidade dos materiais químicos. Logicamente é difícil encontrar tabelas de classificação ou até mesmo classificar diversos tipos de matérias nessas classes. Uma vez esse quadro em questão se diz respeito mudanças observadas a exposição de luz. Porém, se o ideal deve ser usar materiais classe A, isto é, que tenha vida útil acima de 100 anos, fica fácil quantificar a qualidade esperada do material que se deve escolher.
Uma vez que usar material classe B, acima de 20 anos, já se torna mais complicado sua utilização, no que se refere a qualidade esperada ao longo do tempo do trabalho. É digno de nota que mesmo o material dado como exemplo, Paraloid B-72, tido como classe A em sua vida útil, pode não ser efetivo em uma aplicação em metal, uma vez que sua resina é permeável. A autora também alerta para outro gargalo nesse processo que é a novidade do produto. Produtos novos há pouco teste e pouca informação sobre seu comportamento ao longo dos anos. A pesquisa demanda tempo e profissional qualificado e, por causa disso, é mais um fator de encarecimento. Todavia, a qualidade da conservação depende diretamente da informação sobre produtos utilizados. A literatura de conservação é o melhor meio para sopesar os diversos pontos da escolha de um material.
Mais uma vez a combinação de ciência, experiência e expertise é bem-vinda. A lista de materiais de conservação classe A é curta, por isso ter conhecimento sobre manipular as propriedades dos materiais pode ser o segredo profissional que fará diferença na hora da restauração. Aumentar o número de variações é a essência da expertise do conservador. Essas variações e misturas podem ajudar em superfícies difíceis como gesso. Além disso, aumentar o repertório de soluções para inúmeros problemas passa pela expertise de dominar um material que pode ter diversos usos como, por exemplo, a cera. Um critério fundamental é a reversibilidade. Essa característica é primordial para o futuro do objeto reparado. A remoção com segurança de qualquer material de tratamento aplicado é a garantia que o objeto restaurado sempre terá uma conservação de qualidade.
Mesmo um mau tratamento no passado poderá ser consertado. De mais a mais, novos produtos e técnicas surgem e com a garantia da remoção futura o objeto poderá usufruir de novos conceitos de reparação. Prever obstáculos futuros que serão um problema durante o processo de restauração é iniciar o tratamento com segurança e confiança. Pois tanto o profissional como o objeto restaurado devem se beneficiar do trabalho. E esse é um conceito recorrente do livro, o bem-estar não só do objeto, mas, outrossim, do profissional conservador. Essa recorrência de bem-estar de ambos é mérito da autora, que traz o lado humano do processo de restauração. O ator da restauração assume responsabilidade e importância tanto quanto o objeto que será tratado.
As precauções até podem evitar um objeto de um mal tratamento, mas não garantes um tratamento bom. Portanto, Conservation Treatment Methodology é um livro de referência que pode até ser direcionado a um público seleto, mas oferece, através de uma escrita simples, interessantes relatos que podem interessar diversos públicos. Incluindo não só os especializados, mas curiosos em descobrir o que ocorre atrás do palco de um museu, ou como os conservadores pensam ao iniciar uma restauração. REFERÊNCIAS APPELBAUM, B. Bio. MUNOZ-VINAS, S. Contemporary Theory of Conservation. England: Elsevier, 2005.
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