Jornalismo gonzo
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Gestão de crédito
Na “época do ouro” do capitalismo industrial (décadas de 50, 60 e 70) um período de bonança econômica para os Estados Unidos, condições para experimentações bem-sucedidas na área jornalística se configuram no estilo cujos principais autores são Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e o criador do jornalismo gonzo, Hunter Thompson. O momento é o da contracultura, um movimento complexo, movido principalmente por jovens, que objetivam um rompimento com o tradicionalismo anterior à segunda guerra (HOBSBAW, 1995). A Contracultura procurou opor-se aos valores do American Way of Life, estabelecidos como ideais até então, padrões ligados ao comportamento sexual, predominância do núcleo familiar tradicional, o valor do trabalho e do esforço, advindos de um expressivo aumento da estabilidade financeira das classes baixa e média norte-americana, beneficiada pela situação econômica favorável aos EUA naquele momento (HOBSBAWM, 1995).
Segundo Demétrio (2007) o New Journalism irá se aproximar e se apropriar das técnicas da literatura, com a finalidade de humanizá-lo, colocando o fazer jornalístico fora de seu tradicional campo de observação objetivado do mundo, restaurando o “encantamento” que pode ser proporcionado pelo uso de uma linguagem própria do romance realista, esse adjetivo entendido como uma característica do gênero narrativo no qual a linguagem irá retirar da narrativa jornalística a “camuflagem” de uma escrita objetiva (impossível), restabelecendo do ponto de vista do narrador, no caso do New Journalism, os jornalistas-narradores (LEMINSKY apud DEMETRIO, 2007). Tratava-se, segundo Tom Wolfe apud Ritter (2013), de tirar o romance literário de seu trono de principal alvo de desejo dos escritores, já que os jornalistas (e o público) tendiam a supervalorizar a narrativa literária, pois “O romance não era uma mera forma literária.
As técnicas utilizadas por Hunter Thompson, o fundador e principal escritor do Jornalismo Gonzo podem ser consideradas, entretanto, um capítulo à parte da história do New Journalism e alguns estudiosos (Ritter, 2013) consideram mesmo que o estilo não pode ser considerado como pertencente à essa vertente, por conta do estilo ácido e sarcástico utilizado por Thompson em seus escritos. Marcam também a obra do autor, uma extrema irreverência, que transparece, por exemplo, na exploração de temas como o uso de drogas e o sexo aliados ao esporte e à política. É esse estilo que confere a ele uma certa aura de “maldito”, bastante condizente com uma postura afinada com os postulados da Contracultura e do movimento underground, característicos da época, e que influenciam o estilo de muitos jornalistas até hoje, como por exemplo, Arthur Veríssimo, que escreve para a revista Trip no Brasil.
Vestindo plenamente a camisa de oposição ao Estabilishment, o estilo de vida ideal do American Way of Life, Hunter Thompson escreveu textos como o publicado pela primeira vez para a revista Nation, no qual descreve minunciosamente a vida do grupo de motoqueiros que assombrava os norte-americanos, o Hell’s Angels. Para escrevê-lo conviveu com o grupo por 18 meses, chegando a ser espancado por eles em mais de uma ocasião. Como argumento para sua teoria, a autora explica que Thompson pode ser considerado um intelectual “onívoro”, na medida em que se apropria da elementos do jornalismo e da literatura sendo seus personagens e cenários os do cidadão comum norte-americano. A autora acrescenta que Thompson também ultrapassa os limites que separam as classes sociais, quando, por exemplo, retrata os Hell’s Angels como membros da classe dos trabalhadores espoliados no processo de criação da sociedade burguesa, ao mesmo tempo reforçando uma aura de marginalizados, rebeldes e drogados para os motoqueiros, marcando sua diferença em relação a eles como produtor artístico, capaz de servir como ponte e segurança para os trabalhadores da classe média.
A vida de Hunter Thompson não deixa de se confundir com a de seus personagens e muito do que escreveu foi contestado como mais ficcional do que pretende ser. Um exemplo disso é o caroneiro que aparece logo nas primeiras páginas de Medo e Delírio, que o próprio autor ora diz que é real ora que é inventada. Esse impasse realmente não tira o sabor da história e o personagem é uma espécie de termômetro do nível de loucura dos dois “viajantes”. mais dos que necessitava ou queria. Aborrecido. Sempre grunhindo. Isso não é plano, para ninguém. Estás ficando avarento. br/impasses-na-imprensa/hunter-s-thompson-jornalismo-em-primeira-pessoa/>. Acesso em 28 abr. CZARNOBAI, André Felipe. Gonzo – o filho bastardo do New Journalism. Porto Alegre, 2003. usp. br/teses/disponiveis/27/27152/tde-23072009-204119/pt-br.
ph. Acesso em: 29 abr. FORSBERG, Jennifer Hagen. Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. LOPES, Sávio Augusto. O Jornalismo Gonzo e a visão alternativa do Sonho Americano. Disponível em: < http://www. br/seer/index. php/rizoma/article/view/3459/2763>. Acesso em: 29 abr. THOMPSON, Hunter. e Delírio em Las Vegas: uma viagem ao coração selvagem da América, LP&M, 2016, Porto Alegre, 2016.
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