Imaginário europeu a cerca dos rituais
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Estatística
Introdução A chegada à América pelos espanhóis, no século XV, foi um momento de inflexão na história mundial. O encontro entre perspectivas, modos de vida, formas de relacionamento com a natureza, bem como a diferença cultural latente, acabaram por influenciar tanto a civilização europeia quanto as civilizações presentes em território americano, ocorrendo aculturações em ambas as culturas. O impacto no sistema epistemológico europeu, por exemplo, fora gigantesco: Onde se encaixaria essa nova porção de terra tendo em mente a concepção de um mundo extremamente associado a Igreja Católica que acreditava em uma divisão tripartite do mundo, a qual tem referência aos três filhos de Noé, onde cada um recebera um uma porção de terra - referente aos três continentes até então conhecidos, Europa, Ásia e África.
Em um primeiro momento, como podemos analisar as crônicas como a de Américo Vespucio, ocorrera uma tentativa de descrição do novo território: seja a flora, a fauna, os seus habitantes, o clima, sobre a falta de doenças, etc. Tais relatos buscando uma tentativa de expressar, com uma grandeza de detalhes, o que fora visto, mas muitas vezes acabando por envolver o fruto do imaginário ou de lendas existentes aos olhos espanhóis, como criaturas místicas, animais com mais de uma cabeça, descrições de situações, no mínimo, improváveis de ocorrer. Não devemos, também, esquecer o contexto que envolvia espanhóis em âmbito mundial. O ano de 1492 também fora o ano final da Reconquista da Península Ibérica das mãos dos muçulmanos, empreendimento que durou mais de 700 anos e que coincidiu com a expansão do território para além dos limites espaciais da Europa.
Cabe o ressalto também para as fortes críticas que envolviam a religião católica, religião da Coroa espanhola, por parte dos protestantes surgidos pós-Lutero: estes eram tratados como idólatras devido a suas imagens, representações de Jesus, Maria e etc. Mas não eram os mesmos católicos espanhóis que se voltavam para os povos originários das Américas com tais estereótipos pejorativos? Como poderiam quebrar as imagens das civilizações americanas se também estavam tendo suas imagens destruídas em solo europeu? Afinal, quem era os idólatras? Dependia-se da perspectiva adotada, como sempre se depende de um ponto de partida. Quanto ao autor, Francisco López de Gómara, este era um historiador eclesiástico que dedicou seu foco de estudo no relato detalhado do processo de conquista do Novo Mundo arquitetado pelos espanhóis no século XVI.
Deve-se mensurar que “História General de las Indias” sofreu com intensas críticas sendo até proibida por Felipe II de ser circulada no território espanhol, uma vez que Lopez teria exaltado demasiadamente a figura de Cortez, fato este que desagradou parcelas aristocráticas da sociedade espanhola. Desse modo, deve-se questionar até que ponto os relatos abordados em sua obra são passíveis de veracidade. Mas mesmo sendo possível os questionamentos, é inegável o seu valor enquanto fonte primária para esse momento histórico que falamos. Uma análise de seu discurso As notícias de que os espanhóis haviam encontrado uma nova porção de terra acabara mexendo com o continente europeu, em um ambiente em que a imprensa começara a se desenvolver de forma mais significativa e a alcançar uma maior circulação entre os cidadãos espanhóis, as crônicas a respeito dos territórios recém-achados passaram a ser publicadas e, consequentemente, lida por certo contingente populacional - os jornais circulavam apenas entre os mais ricos do período, já que a maioria da população ainda era analfabeta.
Sob tal pano de fundo, Francisco López de Gómara publica o livro Historia General de las Indias, publicada a primeira vez na primeira metade do século XVI. Deixa claro que o objetivo dos espanhóis é “así en predicar y convertir como en descubrir y conquistar” (GÓMARA, L. F 1999), constatando que, por conhecerem o verdadeiro Deus, devem interferir em terras americanas, mostrar que as práticas que as civilizações locais estavam realizando eram equivocadas, quase dizendo que eles se viam obrigados a ajudarem povos tão pouco inteligentes e que viviam no pecado e não conheciam a verdade. E ainda não devemos esquecer uma comparação que, a primeira vista, poderia causar estranheza: a tentativa de se equiparar a conquista sobre os índios com a conquista sobre os moros.
A frase seguinte, entretanto, esclarece qualquer dúvida que a anterior deixara: índios e moros são vistos como infiéis, não possuem a fé católica e que devem ser dominados e convertidos. “por que siempre guerreasen españoles contra infieles”. Eles eram casados com outras mulheres e possuíam vestimentas típicas para, diferencia-los. Vale destacar que os mesmos tinham grande autoridade social, uma vez que eram vistos como médicos e adivinhadores, pelo fato de possuírem respostas para os mais diversos questionamentos levantados justamente por terem a capacidade de entrar em contato com os deuses. Esta prática envolvia um ritual sagrado, no qual comia-se uma erva chamada de Cohoba ou fazia-se o fumo com a mesma, assim, ela conseguia possibilitar a representação de diversas visões para os Bohitis.
Deve-se ressaltar que apenas os Bohitis podiam utilizar dessa prática e caso analisem que eles tiveram alguma atitude indevida, os mesmos deveriam ser punidos. Frequentemente ocorria-se algumas celebrações para as divindades cultuadas pelo Cacique local, tendo toda uma organização para que fosse possível dar início a essas festividades religiosas. O ensino de história no Brasil A partir das abordagens trabalhadas e aprofundadas acima, é de suma importância que seja analisado cuidadosamente a melhor forma de aplicar tais documentos, verificando que seja adequado para o ambiente e estrutura que se está inserido. Atualmente pode-se verificar com uma maior frequência, especialmente em escolas públicas, uma enorme defasagem no que diz respeito ao ensino. Entre os diversos fatores para tal, podemos destacar o método de ensino aplicado nos dias atuais, bem como a utilização problemática da documentação.
De um modo geral, o ensino básico e médio tem direcionado seu foco em transmitir o conteúdo de suas disciplinas de forma totalmente alheia ao mundo real, ou seja, este conhecimento no ambiente extraescolar torna-se obsoleto em sua maioria, visto que o aluno não consegue estabelecer uma relação intrínseca do que é recebido dentro e sala e aplica-lo no seu dia a dia. Atrelado a isso, é importante mencionar que muitas vezes o caráter profissionalizante do ensino limita de maneira contundente a visão e a percepção crítica dos alunos, pois a especialização para o mercado de trabalho de dissocia a transmissão do saber com a finalidade de estimular uma formação cultural adequada para um conhecimento restritamente ligado ao acesso o emprego.
Adentrando nas possíveis características que desestimulam o saber histórico em sala de aula, temos como um dos principais agravantes para tal, os livros didáticos, no qual há décadas permanecem a vangloriar quem esteve no poder e os seus grandes feitos, deixando em segundo plano personagens que as elites julgam menos importantes e assim influenciando gerações a reconhecer apenas os grandes personagens como dignos de serem lembrados e estudados. Além disto, deve ser citado o caráter simplista de muitos conteúdos apresentados nos livros e documentos presentes na sala de aula e a falta de uma prerrogativa do professor em fomentar uma reflexão a respeito do mesmo, o conteúdo apresentado passa a se tornar meramente ilustrativo, retirando a possibilidade de estimular uma outra visão sobre as temáticas impostas pela escola.
Desta forma, a utilização de objetos pedagógicos que deveriam auxiliar na aprendizagem e formação escolar dos alunos estão de certa forma forjando mentes e olhares que se guiam apenas pelo senso comum e pelos olhos alheios devido à falta de métodos compatíveis para o estímulo ao conhecimento e ao olhar crítico. Com um papel ímpar, fornecendo um novo olhar aos estudantes por intermédio do professor, crônicas, imagens e filmes sendo analisados como documentos e sujeito a investigações se encaixando na realidade sociocultural e na infraestrutura escolar tornaria o local de aprendizagem muito mais dinâmico e enriquecedor para o conhecimento. Assim, promover debates relacionados ao conteúdo e a realidade social do aluno torna-se um instrumento vital para formar cidadãos capazes de construir opiniões próprias e adquirir uma atitude duvidosa sobre os fatos que são apresentando tanto na sala de aula quanto no nosso cotidiano.
Este emprego da documentação europeia acaba por originar e reforçar visões preconceituosas, estereotipadas e, fundamentalmente, eurocêntricas acerca dos ameríndios e dos eventos ocorridos em terras americanas naquele período. Desse modo, narrar à história através da crônica e não a partir de sua análise contribui não somente para silenciar a própria perspectiva ameríndia, mas também para o apagamento de seu protagonismo. Assim, os povos indígenas são construídos enquanto personagens passivos ao domínio europeu e aos eventos ocorridos em prol da exaltação da glória europeia, que seria a conquista da América e seus feitos grandiosos em uma perspectiva eurocêntrica. É importante pensar que esses relatos não correspondem a uma verdade absoluta, mas sim a uma perspectiva de um grupo, mediante a determinados contextos, sobre os reais acontecimentos.
Em contrapartida, as crônicas escritas por europeus são muito utilizadas por historiadores para reconstruir o passado, principalmente devido à ausência de registros escritos produzidos pelos próprios ameríndios. As crônicas podem ser úteis para se pensar estereótipos presentes nos dias atuais sobre os ameríndios, por exemplo, possibilitando uma problematização da história narrada por um olhar eurocêntrico partir dos textos analisados. Assim, por meio do uso de sua interpretação sobre o que lhe é apresentado pelo professor, o aluno também passa a produzir conhecimento ativamente, abandonando a posição de um agente passivo em sala de aula. O que propomos especificamente para o uso da fonte Historia General de las Indias em sala de aula com alunos de Ensino Médio é primeiramente pedir que busquem textos ou informações circuladas na mídia acerca da temática indígena, podendo também realizar entrevistas com pessoas do seu cotidiano com o objetivo de saber qual o imaginário possuem sobre os povos indígenas.
A ideia é que coletem informações que sirvam de fonte para compreender a noção que se tem atualmente sobre esta temática. Posteriormente a crônica deve passar por todo o processo de análise que abordamos neste tópico, levantando-se os dados básicos referentes aos autores, ano de produção e contexto histórico. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 1999. Edição digital baseada na edição de Caracas, Biblioteca Ayacucho, 1978. Disponível em: <http://www. cervantesvirtual. com/obra-visor/historia-general-de-las-indias--0/html/fef81d62-82b1-11df-acc7-002185ce6064. R. As crônicas coloniais no ensino de historia de América. História & Ensino, Londrina, v. p. jul. E. O. KALIL, L. G. A. FGV, 2013 WIKIPEDIA. Historia general de las indias. Disponível em: <https://es. wikipedia. org/wiki/historia_general_de_las_indias>.
O que ensinar em História: Os estudantes só aprendem a disciplina quando relacionam fatos, confrontam pontos de vista e consultam diversas fontes de pesquisa. p. Disponível em: <https://novaescola. org. br/conteudo/1791/o-que-ensinar-em-historia>. História na sala de aula: Conceitos, práticas e propostas. p. BITTENCOURT, Circer. O Saber Histórico na Sala de Aula. p.
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