ÉTICA DEMONSTRADA EM ORDEM GEOMÉTRICA E DIVIDIDA EM CINCO PARTES QUE TRATAM

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Sobre a Origem e a Natureza dos Afetos IV. Sobre a Servidão Humana, ou sobre a Força dos Afetos V. Sobre a Potência do Intelecto, ou sobre a Liberdade Humana. Aluno: Ellen XXX Disciplina: Filosofia TRABALHO SOBRE A PARTE IV - SOBRE A SERVIDÃO HUMANA, OU SOBRE A FORÇA DOS AFETOS Baruch Espinoza (também grafado por alguns como Spinoza), nasceu em Amsterdam, na Holanda, em 1632. Descendia de uma abastada família de comerciantes originários da Espanha, cujos antepassados haviam sido expulsos de Portugal. Como dito acima em sua breve biografia, sua proximidade com a matemática e a geometria nos dá uma dica sobre a sua opção. Antes de entrar no tema deste trabalho, a Servidão Humana, é preciso lembrar que, para chegar até aqui, Espinoza faz um caminho bem traçado e fundamentado.

Seu livro, como um todo, considerado sua obra principal, tem cinco partes: I. Sobre Deus, II. A natureza e a origem da mente, III. Logo no início do Prefácio da Parte IV. A servidão humana ou a força dos afetos, Espinoza começa com uma sentença: “Chamo de servidão a impotência humana para regular e refrear os afetos. Pois o homem submetido aos afetos não está sob seu próprio comando, mas sob o do acaso, a cujo poder está a tal ponto sujeitado que é, muitas vezes forçado, ainda que perceba o que é melhor para si, a fazer, entretanto, o pior” A princípio, quando o tema nos foi passado, tentei imaginar o que seria esta servidão. Seria como a escravidão que conhecemos no Brasil ou nas culturas antigas? Ou, um outro tipo de servidão, que tira a liberdade do ser humano de escolher e fazer suas opções.

Não que ele não tenha a liberdade, mas há imposições sociais, culturais, tendências da moda, do consumo, da busca pelo ser e ter mais que, de certa forma, aprisionam a pessoa. Seja do álcool, ou de outras drogas, ou qualquer outro vício ou compulsão. Ele se apodera de tal forma da pessoa que a faz agir por impulsos e desejos. Mesmo consciente dos males que este lhes traz, o viciado não consegue ou não quer se livrar dele e, quando quer, enfrenta uma luta difícil de vencer. Espinoza fala da exterioridade, isto é o que vem de fora. São forças que ‘possuem’ a pessoa levando-a à servidão. O conhecimento do bem pode motivar o homem a agir moralmente. Ao final do Prefácio o filósofo faz uma comparação interessante ao falar de bem e mal, que não podem ser considerados em si, mas terão sentido nas comparações que faremos das coisas entre si.

O exemplo da música é simples, mas esclarecedor: ela pode ser boa para o ‘apaixonado’, ruim para o indiferente e nem boa nem má para o surdo. Ele usa esta ideia que - apesar da inconsistência dos vocábulos - não pode descartá-los. Considera necessária nesta busca de formar a ideia de homem e chegar a um modelo de natureza humana. Ele vai definir ainda, coisas singulares e contingentes (aquela que em sua essência não há nada que ponha necessariamente sua existência nem nada que possa excluí-la), coisas singulares de possíveis (a partir do exame das causas que devem produzi-las, não sabemos se elas estão determinadas a produzi-las). Ele continua definindo afetos contrários (ex: gula e avareza, apesar de serem do mesmo gênero, levam o homem para várias direções).

No sexto item, explicou os afetos com base na relação com futuro, passado e presente. Espinoza tratou disso na terceira parte: “A imagem de uma coisa passada ou futura afeta o homem com o mesmo afeto de Alegria e Tristeza que a imagem de uma coisa presente”. Ao qual ele faz uma demonstração, afirmando que o homem pode contemplar algo como presente, através de uma imagem. Assim, se aquilo que há de positivo na ideia falsa fosse destruído pela presença do verdadeiro, enquanto verdadeiro, uma ideia verdadeira seria destruída por ela mesma o que é absurdo. Logo, não há nada de positivo”. Aqui ele está se referindo à imaginação que pode levar a mente humana ao erro, devido à ignorância quanto ao real e não de forma proposital.

Outras proposições. A força com que o homem persevera na existência é limitada e é infinitamente superada pela potência das causas externas. A ideia está ligada ao afeto, da mesma forma que a mente ao corpo, desde que tenhamos consciência deste afeto. Na proposição IX: “Um afeto, cuja causa imaginamos presente é mais forte do que um afeto cuja causa imaginamos não estar presente”. Neste ponto o autor retoma o que foi dito antes sobre a imagem de algo futuro ou passado. O afeto, nesse caso, em sua relação a uma coisa futura ou passada é igual ou mais fraco do que o afeto com relação a uma coisa presente. Nas últimas proposições, Espinoza aborda a questão do afeto e sua percepção em relação ao tempo e à distância.

Aqui entraria o preconceito que há no homem que desconhece as ‘coisas’ e tenta dar explicações convenientes para si, de acordo com a utilidade. Aqui temos algo parecido com o que vimos no texto de Peter Singer (utilitarismo da ética). Se Deus criou tudo e a própria natureza, a partir do momento que o homem não entende que tudo tem causa própria para existir, ele inverte a ordem das coisas crendo que tudo foi feito em função deles. Ao ponto de atribuir a Deus tudo o que de negativo ocorre na natureza, como as catástrofes, por exemplo, como se elas não ocorressem independente da vontade divina. Volto a uma posição postada no início, de que o homem, muitas vezes age pelo instinto da sua preservação, em detrimento dos outros, em detrimento da natureza.

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