Cangaço no Nordeste
Tipo de documento:Artigo acadêmico
Área de estudo:História
Para isto, inicialmente desempenhou-se um levantamento bibliográfico efetivado através da leitura de livros, artigos e teses relacionadas à nossa temática, sendo encontradas em bibliotecas físicas e endereços eletrônicos. Como referenciais teóricos empregou-se autores como Queiroz (1986/1977), Facó (1983), Pericás (2010), Chiavenato (1990) Lins (1997), Hobsbawm (2010) e Oliveira (1997). Além disso, fundamentou-se na literatura de cordel, mediante sua representação da cultura regional. Como resultado, tem-se uma reflexão sobre um dos principais movimentos sociais que marcaram a história do Brasil, sobretudo a região Nordeste, a qual padecia com as desigualdades sociais, a seca e a negligência governamental. Palavras-chave: Cangaço. A própria aceitação da ordem de coisas vigente e a crença na sua imutabilidade determinavam os preconceitos e os erros para compreender os fenômenos patológicos resultantes (FACÓ, 1983, p.
Deste modo, designa-se como objetivo geral desta pesquisa, uma análise sobre o movimento cangaceiro do sertão nordestino e, como objetivos específicos, têm-se: • Identificar o conceito de cangaço e cangaceiros; • Reconhecer os desígnios que concretizaram no movimento; • Evidenciar os feitos do cangaço no Nordeste; • Elucidar acerca dos principais líderes. Salienta-se que como recursos metodológicos utilizou-se de uma análise bibliográfica com fontes primárias e secundárias, como livros, entrevistas e poemas de autores e pesquisadores da história do cangaço, os quais possibilitaram uma maior fundamentação ao nosso tema. Em síntese, este estudo analisa o Cangaço, abordando brevemente o contexto histórico do movimento, elucidando sua definição, o surgimento, bem como os principais líderes representados na figura masculina.
Desenvolvimento O termo “cangaço” apresenta inúmeras teorias que aludem ao seu conceito e sua origem. Empregando a literatura de cordel como fonte de pesquisa, destacamos o poema transcrito na obra “O Sertanejo Valente na Literatura de Cordel” de Maria José Londres, referindo-se a estes cangaceiros e corroborando sua dependência. Em São José do Egito Existia um fazendeiro Ruim que só a intriga Bruto, forte e traiçoeiro Sentia o cheiro de sangue Que só onça por carneiro. Uns 200 cangaceiros Nessa fazenda moravam Eles não pagavam foro Muito pouco trabalhavam Serviam de guarda-costa Bom ordenado ganhavam (Apud LONDRES, 1983, p. Em 1889 com a Proclamação da República, instaurou-se no Brasil apenas um partido, sendo este, o Partido Republicano, o qual robusteceu as oligarquias e findou as rivalidades locais.
Doravante este episódio, principiam-se os cangaceiros independentes, sendo estes, antagônicos aos supracitados, tendo em vista que tais homens armados não dispunham de residência fixa e eram chefiados por um integrante do grupo, sob o objetivo da sobrevivência dos indivíduos mediante aos assaltos e aos saques. Ademais, os feitos do cangaceiro são retratados por distintos poetas da região, bem como o romancista Franklin Távora, com sua obra intitulada “O Cabeleira” (1877). Aludindo aos desígnios que acarretaram no surgimento do cangaço, apresentam-se inúmeros e distintos. Consoante a isto, Pericás (2010, pág. explana que as “[. explicações simplistas, exclusivistas, não conseguem compreender satisfatoriamente o fenômeno, que deve ser discutido a partir de uma realidade multidimensional”. No entanto, a escassez de controle público nas áreas apartadas do litoral resultou em maneiras distintas e independentes de penalidades, bem como o ato de “fazer justiça com as próprias mãos” (HOBSBAWM, 2010, p.
Desta forma, os cangaceiros agiriam como tal. Segundo as considerações de Facó (1983, p. a ascendência do cangaço se assemelha a dos movimentos messiânicos5, a qual associa-se aos fatores sociais e econômicos. Consoante ao autor, estes fatores implicam na exploração das classes, onde grande parte da população sertaneja – predominantemente rural – não dispunha de terras, tendo em vista que apenas uma minoria desta população usufruía deste benefício. Doravante estas informações, evidencia-se que a origem do cangaço emana de um aglomerado de fatores, os quais devem ser estudados minuciosamente. Desta forma, salientamos sumariamente, que tais fatores se associam a desestruturação econômica e social, as condições climáticas, as desavenças entre as famílias e as classes, a miséria e a debilidade dos órgãos públicos no Nordeste brasileiro.
Acerca da definição dos cangaceiros, inúmeros pesquisadores se discernem, conforme exposto com a percepção de Queiroz e Hobsbawm. Segundo Facó (1983, p. são “grupos [. Conforme o supracitado por Chiavenato, evidencia-se que os cangaceiros consistiam em padecedores da ordem social imposta na época, os quais foram oprimidos por indivíduos superiores a eles, sem que as instituições públicas os resguardassem. O pesquisador e poeta Antônio Kydelmir Dantas Oliveira (1997), elucida em sua obra “Mossoró e o Cangaço”, três tipos de indivíduos que aderiram ao movimento, sendo eles o injustiçado, o aventureiro e o facínora. Desta forma, o injustiçado consiste naquele que aderiu ao cangaço na busca por vingança à ordem vigente; o aventureiro é resultado do “fascínio que o cangaço exercia”, sendo seus membros, ponderados como os heróis; e o facínora se integrou com o objetivo de “se proteger da perseguição policial” (OLIVEIRA, 1997, p.
Este banditismo social resiste no Nordeste do país entre os anos de 1870 até 1940 e, neste ínterim, surgem personalidades emblemáticas do cangaço, os quais se consagraram como os “reis do cangaço”. A título de exemplo, cabe salientar a figura de Antônio Silvino, codinome de Manoel Baptista de Alencar, que ingressou no cangaço em 1896, com o objetivo de vingar o falecimento de seu pai. ratifica expondo que “[. aos 23 anos, Virgulino aderiu ao cangaço para vingar a morte de seu pai – gesto ‘nobre’ que marcou a primeira fase do movimento”. Desta forma, ingressou no grupo de Sinhô Pereira no ano de 1920, data em que “[. começa a peregrinação de vinte anos daquele que seria depois conhecido como o Rei do Cangaço e Governador do Sertão” (FACÓ, 1983, p.
Assim, Lampião atuou no comando de bandos cangaceiros até seu falecimento, no ano de 1938. REFERÊNCIAS ATHAYDE, João Martins de. O Interrogatório de Antônio Silvino. Juazeiro do Norte: José Bernardo da Silva Ltda. BARROS, Leandro Gomes de. As Proezas de Antônio Silvino. História dos Movimentos e Lutas Sociais: a construção da cidadania dos brasileiros. São Paulo: Loyola, 1995. HOBSBAWM, Eric. Bandidos. Ed. Síntese Cronológica do cangaço. In. Mossoró e o Cangaço: coletânea de artigos. Mossoró: Fundação Vingt-Un Rosado – Coleção Mossoroense, Série C – Vol. p.
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