Anorexia enquanto sintoma psicalalítico: uma resposta ao desejo materno ou uma tentativa desesperada de separação?

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ABSTRACT The article reflects on the responses of the subject against its structure and attempt to answer: What does the Other want from me? And if this answer will attempt to place itself as an object in relation to the Other's desire, in particular with maternal subjectivity. It aims to analyze anorexia, following the route between meeting the needs of the satisfaction of the drive and when demand comes the desire to found, then the mirror stage, Oedipus complex and castration, always trying to understand if anorexia as a symptom is a form of subject to position itself as object in relation to the Other, or configured as a desperate attempt to separate. Key Words: Instinct, Desire, Alienation, Oedipus Complex, Castration, Anorexia, Separation. INTRODUÇÃO Atualmente, a anorexia é um assunto que vem sendo discutido com maior relevância e preocupação, considerando o número crescente de mulheres com esse transtorno.

A anorexia é tratada pela psiquiatria como um transtorno alimentar, de acordo com o manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais na sua quarta edição, o DSM IV. Essa carga de tensão é excessiva e o bebê não sabe o que fazer com o excesso. Vai levar um tempo para homogeneizar esse excesso de excitação. O corpo vai sendo aos poucos mapeado, na bordas, nos buracos, onde mais se toca e se erotiza. É pela linguagem simbólica que a pulsão se faz representar. Às vezes o excesso fica em algum lugar e segue vida a fora, marcando partes do corpo. A separação é aquilo pelo que o sujeito é efeito da fala, na qual ele encontra a via que reverte a alienação. O sujeito acha o ponto fraco do casal primitivo da articulação significante com que o agente do Outro o localiza.

Acabando com a circularidade da sua relação ao Outro materno, o pequeno sujeito opera uma torção essencial (VORCARO, 1999). Dessa forma, continua afirmando que “o desejo oferecido ao balizamento do sujeito na experiência do discurso sustentado pela mãe tem vigência no intervalo entre esses dois significantes: intervalo em que o próprio desejo do agente materno está para além ou para quem do que ela diz”, A mãe tendo uma função, a função materna, pode se associar ao filho que também tem uma função para ela. Entendendo-se por função materna, como o objetivo de levar o filho a simbolizar a solução das necessidades imediatas, como reconhecer, resolver, saber. encontra-se que: Por pulsão, podemos entender, a principio, apenas o representante psíquico de uma fonte endossomática de estimulação que flui continuamente, para diferenciá-la do estímulo, que é produzido por excitações isoladas vindas de fora.

Pulsão, portanto, é um dos conceitos da delimitação entre o anímico e o físico. FREUD, 1901/1905). Nesse sentido, concordando com Lacan, o estádio do espelho, momento crucial para a identificação, pois a criança deixa de ser fragmentos e passa a ser uma unidade, reconhecendo que o outro do espelho não é real, mas sim uma imagem, e que é dela. No entanto, mesmo já se esboçando um sujeito aí, ainda não faz distinção da mãe, persiste numa relação com esta quase fusional, oriunda de uma posição suis generis que a criança tem com a mãe, buscando assim, identificar-se com o que imagina ser o objeto do seu desejo. A repressão se processa a partir do ego, ou do superego, quando este se recusa a associar-se com uma catexia instintual que foi provocada no id, (FREUD, 1925/1926, p.

Dessa modo, esse artigo procurou focar o sintoma anoréxico, que se apresenta na neurose, e é definida por Lacan (1956/57, p. como: ”o ato de comer nada, e não como o ato de “não comer” sugerindo dessa maneira a distorção da própria imagem corporal, como numa sala de espelhos nos quais muitas imagens estranhas aparecem e, diante delas, colocam uma situação de medo e descontrole. Mas quais espelhos distorcem as anoréxicas? Qual a possível relação com o espelho e o desejo materno? Como citado anteriormente, a mãe funciona como espelho estruturante que deve ter a função de sustentação narcísica. O estádio do espelho, em Lacan, assinala o momento fundamental da constituição do primeiro esboço de ego. Nesse caso, é diretamente como correlato de uma fantasia que a criança é envolvida.

Dessa maneira, a distância entre a identificação com o ideal do eu e a parte apreendida do desejo da mãe, se não tem mediação (esta, assegurada pela função paterna), deixa a criança aberta a todas as capturas fantasmáticas, (LACAN, 1986, p. A função paterna é o que regula a relação mãe-criança, visto que se a mãe pode acolher um filho como suplência da falta fálica é porque a equivalência simbólica, que é a função paterna, já está presente, colocando limite na relação narcísica mãe-criança. De acordo com Vorcaro: No seminário IV Lacan formaliza a relação mãe-criança atravessada pela função paterna, implicando que a incidência dessa função sobre o desejo da mãe determina a condição de possibilidade de constituição do sujeito, ou seja, que a mãe não esteja dissuadida de encontrar o significante de seu desejo no corpo de um homem, (VORCARO, p.

Com relação às capturas fantasmáticas da criança, Vorcaro (1999, p. Num momento subseqüente a este, o reconhecimento pela criança da diferença sexual suscita uma falta anatômica com a certeza de que as meninas não têm pênis e os meninos têm, mas correm o risco de perder, passando do Complexo de Édipo à castração. Esta falta anatômica e ameaça da castração faz reforçar a idéia de algo que falta, dando lugar a um registro imaginário, postulando a existência de um objeto, ele próprio como imaginário, o falo novamente. Segundo Dor: O falo será instituído como significante primordial do desejo na triangulação edipiana. O processo do complexo de Édipo se dará então, em torno da localização respectiva do lugar de falo no desejo da mãe, da criança e do pai, no curso de uma dialética que se desenvolverá sob a forma de “ser” e “ter”.

Introdução a Leitura de Lacan, pag. Já essa entrada de um terceiro, assinalada por Freud, seria o confronto com a castração3, que no caso da anorexia já é, de saída, insuportável para seu Outro materno. A intervenção paterna, desempenhará de forma contundente, um papel na relação mãe-criança-falo, se colocando como quem interdita essa relação. Em primeiro lugar o pai priva a mãe desse objeto, ou seja, o objeto fálico do seu desejo. Em segundo lugar, o pai ocupa lugar de incômodo e perturbador. Segundo Dor “O que ele interdita? Ele interdita em primeiro lugar, a satisfação do impulso. O que deseja a anoréxica? O controle que busca sobre sua imagem e seu corpo corresponde ao domínio imaginário do corpo pulsional.

Porém essa imagem deve obedecer ao Eu ideal, mas não realizá-lo. A imagem que o anoréxico vê no espelho é sempre distorcida, discrepante em relação ao real de seu corpo, por mais magro que esteja ele sempre verá um excesso de peso que precisa eliminar. Essa idealização de exibir um corpo perfeito tem levado essas jovens mulheres a um medo estrondoso de se alimentar, sendo que deixar de se alimentar é um dos principais sintomas deste transtorno que se inicia com a distorção da imagem corporal, ou seja, a pessoa não se vê como é, é magra e se vê como gorda. Segundo Palazzo (2011) “ a imagem corporal é a representação mental do nosso corpo, é a forma como vemos e pensamos no nosso corpo, também é a forma como acreditamos que os outros nos vêem”.

em uma manobra que inverte a relação inicial de dependência do sujeito em relação ao Outro materno, a recusa alimentar coloca em jogo, “o nada” como objeto separador. PENCAK, 2011). É através do sintoma, aqui representado na relação peculiar do sujeito com o alimento ofertado pelo outro, que este tenta dar um sentido ao desejo do Outro, fazendo uma equivalência entre o alimento e esse desejo. Desse modo, podemos perguntar: O que deseja a anoréxica? Ser o desejo em si, ser o vazio em si? Não desejar, nem ser desejada. Domesticar o desejo. A anorexia surge como identidade pessoal, surge como uma busca pela vida. Também é na adolescência que as mudanças físicas acontecem de forma mais rápido e intensa, as meninas começam a desenvolver os seios, os quadris ganham formas mais arredondadas e largos como as mães, o corpo passa a ser diante das anorexias enorme, sem limites, inaceitável.

A imagem corporal pode ser vista como uma imagem metafórica, refletindo as relações primitivas do Eu com o objeto, no caso a identificação com a mãe, e isso é intolerável para a anoréxica, uma vez que tentativa é de se separar do objeto, não sucumbir ao desejo do Outro. Se a anoréxica sente-se a mercê dos outros, vivendo a partir do desejo do Outro, por outro lado ela passa desta condição de docilidade e passividade a desejar que todos sucumbam ao seu desejo, fazendo o que ela quer, passando de uma posição passiva a ativa, alternando entre o dominar e ser dominado, destruir o outro e ser destruído por ele. Os impasses no tratamento com a anoréxica A maior dificuldade no tratamento analítico com as anoréxicas está na relação de dependência com seus pais, especialmente com a mãe, uma vez que a mãe como objeto primordial, deveria fazer a criança passar do instinto-pulsão à necessidade, e desta à demanda.

Segundo Consenza: O que aparece nas histórias clinicas é uma dificuldade extrema do lado da filha de suportar os signos de reprovação e decepção por parte dos pais, e dificuldade destes de abrir espaço para o desejo da filha, diferente do deles, situado para além do seu próprio horizonte narcísico de investimento. CONCENZA, 2011). Outra dificuldade em relação ao tratamento, também resultado da relação com o objeto primordial, encontra-se na reconhecimento, ou na crença de a anoréxica não é dona do seu sintoma, este a extravasa, a sobrepõe, não encontra-se em condições de controlar seus efeitos, e passa a sentir que é mais forte que ela, o que lhe traz muito sofrimento. Neste sentido a dificuldade do analista esta em fazer emergir a passagem deste gozo que toma conta do sujeito, lembrando que quase sempre gozo e dor andam juntos enquanto sintoma em psicanálise, à um questionamento sobre esse gozo, ou seja, através afloramento da angústia, possibilitar a uma retificação subjetiva, única possibilidade de tratamento.

Em 1873, um médico frânces, Lasegue, descreve a anorexia com características psicológicas ressaltando o contentamento e a complacência na atitude da anoréxica, ele diz: “prazer de auto controle, prazer de controlar o médico, prazer auto-erótico mantido pelo aguçamento da fome. Com relação ao tratamento psicanalítico da anorexia, pode-se dizer que é difícil no sentido de que é longo e a demanda muito adversa. De acordo com Fuks e Campos (2010): A direção do tratamento preliminar, ao invés de ser a de mobilizar o saber especializado do Outro, é a de colocar o sujeito para trabalhar. É fundamental que se dê o esvaziamento do Outro do saber, que não se permita que o saber seja tratado como comida. Empanturrar o sujeito com respostas, soluções objetivas, não produz nada além do reforço da própria anorexia, como resposta frente a um Outro que tem tudo.

JUKS & CAMPOS, Jun/2010). Tradução Reis, Carlos Eduardo. Porto Alegre: Artmed, 1989. FREUD, S. Sobre o narcisismo: uma introdução. Obras Completas, v. Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos. Obras Complestas, v. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1923-1925. FUKS, Bernardo Betty. Acesso em 2011-08-30 LACAN, J. O Seminário, livro 4: a relação de objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, (1956-1957/1995). Escritos/Jacques Lacan; tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. br>. Acesso em 22, ago 2011. PENCAK, Simone. Anorexia Mental e Feminilidade. Ágora: Estudos em teoria psicanalítica.

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