A importância da Interdisciplinaridade na formação docente
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Pedagogia
ABSTRACT This article presents a historical view on education, starting from the specialization of science, especially in the post-industrial revolution period, in which a fragmentation of knowledge, knowledge specialization, until today, required a new vision More holistic and inclusive education. It also presents the concept of interdisciplinarity, as a tool to help dialogue between knowledge and its connection with reality, and the importance of interdisciplinarity in teacher education, bringing, for this, the conception of interdisciplinarity present in some theoretical references. Keywords: Interdisciplinarity; education; knowledge; teacher training. INTRODUÇÃO Durante muitos anos, o desenvolvimento científico se pautou pelos objetivos de compreender a natureza e os fenômenos ligados ao mundo real. Para isso, o conhecimento científico foi subdividido em milhares de disciplinas que, com muito êxito, fizeram a ciência avançar e promover o progresso das sociedades durante algum tempo.
Conforme Japiassu (1976) tal demanda exige uma preocupação com a formação global do homem, a superação de sua visão fragmentada e o desenvolvimento de uma visão interdisciplinar do mundo. Dessa forma, a interdisciplinaridade passa a ser encarada como uma proposta pedagógica que pode auxiliar a superar algumas das dificuldades encontradas por professores e alunos na prática educativa e na integração dos saberes. No entanto, embora reconhecida como eficiente no auxílio do processo de ensino-aprendizagem, ainda precisa ultrapassar algumas barreiras em sua implementação, como, por exemplo, a falta de familiarização e habilidade dos docentes, em razão da sua pouca experiência ou formação, ainda não percebem a prática interdisciplinar como parte da rotina de trabalho. Entretanto, embora ainda hajam barreiras, essas podem ser superadas e a interdisciplinaridade pode ser uma proposta viável para o meio educacional.
Pombo (1993) ressalta que a prática da do ensino interdisciplinar pode se dar a partir de qualquer forma de combinação entre duas ou mais disciplinas com vista à compreensão de um objeto a partir da confluência de pontos de vista diferentes e tendo como objetivo final a elaboração de uma síntese ao objeto comum. A partir de 1950 a riqueza mundial cresceu consideravelmente e a partir de 1950, começamos a sentir nas sociedades o impacto de uma nova Revolução Industrial, caracterizada pelo aumento da produtividade e do progresso tecnológico. Nesse contexto, diante de tantas transformações econômico-politico-sociais em uma velocidade ainda não conhecida antes, o homem buscou conhecer mais e mais sobre seus objetos de estudo, tornando-se a ciência cada vez mais especializada em decifrar os problemas inerentes dessa nova sociedade emergente.
Através de métodos analíticos, na busca de se entender cada vez mais as partes que compõem seu objeto de estudo, depois, juntá-las e explicar o fenômeno como um todo, a ciência foi se tornando cada vez mais especializada, dando origem à diversos segmentos. Esse movimento da ciência projetou-se em todos os campos da sociedade, incluindo no ensino dos diversos saberes, agora mais segmentados. De Zan (1983) citado em Pombo (2006) nos fala que Uma das tendências mais características que se tem manifestado no desenvolvimento das ciências modernas é a sua progressiva fragmentação e especialização. E até meados do século XX, “a maioria das ciências obedecia ao princípio da redução, que limitava o conhecimento do todo ao conhecimento de suas partes” (MORIN, 2005, p.
Diante desse movimento de fragmentação da ciência, o campo da educação viu-se também fragmentado, submisso a um novo modo de se pensar e se conhecer o todo através das suas partes. A divisão do saber em diversas disciplinas, especializadas, foi com o tempo trazendo diversas questões importantes. Algumas delas são problemas oriundos de novas necessidades em que se requer o conhecimento de um todo não desvinculado de suas partes, mas que consiga entender as partes como algo complexo, único e dinâmico. No âmbito da educação, da multiplicação dos conhecimentos científicos, Fazenda (2002), nos fala que é sabido que os currículos escolares das disciplinas tradicionais tem oferecido aos alunos apenas um acúmulo de informações pouco relevantes para sua vida profissional.
Em relação à forma de se ensinar, Morin (2005) nos traz que “a hiperespecialização impede tanto a percepção do global (que ela fragmenta em parcelas), quanto do essencial (que ela dissolve). Impede até mesmo tratar corretamente os problemas particulares, que só podem ser propostos e pensados em seu contexto” (MORIN, 2005, p. O autor vem, há alguns anos, aprimorando a chamada teoria da complexidade e faz uma crítica ao ensino fragmentado para preparar jovens para as soluções dos problemas e desafios atuais da sociedade. Defende a incorporação dos problemas do cotidiano ao currículo e a interligação dos saberes. Sustenta que estamos ofuscados pela noção reducionista de partes isoladas e separadas do todo, que pouco ou quase nunca se comunicam, e que o ser humano é reducionista por natureza.
A transdisciplinaridade diz respeito a coordenação de todas as disciplinas do sistema de ensino, procurando estimular uma nova compreensão da realidade, articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas. O conceito de interdisciplinaridade trata da tentativa de estabelecer relações entre as disciplinas e as diversas subdivisões do saber, tornando-as conexas e articuladas. Trindade, citado por Fazenda (2008) ressalta que para que possamos lidar com toda essa complexidade, “a interdisciplinaridade se apresenta como uma possibilidade de resgate do homem com a totalidade da vida. É uma nova etapa, promissora, no desenvolvimento da ciência, onde o próprio conceito das ciências começa a ser revisto” (2008, p. Partindo do pressuposto que interdisciplinar é um adjetivo que qualifica aquilo que é comum a duas ou mais disciplinas ou outros campos do conhecimento, que é o processo de ligação entre as disciplinas, Pombo (2005) resgata a morfologia da palavra interdisciplinaridade.
Pombo (2005) traz o conceito da interdisciplinaridade ainda mais próximo da prática educativa quando nos traz a reflexão de que Perceber a transformação epistemológica em curso é perceber que lá, onde esperávamos encontrar o simples, está o complexo, o infinitamente complexo. Que quanto mais fina é a análise, maior a complexidade que se abre à nossa frente. E, portanto, que o todo não é a soma das partes. Este é, penso eu, uma das chaves fundamentais para o entendimento desta questão. Colocado na ordem do dia pelos desenvolvimentos de diversas ciências (das matemáticas, às ciências da natureza e às ciências humanas), este simples enunciado – o todo não é a somas das partes – tem tido um impacto e uma influência extraordinária na nossa ciência e na nossa maneira de pensar a questão da interdisciplinaridade.
Pombo (1993) levanta algumas questões importantes acerca do assunto: É verdade que a palavra interdisciplinaridade é frequentemente usada como remédio para todos os males e que, de tão usada, pode parecer ser vazia. É verdade também que é necessário estar consciente das grandes dificuldades que podem surgir (e surgem de fato) na prática interdisciplinar. Muitas dessas experiências não são efetivamente experiências interdisciplinares, mas simplesmente multidisciplinares (ou pretendendo sê-lo). Pode mesmo acontecer que experiências interdisciplinares deem origem, não a novos arranjos disciplinares, a novas formas de trabalho, mas a novas disciplinas: os investigadores começam por ensaiar formas inovadoras de trabalho interdisciplinar, pondo em confronto e colaboração diferentes áreas e métodos, mas, afinal, acabam por estabelecer antigas estruturas disciplinares, comparáveis em tudo àquelas que tinham por objetivo ultrapassar, com a sua firme e rígida identidade teorética, metodológica e institucional (POMBO, 1993, p.
Pombo (1993) ainda ressalta que Nesse sentido, parece-nos urgente pensar de novo a especificidade da instituição escolar, ver de que modo poderá (e deverá) a Escola, sem perda da sua identidade, responder aos desafios da nossa contemporaneidade e do futuro, desafios esses que se deixam antever nas profundas transformações culturais e civilizacionais em curso, nomeadamente no que respeita à organização curricular, às metodologias de trabalho escolar e às formas de organização (POMBO, 1993, p. Pombo (1993) apresenta, ainda, cinco argumentos que fundamentam a interdisciplinaridade com relação à sua importância na formação do conhecimento, são eles: nível metafísico, que diz respeito à identidade do objeto e que parte da tese realista segundo a qual os objetos e fatos investigados pelas várias disciplinas existem realmente, enquanto horizonte único e comum para o qual convergem todas as ciências; nível transcendental, que diz respeito à unidade do espírito humano, em que o apelo à interdisciplinaridade funda-se na tese segundo a qual a razão humana está construída com base num princípio de coerência e unidade; nível antropológico, que trata da natureza comunicativa da nossa racionalidade, onde o apelo à interdisciplinaridade tem por base a tese da natureza essencialmente comunicativa da razão humana de acordo com a qual é possível ultrapassar as barreiras linguísticas que existem entre as diferentes ciências e suas respectivas linguagens; razões culturais e históricas, que diz respeito ao reconhecimento do valor cultural do princípio da unidade dos saberes segundo o qual a humanidade não pode consistir na mera acumulação de saberes, mas exige a sua integração num todo significativo; e a sobrevivência da instituição escolar, que refere-se ao reconhecimento do papel crucial que a escola teve e continua a ter na origem das várias delimitações disciplinares e suas reorganizações, obriga a que, de modo paralelo, se procure agora utilizar a escola como meio de promover o desenvolvimento de atitudes, hábitos e formas de trabalho interdisciplinares.
Diante do exposto, percebe-se ser indispensável a articulação entre as ciência, entre os saberes, entre toda a sociedade. Os problemas emergentes rogam ser analisados sobre diversas perspectivas, por exemplo, a juventude urbana, os problemas ambientais, a violência das grandes cidades, a questão do clima, entre outros. Torna-se necessário haver profissionais conhecedores de suas áreas de conhecimento, mas também capazes de entender e utilizar as ferramentas e teorias de outras para resolver tais problemas. Torna-se necessário e de extrema importância a formação docente para a interdisciplinaridade, considerando que os problemas atuais são complexos, dinâmicos e estão interligados. Atuando, transforma; transformando, cria uma realidade que, por sua vez, envolvendo-o, condiciona sua forma de atuar” (FREIRE, 2006, p. Sobre a prática do educador, Freire ressalta alguns deveres inerentes à sua prática quando nos fala que O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão.
Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se aproximar dos objetos cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso bancário meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga á produção das condições em que aprender criticamente é possível. É a ideia de educação permanente que deve ser repensada e ampliada. É que, além das necessárias adaptações relacionadas com as alterações da vida profissional, ela deve ser encarada como uma construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes e aptidões, da sua capacidade de discernir e agir.
Deve levar cada um a tomar consciência de si próprio e do meio ambiente que o rodeia, e a desempenhar o papel social que lhe cabe enquanto trabalhador e cidadão (DELORS et al, 1998, p. Pombo (2005) ressalta a importância da prática interdisciplinar quando coloca que “só há interdisciplinaridade se somos capazes de partilhar o nosso pequeno domínio do saber, se temos a coragem necessária para abandonar o conforto da nossa linguagem técnica e para nos aventurarmos num domínio que é de todos e de que ninguém é proprietário exclusivo. ” (POMBO, 205, p. É preciso pensar em soluções para lidar com essa questão, para conectar mais os saberes tão especializados e desconectados. Nesse sentido, a interdisciplinaridade traz novas possibilidades para a educação e vem como uma ferramenta necessária para agregar na formação docente, possibilitando um discurso mais amplo entre os saberes, uma visão holística sobre os objetos de análise e um diálogo maior com a realidade dos alunos.
Existem muitos desafios, ainda, para a sua implantação, mas é fato relevante que o discurso aberto entre as disciplinas proporcionam ao aluno um encontro melhor com o conhecimento. É fato relevante também, a importância na formação docente, pois através dos educadores, com uma visão ampliada e mais dispostos a se conectarem com outras disciplinas, a prática educativa pode ser mais rica e mais aprofundada. Nesse sentido, a interdisciplinaridade na formação docente tem sua importância no tocante à solução dos problemas atuais e melhor preparo dos indivíduos para esse contexto. org) vários autores. O que é interdisciplinaridade. São Paulo: Cortez, 2008. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Lisboa: Relógio d'Água, 2004. Interdisciplinaridade e integração dos saberes. Liinc em revista, v. n. p. São Paulo: Cortez, 2005.
PAVIANI, J. Interdisciplinaridade: conceitos e distinções. Caxias do Sul: Educs, 2008.
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