A chegada da familia real no brasil ,suas consequências e impactos nos dias atuais

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:História

Documento 1

A VINDA E A INSTALAÇÃO DA FAMÍLIA REAL NO BRASIL 03 3. A MODERNIZAÇÃO COMO CONSEQUÊNCIA DA FAMÍLIA REAL NO BRASIL 09 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18 A Vinda da Família Real e suas Consequências para o Brasil Rafaelly Santos do Vale1 Adriana de Souza Carvalho2 RESUMO O presente artigo versa sobre a vinda da Família Real para o Brasil, elucidando, sobretudo, as consequências da permanência da Corte no Rio de Janeiro. Ademais, identificam-se outros elementos que resultam dessa presença, os quais permanecem em voga na sociedade contemporânea. Assim, o recorte histórico inicia-se no ano de 1808, data da chegada da Família Real ao país, e encerra-se em 1821, ano em que a Corte regressou para Portugal. INTRODUÇÃO A vinda da Família Real e, por sua vez, a transferência da sede do governo monárquico para o Brasil em 1808, simbolizam um grande passo rumo a modernização e ao desenvolvimento de nosso país, ponderando que doravante esse episódio, inúmeras benfeitorias foram realizadas na colônia.

Diante das consequências positivas advindas da permanência da Corte no Brasil, bem como as heranças do denominado Período Joanino, algumas das quais são preservadas na contemporaneidade, é que emana e justifica-se a presente pesquisa, que apresenta como problemática o seguinte questionamento: Quais foram as consequências da instalação da Família Real para o Brasil? Diante disso, nosso recorte histórico situa-se entre os anos de 1808 e 1821, tendo em vista a chegada da corte no Brasil e o retorno de D. João VI para Portugal, respectivamente, ocasião conhecida como Período Joanino. Mediante o supracitado, destaca-se que o objetivo geral dessa pesquisa incide em analisar a vinda da Família Real para o Brasil e as consequências da permanência da Corte no Rio de Janeiro.

Propenso a alcançar esse intento, designaram-se como objetivos específicos, os seguintes: • Identificar o pretexto que resultou na transferência da corte para o Brasil; • Elucidar a receptividade dos brasileiros e a instalação da Família Real no Rio de Janeiro; • Explanar sobre as criações e feitos de D. Nos primórdios do século XIX, a Europa encontrava-se em um cenário político e econômico conturbado, tendo em vista, a guerra travada pela França com a Inglaterra, visando a extinção das monarquias absolutistas. Tal problemática emana da Revolução Francesa, no entanto, por intermédio do Golpe 18 de Brumário, Napoleão assumiu o governo francês e intensificou o confronto, propenso ao domínio do continente europeu. A historiadora Ismênia de Lima Martins (2008, p.

elucida que “a subida ao poder de Napoleão inaugurou uma fase ainda mais dramática, na medida em que suas campanhas militares e sucessivas vitórias demonstravam um grau de poder e destruição que a todos apavorava”. Doravante o domínio quase total da Europa ocidental, Napoleão concebeu a Inglaterra como um obstáculo para expandir seus intentos, ponderando que mediante a sua forte economia, seu poder naval e sua posição insular, dificilmente seria debelada. Meirelles explana: Se, por um lado, em setembro de 1807, dom João acatava as ordens de Napoleão, fechando os portos aos navios ingleses – o que consolidava a ruptura com a Inglaterra –, por outra via, postergava na prática tal atitude, uma vez que mantinha com a Inglaterra uma relação de grande dependência econômica, que o impedia de acatar integralmente as ordens francesas.

A forte aliança com os ingleses colocava a situação do país em xeque (MEIRELLES, 2015, p. Com uma economia inteiramente dependente da Inglaterra, Portugal postergava sua decisão e, concomitantemente, encontrava-se sujeito a invasão e dominação da França ao recusar o bloqueio imposto, no entanto, outra solução para tal problemática emana dos ingleses, isto é, o deslocamento e a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, tendo em vista a sua localização fora da Europa, no continente americano. É mister salientar que a suposição de deslocar a corte para o Brasil não incidia em um plano novo, conforme corrobora a historiadora Lilia Schwarcz (2002, p. “o traslado da Família Real para essa colônia pairava como uma possibilidade acalentada havia tempos e sempre ventilada nos momentos em que a realeza portuguesa se sentia ameaçada em sua soberania”.

Por isso é muito mais justo considerar a transladação da corte para o Rio de Janeiro como uma inteligente e feliz manobra política, do que como uma deserção covarde”. Assim, entre o término de outubro e primórdios de novembro, D. João preparava-se velozmente para a viagem, planejando conduzir todos e tudo aquilo que fosse necessário para a sobrevivência e manutenção da Monarquia no Rio de Janeiro, incluindo os utensílios domésticos e a riqueza pessoal da corte. Schwarcz elucida sua percepção acerca deste cenário de fuga da corte, expondo que Não eram, porém, indivíduos isolados que fugiam às pressas, carregando seus objetos preciosos, suas vaidades e receios. Era, sim, a sede do Estado português que mudava de endereço, com seu aparelho administrativo e burocrático, seu tesouro, suas repartições, secretarias, tribunais, seus arquivos e funcionários (SCHWARCZ, 2002, p.

Ademais, Malerba (2008) reitera que com estes funcionários do governo, vinham seus familiares, abarrotando as embarcações. Sintetizando, em Portugal permaneceu apenas uma junta governativa, tendo em vista que todos os membros que compunham a corte estavam se transferindo para o Brasil. Consoante a Schwarcz (2002, p. a esquadra Real era constituída por “oito naus de linha, quatro fragatas, dois brigues e uma escuna”. Para a Família Real, reservaram-se as melhores embarcações, como o “Príncipe Real” e o “Afonso de Albuquerque. Tendo em vista o excesso de pessoas nas embarcações e os desmazelos com a higiene, sucedeu-se um surto de piolhos, que consoante Fausto (2006, p. obrigou as mulheres a raspar o cabelo”. Mesmo diante de todas as tribulações, as embarcações rumavam para o Brasil, o qual passaria por grandes transformações mediante a presença da Família Real.

Fausto (2006, p. reitera que “[. O solo vermelho combinava com o telhado das casas, bem como com o pitoresco dos fortes e o movimento incessante dos embarques. Os morros arredondados e o próprio formato da baía, com suas ilhas e promontórios, tudo completava um panorama tão encantador que até doía de ver (SCHWARCZ, 2002, p. Em terra, a multidão ovacionava a corte em seu desfile pelas ruas, sendo o choque cultural, algo predominante no encontro entre europeus e americanos. Roupas, costumes, adornos e cores provocavam comentários e olhares espantados. O cotidiano dos brasileiros também admirava os portugueses, sobretudo, na culinária e na dança. Ademais, mediante a um sistema de aposentadoria, estabelecido pelo conde, determinados moradores foram obrigados a ceder suas residências para os portugueses recém-chegados.

Insta salientar que esse sistema de aposentadoria desagradou parcela dos moradores, que interpretaram a prática como um ato injusto de despejo. Inclusive, as residências requisitadas pela corte recebiam as iniciais “P. R. ”, aludindo ao príncipe regente, no entanto, os moradores as concebiam como “Ponha-se na Rua” ou por “Prédio Roubado” (SCHWARCZ, 2002, p. Consoante a Lima (2019), após sua chegada na Bahia e datando em 18 de fevereiro de 1808, D. João atendendo a solicitação do cirurgião José Corrêa Picanço, criou a Escola de Cirurgia do Hospital Militar e localizada em Salvador. Além disso, em 28 de janeiro, o príncipe regente elaborou um decreto que versa sobre a Abertura dos Portos da colônia às nações amigas da Coroa, simbolizando outro avanço para o Brasil, tendo em vista o comércio com outros países além da Inglaterra, movimentando nossa economia.

Meirelles explana que [. o Brasil vivenciava na prática uma nova realidade: a decisão rompia definitivamente com o Pacto Colonial ou Exclusivismo Metropolitano, já que a lei permitia a importação de gêneros e mercadorias estrangeiros, sobretudo das potências que mantinham boas relações com a Coroa Portuguesa, notadamente a Inglaterra (MEIRELLES, 2015, p. Assim, iniciava-se o desenvolvimento econômico do Brasil mediante a instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro. Paralelo a isso, emana o processo de modernização do país, sobretudo, com a urbanização, determinados avanços e problemáticas no município carioca. Ao passo em que uma grande quantidade de portugueses se instalaram no Rio de Janeiro, têm-se as consequências negativas, tendo em vista que muitos moradores despejados de suas residências ficaram desabrigados, assim como, abrolharam outras problemáticas, como a escassez de água, a precariedade no saneamento básico e na segurança pública.

No entanto, verificou-se que este contingente de pessoas contribuiu para a expansão do território carioca, o qual, segundo Meirelles (2015), triplicou até o ano de 1821. Ademais, caracterizando a desigualdade social no espaço geográfico, salienta-se que a nobreza se estabeleceu nas zonas centrais, enquanto os menos abastados, destinaram-se as zonas periféricas, como à região norte do Rio de Janeiro. Ademais, Schwarcz (2002) reflete sobre outros órgãos do governo, como o Ministério dos Negócios da Marinha sob o encargo do visconde de Anadia, João Rodrigues de Sá e Meneses; e dos assuntos internos da Coroa, incumbência do ministro Fernando José de Portugal e Castro. Todas as supracitadas consequências da presença da Família Real no Brasil, contribuíram, cada qual a sua forma, para o desenvolvimento de nosso país, o qual passara por um processo de modernização, seguindo os padrões da Europa.

Outro fator relevante nesse cenário, incide na expansão do número de habitantes no Rio de Janeiro, pois consoante a Meirelles Se até 1808 o Rio de Janeiro era uma cidade com cerca de 60. habitantes, o censo de 1821 já apontava para uma população em torno de 79. pessoas, contando o alto número de estrangeiros que fixaram residência (em torno de 10. No aniversário de D. João, em 13 de maio, foi fundada a Imprensa Régia no Brasil, onde foi editado o primeiro jornal do país, a Gazeta do Rio de Janeiro, a qual concebia-se como veículo midiático oficial do governo e iniciou sua circulação em dez de setembro de 1808. Schwarcz (2002, p. elucida que “[. a Gazeta do Rio de Janeiro seria o veículo certo para publicar feitos da monarquia que contribuíssem para expandir a imagem que lhe convinha.

“fazendo pouco da produção artística da colônia, um grupo de artistas vinha trazendo na bagagem a arte acadêmica francesa [. e com eles chegava Debret”, um conhecido pintor que mais tarde lecionaria na Academia Imperial de Belas Artes. Fausto (2006, p. elucida que Debret e Taunay “[. deixaram desenhos e aquarelas que retratavam paisagens e costumes do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XIX”, como a tela intitulada “Entrada da baía e da cidade do Rio, a partir do terraço do convento de Santo Antonio”, elaborada em 1816 por Taunay, conforme ilustra a Figura 2. Embora no ano de 1821, anteriormente ao retorno da Corte a Portugal, o Banco do Brasil tenha sido condenado a falência, ponderando os extremos gastos públicos da monarquia, na contemporaneidade, o mesmo incide em uma instituição de prestígio, o qual se concebe em uma grande herança do Período Joanino ao Brasil.

Outra herança importante desse período consiste na elevação da colônia brasileira à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves, em 16 de dezembro de 1815, tendo em vista que esse status conferiu ao Brasil a condição de reino, deixando de ser considerado uma colônia, embora permanecesse sob o domínio de Portugal. Meirelles (2015, p. elucida que “esse novo status político do Brasil que, consequentemente remodelava sua importância e centralidade dentro do Império Português, colocava os brasileiros em pé de igualdade com os portugueses”. No ano 1818, doravante a morte da Rainha D. Dois eventos foram decisivos para o retorno da Família Real, a Revolução Pernambucana no Brasil, a qual visava instituir um governo autônomo em Pernambuco e nas províncias vizinhas, e a Revolução do Porto em Portugal, um movimento exigindo o retorno de D.

João VI. A revolução no Brasil fora derrotada alguns meses depois, no entanto, em Porto, o evento tomou proporções ainda maiores do que o esperado. Ao término de 1920, os manifestantes instituíram uma junta provisória propensos a governar em no de D. João VI, assim como ansiavam por seu retorno. Pedro I, o qual iniciaria o processo de independência do país, consolidado em sete de setembro de 1822. Meirelles sintetiza o retorno de D. João VI, expondo: A volta de D. João VI para a Europa marcava o final de um período ímpar na História da colonização do Novo Mundo. Pela primeira vez um monarca atravessou o oceano, pisou em suas possessões coloniais, transladou – com sua corte – uma estrutura governamental para o outro lado do Atlântico e foi aclamado Rei com toda a pompa das cortes europeias (MEIRELLES, 2015, p.

O Conde de Arcos soube recepcionar os recém-chegados abrigando-lhes nas melhores residências do centro carioca e, além disso, criou uma política de aposentadorias, onde os portugueses poderiam escolher suas novas moradias. Aludindo ao âmago de nossa pesquisa, verificou-se que a permanência da Coroa no Brasil trouxe inúmeras consequências para o país, algumas negativas, como a desigualdade territorial e, tantas outras positivas, como a abertura dos portos, a urbanização iniciada no Rio de Janeiro, as instituições de ensino superior, os estabelecimentos culturais e o Banco do Brasil. Ademais, soma-se a isso a elevação do Brasil à reino em 1815, por intermédio da qual o país deixou de ser considerado uma colônia de Portugal. Outra consequência positiva foi a perspectiva da independência, tendo em vista que ao regressar para Portugal, D.

João VI deixou o Brasil sob a responsabilidade de seu filho D. História do Brasil. ª Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. GOOGLE ARTS & CULTURE. Missão Artística Francesa: Coleção Museu Nacional de Belas Artes. Sobre o Tamanho da Comitiva. Acervo, Rio de Janeiro, Vol. Nº 1, pp. jan/jun, 2008. Disponível em: https://www. A Família Real no Brasil: política e cotidiano (1808-1821). São Bernardo do Campo: Editora UFABC, 2015. Disponível em: http://books. scielo. org/id/j56gd/pdf/meirelles-9788568576960.

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