DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA: PRÍNCIPIOS NORTEADORES DE UMA PRÁTICA REFLEXIVA

Ao final, não podemos afirmar que a prática da documentação poderá inferir resultados determinantes, mas o processo de inserção leva a uma reflexão imediata na prática de ensino do educador. Palavras-chave: documentação pedagógica; reflexão da prática de ensino; educação infantil; educação dos anos iniciais. INTRODUÇÃO          É na educação infantil, uma das áreas mais importantes do ensino, que este artigo pretende começar a discutir a reflexão da prática pedagógica, afinal, é quando a criança tem o primeiro contato com a escola, e é desse contato que irá concluir as suas primeiras impressões, sobre escola, sobre os professores e sobre os próprios conhecimentos.          Assim, o processo de refletir, é o processo de pensar, o que significa esse pensar e como extrair desse pensamento, soluções para a prática de ensino? E como a estrutura escolar está preparada para receber esse processo? O professor tem a sua disposição tempo, instrumentos e formação suficientes para realizar essa prática? Essas e tantas outras perguntas permeiam nossa mente quando falamos de documentação pedagógica.

         Dessa forma, o artigo pretende esclarecer alguns pontos no que tange a prática reflexiva da documentação pedagógica no ensino infantil e nos anos iniciais, e como esta prática pode ser introduzida no ensino brasileiro diante das condições educacionais aqui presentes. Com o trabalho do professor, mediando essas vivências, a criança consegue se apropriar da cultura em que está inserida e se desenvolver socialmente. Ainda, a documentação pedagógica segue alguns importantes critérios para o sucesso da prática reflexiva, é primeiramente um processo, que envolve a observação, o registro e a reflexão. É também comunicativa, já que visa dar ao educador mais visibilidade às informações da relação entre os estudantes e os alunos. Um instrumento de pesquisa, que dá ao professor novas questões sobre os alunos, sobre a educação e sobre sua prática, assim:   Quem compreende quais são as melhores maneiras de pensar e por que são melhores, mudará, se quiser, as suas próprias maneiras até que se tornem mais eficientes, isto é, até que executem melhor o trabalho de que é mais capaz o pensamento do que qualquer outra operação mental.

DEWEY, 1979, P. O autor ainda sugere uma relação entre a prática reflexiva, a documentação e a observação. Segundo ele, todo o processo de observação deve incluir a reflexão e posterior documentação como forma de sugestão. Esse processo, torna o educador em um ser independente, que não repete suas práticas rotineiras e impulsivas, passa a ser um profissional que possui planejamento. Ainda, destaca-se o referencial da Base Nacional Comum Curricular no que diz respeito a documentação no exercício da prática pedagógica: Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças. Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto as aprendizagens das crianças, realizando a observação da trajetória de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas, avanços, possibilidades e aprendizagens.

Assim, o documento destaca a reflexão do profissional sobre a prática, o debate junto aos colegas, o diálogo com as famílias e a avaliação por meio da observação e do registro. No que compete as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica publicada em 2013: [. pensar uma educação escolar capaz de realizar a educação em sua plenitude, implica em refletir sobre as práticas pedagógicas já consolidadas e problematizá-las no sentido de produzir a incorporação das múltiplas dimensões de realização do humano como uma das grandes finalidades da escolarização básica (BRASIL. p. Dessa forma, o processo de reflexão da prática pedagógica está embasado nos principais documentos educacionais do país, cabe então ao profissional da educação ser agente transformador da realidade educacional e utilizar a documentação pedagógica como meio para o desenvolvimento do pensamento crítico, para o crescimento formativo e para a contribuição de um sistema educacional aprimorado.

FULLAN; HARGREAVES, 2001 P. Dessa forma, o processo colaborativo dentro da escola deve existir e transformar o ambiente em um centro de aprendizagem não só para os alunos, mas também para os profissionais que nela trabalham. Afinal, a escola é um ambiente de aprendizagem em que todos devem se envolver, caso contrário, se o educador se isolar em seu ambiente pode acabar sofrendo consequências em seu próprio trabalho, já que se fizer um bom trabalho com seus alunos, não terá ninguém para compartilhar, e se fizer algo ruim, ninguém irá corrigi-lo. Ainda, outro aspecto importante que deve existir para facilitar a prática reflexiva na educação, é a flexibilização do planejamento educacional, já que planos educacionais fechados não permitem ao professor realizar as alterações necessárias para suprir as carências dos seus estudantes.

Dar liberdade ao profissional para realizar alterações Fochi (2019, p.  Rev. Bras. Educ.  Rio de Janeiro, v.  e250008, 2020. DEWEY, John. Como pensamos. São Paulo: Nacional, 1979. p. DEWEY, John. GONTIJO, Flávia Lamounier. Documentação pedagógica como instrumento de reflexão e produção docente na educação infantil. Paidéia, Belo Horizonte, v. n. p. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, Antônio. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. p.