Violência escolar no mundo globalizado

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Gestão ambiental

Documento 1

Logo, além da crescente exigência por conhecimentos de caráter formal – ou científico, a contemporaneidade trouxe a necessidade de uma convivência harmônica com um grupo cada vez maior de atores sociais. Deste modo, a escola surge como uma das instituições que busca gerenciar esse cenário complexo, e que vem ocupando um espaço cada vez mais importante na formação do indivíduo. Neste cenário, a escola passou a ser um ambiente que permite tanto a aquisição e troca de conhecimentos formais, como vem a ser uma instituição que fomenta o contato com as diferenças. Diferentes culturas, valores e crenças são levados a interagir, e é notório que este mecanismo de unificação social desencadeia tensões e potenciais conflitos.

Conflitos não são, necessariamente, equivalentes a violência. ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA ESCOLAR. Discutir a violência nas escolas implica numa reflexão quanto ao que é reconhecemos e diagnosticamos como “violência nas escolas”. Uma vez que nos debruçamos sobre esse termo, e observamos algumas de suas manifestações, nota-se que diferentes representações estão inseridas nessa abordagem. Isso implica não só as suas diferentes faces, mas a sua aplicação, uma vez que fenômenos que poderiam ser vislumbrados como violentos, a exemplo de brincadeiras que levam ao constrangimento, ou atos coercivos, vem sendo banalizados, não recebendo a alcunha de “violentos”. Ao considerarmos esse ponto, podemos nos perguntar: o que consideramos como violência escolar? Quando tratamos destas manifestações, nos últimos anos um dos assuntos mais abordados é a prática do bullying.

atos caracterizados pela agressão intencional, seja esta física ou psicossocial, podendo assumir formas reativas/afetivas ou proativas/instrumentais. No primeiro caso encontram-se as situações em que a agressão constitui uma reação emocional a um impulso e tem como objetivo central magoar o outro, como resultado de uma atitude hostil ou provocação, constituindo a agressão um fim em si; já no segundo caso constitui um meio para atingir um fim, que, sendo atingido, esgota a ameaça de violência. p. Nesse contexto, a escola pode ser lida como uma das instituições modernas que tem como um dos seus objetivos principais promover preceitos que auxiliem a convivência e a civilidade. Entretanto, apesar dessa estrutura, a situações que podem ser caracterizadas como violência nesta instituição são recorrentes desde sua formalização.

Estas mutações são provenientes, dentre os fatores, de um processo de formação da sociedade global, que levou ao que hoje conhecemos como globalização. Por meio desse processo, ficou evidente que as relações de sociais passaram por transformações, repletas de contrastes. Ao mesmo tempo em que assistimos a um processo de massificação, onde a comunidade internacional está cada ver mais conectada, verificamos um contra movimento, de individualização, fragmentação e exclusão social. O processo de massificação dos sistemas educativos acarretou uma série de desafios (SEBASTIÃO, 2013). Tendo em vista o constante crescimento e a pluralidade dos indivíduos que compõe esse quadro, são evidentes as dificuldades em encontrar sistemas que visem amenizar as tensões existentes, e impulsionar formas de convivência pacífica.

A educação deveria ser uma saída para a reflexão, que poderia impedir as manifestações de agressão. A princípio, alguns fatores podem ser apontados para explicar as manifestações de violência no meio escolar. Eles podem ser oriundos de fatores individuais, vinculados a aspectos psicossociais dos integrantes da comunidade escolar; podem estar relacionados a fatores familiares; ou até mesmo a fatores da própria escola. Quanto a este último ponto, existem alguns pontos que precisam ser elucidados. É notório o estabelecimento de um continuo descompasso entre o âmbito escolar e as particularidades culturais das populações, especialmente das classes menos favorecidas, das grandes cidades (ZALUAR, 1992). A desigualdade, em qualquer um dos seus níveis, tem reflexos no universo escolar. A massificação do acesso à educação está ligada a ideia de exclusão escolar, que objetiva promover igualdade no acesso a educação.

Por outro lado, desigualdade permanece quando levamos em consideração o desempenho. Desse modo, o consequente fracasso escolar, unido ao sentimento de frustação de alunos e professores constrói um ambiente escolar hostil. Quando alguns professores, por exemplo, classificam determinados alunos, de distintas camadas socioculturais, como “incivilizados”, a escola, ao invés de cumprir o seu dever de promover o respeito e a igualdade, reproduz discursos claramente preconceituosos. É a partir desta análise detalhada que é possível compreender a variabilidade de situações e comportamentos violentos na comunidade escolar. VIOLÊNCIA ESCOLAR E GLOBALIZAÇÃO A globalização pode ser lida sob várias lentes. Os entusiastas do início dos anos 1990 viam esse processo de integração internacional como um avanço progressista, tendo em vista a meta de uma homogeneidade cultural, que resultaria numa utópica política de unificação mundial, que teria como um dos principais aliados para essa empreitada os avanços tecnológicos.

Mas, ao contrário do que se podia imaginar, o processo de globalização trouxe consigo uma série de tensões. A violência tornou-se uma constante, cada vez mais interiorizada nas estruturas sociais. Na nação estadunidense, a violência na escola foi evidenciada como um problema nacional a partir dos anos 1980. Com isso, diversos profissionais ligados a Educação buscam debater e diagnosticar alguns dos fatores que levam a violência escolar. Alguns analistas apontam a situação estadunidense como grave, uma vez que houve um processo de banalização da violência como um todo, promovido pela mídia, e que potencializou o interesse por armas na sociedade, por exemplo. Nota-se, com isso, que a sociedade vem se sentindo apta a cometer atos de violência, o que pode ser verificado especialmente no ambiente escolar.

Jacques Pain (2010) aponta que o problema da instituição escolar está ligado a uma crise de credibilidade que perpassa a maior parte das instituições contemporâneas. É preocupante verificar que a escola, por mais que tenha passado por um processo de massificação, ainda perpetua seu papel de formadora de hierarquias. Com isso, a modernidade se vê num momento em que a a escola vem se isolando, tornando seu papel social contestável. Para Pain, a globalização vem mecanizando as instituições educacionais, restringindo sua função a ideais econômicos, esquecendo-se da sua função de fomentar o pensamento crítico, e a promoção da igualdade e da cidadania. A educação que focaliza e incentiva a cidadania é, ao menos na teoria, uma das preocupações que deveriam ser centrais no interior da escola.

A construção de valores, o respeito ao próximo, e a convivência e o respeito as diferenças deveria ser algo inerentes inerente a formação do alunado. O exemplo francês nos indica, primeiramente, estratégias de reconhecimento da violência no espaço escolar como um fenômeno social, no qual a violência surge como a afirmação do silêncio e de um enclausuramento do gesto e da palavra. Para se poder afirmar o discurso do diálogo impõe-se, portanto, não somente o fortalecimento das instituições escolares e a afirmação do espaço social multicultural, como o reconhecimento do conflito como potencialmente criador de laços sociais. Dessa forma, é condição fundamental que se exerça a negociação enquanto estratégia de resolução de conflitos na instituição escolar.

Os programas contra a violência escolar existente nos países que buscam combater este fenômeno têm alguns pontos em comum: a tentativa de satisfação das necessidades do alunado; o desenvolvimento de um ambiente solidário, humanista e cooperativo; o incentivo a relacionamentos positivos e duradouros entre os alunos, professores e funcionários; e a promoção de interações entre a escola e a comunidade externa. Nesse mesmo passo, estes programas buscam reconhecer a existência de conflitos, mas com o diferencial de que estas tensões são discutidas e agregadas de maneira positiva, como mais um meio que incite a coesão social. Uma vez que buscamos analisar estas manifestações, é importante salientarmos que a violência no espaço escolar implica concebê-la como integrante de uma rede.

Esses atos não são isolados, e muito menos frutos de uma “mera delinquência individual”. Apontamos, em nossa análise que a violência escolar é produto de um conjunto de fatores sociais, políticos, e até mesmo econômicos. Evidenciamos, em nossa análise, que a violência constitui um problema efetivo do sistema educacional. Essas manifestações expressam diferentes mazelas da sociedade moderna contemporânea. F. BRUXEL, K. As práticas da psicologia social com(o) movimento de resistência e criação. Porto Alegre: Abrapso Sul – RS, 2008. COSTA, António Firmino. p. Martins, M. O Problema da Violência Escolar: Uma clarificação e diferenciação de vários conceitos relacionados. Revista Portuguesa de Educação. Braga: Universidade do Minho. Sociologia, Problemas e Práticas [Online], 71. Disponível em: http://journals.

openedition. org/spp/933 SEBASTIÃO, João. Violência na escola: uma questão sociológica. A violência na escola, uma questão social global. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. ZALUAR, Alba. Exclusão social e violência. IN: Zaluar, Alba (org.

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