Análise de Filme

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Direito

Documento 1

A partir daí, questiona-se sobre o fato de mais de 300 anos de escravidão autorizados e trabalhados, bem como as repercussões deste processo histórico na fundação da sociedade brasileira, causado mudanças na estrutura social do país. Fernandes destaca que a relação entre a colonização portuguesa e a formação da sociedade brasileira é inegável, o que mostra que a formação social do Brasil tem suas raízes no sistema colonial, o que significa que a As elites brasileiras continuam usufruindo das vantagens conquistadas no período. Desde sua invasão, o Brasil tornou-se um ambiente para minorias sociais. Durante todo o período de colonização, através do tráfico de escravos, e mesmo após a abolição da escravatura, a superioridade de uma raça sobre as demais constitui pilares de sustentação da hierarquia social brasileira.

Como resultado, as atitudes adotadas na época permaneceram latentes na elite social e econômica até os dias atuais. Nesse contexto encontram-se o casal Antônio e que deve lutar para se encontrar em meio ao caos social gerado pela medida. Completa a trama André, jornalista da Internet, que tem a do governo Isabel e a vizinha Dona Izildinha como direto da história. Nesse contexto de uma medida provisória, um casal tem sua vida afetada diretamente, trata-se de Capitú, uma médica, e Antônio, um advogado, além de André, um jornalista, primo de Antônio. Os personagens passam a debater as implicações sociais e raciais que vivenciam e referentes ao momento que estavam enfrentando, além de relatarem seus pensamentos e ansioso sobre o processo de mudança de país, destacando ainda as grandes inquietações que cercam o casal que vivenciam o centro do terror, sendo forçados a se separar e sem perspectivas de reencontro.

APRESENTAÇÃO DO FILME Apesar do filme retratar um país em uma situação de futuro distópico, é possível traçar diversas comparações e relações com a sociedade atual, na qual existem diversas tensões raciais efervescente em diversos contextos e locais da sociedade brasileira, prontos para explodir e gerar ainda mais “embates”, ou seja, um filme que permite reflexões, comparações e compreensão do atual cenário da sociedade, e também por esse motivo sua recepção pelo atual governo bolsonarista não foi boa, havendo processos de censura devido ao seu final aberto, deixado propositalmente pelo diretor Lazaro Ramos com o objetivo de despertar e provocar mudanças afirmativas através do choque narrativo, obrigando o público a lidar com toda a frustação deixada pelo filme ao não apresentar soluções fáceis e fictícias aos problemas reais apresentados pelo filme.

O filme demorou mais de 1 ano para ter sua liberação pela Agência Nacional de Cinema, atrasando estreias previstas, ainda sofreu tentativas de boicote (PALOMARES, 2022), mesmo assim, após atrasos, imprevistos, críticas e contrariando bolsonaristas, o filme foi lançado sendo um grande marco no cinema e motivador de grandes reflexões sociais. DESENVOLVIMENTO Lepesqueur identifica um certo embaraço teórico na definição do conceito peirceano de ícone, pois o princípio de semelhança pode, em última instância, "dissipar em infinitas relações. Na esteira de Umberto Eco, ele aposta no conceito, desde que não hipóstase, ou seja, desde que funcione “sob certas regras e parâmetros que selecionam aspectos ao detrimento dos outros”. O interesse da iconicidade, nesse contexto, é privilegiar o imaginário, expressão forjada por Lacan para definir “um modo transitivo ou especular de organização do eu.

No jargão psiquiátrico, o transitivíssimo designa um comportamento infantil em que o sujeito atribui ou transmite, de forma reflexiva e intercambiável, o que vivencia a outro. ” Assim, a criança, em situação de impotência, sente inconscientemente a necessidade de que o outro satisfaça seus desejos: ela, portanto, deseja o retorno de uma presença benéfica - geralmente a de - e alucina o perdido objeto que o satisfaz para atualizar sua presença. É neste caso que ocorre o imaginário. A predominância da iconização na interpretação do psicótico estaria na base dessa projeção de sentimentos internos, não pelo sujeito como o deles, em elementos objetais ou subjetivos, ao menor traço de semelhança. Independente de todos os entraves e tentativas de atrasar e até impedir o lançamento deste filme, ele fora lançado, promovendo diversos contextos de correlação, associação e análise da sociedade criada no filme e paralelamente a sociedade atual e o cenário vivenciado no país, sendo um filme que mostra a ideia de que o cidadão “comum e de bem” acredita não ser racista e se ofender sobre este questionamento, sendo que no filme a solução para esse problema seria “devolver” os negros a suas origens, como uma forma de promover uma “reparação” na história, que de certo modo seguirá para o mesmo contexto de retirada/ captura dos negros na África anos atrás no processo de escravização mundial do período colonial.

O desgosto mútuo entre o presidente do país e a classe artística é o combustível de uma guerra cultural sem fim. Muitos aspectos do filme podem ser explorados, quando se fala da cultura negra no brasil, sendo a trilha sonora compreendendo grandes nomes como Elza Soares e Cartola, mostrando ao mesmo tempo grandes e importantes nomes da cultura brasileira, em meio a um filme que mostra que eles podem não ser considerados brasileiros, ao passo que há a medida de “devolver” seu “povo” para a África. Ainda, o filme explora bastante o conceito de afrofuturismo, sendo um movimento que valoriza a cultura negra na ficção, o que também é amplamente explorado na trilha sonora, nos atores, na equipe que trabalho, além dos cenários e roupas utilizadas, que no caso da última, promove referência a herança cultura africana na sociedade (LACAN, s/d; PRUDENTE et al.

O filme promove uma reflexão sobre colorismo e miscigenação da sociedade e a segregação por cor ou tom de pele, com a afirmação do personagem André: “se parece preto, é preto” , além de grandes análises sobre afirmação da identidade de um povo, que por um lado é observado e tido, por conta da medida provisória, como não pertencentes à sociedade brasileira, mas que compõem e de fato é a sociedade brasileira, ainda o filme, tem diversos personagens que promovem aproximações com a realidade da sociedade brasileira. Destaca-se no filme, o Jornalista André (Seu Jorge), por conta de suas reflexões e posicionamentos frente a situação enfrentada, que se desestabiliza emocionalmente com todo o contexto de reclusão, ainda tenta “disfarçar” de forma explicita a sua cor, sua negritude, sua identidade, pintando-se de branco com creme de barbear, para poder transitar livremente poder tomar banho já que tanto a agua e a luz haviam sido cortados no seu apartamento, e não ser capturado pela polícia que estavam dando voz de prisão a qualquer pessoa de melanina acentuada, ou seja os negros para sua “devolução” para a África.

Nesse contexto podemos fazer reflexão sobre o Real, o Simbólico e o Imaginário, que segundo Lacan podem ser compreendidos como o real, tudo aquilo que sobra do imaginário e que o simbolismo não permite realizar, sendo o impossível, ou seja, aquilo que não é passível de simbolizar-se, o imaginário por sua vez é tudo que é registrado no psíquico, correspondendo ao “eu” de cada sujeito, e por fim, o simbólico é aquilo que contempla a experiência sendo condicionado pela linguagem, sendo o que mais se aproxima do mundo cultural, ou seja dos elementos simbólicos. REFERENCIAL TEÓRICO DROGUETT, Juan. Experiência Estética do Humano no Cinema. Jundiai\SP: Paco Editorial, 2021. DURVA, Nathalia. ‘Medida Provisória’ tem 200% mais público do que ‘Homem-Aranha’ nos cinemas da prefeitura de SP.

Sem data. Medida Provisória. Lazaro Ramos 2022 PALOMARES, Daniel. Atraso e boicote: ‘Medida Provisória’ sofreu ataques antes da estreia. SPLASH UOL. Medida provisória é segunda maior estreia nacional do ano; confira bilheteria. ROLLING STONE: UOL. Disponível em: https://rollingstone. uol. com.

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