Violencia nas escolas - reflexo da sociedade?

Tipo de documento:Plano de negócio

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

SÃO BERNARDO DO CAMPO 2017 SUMÁRIO: INTRODUÇÃO. A VIOLÊNCIA ESCOLAR NO BRASIL. Considerações Preliminares. O BRASIL QUE FUGIU DA ESCOLA. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA VIOLÊNCIA. INTRODUÇÃO A violência sempre existiu e sempre existirá, entretanto, é deveras preocupante a convivência devastadora desta em nossas escolas, lugar onde ela deveria ser “refreada” através da produção do conhecimento, que traz os argumentos para manter os debates no campo das ideias e não da agressão física, verbal ou moral. Vemos a escola como o prosseguimento do processo de socialização de nossas crianças, mas a crescente onda de violência neste ambiente tem deixado muitos pais brasileiros assustados. Temos assistido cenas grotescas de agressões desnecessárias, dentro de nossas salas de aula, em todos os sentidos, (não só o físico), que muitas vezes, mascara a incompetência e desinteresse dos pais, educadores e sociedade em geral, pelo desenvolvimento global de nossas crianças, adolescentes e jovens.

O estudo do que tem causado a violência nas escolas, em particular como um reflexo de uma realidade, onde a sociedade passa por momentos de incertezas, frente às “crises” (política, econômica, moral, e ate existencial), fez com que escolhêssemos este tema. Se partirmos do pressuposto de que a escola é um espaço social para formação de cidadãos independentes, é necessário analisar as muitas formas de manifestações de violência na sociedade em geral, e os impactos que elas têm causado nos educandos dentro das salas de aula. Sposito (2001) nos subsidia mostrando que os primeiros levantamentos realizados no Brasil sobre a questão da violência escolar, datam da década de 80, e mapeiam ocorrências que se relacionam com a segurança e a democracia na escola, sinalizando que o tema violência, evidenciou-se conjuntamente com o processo de democratização, onde houve maior abertura para debates.

Ressaltando que: Somando-se o conjunto de teses e dissertações produzidas entre 1980 e 1998 em toda a pós-graduação em Educação no Brasil verificamos que, de um total de 8. trabalhos, somente nove investigaram o tema da violência escolar (Sposito, 2000). Em Ciências Sociais, considerada a produção de onze Programas de pós-graduação (compreendendo centros de intensa produção como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) verifica-se que nesse mesmo período nenhuma dissertação ou tese de doutorado foi defendida sobre o tema em relação a um total de 2. títulos objetos de exame (Sposito, 1999, apud Sposito, 2001). De inicio os diagnósticos eram voltados às depredações de prédios públicos, incluído as escolas, sinalizando a fragilidades dos mesmos, e registrando invasões, pichações, ameaças, que ocorriam em oposição aos modelos gestores autoritaristas e excludentes dos organismos do Poder Publico, que se buscava erradicar.

Para proteger o patrimônio público, foram tomadas medidas como policiamento, iluminação externa, zeladoria, muros altos, grades, cercas elétricas, materiais que persistem ate o dia de hoje e que causam verdadeira aversão aos alunos que se sentem mais numa prisão do que em uma escola (talvez, este seja o maior motivo dos estudantes buscarem sempre um meio de fuga daquele ambiente). Entretanto, com o clima de insegurança, instalado, principalmente nos grandes centros urbanos e periferias, intensificados pelo crime organizado e pelo trafico de drogas, evidenciam-se os impactos de tal conjuntura na vida escolar. A despeito da grande discussão em torno do tema da violência e da relação com a juventude ora como vitimas, ora como agentes, há um retardo de se interrelacionar a escola neste contexto, além de uma pobre intervenção dos órgãos públicos e insuficiente interesse acadêmico como mostramos acima, (Sposito, 2001, p.

Mesmo de forma precária, os combates à violência escolar eram movidos entre dois eixos: na preservação dos prédios e no processo de elaboração de gestões mais abertas e democráticas que permitissem a interação com a comunidade e promovessem a permanência dos menos favorecidos por mais tempo na escolarização formal. As agressões a professores no interior do estabelecimento são também registradas pelos sujeitos investigados, mas em menor número: Mato Grosso é o estado em que os professores relataram o maior número de agressões (33% dos entrevistados) e o Rio de Janeiro (1,2%) apresenta os menores índices. Do mesmo modo, as práticas de agressões, tanto entre os alunos como contra os professores, são mais comuns nos estabelecimentos de grande porte e nas capitais (Batista e El-Moor, 1999, p.

apud. Sposito, 2001, p. A autora ainda nos descreve que, no final deste período (década de 90), começou a haver mais interesse em se investigar o fenômeno, devido à propagação, aumentando também as produções acadêmicas em relação ao assunto: A investigação desenvolvida pelo ILANUD – Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente – em escolas públicas na cidade de São Paulo constitui uma das poucas iniciativas voltadas para essa questão (ILANUD, 2000). Considerações Preliminares: Basta abrirmos o jornal, ou ligar a televisão para constatar que os índices de violência escolar em nada têm arrefecido, e que, a partir da pesquisa ainda que incipiente relatada por Sposito (2001), e outros autores, fica claro que toda hostilidade praticada na escola e contra ela, reverbera de uma grande insatisfação com a mesma como instrumento democrático de conhecimento e ascensão social e da clara falta de “valores” na sociedade, pois há: - falta de estrutura familiar (autoritarismo, permissividade ou abandono) moral e financeira; - carência de políticas públicas voltadas à juventude; - desinteresse, despreparo e medo dos educadores; - acesso disseminado a armas de fogo, domínio do crime organizado e tráfico de drogas, e banalização da violência; - incivilidades: perda das boas maneiras e dos bons costumes, desrespeito ao outro, intolerância, postura individualista do sujeito que faz com que tudo seja “válido” para se atingir objetivos pessoais (até mesmo violência, falsidade, traição, entre outras coisas semelhantes) e despeito às hierarquias.

Além do sistema capitalista, que torna tudo e todos em “mercadorias”, com a impessoalidade, o imediatismo e a desumanização. O BRASIL QUE FUGIU DA ESCOLA Educadores, onde estão? Em que covas terão se escondido? Professores há, aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. Na formação teórica, somos incitados á pesquisa, justamente para nos mantermos atualizados, não nos tornarmos arcaicos, obsoletos. Inovarmos, criarmos, repensar nossas práticas, nos autoavaliarmos, não estacionarmos na graduação (formação continuada). Mas agora, somos funcionários públicos. Estabilidade, salário garantido, seis abonadas por ano sem nenhuma justificativa. Atualmente faltam de oito a nove professores todos os dias em escolas públicas, muitos sequer avisam ou dão satisfação, visto que têm respaldo na lei do estatuário; causa de desespero para agentes de organização escolar (as antigas inspetoras de alunos), que se veem em total desamparo, muitas vezes, tendo que assumir salas de aula, ou ministrar atividades de recreação, a fim de manter os alunos na escola durante todo horário escolar, ou comumente, mandá-los embora e colocar a instituição na “berlinda”, como alvo de críticas dos pais e vizinhos do entorno.

Definitivamente, o grande problema da violência nas escolas está na família, não dão educação, não dão carinho, nem amor e só instigam á agressividade, delinquência e sexualidade promiscua. Kodato, 2011, p. Será que podemos cobrar educação de famílias para as quais, não se oferece o mínimo para uma sobrevivência com dignidade, cujos filhos não tem comida em casa, que veem a escola somente como um lugar para se conseguir a única refeição do dia?”Além de suprir as necessidades básicas de nutrição e higiene, o desafio era fazer funcionar o pedagógico” (Kodato, 2011, p. Kodato (2011), após uma pesquisa feita por um grupo de trinta professores embrenhados nas piores escolas públicas de Ribeirão Preto (e que perfeitamente retrata a maioria das escolas do Brasil), que desenvolveu investigações sobre a violência nas escolas, subsidiados pela FAPESP (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) e reunidos em torno do Observatório de Violência, durante quatro anos, de 2005 a 2009, denuncia fatos que ocorrem todos os dias na rede publica brasileira e, temos certeza, não passam nem pelos piores pesadelos da maioria dos pais e familiares dos alunos.

Trazendo sempre “os dois lados da moeda”, Kodato (2011), expõe o dia a dia de uma escolarização falida e deteriorada sob vários aspectos, por exemplo, aponta que, apesar de tantas transformações do mundo moderno com o incremento da tecnologia, o tradicionalismo tem prevalecido na sala de aula, não só por falta de vontade, mas também pela falta de recursos e dificuldade da maioria dos discentes em lidar com as inovações: “o mundo inteiro girando, girando e nos aqui, parados como postes” (Kodato, 2011, p. Alem de indolentes, são agressivos, discriminando e estigmatizando os alunos, geralmente aos gritos; não se importam se querem aprender ou não, muitos chegam aos extremos de jogar giz, apagadores e livros nos alunos e demonstram escandalosamente, verdadeira aversão e desprezo por aquelas criaturas.

”Gasta-se mais energia para se defender e contratacar do que para ensinar e aprender” (Kodato, 2011, p. Por outro lado, professores iniciantes, tentam sobreviver ao caos e colocar em prática sua formação teórica, trazendo ideias novas em conjunto com a interação dos discentes, mas logo são humilhados e desanimados pelos professores veteranos e não encontram respaldo nem na coordenação e nem na direção da instituição. Testificamos algumas ocorrências descritas no livro de Kodato (2011): vimos escolas mal cuidadas, banheiros imundos, comida mal feita, professores que discriminam e excluem, censuram as crianças de modo a que tudo que aconteça de “errado” seja atribuído a este ou aquele já “marcado”, sem piedade pela escola inteira. Grades nos corredores das salas de aula com portões que são trancados por fora, que deixam os alunos furiosos (e nós também), de modo que toda vez que passam por eles, chutam , gritam, expressando verdadeiro ódio por aquele objeto.

O trabalho docente desenvolve-se de pessoas para pessoas, e estas trazem suas cargas emocionais e traumas peculiares, é o humano lidando com o humano, “é desempenhar uma das mais relevantes missões humanas, sob as mais adversas condições sociais” (kodato, 2011, p. a práxis, entendida como transformação objetiva do processo social, isto é, transformação das relações entre homem-natureza (práxis produtiva) e relação homem-homem (práxis revolucionária), é o fundamento do conhecimento, o critério da verdade e a finalidade da teoria. Kodato, 2011, p. Temos que aprender lidar com as nossas deficiências e a dos alunos, o tempo todo, sim somos todos deficientes, e só podemos nos completar no “outro”, Deficiente é aquele que não consegue modificar sua visão, aceitando as imposições de outras pessoas, ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

Louco é quem não procura ser feliz com o que possui. As palavras de ordem poderiam ser: explicite a que viemos, porque estamos trabalhando neste difícil ofício de ensinar, mostre que se trate de se apropriar de uma herança contraditória, porém que pode servir para a mudança das condições de nossas vidas. Estabeleça conexões, entre nós, entre nós e os alunos, entre o saber teórico e a vida prática, entre a escola e os parceiros do entorno. Não tema o debate, a participação, o envolvimento em um projeto comum, os coletivos. Schilling, 2005, p. A mesma nos afirma que se elaborarmos pesquisas concretas para diagnosticar a violência escolar, relacionando todos os envolvidos nela, convocando a participação de todos: comunidade, pais, governantes, poderemos mudar a educação do futuro de nossas crianças, visto que a educação para todos chegou de modo tardio no nosso país.

A humanidade perdeu o rumo, não sabe quem ela é, não sabe o seu propósito, não sabe a razão da sua existência, esta desesperada. Líderes, não sabem o que fazer, presidentes, ministros, estão atônitos. Retira-se um governante, coloca-se outro, não adianta. Mudam as leis, não adianta, constroem mais presídios, não adianta. Liberam as drogas, não adianta, proíbem as drogas, não adianta. Diante deste lamentável contexto mundial, há muito que se repensar, há muito que se refletir, voltarmos a ser “humanos na essência do humano”, sem isso, não poderemos cuidar do futuro das nossas crianças em nenhum segmento, muito menos no escolar. BIBLIOGRAFIA ALVES, RUBEM. Conversas com quem gosta de ensinar, São Paulo, Cortez, 1980.

COSTA, CRISTINA. Sociologia. Educação e Pesquisa, São Paulo, FEUSP, v. n. jan. jun. VELHO, GILBERTO.

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