VALIDADE DA PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA
Tipo de documento:TCC
Área de estudo:Psicologia
LOFFREDO, 2006). A teoria psicanalítica é, desde sua concepção, amalgamada pela própria trajetória pessoal do seu fundador. As reflexões de Freud, que culminaram em sua teoria, são fruto de suas observações pessoais e de suas próprias vivências. Esse pensamento mais profundo e pouco empírico foi denominado por ele como “Metapsicologia” (JACÓ-VILELA; FERREIRA; PORTUGAL, 2006). É impossível realizar uma retomada de todo movimento filosófico que serviu de berço para que as primeiras ideias psicológicas surgissem. Sobretudo, ele acredita na relação com o ambiente, visto que, para ele, este é capaz de moldar as reações humanas. James acreditava que a psicologia deveria auxiliar na resolução de problemas práticos. Logo, a metafísica faz parte da pré-história da psicologia, Wundt apresenta um empirismo intermediário e James, psicologia como ciência natural.
Contudo, estamos falando de “Psicologias” e as teorias desses dois precursores serviram como marco inicial de um projeto científico (ABIB, 2009). É de conhecimento notório que Sigmund Freud, pai da Psicanálise, sempre buscou que ela atingisse certo ideal científico. Nesse sentido, a autora usa da analogia com o corpo dissecado em anatomia, marcando uma separação entre objeto e observador. Esse distanciamento, acreditava-se, garantiria a isenção de qualquer interferência no fenômeno estudado. Apoiando-se em uma concepção positivista, Freud intencionou, desde o início, uma Psicanálise científica. Mas, contrariando a visão corrente entre os cientistas, Freud se deparou com um objeto que só poderia ser compreendido a partir da sua própria subjetividade. Com efeito, ele se torna também o objeto de estudo, usando como caminho metodológico a transferência e a contratransferência.
Na Primeira Tópica, Freud dividiu em consciente, pré-consciente e inconsciente. Na Segunda Tópica, ele descreveu o Id, Ego e o Superego, e (III) Economia: que seria a distribuição de investimentos e repartição de uma energia quantificável (FREUD, 1915). É de conhecimento compartilhado entre os estudiosos da Psicanálise freudiana que o início da sua teoria se deu com os casos de histeria. Contudo, Freud não ignorou a psicose. Diferentemente da psiquiatria da sua época, que focou na esquizofrenia, o analista dedicou-se à paranoia, e acreditava que ela também se tratava de uma forma de defesa (FREIRE, 1998). Lacan marcou a história como aquele que se aprofundou e fez um retorno ao discurso de Freud, entrelaçando a Psicanálise à antropologia (Levi-Strauss) e à linguística (Sausurre).
Ademais, refinou os conceitos de real, simbólico e imaginário a partir da lógica, matemática e topologia. Sobre o Complexo de Édipo e suas conexões com o desenvolvimento do EU – Lacan (1995/1999) delimita três momentos: frustração, castração e privação. No primeiro tempo do Édipo, o menino deseja ser tudo para a mãe, deseja ser o objeto do desejo da mãe. A mãe é toda. A Lei Simbólica então tira o sujeito da natureza e o insere na cultura. Surge a proibição do incesto e os desejos incestuosos ficam recalcados. Dessa forma, desloca seu desejo proibido pela mãe para outros objetos, podendo abrir-se para o externo, social e relacional (JORGE; FERREIRA, 2005). O Édipo é sustentado pela cultura. Os arranjamentos familiares e a configuração edipiana constituem o psiquismo, formam a identidade e o sujeito social.
Já no momento do narcisismo secundário, a libido se direciona para os investimentos objetais. Nesse caso, o sujeito desenvolveu o Ideal do Eu ou Ideal do Ego. Este é o resultado, a personalidade, que se forma a partir das identificações parentais e as idealizações do Ego com seus semelhantes. Nesse momento se dá a escolha objetal, saindo da relação dual, imaginária, imediata, especular à relação mediada própria do registro do simbólico em oposição do imaginário. Nos meninos, o complexo de Édipo é destruído pelo complexo de castração. Quando essa rejeição se produz, o significante é foracluído. Não é integrado no inconsciente, como no recalque, e retorna sob a forma alucinatória no real do sujeito (ROUDINESCO; PLON, 1998, p. Dentro da perspectiva que se refere à questão central que aqui vem sendo discutida, poder-se-ia dizer que a renegação e a foraclusão viriam também constituir operações que se aproximam do recalque e da repressão na neurose.
No processo de escape do Complexo de Édipo para a psicose há perda da realidade através do mecanismo de recusa desse fragmento, remodelando-o, construindo outro “enredo” por cima do real. Na psicose há uma cisão entre o externo e o eu, nesse sentido, o delírio seria responsável pela costura (FREIRE. No percurso de sua análise, ele explica que há três recursos que podem ser substitutivos para suportar as angústias próprias da vida na sociedade, sem os dogmas religiosos: (1) as diversões; (2) Gratificações substitutivas, ou seja, ilusões, que são também eficientes pois exercem forte influências nas fantasias; (3) Substâncias inebriantes, entorpecentes do corpo (FREUD, 1930). Nesse sentido, a finalidade e a intenção da vida dos homens é a felicidade, eles querem se tornar e permanecer felizes.
A busca pela felicidade refere-se tanto à evitação da dor e desprazer quanto a vivência de grandes prazeres, porém a felicidade refere-se apenas ao último. Assim, o princípio do prazer é o que estabelece o sentido da vida. Contudo, cabe ressaltar que Freud não estava interessado em estudar a felicidade em si, já que nem era algo que ele considerasse presente no plano da criação do homem. Os métodos mais interessantes para prevenir o sofrimento são aqueles que tentam influir no próprio organismo. O método mais cru, mas também mais eficaz de exercer tal influência é o químico, a intoxicação. Sabe-se que com ajuda do “afasta-tristeza” podemos nos subtrair à pressão da realidade a qualquer momento e encontrar refúgio num mundo próprio que tenha melhores condições de sensibilidade.
O programa de ser feliz, que nos é imposto pelo princípio do prazer, é irrealizável, mas não somos capazes de abandonar os esforços para de alguma maneira tornar menos distante a sua realização. Nisso há diferentes caminhos que podem ser tomados, seja dando prioridade ao conteúdo positivo da meta, a obtenção de prazer, ou ao negativo, evitar o desprazer. Boa parte da culpa por nossa miséria vem do que é chamado de nossa civilização; seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e retrocedêssemos a condições primitivas. Para Freud, o homem se torna neurótico porque não pode suportar a medida de privação que a sociedade lhe impõe, em prol de seus ideais culturais, e concluiu-se então que, se estas exigências fossem abolidas ou bem atenuadas, isto significaria um retorno a possibilidades de felicidade (FREUD, 1930).
Depois que a experiência me ensinou que tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil, e vi que tudo que era para mim objeto ou causa de medo não tinha em si nada de bom nem de mau, a não ser na medida em que nos comove o ânimo, decidi, finalmente, indagar se existia algo que fosse um bem verdadeiro, capaz de comunicar-se, e que, rejeitados todos os outros, fosse o único a afetar a alma (animus); algo que, uma vez descoberto e adquirido, me desse para sempre o gozo de contínua e suprema felicidade (SPINOZA, 1966). Buscando traçar alguns paralelos entre Freud e as proposições spinozanas sobre a mente e os afetos, Teixeira (2008, p. comenta: Por esse igual motivo, assim como o sintoma aparentemente absurdo se revela, na perspectiva freudiana, como uma unidade problemática que a psicanálise decompõe em suas conexões causais para revelar sua lógica interna, as paixões, de que fala Spinoza, apresentam-se também como idéias confusas porquanto mutiladas, ou seja, porque são efeitos separados de suas próprias causas.
Logo, a natureza seria a própria existência. Como observa-se abaixo: A natureza não seria um princípio metafísico, mas um movimento, que se repete de modo circular em cada existência de modo. Para Spinoza, Deus - ou a natureza - é causa de todas as coisas, no mesmo sentido em que se diz que ela é causa de si mesma. Em outras palavras, quando os atributos essenciais da substância se expressam, eles não estão criando os seres, mas modulando-se, transformando-se, produzindo a si próprios, em um movimento autopoiético no qual Deus afeta a si próprio: as coisas do mundo são a expressão imediata e imanente das afecções da natureza por si própria (YONEZAWA; SILVA, 2018, p. Para Spinoza há algo não consciente que move os seres.
Por um lado, a experiência imediata tem nos ajudado a compreender o mundo e, ao mesmo tempo, perceber sua influência sobre nossas escolhas e nossas ações. Assim, se o mundo externo aprisiona, o interno pode ser a solução para esse problema. A compreensão sobre nós mesmos, pode nos libertar. A razão ou o pensamento, pode resolver a passividade e a servidão, conforme proposto por Spinoza. Com efeito, nossas memórias estão vinculadas às nossas experiências, localizadas em determinado tempo e lugar, que são marcadas pelas nossas motivações e emoções. Nesse sentido, como terceira fonte principal de desprazer, a cultura, não assegura ao homem felicidade e benesses. Pelo contrário, pois, se a cultura estiver atuando para proteger o homem do sofrimento advindo da supremacia da natureza ou da fragilidade material dos corpos, ela vai exigir a renúncia dos desejos primários, por meio da repressão.
Logo, vai ser a cultura que vai impor ao sujeito a abdicação ao prazer, que produz uma felicidade ilusório. O pedágio que a civilização impõe ao homem, a repressão dos desejos, é a recompensa pela segurança de viver em sociedade. Segundo o minidicionário Aurélio, a definição de angústia faz referência a carência, falta, sensação interna de opressão, redução do espaço/tempo, desespero, aflição do espírito, tortura, apreensão, inquietação, dentre outros termos (FERREIRA, 2010). A angústia é a resposta básica ao medo, sem objeto, ao perigo, que não pode ser superado do desamparo da existência humana. Finalmente, para Freud, a angústia está intrinsecamente ligada à dor de existir. Com efeito, destaca Pisetta (2008, p.
O afeto se caracteriza e é definido como algo que chega à consciência e provoca uma sensação. É, portanto, algo que se sente. Para isso Spinoza trata dos fundamentos ontológicos, que considera o sujeito um ser dotado de afetos, e por isso, inclinado às paixões. A dinâmica do conatus aponta para um homem que transita entre seus desejos, a autopreservação e seu crescimento. Dominado pela angústia, inerente à sua vida civilizada, é pouco autônomo e pouco consciente da sua natureza. Ilude-se com felicidades momentâneas, para, muitas vezes, tamponar o sofrimento ou evitar o desprazer. Esse movimento o desloca ainda mais dos seus reais afetos, e, como consequência do seu eu. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662009000200002&lng=en&nrm=iso>. access on 13 Sept.
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