TURISMO SINGLE: AS VIAJANTES MOCHILEIRAS DO BRASIL

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Turismo

Documento 1

Propensos a alcançarmos nossos objetivos supracitados, efetuamos uma análise bibliográfica com o emprego de fontes teóricas e conceituais, fontes essas congregadas aos elementos coletados mediante um estudo de campo, como entrevistas. Perante a efetivação de nossa pesquisa e construção desse artigo, esperamos contribuir para a explanação acerca do turismo single feito pelas mulheres brasileiras e, sobretudo, melhorar as viagens desses sujeitos. Palavras-Chave: Turismo Single; Mulheres; Gênero; Brasil. INTRODUÇÃO O Turismo apresenta contribuições não apenas para a economia e para o desenvolvimento de uma cidade ou nação, mas também para a sociedade em geral e, sobretudo, ao indivíduo que desempenha uma viagem. O ato de deslocar-se de sua residência para uma cidade distinta, em um curto período de tempo, propenso ao lazer ocasiona em privilégios ao turista, provocando além do bem-estar, o conhecimento de novas culturas, hábitos, costumes e princípios.

Ponderando a relevância da história oral para a efetivação de uma pesquisa como essa, inserimos entrevistas com mulheres que praticam o turismo single no Brasil, as quais nos oportunizaram com histórias, dicas e sugestões. Nesse sentido, consideramos que a história oral é uma metodologia que nos proporciona uma melhor compreensão dos acontecimentos tais como se sucederam, mediante a memória do entrevistado. Uma vez prestadas as informações principais que norteiam essa pesquisa, cabe explanar que o estudo, como um todo, além desta Introdução e das Considerações Finais, se divide em três capítulos. No primeiro capítulo intitulado “Breve Explanação do Turismo Single”, abordaremos sumariamente sobre o conceito de Turismo Single e seu surgimento no Brasil. Posteriormente, no segundo capítulo, explicaremos como as relações de gênero se desenvolvem no turismo, sob o título de “O Turismo e as Relações de Gênero”.

Destaca-se ainda que os turistas singles não visam, necessariamente, encontrar seus pares ou sua “alma gêmea”, considerando que esses, procuram por diversão e novas experiências. Postas essas considerações, ressalta-se que o turismo “single” teve início no Brasil devido à necessidade em atender especificamente o público solteiro, o qual possuía o sentimento de solidão e buscava viagens com o intuito de se socializarem. Dessa forma, novas agências surgiram com o propósito de disponibilizar viagens divertidas, repletas de entretenimento e interação. Utilizamos duas grandes agências brasileiras que atuam nesse segmento, propensos a retratar o surgimento e o desempenho dessas empresas. A “Keep Company – Viagem para Solteiros”3 é uma empresa que atua especificamente com o turismo single, sendo um empreendimento do diretor comercial, Eduardo Martins, iniciado no ano de 2009 em São Paulo.

Assim, Martins descreve que o guia acompanha toda a viagem, independente do roteiro, dando exclusividade ao grupo de turista single. Dentre os roteiros mais disponibilizados pela empresa, Martins enfatiza que o foco da empresa é promover um turismo divertido, e dessa forma, disponibilizam os passeios de um dia, como para São Roque – SP, onde os clientes participam da colheita da uva e da prova do vinho, conhecendo as vinícolas desse município. Ademais, entre os pacotes para finais de semana, o empresário destaca que no mês de junho ocorre a Festa Junina de São Luiz do Paraitinga – SP, promovida pela “Keep Company” na Pousada Primavera. No exterior, a empresa viaja para a Turquia, Nova Zelândia, Marrocos, Austrália e toda a Europa. MARTINS apud BONTORIM, 2015). O TURISMO E AS RELAÇÕES DE GÊNERO Verifica-se mediante as relações entre os gêneros uma grande diferença no comportamento dos viajantes, consoante suas necessidades básicas e preferências.

Desse modo, a procura e a utilização da oferta turística têm sido foco de inúmeras pesquisas e debates em todo o mundo e assim, faz-se importante analisar como é que essas diferenças se desenvolvem influenciando no perfil do turista, bem como no mercado turístico. Conceitualmente, a palavra “gênero” sucede do latim genus, sendo traduzida como “tipo”, “nascimento” ou “família”. A historiadora e teórica feminista Joan Scott (1990) comenta que, na contemporaneidade, o termo “gênero” é tomado como sinônimo de “mulheres” por alguns pesquisadores. Explica que essa substituição de termos tem sido empregada devido a que “gênero” desempenha “[. o mundo das mulheres faz parte do mundo dos homens, que ele é criado nesse e por esse mundo masculino” (SCOTT, 1990, p. Evidencia-se mediante essas considerações, que o estudo acerca das mulheres deve necessariamente estar inserido no contexto dos homens, correlacionado às relações de poder, onde as mulheres se tornam dependentes dos homens por meio do patriarcalismo, o qual define o homem como superior à mulher.

Dessa forma, surge a luta das mulheres por uma igualdade entre os gêneros e não, uma subordinação feminina. No turismo, verifica-se que as mulheres buscam sua independência e autonomia em relação aos homens, por intermédio das viagens, as quais, muitas vezes elas realizam desacompanhadas da figura masculina. Postas essas informações sobre o gênero, regressamos ao nosso foco, isto é, ao Turismo. Regressando aos fatores que levam o turista a viajar, o gênero masculino busca em preponderância o lazer, realizando viagens nas férias. Já o gênero feminino, desempenha passeios para a casa de familiares ou amigos. Ademais, acerca da idade, o Relatório (2014, p. observou que varia entre 31 e 45 anos, totalizando 40,2% da população. Em seguida, encontram-se os viajantes entre 18 e 30 anos, com cerca de 30%.

Assim sendo, as mulheres utilizam mais malas, com o dobro de objetos quando comparadas aos homens, os quais em grande parcela levam apenas uma mochila ou bagagem de mão. A agência Decolar (2016) por intermédio de seu aplicativo para celulares realizou uma pesquisa com seus clientes e evidenciou as diferenças entre os gêneros no turismo. Os dados mostraram que as mulheres nas viagens realizam as compras mais caras, tendo em vista que adquirem produtos artesanais locais, além de roupas e presentes, enquanto os homens utilizam seus rendimentos em bebidas e passeios. No entanto, foi constatado que o gênero feminino adquire pacotes mais baratos que o gênero masculino, mediante sua busca detalhada e o planejamento antecipado. Assim a Decolar (2016) revelou que as mulheres pesquisam cerca de 10% a mais que os homens antes de consumir.

Em síntese, verifica-se que a insegurança, além dos recursos financeiros, contribui intensamente para que o gênero feminino não pratique o turismo. Mediante essas considerações, evidencia-se que o machismo interfere diretamente no turismo, seja na decisão de viajar, no destino das mulheres e, sobretudo, em sua segurança. Nesse contexto, a psicóloga Marina Castañeda o define: [. como um conjunto de crenças, atitudes e condutas que repousam sobre duas idéias básicas: por um lado, a polarização dos sexos, isto é, uma contraposição do masculino e do feminino segundo a qual são não apenas diferentes, mas mutuamente excludentes; por outro, a superioridade do masculino nas áreas que os homens consideram importantes. Assim, o machismo engloba uma série de definições sobre o que significa ser homem e ser mulher, bem como toda uma forma de vida baseada nele.

Ressalta-se que embora marcadas pelo preconceito de uma sociedade machista, os dados do Voopter (2018) demonstraram ainda que cerca de 70% das mulheres brasileiras entrevistadas preferem viajar com as amigas, sendo uma companhia que lhe ocasiona maior segurança e diversão. Além disso, quando questionada acerca das viagens singles, muitas mulheres relataram que gostariam de viver essa experiência, conforme expõe o gráfico 1: Gráfico 1 – Mulheres e o Turismo Single Fonte: Voopter (2018) Assim, 37,3% das entrevistadas evidenciam que nunca viajaram sozinhas, no entanto, gostariam de provar desse experimento. Bem como, 30,5% expuseram que já realizaram o turismo single por gostarem, enquanto 15,2% efetuaram por falta de opção. Em nota, o Voopter descreveu: O Voopter [. acredita que todas as pessoas devem ter o direito de conhecer novos destinos e culturas, com segurança e liberdade.

Viajando é que descobrimos nossa coragem e atrevimento, nosso instinto de sobrevivência e nossa capacidade de respeitar novos códigos de conduta. Viajar minimiza preconceitos. MEDEIROS, 2012, p. Mediante as concepções de Medeiros, corrobora-se e sintetiza-se que durante as viagens, as mulheres alcançam sua autonomia e liberdade. Em relação aos destinos selecionados pelas brasileiras, a pesquisa (apud UOL, 2018) apontou ainda que em preponderância, as mulheres viajam pela América do Sul e para a América Central. Assim, de acordo com os depoimentos das brasileiras que utilizaram os serviços da agência, os motivos que as levaram a viajar sozinhas, foram distintos. Então, verificamos uma mãe e filha que necessitavam de um tempo a sós, com o intuito de aproveitarem a companhia uma da outra.

Além disso, constata-se a busca por diversão, por novas amizades, por conhecer lugares diferentes, por não ter companhia, por liberdade, por desafios e, simplesmente por curiosidade. Além disso, em entrevista, Daniela Chagas Fernandes (2019), a idealizadora do perfil “Arrumando a Mala7”, relatou que no turismo single, ela tem a oportunidade de “[.  encontrar-se com a melhor companhia que sempre terá”, ou seja, si própria. Fernandes (2019) expôs que em suas viagens procura por destinos com praia, destacando-se para o Nordeste e o litoral fluminense, onde visitou recentemente a Região dos Lagos – RJ. Enquanto isso, Pereira (2019) desloca-se para as cidades históricas, em busca de cultura e conhecimento. Dentre seus principais destinos estão às cidades mineiras, como “São Tomé das Letras, Tiradentes e Ouro Preto”. Além disso, revelou ser apaixonada por Paraty no Rio de Janeiro e Salvador na Bahia, no entanto, expôs: “não gosto muito de praia, prefiro as piscinas e as cachoeiras” (PEREIRA, 2019).

Já Furtado (2019) prefere desbravar a natureza e, conforme narrou, a mesma busca “conhecer tudo aquilo que as cidades têm a proporcionar em relação ao seu espaço físico” (FURTADO, 2019). Um deserto. Uma floresta. Mar aberto. Jungle urbana. Beira de praia. Savanas. Caminhos sagrados. Vilarejos humildes. Capitais da moda. Ruínas. Ademais, Pereira (2019) legitima relatando: “Eu sempre viajo de motocicleta, o que me atrai olhares de reprovação. Assim, no Brasil me deparo muito com o preconceito, principalmente em locais públicos, como em restaurantes e bares”. Mediante suas experiências, a entrevistada expôs que: “Uma vez, ocupei uma mesa em um PUB, aí o garçom veio me atender e perguntou se eu estava esperando alguém”. Ou seja, nota-se que uma mulher sozinha em um bar causa estranhamento até mesmo dos funcionários do estabelecimento.

Quando questionada acerca do episódio, Pereira (2019) descreveu que “quando isso acontece e vejo pessoas que desconfio me olhando, digo que sim, que tenho um amigo a caminho, porém, não vamos permanecer no local”.   Nessa conjuntura, Furtado (2019) relata sobre sua viagem ao Marrocos, onde sofreu com o machismo atrelado a religiosidade do país. Desse modo, contou sobre a necessidade em cobrir seus cabelos: “Se você não usa o véu, ou um lenço, muitos homens te assediam, especialmente os vendedores e pedintes”. Além disso, relatou sobre suas tatuagens, as quais “atraiam olhares de reprovação” (FURTADO, 2019). Conforme a entrevistada expôs, a religiosidade influencia nos costumes de uma cultura e, de forma semelhante ocorre no Brasil, que de acordo com Furtado (2019) é “extremamente machista, mais que o Marrocos”.

Tendo em vista o machismo, presente não apenas no Brasil, dispusemo-nos a apresentar dicas e sugestões para as mulheres que viajam sozinhas. Até mesmo em países desenvolvidos, deve-se atentar a essa questão, tendo em vista que estamos sujeitos a assaltos e roubos em todo momento. Pereira (2019) revela que utiliza uma pochete, a qual, “é discreta” e carrega apenas o necessário, como “o celular para fotografias e o dinheiro ou cartão. ” Expõe ainda que raramente transporta uma grande quantidade, no entanto, “todo dinheiro que carrego, eu não guardo apenas na pochete, mas o divido em partes pelo corpo, como na meia, no sutiã e em bolsos internos de blusas e calças”. Acerca do assédio, a mulher no turismo single deve estar preparada parar combatê-lo.

Assim, Furtado (2019) aconselha: “Temos que nos manter firmes e seguras, afastando-se dos agressores com feição rude e proferindo palavras como ‘se afaste’ e ‘não’ em voz alta”. Ao passo em que analisamos as mulheres brasileiras que optam pelo turismo single, impetramos nosso objetivo principal nessa pesquisa, tendo em vista que mediante as entrevistas, coletamos determinadas informações não disponibilizadas por fontes escritas. Desse modo, pudemos compreender as motivações e os anseios das turistas, bem como seus principais destinos, as acomodações e formas de deslocamento, as sugestões para um turismo single seguro e as experiências com o preconceito, sobretudo o machismo. Refletindo sobre o machismo, vimos que o mesmo não se encontra apenas no Brasil, mas em diversos locais do mundo. Dessa forma, as dicas que expusemos não são suficientes para combatê-lo, sendo necessária uma intervenção maior, a qual transforme o comportamento e a “cultura” das sociedades.

Em síntese, destacamos que as agências e o MTur, são os grandes responsáveis na promoção de um turismo seguro para as mulheres do Brasil, principalmente, para aquelas que viajam sozinhas. PEREIRA, Laís Borges. Entrevista concedida a Larissa Regina da Silva em 15 de abril de 2019. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAZANINI, Roberto; FERREIRA, Ademir Antonio; FÉRIS, José Ricardo Ramos; RAVAGNANI, Fernando Araújo. A Estratégia de Segmentação de Mercado como Vantagem Competitiva: Um Estudo Exploratório no Setor de Turismo “Single” a partir da Cidade de São Paulo. PODIUM Sport, Leisure and Tourism Review, Vol. O Machismo Invisível. São Paulo: A Girafa, 2006. DECOLAR. Análise baseada nas Características dos Novos Hábitos de Compra. Disponível em: https://micebusiness. Acesso em: 31 mar.

GUIDI, Laís. dicas essenciais para mulheres que viajam sozinhas. abr. Disponível em: https://mdemulher. Acesso em: 12 abr.  Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio: Síntese de Indicadores 2013. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: https://biblioteca. ibge. Acesso em: 31 mar. MEDEIROS, Martha. Um Lugar na Janela: Relatos de Viagem. Porto Alegre: L&PM, 2012. Um Lugar na Janela 2: Relatos de Viagem. turismo. gov. br/2016-02-04-11-54-03/demanda-tur%C3%ADstica-internacional. html. Acesso em: 10 abr. Disponível em: https://mulherespelomundo. com. br/. Acesso em: 18 abr. Depoimentos. br/obrasilquevoa/pdf/Relatorio-Executivo-O-Brasil-que-Voa. pdf. Acesso em: 10 abr. SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil para a análise histórica. Campinas, SP: Cadernos Pagu (3), p. TRIPADVISOR. TripBarometer: Traveler Trends & Motivations Global Findings. Disponível em: https://mk0tainsights9mcv7wv. kinstacdn. Acesso em: 17 abr. VOOPTER. Viaje Mulher! Bruna Barbosa.

Disponível em: https://voopter. com.

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