REVOLUÇÃO HAITIANA E O HAITIANISMO
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:História
Thus, a critical analysis on the subject is needed as a way of obtaining a panorama on the reasons that led the current country to be considered one of the poorest in the world. Palavras-chave: Revolução; Haitianismo; escravidão; INTRODUÇÃO Partindo da análise histórica do processo revolucionário do Haiti, compreendido entre 1791 a 1804, é possível obter uma perspectiva sobre as dificuldades políticas e econômicas enfrentadas pelo país desde sua independência em 1804 até a contemporaneidade. País localizado na parte ocidental da ilha Hispaniola, se encontra no ranking como país mais pobre da América segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com uma população de cerca de 9,8 milhões de acordo com os dados das Nações Unidas. Colonizada inicialmente por espanhóis dentre o período compreendido do século XV ao XVIII, a ilha foi fragmentada após a Espanha ter sido derrotada pelo exército revolucionário francês, cedendo a porção ocidental à França que passou a ser chamada de São Domingos.
Apelidada como La Perle des Antilles (A Pérola das Antilhas), a nova colônia francesa se tornou extremamente rentável devido à implantação de um sistema econômico baseado em plantations - produção baseada em monocultura, latifúndios e escravidão – apresentando alta rentabilidade no plantio de cana-de-açúcar chegando a representar cerca de 40% do açúcar que abastecia a Europa. TROUILLOT, p. Essa forma de pensamento surgiu durante o século XVIII, mais conhecido como Século das Luzes, devido a um movimento filosófico que buscou abjugar a mentalidade social na busca de um patamar que abrangesse à todos de forma igualitária, e libertária, que passou a ser conhecido como liberalismo. Dentro do iluminismo, se transformou em um movimento de cunho político e rapidamente se disseminou dentre filósofos, pensadores e economistas do ocidente.
Uma definição que possibilita um melhor entendimento acerca do liberalismo é encontrada sob o olhar de Holanda (2001), ao qual afirma que o liberalismo: Como expressão de uma visão de mundo, está alicerçado no princípio de liberdade individual e fundamentado na racionalidade iluminista que representa o rompimento com a ideia de revelação e providência divina. E parte do pressuposto de que o homem é totalmente livre para objetivar-se por si só. A declaração aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte da França revolucionária em 1789, afirmava que todo cidadão era livre e igual perante a lei, o que serviu de centelha para que a chama da revolução fosse acesa na colônia de São Domingos, levando-os a lutar pelo fim da escravidão, ou seja, para que os escravos também fossem vistos como cidadãos franceses.
É nesse ponto que torna-se possível perceber a ligação direta entre as duas revoluções, onde ao tomar conhecimento de um documento com ideais de liberdade para todos, a “elite escrava” – composta por escravos libertos que possuíam algum conhecimento ou que trabalhavam em fazendas ou como artesãos - viram aí a oportunidade conseguir dar início às reivindicações da abolição da escravatura na colônia, uma vez que sua população era composta por cerca de 90% de escravos. O processo de abolição foi conduzido incialmente através de uma das figuras mais importantes da revolução haitiana, Toussaint Louverture – filho de escravos, liberto e militar - que sob a condição de que fossem libertados todos os escravos da ilha, lideraria tropas francesas no processo de expulsão da ameaça britânica da colônia após uma tentativa de invasão.
Mas foi apenas em1793 que os jacobinos decretaram que os escravos de todas as colônias francesas fossem libertados, gerando um descontentamento por parte dos proprietários de escravos. Marcada pelo conflito brutal entre colônia e metrópole que durou cerca de doze anos, a revolução haitiana só foi possível e bem-sucedida por meio do uso da violência. FERRER, 2012) Se por um lado a revolução haitiana causou grande influência para que diversos outros movimentos se iniciassem, em Cuba os reflexos da revolução foram contraditórios. Ao receberem notícias do que havia acontecido na colônia de São Domingos, fazendeiros e senhores de escravos viram aí uma oportunidade de prosperar economicamente, assim como São Domingos havia prosperado no mercado de cana-de-açúcar.
Juntamente com a chegada de um grande contingente populacional negro, fugidos da colônia revolucionária temerosos da violência e contrários à rebelião, houve assim uma intensificação da escravidão e tráfico negreiro, possibilitando que Cuba prosperasse. Principalmente no continente americano, os feitos revolucionários ecoaram pelo imaginário social, a cada pequeno sinal de rebelião o receio de uma insurreição sob os moldes haitianos aumentava. Já para os escravos de países como Brasil e Cuba, submetidos a condições sub-humanas, jornadas de trabalho exaustivas e violência diária, Haiti havia se tornado um sonho. Com bancos franceses no Haiti, não demorou muito para que a antiga colônia se encontrasse novamente sob domínio francês em 1825. A tão influente e grandiosa Revolução Haitiana de 1789 que causou medo na sociedade escravocrata e no Estado colonial parece ter sido em vão quando analisamos o desencadeamento do que aconteceu pós independência da “Pérola das Antilhas”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Se encontrando hoje como um dos países mais pobres do mundo, a antiga e próspera colônia francesa possui um histórico revolucionário suntuoso que alastrou o medo da palavra “revolução”, inspirou movimentos abolicionistas, rebeliões e independências, acabou por tomar caminhos contrários do futuro brilhante que a esperava. Havia se tornado referência na luta abolicionista dando início a um processo único e anômalo de um país governado por escravos em uma época que o comércio negreiro ainda se encontrava à todo vapor. Após uma análise sobre alguns fatores que são capazes de explicar a atual situação haitiana, é possível verificar que o Haiti possuiu muitos elementos favoráveis que poderiam tê-lo transformado em uma nação próspera, se tornando em um exemplo de união e fraternidade - a mesma forjada por mulatos e negros durante a revolução.
Esse é o verdadeiro poder do povo. REFERÊNCIAS ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987. FERRER, Ada. Boston, Massachusetts: Beacon Press, 1995; ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. São Paulo: Nova Cultural, 1999. HOLANDA, Francisco Uribam X. de.
26 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto
Apenas no StudyBank
Modelo original
Para download
Documentos semelhantes