REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O PANORAMA GERAL DOS COGUMELOS COMESTÍVEIS NO BRASIL

Tipo de documento:Revisão bibliografica

Área de estudo:Religião

Documento 1

Para alcance desse objetivo propõe-se demonstrar os principais aspectos dos fungos comestíveis, identificar as principais características e apresentar o método JunCao. Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica descritiva e qualitativa. A partir desse estudo pode-se constatar que os cogumelos comestíveis possuem características parecidas, mas cada um peculiar a sua espécie e linhagem. O JunCao é um método de cultivo que tem se mostrado mais eficiente e produtivo, também tem sido usado pelos produtores por sua fácil aplicabilidade em diversas espécies. Embora esse mercado não seja popular no Brasil, os cogumelos comestíveis tem movimentado uma parcela econômica promissora no mundo, esse fator contribui para sua popularização. al. No início da história, acredita-se que os primeiros humanos eram apenas caçadores e coletores de cogumelos selvagens.

Depois de muito tempo, eles começaram a observar e aprender a cultivar fungos de forma parcialmente artificial. Mais tarde, através de esforços contínuos e experiência acumulada, eles gradualmente dominaram a produção de alguns cogumelos (NEVES, 2000). A China é o país com a mais longa história sobre o cultivo e o uso de fungos na alimentação. Sendo assim, é importante entender o panorama geral acerca dos cogumelos (fungos) comestíveis e suas características, uma vez que essas informações estão dispersas na literatura. Propõe-se então como objetivo geral neste artigo: evidenciar o panorama geral sobre o tema cogumelos (fungos) comestíveis. Para alcance dele buscou-se responder aos seguintes objetivos específicos: evidenciar os principais aspectos dos fungos comestíveis; identificar as principais características; e apresentar o método de cultivo JunCao.

COGUMELOS COMESTÍVEIS 2. Histórico dos fungos comestíveis A história entre os cogumelos (fungos) e os humanos é consideravelmente antiga, ao longo dos tempos eles foram sendo utilizados com as mais diferentes finalidades, e se caracterizavam por serem alimentos muito apreciados desde a idade antiga pelo fato de acreditarem em seu elevado valor nutritivo e em seu potencial medicinal, além de ser classificado como uma especiaria nobre na culinária (PAZZA, 2019). Porém a falta de conhecimento e de classificação quanto aos cogumelos venenosos e os comestíveis fez com que o reino dos fungis fosse temido por muitos séculos (FURLANI; GODOY, 2007). Características ecológicas dos fungos comestíveis Os fungos são considerados seres heterotróficos, devido a sua necessidade de obter um substrato para que produza energia e nutrientes no desenvolvimento.

Eles se nutrem pelo fenômeno da absorção, neste processo as enzimas são secretadas e hidrolisam as macromoléculas para que elas se tornem adequadas para serem assimiladas pela parede celular fúngica (AGUIRRE et. al. Os cogumelos são fungos que podem ser cultivados ou que crescem espontaneamente na terra, entretanto algumas espécies são mais rigorosas quanto ao seu desenvolvimento, como por exemplo os cogumelos lignícolas pois eles crescem apenas em substrato de lignina ou os cogumelos coprófilas que tem seu ciclo de vida realizado em excremento de herbívoros (AGUIRRE et. Na união das duas hifas formadas por esse fenômeno acontece a fusão dos citoplasmas, esse evento denomina-se plasmogamia, e o resultado dele são as células dicarióticas, que tem como função formar o micélio secundário (FORTUNA, 2019).

A formação do micélio terciário ocorre em condições ambientais favoráveis, como por exemplo a umidade e temperatura adequada originando os basídios e proporcionando condições para fusão nuclear, esse processo denomina-se como sendo de cariogamia. O produto desse processo é um núcleo único, diplóide (2N), que através de uma nova divisão por meiose, gera quatro novos núcleos haplóides (n). Depois que os núcleos haplóides estiverem na presença de protoplasma iniciam o processo de formação de mais quatro basidiósporos (FORTUNA, 2019). Sobre a reprodução assexuada, ela ocorre na fase vegetativa e através de esporos ou conídios, produzidos em esporângios ou também em células especializadas (conidiogênicas), também ocorre por fragmentação das hifas (FORTUNA, 2019).

De acordo com Braga et. al. os cogumelos mais jovens são relativamente mais ricos no que se refere ao conteúdo proteico, ou seja, as propriedades nutricionais dos cogumelos variam de acordo com diversos fatores. como: idade, ambiente, local, substrato usado no cultivo e espécie. Os autores Helm, Coradin e Rigoni (2009) avaliaram a composição química do cogumelo Agaricus brasiliensis e notaram altos teores dos componentes: ferro, zinco, potássio e fósforo, todos esses amineirais são considerados essenciais na dieta humana e também apresentam grande importância orgânica. e Pleurotus ostreatus (Cogumelo ostra, shimeji, hiratake), cultivado em resíduo vegetal (REIS et. al. O Brasil não se difere dos outros países, no que diz respeito ao consumo global de cogumelos, pois os fungos comestíveis mais consumidos também são os Champignon de Paris, Shimeji e Hiratake, Shiitake.

É importante ressaltar que cada espécie apresenta características como: cor, formato, tamanho, textura, aroma e sabor peculiares (ISHIKAWA et. al. Figura 2- Agaricus bisporusII na natureza Fonte: Paulo Botosso (2009). O progresso do cultivo dessa espécie está ligado à otimização do uso de substrato e as condições climáticas em que são submetidos. Embora nos últimos 20 anos tenha se realizado diversos progressos em relação a criação de cogumelos ela ainda está atrasada, principalmente no cultivo da espécie dos cogumelos de botão, pois ela apresenta vários obstáculos técnicos que devem ser superados para torná-lo mais eficiente (OĞUZ; KOÇAK; ALMA, 2022). De acordo com Figueirêdo e Dias (2014), a temperatura de cultivo dessa espécie deve estar abaixo de 20°C em sua frutificação e acima de 20°C para na sua vegetação.

A umidade relativa deve estar a 90% e o pH do substrato deve ser maior que 9,0, esses indicadores se respeitados proporcionam melhor produtividade da espécie (YADAV; CHANDRA, 2014). Em seu desenvolvimento essa espécie possui uma característica vantajosa que é usar celulose, hemicelulose e lignina como fonte de nutriente e carbono. Por isso, pode ser cultivado em grandes quantidades se expostos a resíduos agrícolas, o principal resíduo agrícola usado é o bagaço da cana de açúcar (LO et. al. Em relação a temperatura do cultivo dessa espécie de cogumelo em linhagens de temperatura baixa, podem ser cultivados de 16 a 18°C, em linhagens que exigem maior temperaturas, são cultivados entre 21 e 27°C. Contudo, o cogumelo shitake é cultivado entre 16 e 27°C (NEVES, 2000). Possui textura macia e sabor agradável e aroma intenso (Figura 4) (SIMÕES, 2016).

Figura 4- Pleurotus ostreatus Fonte: Simões (2016). A temperatura de cultivo do cogumelo Shimeji Branco deve estar entre 20° e 25°C, sua umidade relativa entre 90 e 95%, de acordo com Simões (2016), quando o cultivo realizado sob essas condições proporcionam melhor produtividade da espécie. Do ponto de vista reprodutivo, a espécie apresenta reprodução do tipo somatogamia (BOBEK; GALBAVY, 2001). Sua reprodução acontece em três estágios, sendo o primeiro a plasmogamia, cariogamia e meiose. O processo usado para essa produção era realizado quando os produtores cobriam os troncos de arvores com a presença de cogumelos com esterco de cavalo misturado com terra (MADUREIRA et. al. Aproximadamente no ano de 1700 a produção de cogumelos destinados a venda foi formalizada. Esse cultivo era geralmente feito em locais abandonados, muitas estruturas incomuns eram usadas para produção como por exemplo: porões, comércios abandonados, cavernas e etc.

O que esses ambientes tinham em comum era a umidade e a baixa presença de luz, esse é o local adequado para o crescimento de cogumelos (CHANG & MILES, 1989). Essa técnica promoveu uma grande mudança no cultivo de cogumelos, a partir dela pode-se unir benefícios sociais, ecológicos e econômicos, favorecendo um melhor equilíbrio ecológico. O objetivo dessa técnica é cultivar os cogumelos comestíveis, usando gramíneas como substrato para o crescimento e produção de corpo frutíferos (URBEN et. al. De acordo com a autora Urben et. al. Com relação à difusão da técnica JunCao, em setembro de 1986, iniciaram-se sua utilização e disseminação. Desde então, vem sendo aplicada em 17 países, entre os quais o Brasil (URBEN et.

al. Pode ser explorada por pequenos e médios produtores e empresários com grandes oportunidades de participação nos mercados interno e externo. Além disso, os cogumelos produzidos com essa tecnologia são alimentos com alto valor nutricional, e suas propriedades funcionais e medicinais estão sendo reconhecidas mundialmente por meio de pesquisas científicas sistemáticas (SAAD et. O teor de proteína, N (nitrogênio), gordura, P (fósforo), K (potássio) e Mg (magnésio) na técnica JunCao é superior ao da serragem (SAAD et. al. conforme evidenciado na Tabela 1. Figura 5- Comparação do conteúdo de nutrientes em diferentes técnicas de cultivo. Fonte: Lin e Lin (2001). O presente trabalho de revisão foi realizado sob uma ótica qualitativa, este método visa explicar os fenômenos a partir da compreensão das relações humanas, crenças e seus valores (POUPART et.

al. GONZÁLEZ, 2020). As informações usadas foram extraídas dos canais de pesquisa: Google Acadêmico, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). As pesquisas foram direcionadas na área de microbiologia, dando prioridade aos autores e trabalhos de maior relevância para este tema. Esse método aproveita diversos tipos de substratos em condições controladas, tem sido usado devido as altas taxas de produtividade e eficiência em diferentes espécies. Embora haja diversos estudos sobre o tema, do ponto de vista do produtor de cogumelo, os materiais disponíveis nas plataformas digitais possuem uma abordagem científica dificultando a disseminação da informação, uma sugestão de trabalhos futuros é que seja realizado uma cartilha didática que ajude produtores de cogumelos a compreenderem sobre as principais espécies comestíveis existentes no Brasil, apresentando suas propriedades, forma de cultivo e técnicas.

REFERÊNCIAS AGUIRRE, Thayna da Fonseca et al. A Importância dos Fungos para a Humanidade. Anais Congrega Mic-Isbn 978-65-86471-05-2, 2016. Vida Rural, setembro de 2021. BULLER, AH Reginald. Researches on fungi, vol. VII. University of Toronto Press, 2019. p. CARNEIRO, A. A. J. FERREIRA, I. T. MILES P. G. Edible mushroom and their cultivation. CRC Press, Boca Raton: CRC Press, p. São Paulo (Brazil): Instituto Biológico, 2004. COUTINHO, Leila Nakati.  Taxonomia, variabilidade, patogenicidade e controle de Verticillium em Agaricus bisporus (Lange) Singer. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. FURLANI, Regina Prado Zanes; GODOY, Helena Teixeira. Valor nutricional de cogumelos comestíveis: uma revisão. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. n. p. HELM, C. V. CORADIN, J. H. RIGONI, D. LEME, CV; CORADIN, JH; RIGONI, D. Avaliação da composição química de cogumelos comestíveis Agaricus bisporus, Agaricus brasiliensis, Agaricus bisporus portobello, Lentinula edodes e Pleorotus ostreatus.

 Embrapa Florestas-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2009. LI, Jing et al.  Diversidade genética, coleção de núcleo e história de reprodução de Pleurotus ostreatus na China. NEVES, Cilene Ferreira de Queiroz; GRACIOLLI, Luiz Antônio. Caracterização da produção em toros do cogumelo comestível Lentinula edodes (Berk. Pegler na região oeste do Estado de São Paulo.  Acta Scientiarum. Agronomy, v. PADOVANI, Renata Maria et al. Dietary reference intakes: application of tables in nutritional studies. Revista de Nutrição, Campinas, v. n. p. researchgate. net/publication/325736818. POUPART, Jean et al. A pesquisa qualitativa. Enfoques epistemológicos e metodológicos, (Livro) v. BAARS, J. TAN, Q. Panorama atual da produção de cogumelos no mundo. Cogumelos Medicinais Comestíveis. p5-13. SIMÕES, Geiziany da Silva; CAVALCANTE, Felipe Sant’Anna; LIMA, Janaína Paolucci Sales.

Contribuição aos Conhecimentos a Diversidade De Fungos Basidiomycota no Sul do Amazonas, Brasil. CAMPUS VALE DO RIO MADEIRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS (PPGCA), p. SIMÕES, Marcelo Gil.  Desenvolvimento e crescimento da espécie de cogumelo Pleurotus ostreatus em garrafas de plástico reutilizado. Embrapa ed. rev. e ampl. Brasília-DF, 2017. VIEIRA, Fabrício Rocha. p. YADAV, M. K. CHANDRA, Ram. Effect of culture media, pH and temperature on mycelial growth of Agaricus bisporus strains.

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