REDEMOCRATIZAÇÃO: “A LUZ, AINDA QUE DE LAMPARINA”

II – REFLEXOS DA GUERRA FRIA A Guerra Fria foi um conflito ideológico. Os Estados Unidos da América, potência capitalista, e a União Soviética, potência socialista, queriam a todo custo provar que os seus sistemas no aspecto militar, econômico e político, além do estilo de vida dos que viviam sob as amarras do regime, era superior à do rival. Este conflito, agravado após o término da Segunda Guerra Mundial em 1945 afetou todos os países que viviam sob estes determinados regimes, o que significou a divisão do globo entre aqueles que apoiavam os Estados Unidos com sua economia de mercado e democracia, e os que estavam com a União Soviética, que se pautava num governo interventor sobre a economia, visando a distribuição de renda e a sobreposição da classe trabalhadora sobre aqueles que um dia foram os donos dos meios de produção nos países dominados pela ideologia política do Socialismo.

O Brasil vivia sua economia de mercado de forma plena, porém o cenário político em 1961 já chegava abalado pela renúncia do então Presidente da República Jânio Quadros. Ao assumir o comando do país, o vice-presidente João Goulart marca seu período (1961-1964) pela total abertura ao movimento estudantil, à organização dos trabalhadores, e movimentos culturais, o que ocasionou o pânico nas classes mais favorecidas. Em 1968 o AI-5, o mais repressor, cassou mais mandatos, aposentou juízes e acabou com o Habeas-Corpus, além de aumentar de forma assustadora a repressão policial sobre a população. Enquanto o Brasil perdia em direitos sociais ganhava em investimentos, durante o “Milagre econômico” ocorrido com os militares o PIB brasileiro aumentou de forma significativa, obras de infraestrutura e outras de especial magnitude, como a ponte Rio-Niterói, foram realizadas graças aos empréstimos de instituições estrangeiras.

Milhares de empregos foram gerados, porém a conta de tal milagre ficou para as gerações futuras, todos os investimentos serviram para fortalecer a imagem de “salvadores da pátria” dos militares diante de uma população sedenta por estabilidade, contudo não foi suficiente para manter em silêncio as organizações sociais que desejavam além do crescimento econômico, participação nas decisões políticas do país, e, portanto vida política ativa, independente da aprovação do governo. Diante de toda a repressão imposta a professores, artistas, escritores, jornais, compositores, ou qualquer um que ousasse se opor ao regime, grupos que foram considerados como guerrilhas, e movimentos estudantis começam a surgir para o embate contra as forças militares, e o fazem através de sequestros e assaltos, posteriormente narrados em obras de grande sucesso como o livro de Fernando Gabeira, escritor, jornalista e político brasileiro “O que é isso companheiro”, adaptado para o cinema em 1997 pelo cineasta Bruno Barreto, narra sua experiência na luta armada contra a ditadura militar.

Assim como Gabeira, diversos escritores e artistas utilizaram sua arte para eternizar os momentos de dor vividos dentro do país e pelos cidadãos exilados em terras distantes, durante os anos de poder militar: Um dia a areia branca, teus pés irão tocar. Letra: Roberto Carlos, 1971) Recife, 1964. Beira da praia, brisa da noite, mansões dos usineiros. As garrafas de champanha são abertas. Festa. Pessoas bonitas, perfume, olhares de fêmeas, dentes brancos de alegria. Espancado em praça pública. Maxilar quebrado por uma coronhada de rifle. Chutaram-lhe tanto os testículos, que arrebentou a bexiga. Vai urinar sangue por quase um mês, O velho ferido está algemado. Ao seu redor, caminhões do Exército, berros de oficiais, rádio, holofotes, metralhadoras, Por que tanto aparato? Por que tantos homens, tantas armas, tanta força bruta? Por que o velhinho é tão perigoso? (http://www.

A partir da análise de “Muda Brasil” é possível observar todo o jogo político executado para que uma aliança preocupada e comprometida com a restauração da democracia pudesse chegar ao poder, inclusive recebendo apoio daqueles que abandonaram o militarismo nos últimos instantes, não por renunciar as suas pretensões militares e coronelistas, mas tão somente pela conveniência do momento, e tão sábios foram na decisão de modificar a imagem que passavam para o povo, exímios políticos bem relacionados que conseguiram fazer com que o povo se esquecesse, ou menos engolisse as atrocidades que ajudaram a cometer durante a ditadura e perpetuaram-se no poder até os dias atuais, infiltrando-se em cargos políticos, eleitos democraticamente à custa da pouca memória e ignorância de muitos.

Em 1985, Tancredo Neves é eleito pelo Colégio Eleitoral e põe fim ao regime ditatorial no Brasil, Tancredo não assume, foi vítima de uma morte repentina às vésperas da posse, seu vice José Sarney, fica então incumbido de conduzir a Nação ao exercício da democracia plena. REFERÊNCIAS A Ditadura Acessado Militar. Disponível em http://www. culturabrasil.