Professores, alunos e Letramento Literário: como as TIC podem contribuir para o ensino de Literatura no Século XXI

n. jul. O artigo em pauta, útil e bem redigido, busca somar à crescente produção científica relativa à aplicação da moderna informática na educação uma abordagem que utiliza tecnologias móveis para fomentar o aprendizado da disciplina de Literatura no Ensino Médio. O texto, produzido como etapa para atingir o grau acadêmico de doutorado, adotou como base teórica, após pesquisa bibliográfica, o paradigma do letramento literário. Em seguida realizou-se uma pesquisa exploratória e descritiva que resultou na descoberta de aplicações para dispositivos móveis cujas características mostraram-se adequadas para apoiar a aprendizagem da literatura. Finalmente, conclui o escrito: “essas ações tendem mais ao afastamento do que à aproximação dos jovens dos textos literários”. É possível utilizar as TIC para resolver tal problema? Para responder à pergunta os autores realizaram uma pesquisa bibliográfica através de consulta à base de dados ERIC (Education Resources Information Center).

Procuraram por artigos revisados por pares e produzidos nos últimos 6 anos “que aproximam Literatura, enquanto disciplina, e utilização de recursos digitais”. A investigação “revelou o potencial das TIC para aprendizagem de literatura” e “oferecem pistas a serem observadas na propositura de tais projetos”. Que pistas são essas? Dos trabalhos selecionados, informam que Thomas (2014) percebeu um “maior engajamento nas discussões on-line quando comparadas às presenciais” e Pane (2014) avaliou que “o uso de blogs não foi determinante para motivar os alunos” e “muitos deles prosperavam mais através de interação presencial”. preferencialmente conectados à internet, tanto na escola quanto em casa, e (2) dominarem as ferramentas sugeridas (o que demanda tempo e energia dos envolvidos). Finalmente, é apresentado o resultado de todo o trabalho desenvolvido, na prática. Para mediar o ensino do conto de García Márquez foi utilizada a proposta de Cosson (2019) como base, uma sequência básica de letramento literário constituída por 4 etapas: motivação (preparação para o aluno-leitor “entrar” no texto), introdução (apresentação de informações panorâmicas sobre o autor e a obra), leitura (individual ou em grupo) e interpretação (registro e compartilhamento da leitura com outros leitores).

Vê-se no texto que parte fundamental da proposta é o software Padlet, gratuito, utilizado em todas as etapas como um mural virtual no qual foram agrupados todos os hiperlinks para as instruções dadas e os aplicativos sugeridos. A ferramenta facilita “armazenar, produzir e compartilhar conteúdo multimodal” e “pode funcionar como um ambiente virtual de aprendizagem e tem no trabalho colaborativo e na interação, por meio de comentários e reações, grandes atrativos para o processo de ensino e aprendizagem”. Argumentam os autores, em suas considerações finais, que a implementação dessas experiências demanda tempo e energia do professor, mas em contrapartida “esse tempo investido pode ser rentabilizado para outras experiências”. Outro ganho possível é “o entusiasmo que se espera que seja gerado no aluno-leitor para começar a se envolver nas tramas de um texto literário”, o que consideram bastante vantajoso.

Alertam que o planejamento é um fator fundamental, pois “somente assim professores poderão tirar partido do que as TIC podem contribuir para o letramento literário dos jovens, bem como para a educação de modo geral”. Por fim, concluem que, se por um lado “a pesquisa tem como limite o fato de ainda não ter sido aplicada em um contexto real de aprendizagem”, por outro “fornece possibilidades para outros pesquisadores que queiram investigar sobre sequência expandida, avaliação, motivação para leitura de novos textos, estilos de aprendizagem, metodologias ativas, imagem e educação, dentre outros temas que o trabalho suscita”. Parece natural, mas nem tanto, perceber que a juventude, inclusos os secundaristas alvos do artigo em estudo, sente-se completamente à vontade com a gama enorme de aplicativos móveis à sua disposição.

Os métodos e ferramentas de software apresentados oferecem uma alternativa de caminho a seguir. Sobre os autores: Nataniel Mendes da Silva é doutorando em Ciências da Educação - Tecnologia Educativa, na Universidade do Minho (UMinho) – Braga/Portugal, mestre em Cultura e Sociedade com área de especialização em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e professor efetivo do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) - Campus São Luís Centro Histórico. Maria Altina Silva Ramos é professora auxiliar no Departamento de Estudos Curriculares e Tecnologia Educativa da UMinho, mestre em Estudos Ibéricos: multimédia e didática das línguas, pela Université de Toulouse le-Mirail e doutora em Estudos da Criança, especialidade Tecnologia Educativa, pela UMinho.

Márcia Manir Miguel Feitosa é professora titular do Departamento de Letras da UFMA, pós-doutora com bolsa CAPES, pelo Programa Ciência sem Fronteiras, em Estudos Comparatistas na Universidade de Lisboa, doutora e mestre em Letras – Literatura Portuguesa, ambos pela Universidade de São Paulo (USP). Resenhado por: REFERÊNCIAS SANTOS, James R.