PRÁTICAS DE PREVENÇÃO NO COMPORTAMENTO AUTOLESIVO E SUICÍDIO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Todavia, se vislumbruou na pesquisa a proposição de estratégias como qualificação profissional, grupos de apoio e psicoeducação como modo de potencializar a prática dos profissionais na APS para prevenção e intervenção na conjuntura de comportamento suicidia e autolesivo. Palavras-chave: Atenção primária. Automutilação. Suicídio. Prevenção. INTRODUÇÃO A condição de sofrimento humano se permeia ao longo da história da humanidade, de forma que, diversas áreas do conhecimento se debruçam em encontrar aspectos de causas e relações diretas ou indiretas que expliquem determinados comportamentos diante da dor e do sofrimento. Nesse cenário, o presente estudo apresentou série de dados estatísticos que envolvem aspectos de saúde e doença na especificidade do comportamento suicida e autolesivo complementando com percepções promovidas pela Organização Mundial da Saúde no que tange a compreensão da importância de promover práticas de prevenção e cuidados com este público diante do contexto preocupante do suicídio e do comportamento de autolesão.

Diante do exposto, o presente estudo buscou compreender acerca das práticas de prevenção voltadas para automutilação e suicídio na atenção primária de Saúde (APS). Assim, buscando apresentar aspectos biopsicossociais da automutilação e do comportamento suicida, refletir sobre a importância da atuação da APS no enfrentamento desses comportamentos e identificando estratégias de intervenção e prevenção desses comportamentos na APS. Nesse sentido, acredita-se que a importância da discussão de tal tema se constitui, sobretudo, na proposição de d’ estigmatizar o tema, provocando uma reflexão necessária para a sociedade em geral, além de fomentar reflexão na classe de profissionais de APS sobre a significância de suas atuações. Em pesquisas realizadas por Alves (2019), o comportamento de autolesão não suicida aponta para um perfil epidemiológico predominantemente na fase da adolescência, estando presente em 17,2% de sujeitos avaliados nesta faixa etária, sobretudo, em sujeitos do gênero feminino.

Apesar de presente em ambos os gêneros, um dado interessante apontado Klonsk et al (2014) é de que potencialmente se diferem no método, de maneira que, homens usualmente se batem ou se queimam e mulheres no geral se cortam. O conceito do comportamento de autolesão é abordado por Lima (2019) também através do termo cutting, em alusão ao self cutting, que em tradução livre diz respeito ao ato de “cortar a si mesmo” em uma exposição reflexiva para além dos fatores mecânicos do ato, mas, sobretudo, como uma expressão da dor psíquica para o corpo. Acerca dos traços psicológicos dentro do perfil, destacam-se a expectativa em diminuir sentimentos negativos, solucionar dificuldade de relações interpessoais, elevar o estado emocional, reviver trauma, e sentimentos de angústia, raiva, tensão, Bullying, solidão, tristeza, medo, trauma familiar, culpa, ansiedade, alívio e depressão.

ALVES, 2019). É importante esta distinção, pois, ao contrário do que muitos imaginam, nem sempre a automutilação é uma tentativa de suicídio. Segundo cartilha elaborada recentemente pela Comissão Parlamentar de Inquérito dos Maus-Tratos Contra Crianças e Adolescentes, várias razões foram apontadas em pesquisas como motivações para a automutilação, como: alívio da dor emocional, autopunição, desejo de vingança, vontade de pertencer a um grupo, vontade de provar que aguenta a dor, busca por alguma sensação, entre outras (TERRA, 2018, p. De maneira que, a proposta visa essencialmente preparar os profissionais de saúde para acolhimento dessas demandas de atendimento e fortalecer os critérios de notificação compulsória acerca dos comportamentos, como medida, para estabelecer pesquisa e delineamento mais específico e real, a fim de, conscientizar e qualificar a sociedade como um todo, a respeito da importância e urgência de discussão da temática.

Ao falar de comportamento de autolesão, indissociavelmente falamos sobre contextos de profundo sofrimento. De modo que, nos casos de automutilação entre jovens, Marques (2019) salienta que em linhas gerais, o fenômeno está se apresentando em escala crescente, sobretudo, devido às associações com os fatores como doença mental, tais como ansiedades e depressão; contexto de violência doméstica e abandono, ou bullying e cyberbullying. mil pessoas no mundo tirem suas próprias vidas, e para cada uma destas, acredita-se que pelo menos outras 20 tentem o suicídio. A subnotificação ainda é um dos fatores que fazem com que os dados reconhecidos, não representem a realidade de fato. O Brasil desde o ano 2000 figura na lista dos 10 países com maiores índices de mortalidade por suicídio em números absolutos (BERTOLOTE, 2012).

Pesquisas nacionais apontam para tendências crescentes, principalmente nas regiões norte, nordeste e sudeste, não obstante, esses índices podem ser explicados pelas taxas de subnotificações em algumas regiões (D’ EÇA JUNIOR et al, 2019). Em contrapartida, Bertolote (2012) afirma que não existem dados exatos acerca da quantidade de pessoas que tentam suicídio, mais uma vez devido à subnotificações, que tem raízes profundas nas construções culturais de cunho religioso que prediz vergonha, além de aspectos financeiros, securitários e sociais. A partir de uma análise fenomenológica a respeito das motivações para tentativa de suicídio, Ribeiro et al (2016) aponta aspectos relacionados aos condicionantes na vida familiar, o uso de álcool e drogas e sentimentos que surgem na dinâmica cotidiana. De modo que, no contexto do abuso de drogas, o autor destaca elementos como: abstinência, culpa pela recaída, autoagressão, desesperança em relação à dependência e a vida como fatores preditores para o comportamento suicida.

No âmbito das relações em vida familiar, à pressão social de condutas masculinas, assim como múltiplas exigências no desempenho de papeis sociais, as relações conturbadas, a ausência de escuta e diálogo vulnerabilizam o sujeito para o ato suicida. Na instância subjetiva do sujeito diante da dinâmica cotidiana, de destacam sentimentos de solidão, tristeza, desesperança, baixa autoestima, culpa, intolerância frente às decepções amorosas, a autoaceitação, ciúmes dentre outros aspectos (RIBEIRO et al. Atenção primária em saúde O conceito de Atenção primária em saúde (APS) foi definido preliminarmente pela Organização Mundial de Saúde (1978) através da declaração alma-ata como sendo cuidados primários, essenciais e metodologicamente fundamentado, realizado por equipe multiprofissional, que devem ser direcionados integralmente a toda comunidade na finalidade de promover serviços de proteção, cura e reabilitação.

Para a construção deste trabalho, foi delimitado o objeto de estudo e posteriormente feito uma pesquisa exploratória, cuja finalidade foi obter uma maior aproximação do tema por meio da leitura de textos, artigos, livros e um conjunto de dados estatísticos. Na análise dos textos, foram avaliados os contextos referentes ao entendimento, acerca do comportamento autolesivo, comportamento suicida, e as possibilidades práticas de prevenção de tais fenômenos no contexto da atenção primária de saúde. Assim, estabeleceram-se como critérios de inclusão: trabalhos científicos publicados no intervalo dos últimos dez anos; artigos publicados em revistas científicas, disponíveis na íntegra e para acesso público com download gratuito, em língua portuguesa; artigos relacionados com os descritores (autolesão, automutilação, comportamento suicida, cutting, prevenção, atenção primária de saúde).

E para exclusão, foram escolhidos os seguintes critérios: publicações em línguas estrangeiras; trabalhos que não estavam do período de publicação estabelecido; artigos duplicados ou incompletos. Dentro dos critérios, buscou-se material de interesse na base de dados do periódico eletrônico scientific eletronic library online (SCIELO), biblioteca virtual de saúde (BVS) e Google acadêmico. Desse modo, na perspectiva de Amaral et al (2018) a importância da atuação da APS no enfrentamento dos comportamentos suicida e autolesivo, deve se concentrar em abarcar a pessoa acometida assim, como todas as dimensões que envolvem o sujeito como, por exemplo, família, escola e cuidadores, no intuito de instrumentalizá-los acerca de estratégias de identificação dos comportamentos e mecanismos para lidarem com as crises.

Nesse aspecto, os autores citam a possibilidade de criação de grupos de apoio podendo ser mediados por profissionais da APS, independentemente de serem especializados em saúde mental. Para tanto, Santos (2020) acentua a importância de se capacitar as equipes de estratégia de saúde da família (ESF) para identificar, abordar e manejar o comportamento suicida como foco na prevenção, proporcionando a esses profissionais uma perspectiva técnica, mas também um olhar voltado para o cuidado ético, empático, humanizado, solidário, protetivo e abstraído de qualquer julgamento ou preconceito. Dentre as principais estratégias na APS voltada para o comportamento suicida, estão as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, instituídas pela portaria nº 1. de 14 de agosto de 2006. REFERÊNCIAS ALVES, B.

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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº. de 14 de agosto de 2006. Institui Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a serem implantadas em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Brasília, 2006. saude. gov. br/noticia/6636#:~:text=O%20objetivo%20%C3%A9%20incluir%20mais,%C3%A0%20uma%20equipe%20de%20sa%C3%BAde. Acesso em: 28 dez. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Fatos e números sobre suicídio: infográfico. Organização Mundial da saúde. Saúde Mental [online], 2015. Disponível em: http://www. who. Atenção Primária à Saúde: um ensaio. Physis Revista de Saúde Coletiva, v. n. p. Rio de Janeiro, 2017. v. n. Disponível em: https://www. scielo. br/pdf/rgenf/v37n1/0102-6933-rgenf-1983-144720160154896. n. p. Jan/Abr, Juiz de Fora, 2018.

DOI: 10. SANTOS, P. br/bitstream/123456789/315/1/Priscila_Santos_%200000135_Raquel%20Franco_0000130. pdf. Acesso em: 10 dez. SANTOS, D. C. unasus. gov. br/acervo/handle/ARES/20331. Acesso em: 28 dez. SOUSA, K. nescon. medicina. ufmg. br/biblioteca/imagem/0253. pdf. Que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. In: Portal da Câmara legislativa [online], 2018. Disponível em: https://www. camara. leg. n. p. DOI - 10. P. v19n3p407. Saúde Pública, v. n. p. org/10. S0102-311X2013000100020.

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