Mas e agora, o que tenho eu a ver com isso
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Economia
Que o jornalismo, nesse caso com o foco nos jornais impressos do interior, todos sabemos. Problemas com as fontes, com a falta de tempo, com a falta de informações, com o excesso de informações, com a falta de espaço, com a responsabilidade de ter que realizar seu trabalho em um espaço de grande visibilidade, problemas éticos, tantos seus como quanto a ética na esfera pública, enfim, têm ainda uma porção de problemas a serem pensados e resolvidos. Entre estes problemas, está a questão do motivo pelo qual é tão difícil realizarmos uma crítica da mídia aprofundada e regular. Para tentar, responder a algumas dessas questões, busquei alguns autores estudados ao longo do semestre. Jornalistas adoram fazer críticas, sobre tudo e todos, mas ironicamente, a repelem quando se trata de realizar uma crítica da própria mídia.
E mais ainda como fazê-lo Se sei que futuramente eu posso estar trabalhando com ele, para ele, ou ainda depender da sua ajuda? Wolton também pensa nas dificuldades do mercado do trabalho quando fala da necessidade de se fazer uma crítica ao jornalismo: “Além disso, as mudanças constantes no setor da comunicação – provocando concentrações, vendas, exonerações e demissões voluntárias – obrigam os jornalistas a sempre tratar muita gente com deferência; inclusive os colegas com cujas análises eles não concordam sempre, mas com os quais serão talvez chamados a trabalhar amanhã – caminhos tão caprichosos desse mercado de trabalho bem particular. Enfim, compartilhar com outros confrades os segredos da nata da sociedade cria laços, que tem relação com a autolegitimidade do meio.
WOLTON, p. ” E se isso é verificado nos grandes centros urbanos, com milhões e milhares de pessoas, e centenas de recursos midiáticos, imagine então como não deve ser tenta faze-lo em um jornal do interior, em uma sociedade pequena. Onde a mídia e voltada para a comunidade e depende de agradá-la para sobreviver. As ao mesmo tempo em que alas abastecem a opinião pública de informações, elas também necessitam da aprovação desta para realizar o seu trabalho. Mas a sociedade que constrói o a opinião pública, o como chama Silverstone, o senso comum, também precisa da mídia para ter acesso as informações para a construção desse senso. Mas, muitas vezes a mídias simplesmente as impõe, e atribui à sociedade um senso comum que nem sempre é real, fazendo com que ao invés de usá-lo para alimentar a opinião publica, a sociedade acabe fazendo exatamente ao contrario, a repelindo: “O senso comum, tanto expressão como precondição da experiência.
O senso comum, compartilhado ou ao menos compartilhável e medida, muitas vezes invisível, de quase todas as coisas. A mídia depende do senso comum. ” Ou na visão de Genro Filho, citado por Karam, a construção de uma identidade através das informações: “(. as condições para a transformação da individualidade em ‘pessoa` e do gênero em ‘humanidade’ estão concretamente colocadas. Para realiza-las, ale das barreiras políticas e sociais que devem ser removidas, é necessário que cada indivíduo tenha acesso à imediaticidade do todo no qual está inserido. E que possa participar, de forma imediata, na qualificação desse todo em cada momento no qual está se constituindo algo novo. As influências que os fatos mais distantes exercem entre as vidas dos indivíduos de todo o planeta não esperam, nem deveriam esperar, interpretações ‘técnicas’ ou ‘científica’ oficiais ou autorizadas.
O cidadão ocidental, o único a assistir ao vivo às catástrofes planetárias, cansa dessa ‘responsabilidade mundial’ que deveria se sua. A informação que deveria permitir-lhe aproximar-se do mundo suscita nele, ao contrário, um fenômeno de rejeição (. O resultado alcançado é paradoxal: o conhecimento, que sempre necessita de esforço, de tempo e de distanciamento para ler e compreender, torna-se o complemento indispensável para se aceitar a imediatez do outro. A lentidão do conhecimento torna-se o meio de contrabalançar a velocidade da informação. WOLTON, p. Aí também, serão os fatos, em toda sua brutalidade, ou seja, os conflitos, que abrirão uma real demanda de análise. WOLTON, p. ” Braga denta explicar este fato, e encontrara uma solução argumentando que a saída seria aprendermos (e se possível desde as classes escolares) a realizarmos uma crítica da crítica.
“Colocadas as coisas nessa perspectiva, é evidente que estamos longe, no Brasil – no que se refere ao conjunto de interações sociais midiatizadas – , de dispor de uma boa abrangência e diversidade de dispositivos críticos. Em coerência com nossa posição acima expressa, de que o sistema midiático é formado por relações de fluxo entre três subsistemas – produtivo, usuário e de interações –, entendemos que os processos sociais midiáticos dependem de um desenvolvimento correlato dos três componentes do conjunto. E como um jornalista vai criticar outro pela escolha de suas fontes sabendo de toda a gama de conflitos gerada em torno dessa escolha? Bom sobre isso nos fala Wolton: “É preciso ver, em primeiro lugar, a responsabilidade das mídias. O que se observa na maioria dos países? A tendência em ver sempre as mesmas cinqüenta ou cem personalidades (.
nas mídias. Como se houvesse apenas uma centena de pessoas para falar! Por que os jornalistas sempre apelam para as mesmas personalidades bem identificadas? Por que não conseguem ampliar seu caderno de endereços? Porque esse jogo de espelhos os valoriza em retorno: entrevistar alguém ‘conhecido’ eleva você tanto quanto a pessoa entrevistada. O resultado é um evidente ‘estrelismo’ desse meio midiatizado (. Ele chama de punctum. É a punctura do inesperado. Alguma coisa na imagem que a fratura, um acidente, um momento, um ponto, que, nas palavras inimitáveis de Barthes, ‘me fere, é pungente para mim’ (Barhtes, 1984, p. O studium é codificado – ele se ajusta às regras da desconstrução e da expectativa, garante a fotografia como legível e a imagem como reconhecível –, mas não o punctum. E, mais uma vez, o punctum é o que escapa, ainda que momentaneamente, à linguagem.
A sociedade que depende dos jornalistas para se abastecer de informações deixou de confiar nele como fonte: “Mas a terceira dificuldade, que diz respeito às relações entre público e jornalistas, não é menos real, embora seja menos visível. Estes transforma-se em bons mocinhos defensores da verdade, mas o público não se deixar enganar. Ele simplesmente não se manifesta. Desse ponto de vista, a colusão entre certos jornalistas e magistrados, danosa para a democracia, deve ser questionada. Os magistrados, como os jornalistas não estão acima das leis. Ou será que é tão pouca a confiança entre sociedade e jornalistas, e entre jornalistas e sociedade. Que tememos criticá-la. Para Silverstone a solução para muitos problemas encontrados hoje na nossa mídia seria a de justamente tentar restabelecer a confiança entre os jornalistas e aqueles que acompanham o seu trabalho: “E confiança em diversos pontos do processo.
Os sujeitos. devem confiar naqueles que se apresentam como mediadores. Paralelamente, apresentam-se fortes expectativas ( e cobranças) de que esse material midiático – em função de sua difusão e acesso generalizados – deveria ter um papel inversamente estimulante, educativo e voltado para valores humanos e sociais superiores. A sociedade sempre desenvolveu, com variedade, sua produção expressiva. Ao lado de seus processos “de produção”, sempre gerou também procedimentos críticos e interpretativos que, metalinguisticamente, “falam” de seus processos e materiais expressivos e das interações sociais que vão sendo tecidas em torno destes. KARAN, p. ” Então, novamente o problema não seria então o fato de não realizarmos uma crítica, mas sim o de externá-la. E não seria cumprir estas obrigações uma maneira de contribuir com sua sociedade? Então, me repetindo, como criticá-los? Se sim devemos, com certeza criticá-los, não só a eles, mas tentar realizar, mesmo que silenciosamente um crítica a todos os veículos jornalísticos (como, e com que tempo? Não sei, mas sei que precisamos), e essa crítica ao jornalismo deveria se estender há todo, principalmente se pensarmos que em todos os conflitos existências encontrados hoje na sociedade, e qual o papel do jornalista nesta história: “A partir do momento em que o homem se encontra só diante do céu, da terra e da natureza para organizar a cidade, os mercados e a política, o apelo à comunicação, com toda a sua ambigüidade normativa e funcional fundamental, representa um precioso aliado.
Reencontramos a importância desse conceito tanto na escala do indivíduo quanto na das relações entre indivíduo e coletividade; efetivamente, não cessaremos de repetir que a comunicação não é apenas um valor individual, mas que ela está na origem de um princípio de organização de relações sociais menos hierárquicas. WOLTON, p. ” Depois de analisar estes pontos percebe-se que o problema da crítica da mídia, não é só para ser pensado e resolvido pelos jornalistas, não deve ficar apenas nas discussões das salas de aula das universidades (até porque deveria começar antes disso, nas salas de aula das escolas), não ‘e para ser debatido internamente pelas empresas de comunicação. Pelo contrario é algo que dever ser discutido e debatido em todas as esferas da sociedade, pois é esta depende diretamente do que fala sua mídia par a construção da sua identidade cultural.
” Bibliografia: BRAGA, José Luiz. A sociedade enfrenta sua mídia: dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006. KARAM, Francisco José Castilhos. Jornalismo, ética e liberdade.
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