Introdução/tese

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:História

Documento 1

A partir dos anos de 1930, o Estado Novo fez parte da realidade política dos dois países, no Brasil, com Getúlio Vargas e em Portugal, com António de Oliveira Salazar. Nesse contexto de políticas autoritárias desenvolvimentistas, os estudos para a construção das hidrelétricas em regiões menos desenvolvidas economica e socialmente tiveram início em ambos os países, avançaram e estenderam-se em governos posteriores, resultando na criação, no Brasil (ainda na era Vargas), da Companhia Hidrelétrica do São Francisco e, em Portugal (iniciada nos anos de 1960), em parceria do governo português com a Espanha, a criação da Empresa de Desenvolvimento e Infraestrutura de Alqueva, em 1990. A história e atuação destas duas empresas, assim como vários projetos deste tipo durante toda a história humana, impactaram a vida de milhares de pessoas no sertão pernambucano e no interior alentejano, que tiveram as suas realidades modificadas pelo deslocamento compulsório e viram suas cidades (e, com elas, suas referências sócio-culturais e psíquicas) serem afogadas em lagos artificiais, criados pelas empreendedoras das barragens.

Tal como sempre acontece em casos como esses, os reflexos sobre a vida das populações envolvidas foram minimizados diante do progresso e impostas pelas grandes cidades e suas necessidades sempre crescentes de infraestrutura. Assim, este estudo buscou dar visibilidade ao que, normalmente, é visto e considerado como um dado em menor escala: o impacto na vida das pessoas, buscando compreender e comparar os dois processos de desenvolvimento das hidrelétricas em questão sob o ponto de vista dos impactos socioeconômicos e psicossociais dos moradores das regiões de Petrolândia – PE, no Brasil e da Aldeia da Luz, Concelho de Mourão, em Portugal. assim como todo processo de construção da nova-Petrolândia e documentações da cidade velha, como atas, cartas, mapas e narrativas de arquivos públicos e privados, cruciais na reconstrução buscada.

Ainda enfatizando as dificuldades enfrentada em tempos de pandemia, destacamos a importância dos meios eletrônicos de consulta via plataformas digitais, sem as quais o acesso às fontes este trabalho não seria possível. Com relação à Aldeia da Luz, o contato se deu através da troca de emails com a equipe de organização e direção do museu e contato com antigos moradores da comunidade atingida pelo projeto de construção da barragem do Alqueva pela EDIA ( Empresa de Desenvolvimento e Infraestrutura para a região do Alentejo, que se preocuparam com a preservação do patrimônio cultural e histórico do legado da Aldeia da Luz. As razões e justificativa da escolha do tema A escolha por este tema, nasceu de um fragmento de memória desta pesquisadora ao navegar em uma página na internet, onde havia fotos antigas das ruas e das casas, e muitos vídeos com as histórias contadas pelo povo; lembranças de um tempo das cheias no rio, do vaivém dos barcos no cais, e da construção da Barragem de Itaparica, que fez desaparecer minha cidade natal, Petrolândia – PE, Brasil.

Decorridos mais de 30 anos do início da construção da barragem e, buscando lembranças de um tempo passado, fui em busca de minha gente e do relato das mudanças ocorridas na antiga cidade de Petrolândia. Trata-se de pensar como essa paisagem é retratada na história oficial e como as pessoas organizam o imaginário em torno dela. Delimitação do Objeto de Estudo Tanto os moradores de Petrolândia, quanto da Aldeia da Luz passaram pelos impactos do deslocamento compulsório advindos da construção das barragens, e estiveram diante da irredutibilidade e inevitabilidade de algumas vicissitudes que marcaram o complexo processo de transladação. A sensação de perda de todo um passado histórico marcaram suas vidas de forma definitiva. A comparação entre os dois povos de países diferentes só foi possivel devido ao seu passado histórico comum, notadamente pelas influências portuguesas na formação cultural brasileira, espelhadas nos estudos transculturais.

Dessa forma, este estudo pretendeu analisar e comparar o processo de preservação da memória entre os dois países, respeitando raízes e traços de identidade. Com o regime salazarista e a construção da barragem de Alqueva, ocorre uma alteração brutal na paisagem da região, com seus reflexos desestruturantes nas populações afetadas, deslocamentos e destruição de suas raízes históricas e culturais , deixando um trauma e um sentimento de violação e de perda irreparáveis. O quarto capítulo buscou enfocar a vida dos trabalhadores da CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco e da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestutura do Alqueva, e os conflitos decorrente das interações com os moradores locais. Os dois últimos capítulos, V e VI trouxeram a metodologia utilizada na pesquisa, os resultados encontrados na investigação e as articulações desses dados históricos com as teorias apresentadas no desenvolvimento da pesquisa.

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