IMPACTOS DA CULTURA AFRICANA NA DIVERSIDADE CULTURAL DO BRASIL
Tipo de documento:Redação
Área de estudo:Estatística
Xxxxxx Xxxxx PICOS 2020 NOME DO(A) ALUNO(A) IMPACTOS DA CULTURA AFRICANA NA DIVERSIDADE CULTURAL DO BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção de grau de Licenciado em Educação do Campo/Ciências da Natureza, pela Universidade Federal do Piauí, campus Senador Helvídio Nunes de Barros. Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Xxxxxx Xxxxx Banca Examinadora: (Assinatura) Prof(a). Dr(a). Todos deviam ser respeitados como indivíduos, mas ninguém deveria ser idolatrado. Albert Einstein. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo realizar uma reflexão por meio de pesquisas bibliográficas a respeito da cultura africana desde o descobrimento do Brasil até os dias de hoje. Sendo necessárias essas reflexões para conseguirmos entender um pouco mais a respeito de nossa construção social e assim conseguirmos respeitar a diversidade que se encontra no país.
A importância do trabalho se apresenta quando refletimos a respeito da cultura e identidade dos africanos por meio da sua história, quando chegaram a nosso país para trabalharem como escravos nas lavouras no período colonial. Keywords: Cultural Diversity. African Culture. Cultural Identity. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 11 2. As diferenças raciais e culturais 34 3. O racismo na modernidade 36 3. Brasil: um país de diferenças e preconceitos 37 3. Cultura afro-brasileira 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 REFERÊNCIAS 44 1 INTRODUÇÃO Desde o descobrimento do Brasil nossa construção cultural recebeu as mais diversas constribuições, inicialmente os povos indígenas que habitavam a América, após os europeus, africanos, tornando a cultura do nosso país uma grande micigenação. Essas variações étnicas se refletem no espaço onde se inicia a vida cultural de um povo, a escola.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3. Cultura e Identidade Cultural A palavra cultura muitas vezes é interpretada com o sentido de conhecimento. É comum ouvir-se as pessoas falarem que “alguém não tem cultura”. Neste sentido, para tratar da questão da cultura é preciso de início saber que se está lidando com um termo esquivo, dado a muitas definições e repleto de ambiguidades. Se fôssemos tomar como definição o que diz os verbetes dos dicionários, pelo menos em suas primeiras acepções, correríamos o risco de não avançar muito. Ou ainda: de como as diferenças se transformaram em desigualdade. na medida em que pensa todos os fazeres humanos como cultura, ela não dá conta da hierarquização desses fazeres e o peso distintivo que possuem dentro de uma determinada formação social (Canclini, 1983:28).
Por isso Canclini propõe restringir o uso do termo cultura na seguinte forma, Produção de fenômenos que contribuem, mediante a representação ou reelaboração simbólica das estruturas materiais, para a compreensão, reprodução ou transformação do sistema social, ou seja, a cultura diz respeito a todas as práticas e instituições dedicadas à administração, renovação e reestruturação do sentido (CANCLINI, 2003, p. Ainda fazendo a crítica dos conceitos de cultura, Canclini se opõe as conceituações de inclinação idealista, que a vê apenas como ligada ao campo das crenças, dos valores e das idéias. Canclini afirma que sua proposição de conceituação de cultura não se encaminha no sentido de identificar o cultural com o ideal, nem o de material com social, nem sequer imagina a possibilidade de analisar esses níveis de maneira separada.
Para a manutenção desse cuidado era preciso a preservação da memória e a transmissão de como deveria se processar esse cuidado, daí o vínculo com a educação a ao cultivo do espírito. O homem culto teria então uma interioridade "cultivada para a verdade e a beleza, inseparáveis da natureza e do sagrado". Chauí, 1986, p. A partir do século XVIII o termo cultura vai se ligar ao vocábulo civilização. Essa ligação se estabelecerá positiva ou negativamente conforme a linha de pensamento. Nesse sentido surge volkslied para designar canção popular, volksmärchen para falar de conto popular e ainda outros termos surgidos posteriormente em outros países. De todo modo, a Alemanha teve a primazia na criação desses termos (BURKE, 1989, p.
Ainda de acordo com Burke (1989) “Se a Alemanha teve precedência sobre os outros países europeus na elaboração desses novos termos, é na obra de J. G. Herder e dos irmãos Grimm onde melhor se definem as concepções e valorizações das produções populares”. Identidade s. f. estado do que não muda, do que fica sempre igual 2 consciência da persistência da própria personalidade 3 o que faz com que uma coisa seja a mesma (ou da mesma natureza) que outra 4 conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa e graças as quais é possível individualizá-la 5 igualdade entre as expressões, que se verifica para todos os possíveis valores atribuídos às variáveis que elas contêm.
Dicionário HOUAISS, 2001) A complexidade em torno do assunto surge juntamente com os processos da modernidade, pois tanto a industrialização quanto a urbanização e o êxodo rural, aproximaram as pessoas de realidades distintas das quais estavam inseridos anteriormente. O referencial identitário destes sujeitos era nitidamente menos amplo, em termos territoriais e nacionais, e geralmente continha os valores das pequenas comunidades em que viviam, dando a impressão de uma identidade íntegra e bem delineada, pois justamente pelo fato de não possuírem acesso a outras identidades, não questionavam sobre o seu pertencimento nessas comunidades (BAUMAN, 2005; HALL, 2007). Os fluxos migratórios e de capital, as tecnologias, os meios de transporte, as mídias, etc. além de diminuírem as distâncias formais entre os países, reorganizam as maneiras dos indivíduos se localizarem no mundo e imaginarem seus arcabouços culturais.
Ao longo do século XX, segundo Martin-Barbero (2006) Houve uma expansão da identidade e de cultura ocasionada pelo fluxo maior de informações e os contatos com realidades distintas surgiram diversas alternativas que não se enquadravam nos limites territoriais, assim, dentro de um mesmo país, percebeu-se a existência de várias culturas. Os projetos nacionais eram abrangentes e ‘homogeneizadores’ demais, e não focavam nas diferenças. Foram então desenvolvidas novas maneiras de autoafirmação e de atuação concreta destes grupos, que reclamavam e negociavam seu reconhecimento e o respeito à diversidade. comenta que “A relação entre o indivíduo e o resto do mundo se fluidifica, mas diversas “fronteiras” impedem a total liquidificação das relações identitárias na globalização”. Hall (2007) sintetiza três motivos que impedem esse processo.
O primeiro, já comentado acima, seria a vontade de diferenciar-se e o consequente delineamento das identidades locais, influenciadas, dentre outros motivos, pela “mercantilização da etnia” e a alteridade, criando assim novas articulações entre o que se diz global e o que se acredita local. O segundo seria a afirmação de que a globalização não atinge todos os lugares da mesma maneira: ela seria distribuída de maneira desigual tanto a nível mundial quanto dentro das próprias sociedades, seguindo o que ele chama de “geometria do poder”. O terceiro seria a afirmação de que a globalização é um fenômeno que retêm em si apenas os aspectos ocidentais, mas as condições espaço temporais são cada vez mais aproximadas. Se pela teoria de Adorno e Horkheimer no século passado, na sociedade do capitalismo tardio as escolhas pessoais seriam cada vez mais cerceadas e “sequestradas” levando a um controle cada vez maior das estruturas de poder, percebe-se o discurso atual que relativiza este pensamento, falando sobre a diversidade de opções ocasionadas, sobretudo, pela mídia, e a constante transformação e mudança dessas opções culturais.
A identidade, para pensadores dos estudos culturais, é formada a partir de negociações e mediações entre o que lhes é proposto e o que lhes é assimilado. Essa diversidade nos dá a falsa impressão de que se pode escolher sempre e que as opções são variadas, desde a comida que se come em um restaurante self-service ou as roupas que se compra em um shopping Center, até questões mais profundas como a escolha do país onde vamos morar e da própria nacionalidade. O leque de opções em torno das escolhas individuais e coletivas é bem maior do que em momentos anteriores da história. Porém, quando se trata de identidades, a questão envolve outros fatores que nos são impostos. HUNTINGTON, 2007, p. Nesse sentido, fala-se em civilização, no singular.
Ser classificado como povo civilizado era bom, ser considerado um povo bárbaro era ruim. O conceito europeu de civilização estabeleceu critérios com base nos quais as sociedades poderiam ser julgadas e classificadas. Essa concepção era relevante porque, a partir dela, os europeus definiam quais eram as sociedades suficientemente “civilizadas” para integrar o sistema internacional dominado pela cultura européia. Huntington (2007) afirma ainda que, De todos os elementos culturais que caracterizam uma civilização, a religião é o mais importante porque transcende as fronteiras dos Estados e, muitas vezes, sobrevive a eles. Muitos Estados desapareceram sem que isto impedisse a manutenção e a expansão de identidade religiosa entre diversos povos. HUNTINGTON, 2007, p. Os elementos de identificação cultural variam muito de uma sociedade para outra e Huntington entende que a revitalização da religião no mundo reforça as diferenças culturais.
O autor diz que em larga medida as principais civilizações da História da humanidade identificaram-se com grandes religiões. No caso brasileiro, essa noção de tempo é percebida de maneira parecida, porém, foi o fim do período colonial que gerou uma espécie de fonte de legitimação para a nova situação, em contraste com a velha subordinação à metrópole portuguesa, gerando lentamente um sentimento de pertencimento à nação brasileira. Os motivos que levaram a esta identificação, ou seja, o fato de sentir-se brasileiro, por mais instintivo que possa parecer para alguns, são bastante complexos, ainda mais se levada em conta a enorme diversidade cultural e a extensão continental do território brasileiro. Renato Ortiz (1994, p. traça um histórico da busca pela identidade nacional, afirmando que há uma “história da tradição da cultura brasileira”, que varia ao longo dos anos e segundo os interesses políticos dos grupos que a elaboram.
O início das literaturas que trata do assunto data de meados do século XIX. Mesmo sem poder demonstrá-la eles a conservavam. Devido a estas misturas a diversidade cultural brasileira é vasta. Na atualidade mesmo com manutenção de vários padrões de comportamento, de beleza, os documentos relacionados à educação brasileira outorgam que somos um país construído tendo por base a diversidade cultural. O tema da identidade, no entendimento de Habermas (2000, p. “representa uma perene indagação do discurso filosófico”. Mas, é claro, devemos ter sempre em mente, quando procuramos precisar essas formas diversas de identidade humana de que se fala tanto hoje, a origem do termo ligada à idéia de um elemento ou conjunto de elementos que compõe o núcleo essencial de algo.
Mas, podem-se ensejar objeções contundentes à própria possibilidade de identificar uma identidade em conjuntos complexos como países. Quando se trata de diversidade cultural, os estudos de Silva (2005) mostram que, Apesar da diversidade cultural registrados nos documentos oficiais, porque os bancos escolares são freqüentados por alunos de diferente origem étnico-raciais e gênero, os conteúdos programáticos dos livros didáticos e dos currículos escolares apresentam ainda como padrão o homem, branco e heterossexual. nos currículos escolares e nas falas dos professores, ainda há uma invisibilidade ou a visibilidade subalterna de diversos grupos sociais, como os negros, os indígenas e as mulheres. SILVA, 2005, p. Para tanto, é preciso desconstruir, pluralizar, ressignificar, reinventar identidades e subjetividades, saberes, valores, convicções, horizonte de sentidos. Somos obrigados a assumir o múltiplo, o plural, o diferente, o híbrido, na sociedade como um todo (CANDAU, 2005, p.
Entende-se que falar sobre diversidade não pode ser só um exercício de perceber os diferentes, de tolerar o “outro”. Antes de tolerar, respeitar e admitir a diferença é preciso explicar como essa diferença é produzido e quais são jogos de poder estabelecido por ela. Para melhor compreensão, Silva (2000) compara a diversidade cultural à diversidade biológica afirmando que, A diversidade biológica pode ser um produto da natureza, mas o mesmo não se pode dizer sobre a diversidade cultural, pois, de acordo com autor, a diversidade cultural não é um ponto de origem, ela é em vez disso um processo conduzido pelas relações de poderes constitutivos da sociedade que estabelece “outro” diferente do “eu” e “eu” diferente do “outro” como uma forma de exclusão e marginalização.
Aspectos da Diversidade Cultural Perante ao Novo Paradigma de Inclusão Social A diversidade cultural vem, gradualmente, merecendo a atenção de muitos estudiosos e ampliando sua visibilidade na sociedade civil. De acordo com Mór (2005), “como em todo processo dialético, torna-se complexo identificar onde a questão se origina e se consolida se parte da sociedade civil para a academia, ou vice-versa”. Porém, as investigações acadêmicas e as publicações de artigos e reportagens em revistas e jornais nos apontam a percepção das Américas para as suas faces multiculturais e os inegáveis conflitos gerados ou assumidos em face de tal fato. Quando se fala em inclusão social falamos também em exclusão social que compreende todas as pessoas até então excluídas dos sistemas sociais comuns.
Também designados grupos ou segmentos “minoritários”, essas pessoas deverão ser incluídas pela mudança de paradigma da Inclusão Social, onde a sociedade se forma para adaptar às necessidades das pessoas. processos como a escravidão, o colonialismo, a guerra, a migração e a globalização contemporânea têm levado populações a se dispersar através das fronteiras e a se fixar em novas áreas. Isso leva à emergência de sociedades que são compostos culturais, ou seja, cuja população é feita de um número de grupos de diversas formações culturais, étnicas e linguísticas. GIDDENS, 2005, p. Na prática diária, observa-se que além das diferenças culturais, a sociedade lida ainda com os chamados “excluídos”: deficientes, negros, mulheres, idosos, moradores de rua, indígenas, homossexuais, crianças e adolescente em conflito com a lei.
Segundo Sassaki (2007, p. Os traços negróides, especialmente numa pessoa por quem se tem amizade, simpatia ou deferência, causam pesar, do mesmo modo por que o causaria um “defeito” físico. NOGUEIRA, 2006, p. O preconceito no Brasil, ainda de acordo com Nogueira (2006, p. Segregaciona um determinado grupo, isso é acarretado por uma ideologia que prega a supremacia de um povo, de uma raça, ou mesmo de uma cultura sobre outras, expressando-se de diversas maneiras: em nível cultural, religioso, biológico. Na concepção de valores, e em nível institucional, legalizado. Os efeitos dessa história ecoam até hoje nas condições de desigualdade social e econômica enfrentada pela população negra e mestiça no Brasil. Muitas vezes um olhar de desdém ou um sorriso de escárnio indicam o sentido da mensagem, o portador do conjunto de características físicas visadas pelo preconceito já sabe o que o espera e já tem de antemão a expectativa de vê-lo manifestar-se.
O corpo do negro já o condena, já o desvaloriza e o inferioriza. Ainda na concepção de Lopes (2006) “É fundamental, para um desenvolvimento tranquilo, que a criança se sinta valorizada pelo seu corpo, seu intelecto e sua moral e é essa experiência de valorização da sua imagem que o preconceito racial tenta impedir na criança e no jovem negro”. Inocêncio (2006) trata do preconceito de marca, que é aquele preconceito vinculado, principalmente à aparência das pessoas. Mitos que precisam ser desmistificados. Os educadores precisam colaborar para a desconstrução dos estereótipos e clichês que fundamentam o racismo no nosso país, contrapondo-se ao olhar eurocêntrico sobre o corpo negro. Quando um ser nega a diversidade cultural humana, ou seja, quando tem uma visão do mundo em que existem culturas superiores ou inferiores umas ás outras, não se incentiva o diálogo intercultural e não se aceita o multiculturalismo, muito pelo contrário, então esse ser é considerado racista, pois os seus ideais/crenças entram em confronto direto com a realidade da diversidade cultural.
Quando se trata de questão racial, Santos (2006) afirma que, Ela compõe o conjunto das relações sociais cotidianas. Tal questão encontra-se no cerne para o desvendamento de arraigados princípios de hierarquização que marcam a produção e reprodução das desigualdades na sociedade brasileira. No entanto, não afetam igualmente a todos os grupos sociais e culturais, nem a todos os países e, dentro de cada país, às diferentes regiões e pessoas. São os considerados “diferentes”, aqueles que por suas características sociais e/ou étnicas, por serem “portadores de necessidades especiais”, por não se adequarem a uma sociedade cada vez mais marcada pela competitividade e pela lógica do mercado, os “perdedores”, os “descartáveis”, que vêm cada dia negado o seu “direito a ter direitos”.
p. Observa-se que as demandas multiculturais vêm proporcionar uma crescente ampliação nos direitos constitucionais na maioria dos países ocidentais. Entretanto, não bastam somente as lutas pelo reconhecimento serem traduzidas em termos normativos constitucionais, mas também em termos de ações políticas no campo institucional mediante a realização de políticas públicas que buscam afirmar e administrar as diferenças culturais, e identitárias utilizando estratégias que contemplem componentes linguísticos, sociais, econômicos, educativos, entre outros. O multiculturalismo liberal de esquerda encontra-se mais atento aos modos de operar do poder e do privilégio e sublinham as diferenças culturais ditadas por classe, raça e sexualidade; enquanto que o multiculturalismo crítico ou de resistência, não satisfeito em apenas desestabilizar os sentidos dominantes na sociedade, visa transformar as próprias condições sociais e históricas que naturalizam os sentidos culturais.
Para ele não existe uma humanidade comum, mas apenas identidades definidas pelos contextos de poder, de discurso ou de cultura. De acordo com Taylor (2004), “todas as sociedades estão se tornar-se cada vez mais multiculturais e, ao mesmo tempo, mais permeáveis”. Tudo isso induz à questão da imposição de algumas culturas sobre as outras. E considera-se que, neste aspecto, as sociedades liberais do Ocidente são extremamente culpadas, em parte devido ao passado colonial, em parte devido à marginalização de segmentos de sua população oriundos de outras culturas. Sociedades pluriculturais coexistiram em todas as épocas, e hoje, estima-se que apenas 10 a 15% dos países sejam etnicamente homogêneos. É importante destacar que adversidade cultural e étnica muitas vezes é vista como uma ameaça para a identidade da nação.
Em alguns lugares o multiculturalismo provoca desprezo e indiferença, como ocorre no Canadá entre habitantes de língua francesa e os de língua inglesa. Mas também pode ser vista como fator de enriquecimento e abertura de novas e diversas possibilidades. Charles Taylor (2004) acredita que toda a política identitária não deveria ultrapassar a liberdade individual. Pluralismo Cultural A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, como coloca Arendt (2007): humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir. A três atividades e suas respectivas condições têm íntimas relações com as condições mais gerais da existência humana: o nascimento e a morte, a natalidade e a mortalidade.
O labor garante não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a vida da espécie. O trabalho e seu produto, o artefato humano, emprestam certa permanência e durabilidade à fertilidade da vida mortal e ao caráter efêmero do tempo humano (ARENDT, 2007). A ação, na medida em que se empenha em fundar e preservar corpos políticos cria a condição para a lembrança, ou seja, para a história. Para evitar erros de interpretação, Arendt indica que: “a condição humana não é o mesmo que a natureza humana, e a soma total das atividades e capacidades humanas que correspondem à condição humana não constitui algo que se assemelhe à natureza humana”. Nem o pensamento e a razão, e nem mesmo a mais meticulosa enumeração de todas elas, constituem características essenciais da existência humana no sentido de que, sem elas, essa existência deixaria de ser humana.
A mudança mais gritante da condição humana que se pode imaginar seria a emigração dos homens da Terra para algum outro planeta. Tal evento, já não inteiramente impossível. Conforme Arendt (2007), “O homem teria que viver sob condições, feitas por ele mesmo, inteiramente divergente daquelas que a Terra lhe oferece. LOPES, 2007, p. Então se conclui que há uma ideia de superioridade quando, por meio de práticas racistas, existe a intenção de tornar menor o outro, seja ele de outra classe, cor, nacionalidade, etnia. o racismo é uma ilusão de superioridade. O racista se acha superior àquele a quem se compara: ele nasceu pra mandar e o outro, visto como inferior a ele, para obedecer. O racismo, então, é antes de tudo é uma expressão de desprezo por uma pessoa.
Aqueles que não fossem cristãos eram discriminados e até perseguidos, os judeus, por exemplo, nessa época, passaram a ser perseguidos pelo grande poder do cristianismo: Com o advento do cristianismo, os judeus passaram a ser acusados de responsáveis pela crucificação e morte de Jesus. Mas segundo o filósofo Francês Jean-Paul Sartre, essa acusação seria apenas uma estratégia e propaganda cristã, já que o suplício da cruz era criação dos romanos, e Cristo, na época considerado um agitador político, foi sabidamente executado pelo poder colonial romano (LOPES, 2007, p. Durante esse período ocorrem as cruzadas, denominada uma guerra santa que dá continuidade a uma sequência de atrocidades racistas cometidas principalmente contra os judeus. Também era atribuída a eles a culpa do surgimento de pragas e doenças existentes naquela época (LOPES, 2007 p.
E essa influência racial e religiosa perdurará até o fim da idade média. Além da escravidão na América, o racismo teve sua legalidade na África do Sul: Na África do Sul, o racismo institucionalizado, (apartheid) teve inicio com a chegada dos colonizadores holandeses em 1652, seguido pelos britânicos e franceses. Através dos séculos, esses colonizadores brancos criaram na África do Sul todas as formas possíveis de despojar e oprimir os habitantes negros em proveito de seus interesses (AZEVÊDO, 1987, p. Em 1910 foi aprovado na União Sul- Africano uma legislação segregacionista onde os negros eram privados do voto, não podiam ter terras e ficavam sem os maiores direitos de cidadão (LOPES, 2007, p. A minoria dominante procurava pulverizar o poder dos negros, dividindo as etnias.
E, nessa estratégia, o fortalecimento da ideia dos territórios rurais e nativos, os bantustões, teve papel fundamental. Brasil: um país de diferenças e preconceitos Assim que os portugueses chegaram ao Brasil por volta do século XVI, iniciou-se um processo gradativo de discriminação racial, pois eles tomaram as terras que outrora eram dos índios. Mais tarde, utilizando a mão de obra escrava dos negros, impulsionaram a economia de seu país, explorando todas as riquezas brasileiras. Com o fim da escravidão, o Brasil começa a utilizar o trabalho dos imigrantes, os europeus principalmente italianos começam a vir e dessa maneira que é composta a sociedade brasileira, negros, brancos, índios, asiáticos, europeus entre outros. O Brasil é um país rico em diversidade étnica e cultural.
Coexistem no país culturas singulares, ligadas à identidade de origens de diferentes grupos étnicos e culturais. Surge então no Brasil um ideário de branqueamento que alimentou a noção de democracia racial, apoiando a partir da década de 1930 uma ideia do mestiço como símbolo da sociedade brasileira (SILVA, 2008, p. Porém o que mostravam os estudos era uma grande diferença entre negros e brancos colocando um fim na concepção de democracia racial: Os resultados, porém, particularmente dos estudos no Rio de Janeiro e em São Paulo, apontavam as grandes desigualdades entre brancos e não brancos no País. O projeto foi significativo para a critica à concepção de “democracia racial” e para a mudança de concepção no campo das Ciências Sociais (particularmente da sociologia).
SILVA, 2008, p. Pode-se afirmar que o Brasil é um país com uma grande diversidade cultural e racial, fruto de uma construção sociocultural e interfere mesmo que de maneira silenciosa na vida das pessoas. Com o fim da escravidão no Brasil (1888), começa um lento processo de reinterpretação da cultura africana. Em meados do século XX, a elite brasileira começa a enxergar alguns aspectos culturais africanos como expressões artísticas legítimas e que representam a identidade nacional. A cultura africana tornou-se tão importante para o Brasil que em 23 de fevereiro de 2003 foi promulgada a lei 10. que alterou a Lei nº. a LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), tornando obrigatória a inclusão nos currículos da Educação Básica a História e Cultura Africana e Afro-brasileira.
Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os Sudaneses. Os bantos foram assim, classificados devido à relativa unidade linguística dos africanos oriundos de Angola, Congo e Moçambique. Vainfas destaca que: Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na região sudeste, mas espalhados por toda a parte, inclusive na Bahia. …) Os Bantos oriundos do Congo eram chamados de congo, muxicongo ,loango, cabina, monjolo, ao passo que os de Angola o eram de massangana, cassange, loanda, rebolo, cabundá, quissamã, embaca,benguela. VAINFAS, 2001, p. Uma vez que, eles não temeram em “inventar códigos de comportamentos e de recriarem práticas de sociabilidade e culturais” (Paiva 2001, p. Assim, este cruzamento foi resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil.
Segundo Paiva (2001, p. pode-se caracterizar este cruzamento cultural como resultante de uma aproximação entre universos geograficamente afastados, em hibridismos e em impermeabilidades, em (re) apropriações, em adaptações e em sobreposição de representações e de práticas culturais. Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Essas trocas culturais contribuíram para a formação de uma cultura híbrida e bastante rica. No que se refere à contribuição africana é evidente, principalmente, na culinária, dança, religião, música e língua. A influência do negro, de acordo com Paiva (2016) apesar de não ser aceita em muitas regiões foi automaticamente se implantando e sendo incorporada ao dia-dia da nação, contribuiu principalmente nos setores: Música: além do samba, que é o estilo brasileiro mais famoso no mundo, outros ritmos também vieram da mãe África: Maracatu, Congada, Cavalhada, Moçambique.
Culinária: ingredientes como o leite de coco, a pimenta malagueta, o gengibre, o milho, o feijão preto, as carnes salgadas e curadas, o quiabo, o amendoim, o mel, a castanha, as ervas aromáticas e o azeite de dendê não eram conhecidos nem usados no Brasil antes da chegada deles. Muitos pratos conhecidos e apreciados aqui vieram de lá: vatapá, o caruru, o abará, o abrazô, o acaçá, o acarajé, o bobó, os caldos, o cozido, a galinha de cabidela, o angu, a cuscuz salgado, a moqueca e a famosa feijoada. A maior parte das palavras que enriqueceram o vocabulário brasileiro vieram do quimbundo, língua do povo banto. Na época da escravidão, o quibundo era a língua mais falada nas regiões Norte e Sul do país.
PAIVA, 2016) 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este trabalho foi possível analisar que as diferenças raciais são proeminentes desde os tempos da colonização. Desde os primórdios do desenvolvimento do Brasil, quando as grandes fazendas começaram a ter destaque na econômia e o trabalho escravo foi essencial para esse desenvolvimento, a população incutiu em sua cultura o preconceito contra este povo. A identidade cultural brasileira é uma fusão de diversas culturas, que ao longo do tempo foram se unindo e criando um país rico em diversidade. Traduzido por Flávio Beno Siebeneichler. In: Éthica – Cadernos Acadêmicos, volume 7. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 2006. ARENDT, H. Origens do Totalitarismo. ed. Rio de Janeiro, RJ: Dumara, 2000. AZEVÊDO, E. Raça Conceito e preconceito. São Paulo; Ática 2007.
Dicionário de Filosofia. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 2007. BURKE, Peter. Cultura popular na idade moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. v. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. GIDDENS, Anthony. Cap. Cultura e Sociedade. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. Petrópolis-RJ: Editora Vozes; 2000. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Ed. DP&A, 2007. Brasília. LOPES, N. O Racismo explicado aos meus filhos. Rio de Janeiro; Agir; 2007. MARTIN-BARBERO, Jesus. Rio de Janeiro; Editora unijui; 2004. MÓR, W. M. Língua e Diversidade Cultural nas Américas Multiculturais. Disponível em: <http://tede. A República. São Paulo; Martin Claret; 2007. SANTOS, Luiz Carlos dos. A presença negra no Brasil.
In: Educação africanidades Brasil. In; SILVA, Tomaz Tadeu (org). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos culturais. Petrópolis-RJ: Editora Vozes; 2000. SILVA, Ana Célia da. Desconstruindo a Discriminação do Negro no Livro Didático – Salvador, BA, EDUFBA, 2005. São Paulo; 2002. TAYLOR, C. Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. THOMPSON, John B. Dissertação de mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. WEDDERBURN, C. M. O racismo através dos tempos: da antiguidade a modernidade. São Paulo; 2007.
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