GOVERNANÇA GLOBAL E DESENVOLVIMENTO: OS DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Ciências Políticas

Documento 1

A importância da sustentabilidade neste processo também é valorizada neste trabalho, bem como o papel da governança, entendida como uma maneira política de solução dos conflitos existentes. Palavras-chave: Globalização. Sustentabilidade. Desenvolvimento Sustentável. Governança. A globalização das economias iniciada na década de 1980 alterou significativamente a ordem econômica mundial, e o desenvolvimento tecnológico acelerou o processo derrubando barreiras da distância e das diferenças culturais existentes entre os países, ocasionando uma mundialização das coisas. Como resultado, tem-se as a crescente escala de comércio de mercadorias de todos os tipos para além-fronteiras, o desenvolvimento das ciências e tecnologias, a crescente nova divisão do trabalho, além da diminuição dos custos de produção e investimento, o que permite uma coordenação global da produção (CORDEIRO, 2013, p.

Sendo um processo irreversível e trazendo de certa maneira vantagens de conceitualização global, que isoladamente não seria possível, o desenvolvimento das economias enfatiza para uma necessidade de fazer com que o processo seja sustentável, ou seja, que o ato de desenvolver seja pautado em condições econômico-ambientais com preservação e gerência dos recursos naturais, segundo Chacon, 2017, criando uma nova ordem mundial mais homogênea entre todos. A globalização remete a ideia de entrelaçamento do territorial com o global, recriando de certa forma o local, e estas novas reconfigurações espaciais do território exigem nova racionalidade social, valorizando as particularidades, as capacidades e potencialidades de cada um, inerentes a prática da livre competitividade, necessitando porém de processos de desenvolvimento descentralizados.

A sustentabilidade tomou lugar de destaque nas negociações concernentes ao desenvolvimento sustentável. Até cogitou-se um universo habitado por "objetos móveis" (Jacques Attali) em incessante deslocamento de um lugar a outro do planeta. Além dessas metáforas, o escritor cita as expressões utilizadas na tentativa de descrever a tal globalização: "economia ou sistema-mundo" , "shopping center global", "[. nova visão internacional do trabalho", "moeda, cidade e capitalismo global", "mundo sem fronteiras", "[. desterritorialização" , "fábrica global", dentre outros, (IANNI, 2001, p. A metáfora “fábrica global” assim como sugerido por Ianni, torna-se uma realidade, instalando-se “além de toda e qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas”. Ocidentalização é a descrição de globalização que melhor explica a modernização.

Neste aspecto são descritos questões próprias da modernidade ocidental, como: capitalismo, industrialismo, racionalismo e a burocracia, e geralmente associadas a destruição e descaracterização das culturas. Assim, localismos globalizados partiriam do mundo ocidental desenvolvido, e os globalismos localizados seriam referência das sociedades não-ocidentais especializadas em produzir as versões dos produtos globais. Scholte lembra que a literatura, em referência a ocidentalização, reforça a existência de um processo de imperialismo cultural do ocidente, responsável pela “americanização” do mundo. Na última perspectiva proposta por Scholte, a globalização é definida diante de um processo de desterritorialização das relações sociais. efetivou-se uma significativa ‘subproletarização’ do trabalho, decorrente das formas diversas de trabalho parcial, precário, terceirizado, subcontratado, vinculado à economia informal, ao setor de serviços etc”.

Dejours (2004, p. um psiquitra francês estudioso da contemporaneidade do trabalho chama a atenção para o fato de que “[. a evolução contemporânea das formas de organização do trabalho, de gestão e de administração, depois da virada neoliberal, repousa sobre princípios que sugerem, precisamente, sacrificar a subjetividade em nome da rentabilidade e da competitividade” , referindo-se a submissão do indivíduo ao capital. Nas relações entre produção e poder, Cox (1987) analisa que o poder das relações sociais de produção dá origem às forças sociais, essas por sua vez se tornam as bases do poder nas formas do Estado e estes, como detentores do poder, moldam a ordem mundial. O Desenvolvimento Sustentável nas Economias Globalizadas Desde que surgiu pela primeira vez em 1987, na Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, o termo desenvolvimento sustentável tem sido constantemente utilizado para os mais diversos fins, inclusive de cunho político e em textos governamentais.

Seu uso a princípio, na Comissão de Brundtland, (apud Barbosa, 2008, p. foi para alertar sobre as mudanças climáticas que aconteciam diante da crise social e ambiental vista em todo o planeta a partir do século XX, onde as populações marginalizadas das comunidades globalizadas estavam à mercê de políticas e incentivos sugeridos com a integração das economias mundiais, necessitando assim conciliar “a garantia de bem-estar aos indivíduos, quanto à conservação e utilização racional dos recursos naturais” (BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLEICHER, 2004 apud HOLZMANN, 2014, p. O relatório de Brundtland chamou a atenção para a necessidade de desenvolver mas sem reduzir os recursos naturais e sem causar danos ao meio ambiente. “Além disso, definiu três princípios básicos a serem cumpridos: desenvolvimento econômico, proteção ambiental e equidade social” (BARBOSA, 2008, p.

A Governança Global para o desenvolvimento econômico sustentável A definição para o termo governança é de uso amplo, usado a muito tempo, como escreveu Kjaer (2004, p. num sentido de importância ao bem-estar dos cidadãos. Primeiramente, ligado ao um sentido governamental referenciado pelo poder político dos líderes (government), sendo que a partir da década de 80, segundo a escritora, o termo ressurgiu com nova abrangência de significado, sendo usado largamente para além dos processos, personagens e instituições, não especificando um conceito facilmente definido, mas com a conotação de que a governança recaía sobre a ideia de busca de objetivos comuns, operada por instituições transacionais governamentais ou não, interorganizacionais ou não. Kjaer, traz abaixo as definições usadas pelos escritores Rhodes, 1997, Rosenau, 1995 e Hyden, 1999, respectivamente, a)Governança refere-se a redes autoorganizáveis e interorganizacionais caracterizado pela interdependência, troca de recursos, regras do jogo e significativa autonomia do estado; b)A governança global é concebida para incluir sistemas de regras em todos os níveis de atividade humana - da família à comunidade internacional organização - em que a busca de metas através de o exercício do controle tem repercussões transnacionais; c)A governança é a administração da política formal e informal de Regras do jogo.

Governança refere-se àquelas medidas que envolvem o estabelecimento de regras para o exercício do poder e resolução de conflitos sobre as tais regras, (apud KJAER, 2004, p. são considerados três conceitos para a governança: Governança Corporativa6, Governança Multinível e Governança sem Governo. Neste trabalho a abordagem é para o conceito de Governança Multinível, que como Iahn Filho, 2011, definiu é o processo de negociação entre governos de diversos territórios, ou de forças políticas que atuem muito além das esferas públicas – consequência da interdependência entre os diversos governos globais, bem como da interdependência das políticas não governamentias. James Rosenau, 2000 (apud BENTO, 2007, p. refere-se aos deslocamentos das relações de autoridade entre as autoridades além-governo, e a sua recolocação em múltiplos níveis, deixando de ser a governança “do global” para ser “no global”, criando uma tensão permanente entre o global com o local, e esta significância parte do princípio da fragmentação da autoridade que se desloca tanto para baixo, em direção as formas de governo local, quanto para cima, no relacionamento com estruturas regionais e até mundiais, e mesmo para os lados, no que tange aos relacionamentos com a sociedade civil e os diversos atores do mercado.

Sendo a governança ligada desde a década de 90 às questões do desenvolvimento, e concordando que não há uma definição universalmente aceita, Chibba, 2009, relata que além da corporativa, a governança também é tratada como na sua relação entre o Estado e a sociedade, repercutindo no modo como a nação é governada aí incluindo “suas instituições, políticas, leis, regulamentos, processos e mecanismos de supervisão”, depois, com relação ao “cenário cultural e ideológico, pois a governança é percebida e moldada por valores, cultura, tradições e ideologia” (CHIBBA, 2009, p. Em suma, a boa governança tem como significado o declarado pelo World Bank (CORDEIRO, 2013, p. como um meio de combate a corrupção nos governos de países em desenvolvimento e, dentre outros, está voltada para: a proteção universal dos direitos humanos, o estado de direito livre de discriminação, liberdade de expressão e nas informações, justiça eficiente e imparcial, transparência nas informações e nas decisões públicas, responsabilidade pela coisa pública, gestão pública participativa da comunidade, além da promoção de mercados competitivos.

Zartman (1997, apud CORDEIRO, 2013, p. define a governança como o gerenciamento de conflitos, não apenas do governo local para as ameaças externas, mas também o esforço contínuo para lidar com os conflitos internos, referentes as demandas da sociedade local que necessitam ser atendidas mas dentro de um consenso de valores que promovem o desenvolvimento de maneira geral, e dentro das prerrogativas tratadas de maneira universal. ANÁLISE E DISCUSSÃO 3. Visto isso, fica claro que a internacionalização não tem os fluxos de trabalho e capial equilibrados para todos os lados, fazendo com que uns padeçam pela falta de emprego e renda, ou sobrevivendo do subemprego. Para o homem onde o trabalho significa a sobrevivência e sendo cercado o tempo todo de coisas para consumir e que custam um determinado valor, sua única possibilidade de ter o que quiser é mediante a troca da sua força de trabalho por dinheiro.

Annah Arendt (apud FERREIRA, 2016, p. destacava a forte tendência das teorias do trabalho em reduzi-lo à condição de prover o próprio sustento, como oposto a diversão, nesta visão a emancipação do trabalho significa emancipar-se para poder consumir. O tempo livre do homem na referência, seria usado para consumir as superfluidades da vida e não o seu descanso ou lazer, segundo a escritora. Então, quem sofre verdadeiramente com a crise migratória são esses países e aqueles que ficam no meio do deslocamento dessa gente toda. O superpoamento das regiões provoca outros desafios além do desemprego, como a ocupação irregular e catastrófica das cidades, que acarretam o desgaste dos recursos naturais além dos gastos públicos advindos das doenças causadas em grande parte pela poluição.

Tendo em vista o crescimento desordenado das cidades com o aumento populacional, a falta de infraestrutura e os problemas advindos destes ao meio ambiente como um todo, tem surgido um tema que visa dar suporte a criação de um novo paradigma, que são as cidades inteligentes (CADERNOS FGV PROJETOS, 2015, p. A Universidade de Tecnologia de Viena apresenta seis pilares que sustentam a ideia de Smart City, ou cidade inteligente, que seriam: “economia, mobilidade, governança, meio ambiente, qualidade de vida e capital humano” (CADERNOS FGV PROJETOS, 2015, p. Este envolvimento de todos os setores partiria da ação conjunta de todos os atores envolvidos, desde o político até a sociedade civil. O compromisso comum assinado refere-se a manter o aumento da temperatura média global em menos de 2ºC acima dos níveis da era pré-industrial e para conseguir esta meta cada país precisa cumprir com seus esforços.

Porém, em 2017 os EUA retiraram-se do acordo alegando desvantagem para a economia e os trabalhadores americanos. Esta retirada dos EUA de um acordo tão importante tem gerado descontentamento dos que permaneceram por entender que os Estados Unidos representam um dos maiores emissores de gases e sua saída comprometeria a meta, condenando o futuro com efeito devastadores, como o degelo nas geleiras e elevação do nível dos mares, eventos climáticos com riscos extremos, além do comprometimento do abastecimento de água e alimentos. A negociação da volta dos EUA deve passar por negociação, já alertado que terá que ser vantajoso para os EUA que se sente prejudicado com relação a outros países. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Globalização mudou drasticamente a vida de todos.

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