DocumentoMonumento de Jacques Le Goff

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Estatística

Documento 1

Por conta disso, mais do que em suportes escritos, os monumentos são materializados em obras arquitetônicas ou esculturais, como arcos de triunfos, colunas, estelas, lapides etc. No entanto, assim como o documento, o monumento é um sinal do passado. Já o documento, cuja origem vem da palavra latina documentum, mostrou uma evolução de significado, partindo de docere, ensinar, para o sentido de prova, no século XVII. Mas é somente no século XIX que o documento ganha o significado de testemunho histórico. Assim, no âmbito das escolas metódicas, o documento pareceu se opor por natureza ao monumento, uma vez que para os historiadores positivistas o documento era insuspeito de intencionalidade, diferentemente do monumento. Le Goff começa então a indicar o próximo passo na história dos documentos, no qual é enfatizado a importância, dali em diante, da documentação (essencialmente a escrita) para o historiador.

O documento se torna fundamental para a metodologia da História, que, diga-se de passagem, não é psicográfica, mas historiográfica. Porém, o conteúdo desses escritos começava a ganhar amplidão, e a necessidade de se utilizar textos para além dos oficiais, como escritos em línguas mortas, “fábulas, os mitos, os sonhos da imaginação”, modificava a postura dos pesquisadores. Já no século XX, não só o conteúdo ampliou-se, mas a própria noção de documento, que, a partir da Escola dos Annales, passa a incorporar as diversas formas de fontes históricas; passa a considerar “tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve ao homem, exprime o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem”.

Le Goff continua, fazendo citações de Bloch e Samaran, que apontam as vantagens de uma concepção abrangente de documento histórico, o que viria a preceder aquilo que ficou conhecido nos anos 1960 por revolução documental. O objetivo inicial da crítica era o de fazer a distinção entre documentos falsos e verdadeiros, o que requeria uma precisão na verificação das datas documentais. Um dos trabalhos mais significativos para a crítica medieval foi o de Lorenzo Valia, que mostrou para o Rei de Aragão e Sicília que a doação do Declamatio, supostamente feita pelo Imperador Constantino ao Papa, nunca ocorreu, pois o citado livro só fora publicado posteriormente em 1517. Em uma espécie de linha de sucessão, o autor elenca alguns críticos de documentos jesuítas, como Roswey, Bolland e Papenbroeck, que seriam, durante o século XVII, os predecessores de Mabillon, responsável pelo texto já citado, De re Diplomatica (1861), considerada obra fundadora da crítica moderna dos documentos.

Utilizando Bloch para saltar de meados do século XVII para o século XX, Le Goff evidencia o aprofundamento da crítica documental, feito pela Escola dos Annales, que considera insuficiente o que se vinha fazendo até então, que era a crítica do documento enquanto material falsificável. Era preciso confrontar o conteúdo dos textos, indo para além do trabalho técnico e verificar as categorias documento e monumento. O poder dominante não só transforma o documento em monumento, como também conserva o documento enquanto tal. E isso esconde o fato de que documentos não são objetivos, tais como os monumentos não são. Porém, o que naquela época, devido a revolução computacional e documental, passou a ser entendido como dado, tendia a ser encarado como possuidor de caráter positivo, logo, o ponto alto da crítica documental para Le Goff é a consideração do documento enquanto monumento, pois ele é possuidor de intencionalidade, tanto quanto o monumento.

Em seguida, Le Goff traça uma definição do que seria a nova prática do historiador, distinguindo-a entre o que ela foi do que ela deve ser: “A história, na sua forma tradicional, dedicava-se a 'memorizar' os monumentos do passado, [. nos nossos dias, a história é o que transforma os documentos em monumentos e o que, onde dantes se decifravam traços deixados pelos homens, onde dantes se tentava reconhecer em negativo o que eles tinham sido, apresenta agora uma massa de elementos que é preciso depois isolar, reagrupar, tomar pertinentes, colocar em relação, constituir em conjunto". O pesquisador deve utilizar-se do método estratográfico, os métodos da história ecológica, à fenologia, dendrologia, à palinologia, ou seja, tudo o que permite a descoberta de fenômenos históricos, que torna o documento/monumento um artificio não só da memória coletiva, mas também da ciência histórica.

VOCE ENTENDE A IMPORTANCIA DA FONTE E PERCEBE QUE UM JORNAL OU UM DOCUMENTO NÃO VIRA FONTE NO DIA SEGUINTE, ELA NASCE FONTE HISTÓRICA (SE O HISTORIADOR ESTIVER PRESENTE PARA LHE DAR UTILIDADE DE PESQUISA). Nem todo jornal é fonte histórica para um historiador (o todo e o particular das fontes históricas) O historiador é um investigador, que busca as evidências de um passado distante ou próximo, conservadas em sobras, sobras das experiências humanas que um dia existiram de forma pretérita. Muitas vezes, não conseguindo encontrar todos os documentos produzidos sobre um acontecimento, ou não existindo tantos documentos assim sobre o que se passou, por exemplo, em uma cidade brasileira do interior do Nordeste, o historiador é obrigado a montar um quadro limitado sobre um dado acontecimento, e ele acaba sempre reconstruindo uma história (pesquisada) da História (vivida).

Um passado filtrado por documentos que nunca darão conta de tudo o que aconteceu (em termos quantitativos e qualitativos).

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