Considerações sorbre Arte diagnostico e EFE
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Psicologia
Zimerman e Osório (1997) ao retomarem estudos clássicos de Levi-Strauss, Sigmund Freud e Pichon Rivière definem a família como um grupo, cujos objetivos são preservar a espécie e alimentar seus descendentes física e emocionalmente, a fim de contribuir para a transmissão e aquisição de valores e da cultura, bem como formar sua personalidade. Minuchin (1982) considera que a família é o contexto do adoecimento dos indivíduos, acreditando que as patologias derivam não só de questões intrapsíquicas, mas também dessa relação com seus genitores, irmãos e parentes extensos. Conforme Leão, Ferreira e Cenci (2014, pp. “a família é facilitadora de saúde emocional, na medida em que cada membro conhece e desempenha seu papel específico, mesmo que esses papéis passem por mudanças ao longo do tempo”.
As autoras Acosta e Vitale (2010, p. Para isso, recorreu-se a textos base sobre os dois instrumentos, fazendo uma revisão da literatura sobre os testes. Este estudo torna-se relevante devido a pouca difusão a respeito do ADF como estratégia de suporte à clínica da família entre os terapeutas de família no Brasil. DESENVOLVIMENTO Antes de analisarmos os pontos divergentes e convergentes ente o Arte-Diagnóstico Familiar (ADF) e a Entrevista Familiar Estruturada (EFE), é preciso conceituá-los e situar seus fundamentos, bem como seus métodos e resultados esperados. Tendo posse desse conhecimento, espera-se poder estabelecer um comparativo entre os dois instrumentos avaliativos a fim de apresentar uma conclusão sobre a aplicação na prática de ambos. Arte Diagnóstico Familiar (ADF) é uma técnica projetiva de avaliação, focada no presente, composta por seis tarefas, desenvolvida pela professora de arte-terapia Hanna Kwiatkowska (1975).
O ADF é aplicado com a família após traçarem os objetivos e as demandas do grupo. Desse modo, o terapeuta dará as instruções, enquanto que o co-terapeuta fará observações e registros ao longo da atividade, a fim de captar comportamentos e expressões não-verbais, bem como o envolvimento entre os familiares, apreendendo dessa forma os papéis assumidos por cada um durante a dinâmica. Assim, cada membro recebe um cavalete contendo seis folhas de papel de tamanho 18x24 cm e uma caixa com lápis cera de cores variadas (KWIATKOWSKA, 1978, pp. Eles precisarão assinar, datar e dar um título para cada desenho. Se não houver comentários após alguma elaboração, o terapeuta pode estimulá-los. RETRATO DA FAMÍLIA ABSTRATA (devem desenhar o que pensam ou sentem a respeito de cada um) “Agora vocês vão desenhar novamente os membros da sua família, incluindo você, mas dessa vez, sem rostos e corpos, usando cores e formas para representar cada um de vocês”.
É preciso entender o que foi desenhado! 4. RABISCO INDIVIDUAL (movimento mais relaxante) Convidamos a família a se levantar e a fazer exercícios com os braços quando estiverem com um giz de cera nas mãos. Os exercícios dão um relaxamento físico e emocional. Pedimos que desenhem no ar linhas retas balançando os braços de cima pra baixo. Em outro encontro, conforme explicado por (MACHADO, FERES-CARNEIRO e MAGALHÃES, 2008), o terapeuta se reúne novamente com a família para uma a devolução dos aspectos observados. O propósito deste encontro é entender simbolicamente o que cada desenho significa, já que a teoria se pauta na expressão de sentimentos inconscientes, assim eles podem vislumbrar a dinâmica familiar e sua demanda terapêutica. Não se buscou esgotar todos os aspectos referentes ao ADF, mas apresentar sua metodologia e fundamentos, de forma a fornecer pistas da sua adequação na prática clínica.
A seguir, o texto discutirá a Entrevista Familiar Estruturada (EFE) trazendo à luz seus preceitos a fim de contribuir para a presente análise. Entrevista Familiar Estruturada (EFE) foi elaborada por Féres-Carneiro (1979, 2005). As intervenções do entrevistador devem visar apenas três aspectos: “a compreensão, pelos membros da família, do que foi pedido por ele; a compreensão do material dado pelos membros da família; a participação de cada membro da família ou a explicitação da possibilidade de participação no que foi proposto” (FERES-CARNEIRO, 1997, p. A fim facilitar a visualização das tarefas, elaborou-se o quadro demonstrativo abaixo: Quadro 2 – Tarefas Entrevista Familiar Estruturada TAREFAS APLICAÇÃO Tarefa 1: "Vamos imaginar que vocês teriam de mudar-se da casa onde moram no prazo máximo de um mês.
Gostaria que vocês planejassem agora, em conjunto, como seria a mudança. O objetivo desta tarefa é verificar como a família funciona quando necessita fazer, em conjunto, algo que lhe é solicitado com certa pressão externa. Observa-se, a partir da dinâmica estabelecida, de que maneira se processa a comunicação na família, como cada membro assume seu papel familiar, como são as regras familiares sobre semelhanças e diferenças, como a família lida com o conflito quando este surge, se surgem e como surgem as lideranças e em que medida a integração grupai é capaz de levar o grupo familiar a ser produtivo e chegar a conclusões conjuntas, respeitando a individualização de cada membro. Essa tarefa, na medida em que impede que a palavra seja utilizada, pretende verificar principalmente se as regras familiares permitem o contato físico como manifestação da afeição.
É importante observar se ocorrem, e como ocorrem, os contatos físicos entre os membros do casal, entre os pais e os filhos, e entre os irmãos. Fonte: adaptado pela autora (FERES-CARNEIRO, 1997). A EFE visa analisar, como já foi mencionado anteriormente, dez dimensões do funcionamento da família. Feres-Careneiro (1997) caracteriza a comunicação como as ações verbais ou não que tem por finalidade transmitir uma mensagem. No que se refere à EFE, não se pretendeu esgotar a compreensão dessa estratégia avaliativa, pois se trata de um procedimento complexo, dinâmico, que requer treinamento específico para os facilitadores, a fim de que eles se apropriem da perspectiva sistêmica da família. Contudo, é possível verificar que a EFE apresenta os elementos necessários para a compreensão inicial da família, instrumentalizando o terapeuta das informações indispensáveis para iniciar a terapia, contribuindo para um planejamento adequado do processo.
CONCLUSÃO Minuchin (1982) considera que a família, como sistema organizado e complexo, acompanha as transformações sociais e sofre pressões a fim de manter sua finalidade precípua: o desenvolvimento psíquico e social dos partícipes. Da mesma forma, Souza e Chaves (2017) concluem sobre a importância de considerar as diferentes configurações da família moderna e que, justamente por isso, ela é plural, sofre modificações na história e inegavelmente exerce uma marca na formação do indivíduo. Do ponto de vista biológico, a hipótese de que a família se funda com o objetivo de garantir a segurança e sobrevivência dos filhos, já que estes não conseguem cuidar de si próprios logo após o nascimento, é chamada de condição neotêmica.
O entendimento da família no momento que busca ajuda, é focado em um membro da família, (paciente identificado). Assim, as entrevistas preliminares ajudam a construir a demanda coletiva e tira-se o foco desse membro em destaque. O que não significa que vamos desqualificar a queixa da família, a partir da queixa explicita e que vamos construir a demanda compartilhada e com isso a família entra em contato com a queixa latente, que ao longo do processo de avaliação isso fica mais explícito para família. Ou seja, é preciso verificar a disposição interna dos familiares, para que seja efetivada a construção de suas próprias motivações. Por meio de uma compreensão calçada na noção da circularidade, o psicoterapeuta ajudará a família a realizar a passagem da obrigação à elaboração da sua própria demanda de tratamento.
Machado, Feres-Carneiro e Magalhães (2008) alertam o psicoterapeuta de que é preciso considerar a complexidade do sistema familiar, especialmente no contexto da entrevista preliminar, a fim de evitar que a família se feche e não permita a sequência da intervenção. Dessa forma, a utilização de recursos diagnósticos como o ADF e a EFE contribuem para um ambiente menos defensivo e possibilita a emergência do material psicológico mais rapidamente na terapia. Somado a isso, a avaliação por meio da observação e da aplicação dos instrumentos ajuda o terapeuta a conhecer o mecanismo de funcionamento da família. Cabe ressaltar que além de aspectos disfuncionais, os instrumentos permitem levantar fatores promotores de saúde mental na família. É importante considerar que quando se fala em terapia de família, apesar da frequência que se usa o termo “demanda”, há que se ponderar que nem sempre a queixa é objetiva e clara para seus membros, requerendo uma observação do motivo latente, ou seja, algo inconsciente que mobiliza o grupo e gera ansiedade (NONATO MACHADO, FÉRES-CARNEIRO, SEIXAS MAGALHÃES, 2011).
Da mesma forma, Feres-Carneiro (1997), após estudo de validação da EFE, através da comparação com o ADF, constatou que o instrumento é uma metodologia adequada para a proposta diagnóstica de famílias brasileiras. Por fim, podemos concluir que o arte-diagnóstico familiar e a entrevista familiar estruturada são ferramentas análogas, cuja principal finalidade é preparar a família para o início do processo terapêutico. Os instrumentos favorecem a redução de resistências e a percepção de enredos disfuncionais ou mitos que circundam a vida familiar, além de tornar claro o motivo latente pelo qual a família deve se submeter ao processo. Essas avaliações iniciais são importantes estratégias para a formulação do plano de trabalho, onde cada membro já compreende seu papel e a importância desse nível de intervenção na dinâmica familiar.
REFERÊNCIAS ACOSTA, AR e VITALE, MAF. DANTAS, Cristina Ribeiro. ADF – Arte Diagnóstico Familiar. Manuscrito não publicado. Prática Supervisionada I, 2018. DIAS, MO. n. p. dez. Disponível em <http://pepsic. bvsalud. v. n. MACHADO, Rebeca Nonato; FERES-CARNEIRO, Terezinha; MAGALHAES, Andrea Seixas. Demanda clínica em psicoterapia de família: Arte-Diagnóstico Familiar como instrumento facilitador. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. Trad. J. A. Cunha. Porto Alegre, Ed. SELI, M. B. e GOMES, I. C. Demandas por atendimento psicológico e a transmissão psíquica transgeracional. Recuperado em 12 de novembro de 2018, de http://pepsic. bvsalud. org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952017000200006&lng=pt&tlng=pt ZIMERMAN, DE e OSÓRIO, LC. Como trabalhamos com grupos.
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