ARTE E CULTURA COMO FERRAMENTAS PARA A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Estatística

Documento 1

Agradeço a minha mulher/namorada/noiva por todo o apoio que tive e compreensão em todos os momentos em que tive outra prioridade além dela. Agradeço a minha irmã XXXXx, por ser uma figura cativa na minha vida, nos meus momentos de tensão e nos de relaxamento. Agradeço ao meu orientador, prof. XXXXXXXXXXx, por todo o afinco e colaboração demonstrado durante a produção deste trabalho. Agradeço aos meus colegas de turma, aos que saíram, e aos que trilharam este caminho até o fim, agradeço pelo companheirismo durante o percurso de toda a graduação. They imply that political emancipation is of paramount importance, along with the difficulty of understanding, and reaching a clear conclusion, since there are several thoughts on the topic.

Keywords: Art. Politics. Emancipation. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 2 EMANCIPAÇÃO POLÍTICA: OBSTÁCULOS E POSSIBILIDADES 11 2. Iremos discorrer sobre a Emancipação política, seus desafios e como provavelmente conseguiria ser superada, tendo como base a teoria Marxista, passando por suas dificuldades e limitações, enfatizando o quanto o Estado limita para que aconteça conquistas, principalmente aos trabalhadores. Nesse mesmo campo de visão falaremos sobre o liberalismo, seus traumas e danos para a sociedade civil. Demonstraremos os princípios ideológicos que levaram a tais fatos. Com o decorrer dos anos, e de novas perspectivas, se deu origem ao Neoliberalismo, mostrando o quando se tornou mais danoso e perverso diante da sociedade, trazendo de fato a sua verdadeira face, e de que forma este interfere na leitura crítica da realidade.

O/a Assistentes Sociais, inseridos no seio das relações sociais, são chamados a responder demandas que pedem, além do comprometimento técnico e ético, a aproximação e o conhecimento acerca dos territórios e dos indivíduos. A Emancipação também pode ser entendida como a capacidade do homem, a partir da reflexão sobre as incertezas da contemporaneidade, e perceber as contradições dialéticas do contexto social. “O olhar emancipado permite possibilidades de caminhos novos, emergência de novas possibilidades e acesso a novas experiências, ampliando dessa forma o repertório sociológico e filosófico para questionar as evidências do nosso tempo” (SILVA, 2013). A Emancipação deve ser pensada em todos os níveis: Político, Social, Econômico, Cultural, Epistemológico (SANTOS, 1999).

E também o Religioso. “A luta pela Emancipação é um processo complexo, que envolve o campo das ideias e da realidade concreta, das práticas e das vivências dos sujeitos no tempo e no espaço” (SILVA 2013). Um processo de Emancipação tende a ser vinculado a uma política emancipatória, incluindo uma política social, na qual o ser social se sinta realizado, e que possa ter novas possibilidades, uma vida de satisfação pessoal para os indivíduos. Em um processo de lutas para mudança, é onde o homem não tem que ser visto como um escravo, preso a um modo de produção material, ou um ser alienado, estando nas mãos de quem detém os meios de produção Enfim, a Emancipação pressupõe não apenas mudanças nas relações sociais e políticas, mas igualmente nas relações econômicas e de trabalho, se entendermos que é através do seu trabalho que o homem constrói as condições de sua existência individual e social.

Falando um pouco sobre a Emancipação na Teoria crítica, essa teoria surge como forma de pensamento Marxista, as bases do pensamento social da teoria crítica Frankfurtiana. O que Marx diz em sua principal obra “O capital” é que ele passou da melhor forma o diagnóstico da sociedade capitalista de seu tempo. Nesse diagnóstico de Marx, vários momentos importantes aparecem, como em um processo inseparável, da relação entre a Teoria e a Prática. De modo geral, para Santos, se o liberalismo excluiu a subjetividade e a cidadania do seu potencial emancipatório e o Marxismo por sua vez procurou construir esse potencial à custa da subjetividade afirmando o primado das relações sociais na constituição da subjetividade. Portanto, para Santos, é preciso levar em consideração tantos os aspectos sociais e políticos de uma emancipação, quanto as condições de possibilidade emancipatória do sujeito e sua dimensão psicológica no processo de emancipação Por fim o papel dos Movimentos sociais dentro do processo emancipatório, e como afirma Santos, mesmo a classe proletariada não sendo o sujeito da emancipação pós-capitalista, ela foi sem dúvida o agente de transformações progressistas no interior do capitalismo, no sentido de, sem as lutas sociais da classe trabalhadora, através dos sindicatos e de partidos operários, pouca ou nenhuma conquista teria sido alcançada no campo dos direitos sociais.

A sociedade civil não é transformadora em sujeito, mas é concebida como arena de lutas. As lutas sociais são concebidas a partir das contradições entre classes e interesses sociais. Não são disputas da sociedade civil contra o Estado, mas sim dos trabalhadores contra o capital, ou mesmo particularmente, contra as estratégias Neoliberal em virtude das contradições provocadas no âmbito da classe trabalhadora. A questão social apresenta-se grave, atingindo os setores e as classes sociais, onde as políticas sociais sofrem um desmonte do sistema de proteção e garantia de emprego, desestabilização e desordem de trabalho, atingindo a vida social onde desigualdades e injustiças sociais são consequência das relações de produção e reprodução social. AS EXCLUSÕES CAUSADAS PELO NEOLIBERALISMO FRENTE À CIDADANIA, SUBJETIVIDADE HUMANA E EMANCIPAÇÃO COLETIVA A teoria liberal da cidadania tem como ponto de partida que todos os homens são iguais e livres por natureza, que as desigualdades sociais na qual presenciamos hoje é o resultado do próprio desdobramento da igualdade e da liberdade natural.

A perspectiva da subjetividade se tem o modo de pensar dominante, que aos poucos foi se tornando como uma forma “natural”, como uma espécie de “pensamento único”, passando a influenciar nas diversas esferas e modalidades. Deste modo, devemos entender que, objeto e objetividade, sujeito e subjetividade são tomados a partir do resultado real da atividade humana, que implica em conhecimento e ação. A centralidade da subjetividade sempre significou de alguma forma, uma dissociação entre a consciência e a realidade efetiva na sua integralidade. Uma vez que não se enxerga um horizonte possível de mudanças é praticamente utópico lutar por condições de vida que sejam mais favoráveis ao proletariado. Esses interesses da burguesia que foram citados também, geralmente em doses menores e difusas, os valores fundamentais da burguesia, chamados também de princípios liberais, como o individualismo, competição, liberdade, propriedade, igualdade e democracia Os princípios liberais: • O individualismo É o princípio liberal que vai influenciar todos os outros.

Assim, o homem é, por “natureza”, indivíduo (o que não se divide), por tanto naturalmente egoísta, por isso aponta-se vantagens para si mesmo, buscando saídas individualistas. • A competição Decorre imediatamente do individualismo. Com o pensamento de que para vencer na vida é preciso competir (o que implica derrotar os outros e fazê-los de degraus). Para uma sociedade mais ampla e igualitária, seria necessários representantes que compreendessem a sociedade na qual estamos inseridos, e que atendessem aos seus interesses da população, que é vista como mais vulnerável. E não atender somente aos interesses burgueses. Tendo como base estes aspectos, passamos a entender o porquê deste modelo econômico e social ir na contramão de uma possível emancipação política por parte dos sujeitos inseridos na realidade.

A partir disso passamos a falar sobre o neoliberalismo, que é nosso principal foco por ser o modelo vigente no século XXI. O neoliberalismo se apresenta como uma atualização do antigo modelo (liberalismo). Portanto, a sociedade civil carrega consigo: a carga de alienação exposta pelo sistema; as contradições capitais trabalho que agravam cada vez mais as expressões da questão social; a culpabilização ou a valorização por cada ascensão e queda nessa competição constante que se tornou cada passo dado pelos indivíduos. Fica então a necessidade de buscar a emancipação política para os sujeitos não só como forma de ultrapassar o véu da alienação, mas também como questão de sobrevivência uma vez que a atual conjuntura expressa em si um risco por causar grande sofrimento social e alargar as vulnerabilidades.

Encontrar formas de superar o cotidiano, assim como nos fortalecer intelectualmente e socialmente podem ser formas de ir na contracorrente da lógica neoliberal; nesse sentido os/as assistentes sociais possuem papel indispensável por estarem inseridos nas relações sociais e podem impulsionar o proletariado afim de alcançar novos horizontes e avançar na luta por um sistema que seja socialmente justo. AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA CLASSE TRABALHADORA PARA O ALCANCE DA EMANCIPAÇÃO Vivemos em uma sociedade Capitalista, isso não é novidade para ninguém. Em uma sociedade Capitalista, existem muitas dificuldades e desigualdades, basta ter um pouco de percepção de mundo para enxergar o quanto vivemos em uma sociedade problemática. Um dos vários interesses dos capitalistas é obter lucro, extrair mais-valia, e acumular capital. Para o burguês o dinheiro serve para produzir mais dinheiro, com isso acumular mais capital, explorar sempre mais os trabalhadores, assim tentando levar ao zero, os direitos daqueles que trabalham para si.

Podemos ver que há uma luta cravada entre os burgueses e os proletariados, porque os interesses de ambos são antagônicos. Os burgueses buscam aumentar sua taxa de lucro e acumular riquezas, e para isso, procuram rebaixar o salário do proletariado, aumentar a jornada de trabalho, aumentar o ritmo do trabalho, e a introdução de novas tecnologias, evitar despesas com a melhoria das condições de trabalho, e de vida dos trabalhadores. Muitos trabalhadores, não enxergam sua condição como proletariado, isso se tem por conta de uma massa alienada. Buscar estar presente nessas diversas esferas, desde organismos empresariais, comitês de bairro, até fazer parte de grupos culturais auxilia na busca por uma sociedade que acolha suas necessidades e em resposta ofereça os serviços públicos de qualidade para que suas condições objetivas sejam realmente transformadas e com isso sua subjetividade enquanto classe e sua cidadania sejam elevadas e fortalecidas.

ARTE, CULTURA E POLÍTICA 3. INDÚSTRIA CULTURAL E A DISSEMINAÇÃO DOS IDEAIS NEOLIBERAIS E CAPITALISTAS A Revolução Industrial alavancou o capitalismo enquanto potência e como modelo econômico, ideológico e social por todo o globo. Com isso, tudo que antes era produzido com a participação ativa do indivíduo e onde este obtinha todo o conhecimento a respeito do processo foi substituído por maquinário e fragmentação das funções. Nesse cenário o Fordismo e o Toyotismo são dois modos de produzir que marcam este período. Para tanto, é necessário que façamos um contraponto a respeito das contribuições da industrialização da cultura para o mundo, uma vez que, apesar de majoritariamente ela servir aos interesses do capital, também foi possível galgar muitas conquistas para a classe trabalhadora por meio desta.

A democratização do acesso à informação, arte e cultura por meio das mídias cresceu exponencialmente e é impossível negar este fato, até mesmo pelo fato de o público alcançado ser maior, mas isso também nos leva a pensar em dois pontos cruciais para que esta discussão seja fiel à realidade e contributiva para o meio social, que são: distribuição de acesso e segregação cultural. A distribuição de acesso entende que, se queremos lutar por uma sociedade mais justa, igualitária e democrática, precisamos repensar quais são os acessos fornecidos às camadas populares. Um exemplo muito evidente disto é a pandemia do COVID-191 enfrentada no ano de 2020; como os alunos da rede pública de ensino terão acesso às aulas online se muitos deles não têm nem saneamento básico? Quem dirá banda larga ou aparelho celular para acompanhar os conteúdos que são lecionados.

A discussão que queremos trazer aqui é que a democratização do acesso à cultura é de extrema importância para a construção do ser social, mas isso também deve vir acompanhado de distribuição igualitária de renda, alimentação e inclusive tecnologia para que as mídias que contribuem para esse crescimento e popularização da arte e da cultura cheguem até às áreas mais afastadas dos grandes centros. O impacto da internet nas nossas vidas promove conexões invisíveis, mas que são de grande importância para a construção do ser social. Ampliamos e facilitamos os métodos de comunicação, ao passo que as relações sociais se tornaram ao mesmo tempo mais dinâmicas e complexas e isso exige de nós enquanto profissionais que estejamos atentos e atualizados à estes impactos, até mesmo para que saibamos lidar por dentro deste ambiente com as questões que nos são postas.

Gostaríamos também de dar um destaque para as mídias alternativas nesse novo campo da guerra da informação, algo que vem se difundindo cada vez mais (principalmente quando vivenciamos alguma crise política) e que faz com que os movimentos sociais e a classe trabalhadora em si percam força quando seu acesso à informação verídica é violado, onde temos como exemplo as fakenews que tem estado muito presentes nos últimos tempos em qualquer pesquisa que façamos. Acreditamos que os canais de mídia alternativa são fortalecedores para galgar a emancipação da classe trabalhadora por se desvincular dos meios industriais e não ser maquiada por filtros, estando também distante do grande capital; se aproxima da ideia marxista em relação à categoria trabalho já que promove a participação e apropriação dos meios de produção por parte dos criadores de conteúdo; valoriza a cultura local e dá rosto e voz para pessoas, histórias e espaços que estão longe da grande mídia e carecem de um olhar atento, algo que pode crescer e criar uma rede entre todas as comunidades através de uma reparação histórica que devemos fazer enquanto sociedade para contar a história daqueles que são oprimidos pelo capitalismo.

O capitalismo realiza a captura da cultura e dos movimentos sociais numa tentativa de torná-los comerciais através de um filtro glamourizado. Podemos considerar a arte como o meio de comunicação mais antigo do mundo e que possui um grande papel social por uma série de razões, como: a produção do autoconhecimento por parte do artista quando este se vê em sua obra, falando sobre si ou sua história, onde ocorre um reconhecimento mútuo por parte dos expectadores. Algo muito interessante é que este é um método de comunicação que não exige que os participantes se conheçam, mas ainda assim estes estão conectados. Podemos relacionar esse esquema com a Catarse, na filosofia provém da palavra grega “kátharsis” e expressa um processo de libertação por meio do expurgo ou encontro com as emoções.

Para Aristóteles este estado de espírito poderia ser alcançado por meio do teatro e provocaria um sentido de coletivo ao trabalhar as condições individuais e intrínsecas dos indivíduos, tendo consequências positivas para o desenvolvimento pessoal destes e por conseguinte no desenvolvimento da comunidade, sendo um processo, além de filosófico, também social, já que buscamos trabalhar o enfrentamento das mazelas sociais e o alcance da justiça social. A comunicação só pode ser considerada efetiva quando o receptor não apenas compreende a mensagem que foi lhe passada em sua perspectiva superficial e instintiva, mas sim o verdadeiro significado do que foi transmitido pelo emissor. Quem gosta de poesia? -Ninguém senhor. Aí recitei Negro Drama do Racionais. Senhor, isso é poesia? -É.

Então nóis gosta. É isso. Curiosamente, mesmo tendo sido lançada há 47 anos, a letra ainda se faz muito atual quando observamos as inúmeras violações de direitos as quais estão expostas a população brasileira. O que é interessante ser notado é que as diversas expressões artísticas se dão como parte da inteligência abstrata, que por sua vez é um componente importante na formação dos seres humanos. O que exatamente isso quer dizer? O Movimento Expressionista, por exemplo, que tem obras marcantes como “O Grito” (Edvard Munch, 1893) traz uma representação daquilo que provoca o sofrimento social nos indivíduos. Isso é uma alternativa muito positiva para o trabalho dos/as assistentes sociais; falar sobre as expressões da questão social ou mesmo fazer com que a população materialize ou discuta à respeito de sua posição frente à estas situações que por muitas vezes causam constrangimento, privação de direitos e alargam suas vulnerabilidades é de extrema importância para um trabalho contínuo e capaz de ir ao encontro da construção da emancipação política da população.

Não podemos operar categorias como o engajamento, enfrentamento e articulação e emancipação se a população com a qual atuamos não tem conhecimento de quais são as condições e fatores que os oprimem. Ambas perpassam o cotidiano e podem nos trazer fontes muito ricas para uma análise social. Assim como Paulo Freire utilizava-se da realidade dos trabalhadores rurais (inclusive de seus materiais de trabalho) para aplicar o ensino da alfabetização, acreditamos que não apenas é possível como extremamente enriquecedor usar a cultura popular como embasamento para estimular o pensamento crítico naqueles atendidos pelos assistentes sociais durante sua atuação profissional. O conhecimento pode ser produzido de muitas maneiras e em muitos formatos. Descolonizar essa ideia de que conhecer o mundo e a realidade em que vivemos tem uma única receita é essencial para que nós possamos nos construir como profissionais capacitados e que realmente atuem junto às relações sociais.

Para isso, precisamos nos apropriar de ferramentas que nos façam conhecer as diversas culturas com as quais estamos envolvidos, até mesmo porque, atuando em um território, precisa-se conhecê-lo. Obviamente a gestão correta e organizada dos recursos e políticas se faz muito necessário, mas não compreender de quais se tratam os deveres deste não nos faz ativos e participantes, apenas meros expectadores. E eleitores expectadores e espectadores4 são tudo que o neoliberalismo deseja para amplificar seu domínio e desigualdade; a real democracia que se apoia em bases justas e de melhoria social depende de eleitores participantes e protagonistas de sua própria história e isso requer muito mais do que votar, é necessário conhecer seu território, seus direitos, deveres e posicionar-se de maneira crítica e articulada.

Para falar um pouco mais sobre a arte como ato político, acreditamos que ao longo da história, principalmente quando vinculada às revoluções, as artes e a cultura tiveram papel fundamental no que diz respeito à mobilização e ação política. Segundo Filho (2019), a arte e a militância convergem quando o discurso político vê a necessidade de ter componentes estéticos para sua melhor divulgação e a arte incorporar o discurso político para representar no seu campo de atuação as demandas emergidas por seu público. Sendo um pouco mais incisiva, a arte teve grande papel social no movimento de Agitprop5 durante a Revolução Russa (1917-1921) pois ao promover agitação política com seu posicionamento declarado, também mobilizava as massas a participarem e serem componentes dos espetáculos.

A classe trabalhadora está mais uma vez sob grande ameaça e nos pautarmos a trabalhar política e luta de classes de maneira quadrada não é uma opção; inovar os conceitos e as formas de se discutir e se fazer política é um passo necessário a ser dado para que possamos alcançar mudanças e conquistar nossos direitos. O SERVIÇO SOCIAL E O PAPEL EMANCIPATÓRIO 4. A CATEGORIA MEDIAÇÃO O Serviço Social como profissão e enquanto prática de estudos aprofundados pode ser esquematizado por suas principais características com as seguintes definições: intervenção; atuar junto às relações sociais; desenvolvimento da capacidade crítica; leitura investigativa da realidade; trabalho com a questão social; conhecimento acerca da legislação social vigente e garantia de direitos.

Todos estes pontos são importantes para que a práxis seja realmente qualificada e engajada com as demandas que nos são postas. Essa categoria exige que façamos a análise para questões que ainda são muito invisíveis para o poder público que em geral não fornece os recursos (não apenas financeiros) necessários para que o bem estar social seja alcançado ainda que numa sociedade capitalista. ” (Pontes, 1997, p. Partindo disto, a mediação torna-se uma possibilidade de aplicar o método estabelecido por Marx na tentativa de elucidar os conceitos burgueses, que por sua vez são limitantes, em vista de trazer o sujeito para o encontro consigo mesmo enquanto parte da classe proletária, enquanto vetor de mudança que parte do coletivo para o particular.

Dizemos que os conceitos burgueses são limitantes pois, segundo Lukács (1965) há uma decadência do pensamento burguês a partir da transição do seu papel enquanto classe revolucionária que derrubou o antigo regime para assumir o lugar de classe dominante e que, por sua vez, investe seus esforços na manutenção do poder. Essa manutenção assume um papel importantíssimo no que diz respeito à conservação do sistema vigente, pois caso o proletariado tivesse acesso às condições intelectuais e informativas das quais o antigo burgo tinha posse seria então a vez da revolução da classe trabalhadora. Marx vai definir essa prevenção à derrubada do poder da seguinte forma: “[. Como tratamos anteriormente, a passagem dessa condição alienada para um lugar de criticidade depende, além de processos históricos, do acesso democrático à informação, pois esta demanda do e pertence ao povo, assim como afirma Hegel: “A forma inteligível da ciência é o caminho para ela oferecido a todos e tornada igual para todos.

E a justa exigência da consciência que se aproxima da ciência é chegar ao saber racional por meio do entendimento” (Hegel, 1987, p. Com base no processo dialético que tem como uma de suas ferramentas a mediação, a sociedade deixa de ser um espaço fenomenológico e passa a ser um locus de estudo, investigação e ciência. A mediação tem por papel possibilitar que os aspectos históricos, políticos, econômicos e sociais não caiam por terra com a simples explicação de seu limite aparente, ou seja, seja indissociável do senso comum – sendo uma perspectiva usada abundantemente pelo modo de produção capitalista em vias de proliferar a alienação em tudo que permeie as relações sociais e que prolonga a vigência (do sistema) enquanto modo de vida.

Mediar significa olhar para o que está posto e dissecá-lo, analisando cada uma de suas partes, entender o processo histórico-cultural ali apresentado e com isso fazer a ciência da reflexão crítica e racional. O indivíduo e a totalidade se relacionam, cada um interfere no outro de sua maneira e com a força que lhe cabe. Segundo Pontes (1997), a mediação foi incorporada ao Serviço Social de forma gradual e permeada por diversas discussões, pois seu palco foi o Movimento de Reconceituação profissional. As transformações societárias intensas provocadas pelo momento histórico das ditaduras na América Latina, neste caso em especial a ocorrida no Brasil (1964-1984) impulsionaram a categoria profissional a buscar respostas para as novas demandas emergentes, o que pôs em jogo toda a prática profissional antes adotada e que ao longo deste processo de reformulação passou por muitas experiências de vertentes que hoje não mais compactuam com o direcionamento da profissão.

A categoria mediação foi então absorvida primeiramente como analítica e, conforme se consolidou no discurso profissional, passou a compor o campo metodológico, isso por que “considerando o processo de conhecimento, no caso do Serviço Social, a emergência desta categoria tem a ver tanto com a dimensão sócio-operativa quanto teórico-metodológica” (Pontes, 1997, p. Faleiros (1985), vai elencar as aplicações da mediação enquanto categoria prática em dois pontos: “movimentos sociáveis como mediações em face das políticas sociais” e “as mediações como produto da ação profissional” (Pontes, 1997, p. O sistema capitalista não está preocupado com o acesso intelectual que a classe trabalhadora dispõe, visto que sucateia os serviços públicos e promove o constante desmonte de políticas sociais, além de taxar e dificultar grandemente ações que pretendem oportunizar informação e cultura.

Como discutimos anteriormente, a ausência de incentivo à cultura e os benefícios sociais que ela produz culmina num espaço alienado e completamente permissivo; o projeto neoliberal é agir no combate da politização para que assim seja facilitada sua expansão e maior permanência como sistema vigente globalmente. Em audiência pública ocorrida no Congresso Nacional em 05 de agosto de 2020, o atual Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a mais nova empreitada de taxação dos livros através da Reforma Tributária pretendida pelo Governo Federal através do Projeto de Lei nº 3. seria benéfica para aqueles que podem arcar com o valor acrescido (Senado, 2020). O Ministro completou dizendo que os mais pobres “num primeiro momento, quando fizeram o auxílio emergencial, estavam mais preocupados em sobreviver do que em frequentar as livrarias que nós frequentamos” (Paulo Guedes, 2020, em audiência pública).

que caracterizam uma intervenção social emancipatória” (Cruz, 2007, p. “O teatro é uma forma de intervenção humana, uma forma de luta social e política, uma das várias formas de ação criada pela classe trabalhadora na luta pela sua emancipação. ” (Estevan, 2020, p. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) é um exemplo de utilização da arte para se discutir os problemas sociais, pois associa a prática do teatro à politização dos indivíduos, os movimentos sociais utilizam-se de uma linguagem alternativa para implementar a consciência de classes e a luta social. Historicamente tem sido uma experiência muito produtiva e enriquecedora para quem assiste, quem participa e produz o espetáculo que, longe das grandes estruturas midiáticas, possui uma relação de maior proximidade entre trabalhador e artista, que são as mesmas pessoas.

Cruz (2007) reforça que nossa sensibilidade, que é inundada pelos estímulos externos (incluindo artísticos) pode ser alienada a partir do ponto em que limitamos as possibilidades experimentais e de observação para caber naquilo que o sistema nos coloca como barreiras que “não podem” ser ultrapassadas. A alienação dos sentidos, por sua vez, converte a satisfação humana em necessidade que modifica o significado das ações realizadas, como o exemplo da habitação estudado por Kujawski (1991), que define esta como o espaço do ser para si próprio, onde nada pode limitá-lo ou reprimi-lo, lá é seu lugar e ali prevalecem as suas vontades; por isso o autor diz que os escravos não dispõe da mesma condição de habitar, pois a necessidade ou mesmo os processos histórico-culturais o fazem alienado e não detentor de seu espaço particular para ser autônomo e autêntico.

O trabalho no campo social, somado aos recursos culturais e artísticos pode então, recuperar a sensibilidade dos sujeitos voltada a questão satisfatória humana e torna-la crítica e desenvolvida, além de promover um espaço acolhedor que possibilite ao indivíduo o sentido de pertencimento e desenvolva suas capacidades não como uma imposição à sua sobrevivência, mas pelo simples fato de que aquilo lhe proporcione qualidade de vida e o fortaleça intelectualmente. A seguir gostaríamos de citar alguns exemplos de como podemos trabalhar questões tangentes de forma descontraída e significativa. Cadê meu celular? Eu vou ligar prum oito zero Vou entregar teu nome e explicar meu endereço Aqui você não entra mais Eu digo que não te conheço E jogo água fervendo se você se aventurar Eu solto o cachorro E, apontando pra você Eu grito péguix guix guix guix Eu quero ver você pular, você correr Na frente dos vizinhos 'Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim (Elza Soares, 2015) Canção de Elza Soares para trabalhar a violência contra a mulher e as relações de afetividade, a letra provoca a não aceitação da violência doméstica e apresenta o telefone do Disk Denúncia, sendo também informativa.

Esperamos ter contribuído, de alguma forma, com os avanços profissionais da mesma forma que esta pesquisa foi fundamental para nosso crescimento acadêmico. Acreditamos que a arte é um elemento essencial na vida humana e que através desta é possível desenvolver nossa sociedade em muitos aspectos em vista de torná-la mais livre e menos limitante, sendo legível e de fácil acesso para todos os extratos sociais. A arte não possui fronteiras e, como mencionamos no segundo capítulo, sua maior capacidade está na expansividade de seu conteúdo, portanto é possível também expandir um discurso politizado e consciente que adentre as mais diversas esferas da sociedade atual. Ainda há muito o que estudar sobre as expressões culturais e artísticas dentro do Serviço Social, mas não devemos descarta-la como ferramenta de trabalho dos/as assistentes sociais.

Não existem ainda tantos materiais sobre este assunto em específico, onde tivemos de beber de outras fontes para compor nossa pesquisa, mas o que já foi publicado até o momento fez com que pudéssemos dar continuidade em nossos estudos. Gênero, Cultura e Serviço Social: Uma articulação possível e necessária. Rio de Janeiro, 2017. BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito da história. Cruz, Jane Prates, A arte como matéria-prima e instrumento de trabalho para o assistente social. D. Emancipação humana, Direitos humanos e Política social: dilemas e consensos na agenda marxista e no Serviço Social. SER Social, v. n. p. N. Fenomenología del Espíritu. Trad. Wenceslau Roces. México, Fondo de Cultura, 1987 HORKHEIMER, Max. Edição v. n.

Revista Libertas - ISSN: 1980-8518 (jan. jun. Disponível em: <https://periodicos. México: Grijalbo, 1965 MARX, K. O Capital-crítica da economia política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975 MELO, Rúrion. Teoria Crítica e os sentidos da emancipação. Cadernos CRH, Salvador, vol. Trad. Maria Isabel Lagoa. São Paulo: Boitempo, 2015. NETTO, José P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do serviço social no Brasil pós- 64. Mediação e serviço social: Um estudo preliminar sobre a categoria teórica e sua apropriação pelo serviço social. Cortez Editora. RIBEIRO, Carla Vaz dos Santos. O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. Estud. acessos em 05 nov. SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade.

ed. Porto: Edições Afrontamento, 1999. p. set. dez. Acessado em 22/11/2015. Leia mais: https://www. Terceira Margem, 18(30), 197-226. Recuperado de https://revistas. ufrj. br/index. php/tm/article/view/9756/7573 VILLAS BÔAS, Rafael. n. spe, p. Available from <http://www. scielo. br/scielo.

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