APLICAÇÃO DA ERGONOMIA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS E ACIDENTES NO TRABALHO

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Segurança do trabalho

Documento 1

Palavras-chave: Ergonomia no Trabalho; Prevenção de Acidentes e Doenças; Segurança e Saúde do Trabalho. INTRODUÇÃO Com o crescimento do mercado de trabalho, alguns empresários e gestores estão tendo aumentos nos custos com encargos trabalhistas, pois, infelizmente, os acidentes de trabalho e os afastamentos por problemas de saúde são comuns e ligados diretamente ao trabalho (OLIVEIRA; VIEIRA; CREPALDI, 2012). Mas sabe-se que o trabalho acelerado, quando é feito em condições desfavoráveis, ou seja, com objetos e equipamentos inapropriados, ou iluminação insuficiente, desconforto térmico, etc. causam desgaste humano, podendo gerar uma série de problemas para os colaboradores, como fadiga, stress, e doenças ocupacionais, como a LER/DORT (SILVA et al, 2008), advindas da repetitividade de algumas tarefas, em combinação com o tempo de exposição, ritmo exigido e pelo modo corno é organizado o trabalho (MAENO et al, 2001), ou até mesmo a síndrome de Burnout, cada vez mais comum nas pessoas (GAZZOTTI; VASQUES-MENEZES, 1999).

Logo, sabe-se que o desequilíbrio da saúde do profissional trará consequências na qualidade dos seus serviços prestados, refletindo na produtividade e nos resultados financeiros das empresas, além de afetar os custos com o tratamento dos doentes, reposição de funcionários, transferências, novas contratações, etc. E ela é definida sucintamente como uma ciência que visa estudar a configuração do local de trabalho (máquinas, ferramentas e ambiente), adaptado ao ser humano, ou seja, adequar as condições de trabalho à realidade e às capacidades do indivíduo que trabalha. GRANDJEAN, 1997). Iida (1990) refere-se à Ergonomia como um campo que estuda alguns fatores inerentes às pessoas, como a idade e o sexo, entre outros fatores fisiológicos e psicológicos. Pois se sabe que todos os indivíduos das populações são compostos de tipos físicos distintos, com diferenças em suas proporções em diferentes partes do organismo.

GUIMARÃES, 2004). Logo, entende-se como acidente de trabalho, instituído pela Conforme a Lei nº 8. em seu art. aquele que: [. ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. OLIVEIRA; VIEIRA; CREPALDI, 2012). As doenças de ordem ergonômica possuem origem ligada a fatores agrupados ou isolados, mas que são interligados entre si, com efeitos simultâneos. No caso das LER/DORT, tais fatores de risco envolvem: repetitividade, posturas inadequadas, força e esforço, fatores organizacionais (ritmos e exigências), trabalho estático, sentado, em pé, entre outros, somados aos níveis moduladores: intensidade, tempo de duração e frequência, resultando na superutilização do sistema músculo-esquelético e interferindo no tempo de recuperação, gerando as doenças nos músculos, tendões e articulações.

MAENO et al, 2001). Para Codo (1997, apud FILUS, 2006), as LER/DORT são geradas pela utilização biomecânica incorreta dos membros superiores, ocasionando fadiga, dor, redução da performance no trabalho, podendo gerar incapacidade temporária, ou evoluir para síndromes, como a dolorosa crônica, a qual causa transtornos mecânicos e funcionais, lesionando tendões, nervos, fáscias, músculos ou bolsas articulares nos membros superiores, podendo ser agravadas ainda, por fatores psíquicos, dentro ou fora do trabalho. KLIEMANN; FERREIRA, 2009). Como preconiza a própria Ergonomia, os aspectos ligados à organização do trabalho influenciam no aparecimento destas doenças, pois a mesma está ligada e caracterizada com a divisão de tarefas (conteúdo e seu modo de execução) e pela divisão de setores, hierárquica e pela relação entre os empregados.

Dessa maneira é a organização que determinará como serão utilizados os instrumentos de trabalho, os mobiliários e o tempo de realização das atividades. MAENO et al, 2001). Portanto, conforme o mesmo autor, a clareza de como os problemas ergonômicos ocorrem e como interferem na saúde das pessoas dentro do ambiente de trabalho e até mesmo fora, além de averiguar o que beneficia o bem estar e a saúde dos trabalhadores, é essencial para que sejam propostas medidas adequadas. A Norma Regulamentadora - NR 17 é a que trata diretamente sobre Ergonomia, a qual foi estabelecida em 23 de novembro de 1990. Mais recentemente ela alterada pela Portaria MTE nº 876 de 26 de outubro de 2018. Essa NR visa estabelecer os parâmetros legais para a adequação dos postos de trabalho, levando-se em consideração as características psicofísicas dos trabalhadores, com o intuito de proporcionar o melhor conforto, segurança e desempenho eficiente (MTE, 2018), a fim de minimizar ou evitar as doenças ocupacionais, como as de cunho fisiológico, LER/DORT, entre outras.

KLIEMANN; FERREIRA, 2009). Em seu item 17. Além de evitar acidentes e doenças do trabalho, pois sua interdisciplinaridade é um exemplo de modelo atual de Gestão administrativa de prevenção destes infortúnios (PINHEIRO, HERTZBERG, 2012). Nas empresas, o SESMT é dimensionado a partir do grau de risco da atividade principal da empresa e da quantidade total de empregados que ela possui. O SESMT de cada empresa poderá ser constituído por técnico de segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho e médico do trabalho. CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016). No contexto apresentado, as expectativas de intervenção em SST focam comumente no estabelecimento de procedimentos de ação, focados na tipificação dos fatores de risco e perigos, e convergem em soluções pré-determinadas para a solução de problemas diagnosticados.

Em função disso, as empresas estão cada vez mais procurando cumprir a legislação de SST, em virtude também, de assegurar um reflexo positivo em termos de competitividade, pela busca constante de melhorias, inovação de seus produtos e serviços. FACTS, 2008) (QUINELLO, 2009) (KLIEMANN; FERREIRA, 2009). As mudanças no cenário tecnológico e seus efeitos na organização do trabalho e confecção das tarefas, têm levado as empresas a desenvolver postos de trabalhos planejados sob a ótica ergonômica, na busca da produtividade e redução de custos. A ergonomia visa assegurar que as condições de trabalho sejam adequadas para as condições humanas, adaptando o trabalho ao homem. A introdução de novas tecnologias ao sistema produtivo, pressupõe um novo sistema da organização do trabalho.

” (p. E Masculo e Vidal (2011) comentam que a Análise Ergonômica do trabalho (AET) constitui um caminho que visam demonstrar um panorama das condições ergonômicas, baseado em dados de levantamento seletivo, e faz isso por meio de etapas de coleta, registros e documentação de dados, para chegar as resultados passíveis de solução. Em função da sistemática de uma análise, fica evidente que na realização do diagnóstico de uma dada área de trabalho, as chances de prevenção de riscos passam a ser muito maiores, devido ao mapeamento detalhado do local, envolvendo análises minuciosas das suas características físicas, “dos equipamentos, e da relação e interação com os trabalhadores. É neste contexto prevencionista que a análise do trabalho também deve atuar”, e não apenas na existência de uma demanda.

ARRUDA; SANTOS JÚNIOR; AMARAL, 2007, p. Para Chaffin (2001), os dados antropométricos são imprescindíveis para a Biomecânica Ocupacional, pois na ausência dos valores estimados por ela, os modelos biomecânicos não poderão ser determinados, no que tange a força espaços e áreas de alcance necessárias para acomodar o corpo humano. Por outro lado, as empresas se deparam com uma diversidade física de trabalhadores, o que pode dificultar o alcance de uma melhoria ergonômica nos postos de trabalho, por encarecer as mudanças para cada trabalhador. Pois, dentro de uma mesma população existem diferenças nos tipos físicos e nas medidas corporais. KLIEMANN; FERREIRA, 2009). Mesmo assim, a indicação é que sejam feitas estas análises antropométricas para o qual esta sendo projetado um equipamento ou posto de trabalho, pois tais fora das características dos seus usuários podem levar ao estresse ou até provocar acidentes graves.

Informar oportunidades de melhorias em seu Posto de trabalho; [. Seguir procedimentos descritos nos manuais; [. Realizar somente movimentos necessários; [. Eliminar os movimentos e atividades desnecessárias” (p. Em suma, a Ergonomia é essencial para que o trabalho torne-se fonte de saúde e promova a prevenção e consequente melhoria da produtividade para as organizações. Com esse artigo é possível perceber como o papel da Ergonomia é de fundamental importância para a minimização dos agravos a saúde, principalmente o estresse e as Ler/Dort, além de favorecer a redução de custos em SST nas empresas. No entanto, é necessário o apoio de todos os envolvido no processo, empresários, trabalhadores, SESMT, CIPA, e que as empresas disponibilizem, cada vez mais, condições para que sejam promovidas as ações necessárias que favoreçam a redução de tais agravos.

Sendo a maneira mais eficiente conhecer, analisar, controlar, reduzir e prevenir os riscos de acidentes e doenças ocupacionais. Não há como discordar da contribuição e necessidade do conhecimento acerca dessa temática, considerando o crescente campo de atuação. Foi possível observar, no decorrer da leitura dos importantes autores citados nesse artigo que, integrar as ações do SESMT com a Ergonomia, é tão fundamental quanto se preocupar com os custos da empresa. ARAGÃO, Edvaldo dos Santos. Serviço de Medicina e Segurança do Trabalho – SESMT. Universidade Estadual de Maringá. Disponível em: <http://www. dct. pdf/>. Acesso em 12 fev. BAÚ, Lucy Mara Silva. Fisioterapia do Trabalho: ergonomia, legislação, reabilitação. Curitiba, 2002. Disponível em: <http://www. planalto. gov. br/Ccivil_03/Leis/L8213cons. htm>. pdf>.

Acesso em 29 set. CHAFFIN, Don. B. Biomecânica Ocupacional. CHIRMICI, Anderson; OLIVEIRA, Eduardo Augusto de. Introdução à Segurança e Saúde no Trabalho. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. CODO, Vanderley. ALMEIDA, Maria Celeste C. PUCRS, 2009. Disponível em:<http://www. ceap. br/material/MAT21102009184301. pdf>. Excelência em Gestão, 2013. Disponível em: <http://www. inovarse. org/filebrowser/download/15551>. Acesso em 10 fev. ª ed. Vol. Porto Alegre: FENG/UFRGS, 2004. GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia. São Paulo: Edgar Blücher. Ergonomia Prática. São Paulo 1998. KLIEMANN, Matheus Puppo; FERREIRA, Mario dos Santos. Análise Ergonômica do Trabalho em célula de produção de componentes automotivos: abordagem top-down e bottom-up. php?id=092>. Acesso em 10 jan. MASCULO, Francisco Soares; VIDAL, Mario Cesar. Ergonomia: Trabalho Adequado e Eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier ABEPRO, 2011.

br/noticias/2018/abril/acidentes-de-trabalho-apresentam-queda-de-7-em-2016>. Acesso em 06 ago. MONTEIRO, Luciano Fernandes; LIMA, Hugo Leonardo Moreira; SOUZA, Márcia Juliana Paiva de. A importância da saúde e segurança no trabalho nos processos logísticos. XII SIMPEP – Bauru/SP, 2005. Portaria MTPS n. º 510, de 29 de abril de 2016. NR 17 - Ergonomia. Alterada pela Portaria MTb nº 876/2018 - DOU 26/10/2018. Disponível em: < http://www. set. p. Disponível em: <http://www. scielo. br/pdf/prod/v20n3/aop_t600040058. Acesso em 05 fev. OXENBURGH, M. S. MARLOW, P. OXENBURGH, A. QUINELLO, Robson. Um ensaio sobre os efeitos colaterais da inovação. Associação Brasileira de Engenharia de Produção – ABEPRO. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC - 2009. REBELO, Francisco dos Santos. univap. br/cd/INIC_2009/anais/arquivos/RE_0849_1337_01. pdf> Acesso em 12 fev. ROCHA, Lázara da Silva; CAMBRAIA, Fabrício Borges; DONALD, Ronald Vieira.

As ações de prevenção de doenças ocupacionais em empresas construtoras de edifícios: um estudo exploratório. O. Reconhecimento dos riscos ambientais presentes em unidades de alimentação e nutrição no município de Duque de Caxias. RJ. Saúde Amb. SOUZA, Renato.

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