ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A PSICOPATIA

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

A PSICOPATIA EM PARALELO À HISTÓRIA DA HUMANIDADE Ao mencionar o termo psicopatia surgem muitas vertentes presentes nas definições da sociedade de forma geral, não levando em consideração a opinião de estudiosos ou profissionais da saúde. É comum, mediante a chamada e apelo midiático, o psicopata ser associado diretamente aos assassinos em sério. Existe inclusive, uma gama de séries e filmes que abordam esta temática, os quais fazem muito sucesso entre o público. A autora Oliveira (2012, p. “a psicopatia abrange muito mais do que as imagens sensacionalistas criadas pela mídia”. De acordo com o estudo de Oliveira (2012, p. de acordo com estudos dos psiquiatras Curran e Mallinson a psicopatia foi definida como doença mental. Contemporaneamente, porém, de acordo com aprimoramentos nos estudos, a psicopatia “não deve ser considerada uma doença mental como a esquizofrenia ou transtorno bipolar”.

Como se chegou a tal conclusão? O indivíduo considerado como psicopata, ao contrário daquilo que ocorre com indivíduos portadores das doenças mentais, não tem alucinações, psicose ou neurose. Ao contrário, o psicopata goza de plenas capacidades mentais. NUNES, 2011). O uso do termo, não exatamente psicopatia, mas uma menção descritiva sobre a psicopatia, segundo pesquisa do autor Shine (2010) data do ano de 1809, feita por Phillipe Pinel descrevendo o que denominou “mania sem delírio”. Comentou sobre a história de um filho mimado, que era extremamente tolerante, mas repentinamente se tornava impulsivo e a partir deste momento adotava atitudes desordenadas e instintivas. Certamente o perfil atribuído a um psicopata. O autor comenta mais a respeito da progressão quanto às definições para a psicopatia.

a psicopatia trata-se de uma “perturbação da personalidade essencialmente caracterizada por um padrão de comportamentos reveladores de menosprezo pelos direitos dos outros”. A maioria dos autores pesquisados na literatura para confecção do presente trabalho menciona esse tipo de característica na personalidade de um psicopata: a falta de empatia, ou incapacidade de se importar com sentimentos ou interesses alheios. O PERFIL DO PSICOPATA – ASPECTOS GERAIS De acordo com o autor Shine (2010, p. “o psicopata não se pensa como um “doente”. Não e ele quem procura uma ajuda, mas sim aqueles que sofrem com as consequências de sua ação”. comenta que o paciente antissocial: Apresenta atitude de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente, estabelecimento de relacionamentos com facilidade (sobre próprio interesse), baixa tolerância a frustração e incapacidade de assumir culpa, culpando outros.

A autora usa uma frase que resume tal comportamento antissocial ao mencionar que “as palavras-chave do transtorno antissocial são violação de regras, mentira e ausência de aprendizado com punição”. OLIVEIRA, 2019, p. O comportamento antissocial pode ser caracterizado em tópicos: • Atitude desrespeitosa por regras, normas e obrigações. Este desrespeito é persistente; • Relacionamentos estabelecidos com facilidade, de acordo com o próprio interesse do sujeito, porém com dificuldade em mantê-los; • Baixa tolerância diante de frustrações e fácil explosão, culminando em atitudes agressivas e violentas; • Esquiva-se de assumir a culpa por suas atitudes errôneas e incapacidade de aprender com suas punições; • Tende a culpar outras pessoas ou defender-se por meio de raciocínios lógicos, no entanto pouco prováveis. Algumas seguem alistadas: • Egocentrismo • Recurso patológico a mentira; • Insensibilidade e incapacidade empática; • Ausência de controle comportamental; • Promiscuidade na conduta sexual; • Impulsividade e irresponsabilidade • Incapacidade de assumir responsabilidade sobre próprias ações.

Algumas características são idênticas, outras similares, outras mais específicas. No entanto todas acabam tendo a mesma essência, apontando concordância entre os autores pesquisados. Os autores Franzoni e Ricci (2018, p. comentam que “psicopata é um indivíduo clinicamente perverso, que possui distúrbios mentais graves, que afetam sua forma de interação social”. Uma das explicações para tamanha “desnaturalidade” se embasa em fatores fisiológicos. Profissionais da saúde tentam elucidar que fatores físicos, literalmente falando, podem ser responsáveis por esse tipo de conduta. O capítulo que segue visa apresentar considerações sobre esta vertente: se acaso a psicopatia existe devido algum distúrbio neural ou fator biológico, ou alguma peculiaridade na fisiologia destes indivíduos. Basicamente, a intenção é tentar identificar a existência de alguma anomalia que justifique tal personalidade.

EXISTE EXPLICAÇÃO LÓGICA PARA O FUNCIONAMENTO DE UMA MENTE PSICOPATA? Como explicar atitudes que, do ponto de vista da sociedade de forma geral, são hediondas? Como apontar motivos que justifiquem atitudes agressivas e violentas, muitas vezes reincidentes, tais como matar “por prazer”? Afinal, a psicopatia é uma doença? Neste caso o psicopata também é uma vítima? Questões como estas tendem a dividir opiniões seja de civis com pouco conhecimento ou mesmo especialistas e estudiosos sobre o assunto. Nunes (2011, p. afirma em sua pesquisa que “acresce que a componente clínica da avaliação requer, desde logo, uma análise do percurso de vida do sujeito através da anamnese”. Durante a anamnese, alguns objetivos devem ser estipulados visando alcançar o diagnóstico desejado ou descarta-lo.

É preciso ministrar uma verdadeira investigação nesta entrevista. O profissional precisa obter informação quanto a existência de algum episódio que possa ter causada trauma; manifestação de problemas no comportamento e desde quando iniciaram; histórico sobre consumo de substâncias; precocidade na manifestação de atitudes violentas; comportamento antissociais, entre outros. Portanto, a teoria de que um trauma ou deficiência na região cerebral pode culminar em distúrbios tais como a psicopatia. O argumento que reforça a teoria que a psicopatia tem um fundo neural ou origens que implicam em distúrbios cerebrais, se embasa na análise de comportamento entre pessoais consideradas “normais” e os psicopatas. Entre tais existem diferenças cerebrais que não podem simplesmente ser descartadas. Por exemplo, um teste simples, mas expressivamente revelador, trata-se de uma análise baseada em reações.

No que consiste? O acompanhamento das ondas cerebrais dos psicopatas através de monitoramento mediante linguagem verbal. O PSICOPATA TEM CURA? A pergunta que permeia a temática do presente sub tópico é intrigante para se dizer o mínimo. A resposta interessa a vários atores no cenário, até mesmo aqueles civis comuns que muitas vezes nem se dão conta destes indivíduos. Isso é dito por que a ciência deseja promover a “cura” para os psicopatas. Além de livrar um indivíduo de uma patologia que somente lhe agrega desgraça, beneficiaria também a população de forma geral, que estaria livre de suas ações criminosas. Segundo Amaro (2010, p. O psicopata vive um estilo de vida instável. Isso quer dizer que pode tomar atitudes violentas, agressivas e homicidas a qualquer momento.

A neurologia, mais especificamente no ramo da neuropsicologia já realizou estudos e intervenções buscando explicar o funcionamento ou a disfunção neurológica possivelmente presente num psicopata. No estudo de Amaro (2010, p. é apresentada a seguinte questão: “no que concerne ao comportamento violento e criminoso, existe já um relativo consenso quanto ao envolvimento dos lobos frontal e temporal e do sistema pré-fronto-límbico”. AMARO, 2010, p. Através de exames de imagem foram constatadas algumas discrepâncias ou ocorrências atípicas que podem explicar as características presentes no psicopata. Comparando exames de ressonância magnética e ressonância magnética funcional (FRM) entre indivíduos psicopatas e demais controlos, constataram-se as seguintes divergências: a) Redução do volume amgdaloide; b) Diminuição da ativação da amígda e outras estruturas límbicas enquanto processavam estímulos afetivos, especificamente palavras com carga emocional negativa.

Outros autores e pesquisadores comentam sobre os recursos usados pela neurociência na proposta de diagnosticar a psicopatia. Oliveira (2012) apresenta os petscans e fMRI (functional magnetic resonance imaging) com a proposta de analisar o cérebro de um indivíduo, podendo concluir se este é ou não um psicopata. Essa condição se caracteriza por apresentar sintomas de irresponsabilidade, falta de insight, falta de empatia etc. OLIVEIRA, 2012, p. Não se pode afirmar que existe um exame diagnóstico preciso para identificar a presença do distúrbio psicopatia em um cérebro. Mas devido a ocorrências anteriores, à questionários formulados e exames de imagem, interagindo em conjunto, pode-se chegar a tal diagnóstico com praticamente cem por cento de certeza. A PSICOPATIA DO PONTO DE VISTA JURÍDICO A associação da psicopatia com o aspecto criminalístico possivelmente surgiu a partir de uma característica presente no psicopata: a ausência de culpa ou remorso.

tal avaliação permite “conjuntamente com outros indícios e provas, absolver, fixar a pena adequada e proporcional ou então aplicar medida de segurança ao caso concreto”. Neste cenário, surge uma vertente da ciência Psicologia que auxilia no ajuntamento de provas e análises que podem embasar um julgamento correto. A vertente mencionada é a psicologia forense. A psicologia forense trata-se de uma junção entre a área da Psicologia e do Direito. As duas ciências propõem fornecer uma análise mais apurada e aprimorada do delinquente. Cabe ao Direito Penal estabelecer punições para os delitos em conformidade com a Lei. Da culpabilidade e sentenças aplicadas O conceito de culpabilidade tem sido aprimorado ou adaptado de acordo com a evolução da humanidade. Em princípio, quando a vida humana ainda não estava regulada por leis de forma escrita, havia o denominado Direito Penal Primitivo.

A aplicação deste Direito era comumente embasada em costumes ou dogmas religiosos e não raro confundida com vingança e, portanto, não se realizada análise de culpa. Neste âmbito era inexistente a responsabilidade subjetiva. “Na Psiquiatria, há o entendimento majoritário que considera o indivíduo psicopata incapaz de controlar a sua vontade, o que nos permite concluir que não poderia ser considerado imputável”. FRANZONI E RICCI, 2018, p. De acordo com a pesquisa de Oliveira (2017) é delineado maiores detalhes ou detalhes complementares sobre a questão da imputabilidade: A imputabilidade seria a possibilidade de se responsabilizar alguém pela prática de certo fato previsto na lei penal. Para tanto, seria necessário que o agente possuísse condições para entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com este entendimento.

Deveria estar no pleno gozo de suas faculdades mentais para que pudesse atuar conforme o direito. Nos artigos 96 e 97, são apresentadas as seguintes medidas (CÓDIGO PENAL, 2013, p. Art. – As medidas de segurança são: I – internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II – sujeição a tratamento ambulatorial; Art. – Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação. Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. Por observação, este indivíduo aprende a agir da forma como a sociedade espera. Portanto, mesmo que ele esteja recluso sob o efeito de medicação com objetivo de reduzir sua impulsividade psicopática, não se faz garantia da inexistência de reinscindência de suas práticas.

Franzoni e Ricci (2018, p. comentam que “o indivíduo psicopata pode enganar, dissimular e aparentar ser totalmente são e plenamente capaz, de modo a fraudar o sistema de manter-se impune”. Qual a consequência? Risco para a sociedade. apresenta a realidade peculiar de um psicopata, a saber, que se trata de um indivíduo contraditório ambulante. Como explicar tal afirmação? “Por um lado, é capaz de dar respostas sociais, até moralmente apropriadas, para as situações do dia-a-dia; por sua vez, quando deixados à própria sorte, suas ações não condizem com seus relatos verbais”. Isso quer dizer, basicamente, que o psicopata responde aos questionamentos que lhe são feitos com respostas adequadas às expectativas da sociedade. Ele fala o que a pessoa quer ouvir. Técnica manipuladora, característica presente no psicopata.

FRANZONI, Marieli; RICCI, Camila Milazotto. A punibilidade do psicopata criminoso no Brasil. º Simpósio de sustentabilidade. Disponível em: <https://www. fag. n. p. Rio de Janeiro: 2011. Disponível em: <http://pepsic. bvsalud. PDF> Acesso: 01/05/2019. OLIVEIRA, Licia Milena. Transtornos de personalidade. In: GUERRA, César Augusto; OLIVEIRA, Licia Milena; ALTONA, Marcelo. Principais Temas em Psiquiatria e Geriatria.

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