ABOLIÇÃO
Tipo de documento:Redação
Área de estudo:Estatística
Ou seja, procuraremos entender como se constituíram os debates ideológicos, as disputas políticas e as relações de poder que levaram a abolição. Tentaremos responder a seguinte pergunta: quais fatores levaram ao fortalecimento do processo abolicionista no Brasil? Levantamos como hipótese que tratou-se de um processo composto por estratégias de diversos grupos que procuravam atingir seus interesses. Mas por ser conduzido basicamente pela elite da época tornou-se um fenômeno lento e a longo prazo, pois esse grupo ainda possuía as ideias escravistas fortemente enraizada na sua cultura. A justificativa para tal trabalho se dá diante de um contexto atual que mesmo se passando mais de um século desde a abolição ainda é perceptível a falta de entendimento de boa parte da população da dívida histórica que temos com os negros.
O que proporciona ainda um pensamento racista por parte de uns grupos sociais. A partir de então foi extinto o trabalho escravo no país e todos negros foram libertos dos cativeiros. Contudo, não foi uma ação benevolente de um único indivíduo. A abolição da escravatura no 13 de maio foi resultado de um longo processo caraterizado por resistências, embates políticos, disputas de interesses e tensões entre os diversos grupos e países. Foram criadas diversas leis, que na prática não geraram os efeitos esperados, mas que marcaram o início do processo. Houve pressões internacionais, principalmente da Inglaterra contra a escravidão, uma conjuntura econômica que não mais se convergia com o trabalho escravo. Método e metodologia A metodologia utilizada para empreendermos essa pesquisa foi o método qualitativo por meio de uma revisão bibliográfica.
Serão apresentadas as principais ideias de alguns especialistas em suas discussões sobre o processo abolicionista no Brasil, sua conjuntura, fatores e consequência. Assim como o diversos embates políticos que envolveram o processo. Desta forma, será possível construir teorias, conceitos, ideias e questionamentos para que tenhamos condições de explicar a realidade. Ou seja, através da revisão bibliográfica de tais temas podemos fazer uso de uma metodologia explicativa que fundamenta nosso objeto de estudo em uma perspectiva analítica. Contudo, muitos daquele período de fato acreditavam nisso. Diante da força que a fé cristã ainda possuía, a estrutura social era pensada conforme o Providência Divina. O que fazia essa justificativa para a escravidão legitima para muitos. Portanto, alguns nascerem ricos e outros pobre, brancos ou negros, livres ou escravos era tido como vontade divina, logo, não poderia ser questionada.
Ou seja, o homem não era digo de tentar alterar essa ordem social. Ou seja, que todos deveriam ter direito a propriedade, liberdade e igualdade independente do seu nascimento. Mas, essas ideias não se aplicavam as mulheres que ainda eram vistas como inferiores. Segundo Emília Viotti da Costa, No pensamento revolucionário do século XVIII encontram-se as origens teóricas do abolicionismo. Até então, a escravidão fora vista como fruto dos desígnios divinos; agora ela passaria a ser vista como criação de vontade dos homens, portanto transitória e revogável. Enquanto que no passado considerava-se a escravidão um corretivo para os vícios e a ignorância dos negros, via-se agora, na escravidão sua causa. Apesar de não se identificarem com essa classe a qual faziam parte, seja por razões familiares ou profissionais.
O fim do tráfico Fosse nas grandes plantações ou pequenas propriedades, nos campos ou nas cidades, a mão-de-obra era essencialmente constituída por escravos. “Vendedores, ambulantes, artesãos, carregadores, empregados domésticos, carreiros, na maioria escravos, percorriam as lutas da cidade em sua incessante labuta” (Idem, p. Entretanto, pressões internacionais oriundas da Inglaterra, fizeram com que fosse aprovada a Lei 1831, a qual proibia o tráfico de escravos. Já havia perseguições por parte dos ingleses a navios negreiros em alto mar depois que seu parlamento proibiu o tráfico de escravos em suas colônias. O número de escravos introduzidos no Brasil só aumentou a cada ano, fato que levou a irritação dos ingleses. Em 1850 uma nova lei foi criar para reiterar a proibição, mas nesse período chegaram ao Brasil mais de meio milhões de africanos, o que demostra o total despeito a lei de 1831.
Mesmo sendo considerada uma prática ilegal, para grande parte da população o tráfico era considerado legitimo. Muitos da elite lucravam fortunas com a comercialização dos escravos, portanto, o tráfico era uma atividade economicamente forte, mesmo com a criação da lei. Portanto, poucos efeitos possuíam as denúncias contra o tráfico e seus horrores, seja por parte dos ingleses, de figuras politicas ou religiosos. Após diversas tensões entre ambos os países, entre 1849 e 1851 os ingleses conseguiram apreender noventa embarcações suspeitas de contrabando. As águas brasileiras eram invadidas e a soberania brasileira desrespeitada. Assim, o Parlamento brasileiro voltou a discutir o fim do tráfico. A situação se tornou ainda mais delicada com a necessidade da ajuda dos ingleses na guerra da região platina, em 1849.
Havia uma ameaça iminente de Rosas e Oribe em atacar o Rio Grande Sul. fgv. br/marcos/do-escravo-ao-imigrante/mapas/rotas-internas-e-externas-do-trafico-antes-de-1850 Ventre livre Em 28 de setembro de 1871 foi criada a lei do Ventre Livre, ou também conhecida como Lei Rio Branco. Com essa lei foi estabelecido que a partir desta data todos nascidos de mulheres escravas seriam livres. A proposta da lei, composta de dois artigos e dez parágrafos, afirmava que (ESTRADA, 2005, p. “Art. º, lhe serão entregues independentemente de indenização, exceto se preferirem deixá-los e o senhor anuir a ficar com eles. § 5º Nos casos de alienação da mulher escrava, seus filhos livres, menores de 12 anos, a acompanharão, ficando o novo senhor da mesma escrava sub-rogado nos direitos e obrigações do antecessor. § 6º Cessa a prestação de serviços dos filhos das escravas antes do prazo marcado no § 1º se, por sentença do juiz, reconhecer-se que os senhores das mães os maltratam, inflingindo-lhes castigos excessivos, ou faltam à obrigação de os criar e tratar.
§ 7º O direito conferido aos senhores no § 1º poderá ser transferido, nos casos de sucessão necessária, devendo o filho da escrava prestar serviços à pessoa a quem nas partilhas pertencer a mesma escrava. Art. O mesmo pode-se afirmar da Lei do Sexagenário. Essa foi criada em 1885 dando a liberdade para aqueles que atingiam sessenta anos. Algo raro naqueles dias, ainda mais para escravos que eram submetidos à péssimas condições de vida e mal tratos. Portanto, poucos foram beneficiados e aqueles que foram foi descartados a própria sorte, sem condições ou qualquer qualificação para conseguir emprego. Conforme Oósio Duque Estrada, Como sempre aconteceu, antes e depois, porque foi essa a marcha uniforme da questão servil através da nossa história, coube aos liberais agitar a ideia e tornar patente a necessidade da reforma, para que esta viesse, afinal, a ser realizada pelo partido contrário.
Outra transformação produziu-se com a aceleração a urbanização, que proporcionou um incipiente espaço público no qual se discutiram assuntos de interesse coletivo, como a modernização do país, e se disseminou um novo padrão de sensibilidade, que definiu a escravidão de natural em abominável. A terceira mudança foi de conjuntura política. Em 1886, o partido Liberal usou o espaço público para contestar a supremacia adversaria no sistema político. O governo do Partido Conservador respondeu com modernização: ampliou o acesso ao ensino superior, reduziu os custos da imprensa e propôs uma Lei do Ventre Livre (ALONSO, 2015, p. No mapa abaixo podemos observar as datas da abolição da escravatura na América e como o Brasil foi o último a seguir esse princípio de direitos humanos e liberdade a todos: Segunda Figura Gráfica Fonte: https://atlas.
Tal teatralização da política contribuiu para que o processo de deslegitimação do cativeiro fosse acelerado ao atrair adeptos para a causa abolicionista. São essas configurações políticas a chave para entender as táticas abolicionistas. Ou seja, não estavam centrados em princípios abstratos, e sim utilizaram de estratégias para responder as ações dominantes nas instituições políticas. Foi no governo do partido Liberal, durante os anos 1878-84, que os movimentos abolicionistas e suas manifestações em espaços públicos ganharam mais força nas grandes cidades. Aumentou-se o número de associações, diversificou-se o perfil social dos integrantes, ao mesmo tempo que movimento foi nacionalizado. Além de disputas e negociações em relação ao sentido da cidadania dos libertos.
Assim, um dos temas debatidos no contexto sociopolítico desta época é sobre os problemas que poderiam ser gerados em uma sociedade que saía do sistema escravista. Segundo Wlamyra Albuquerque, “nos ambientes abolicionistas, projetos sociais diferentes e mesmo antagônicos para o pós-escravidão eram concebidos e difundidos” (ALBUQUERQUE 2009, p. Desta forma, criou-se um clima de incerteza que preocupava a todos sobre essa nova conjuntura social, política e econômica que se criara. Desta forma, Albuquerque observa as ligações entre as questões raciais e a desestruturação do sistema escravista através do uso do conceito de racialização. “Nabuco Araújo, o visconde de Jequitinhonha, e Eusébio de Queiroz, utilizando-se de malabarismos jurídicos que evitavam explicitar qualquer critério racial, decretaram a deportação dos africanos” (BRITO, 2011, p.
Conforme Albuquerque, Em 1877, a habilidade do Ministério de Justiça para atrair imigrantes europeus e afastar africanos e asiáticos explica que por dentro do projeto emancipacionista corria de modo velado, subterrâneo, uma forma de se pensar as relações sociais a partir de uma noção racial (ALBUQUERQUE, 2009, p. Esses projetos sociais abolicionistas demonstravam diferentes significados para o fim da escravidão e cidadania aos negros. Uma das questões levantadas e que preocupava boa parte era quem deveria ser responsável pelo encaminhamento do assunto servil. Nenhum dos movimentos abolicionistas chegaram a um consenso. Muitas autoridades os classificavam com uma predisposição natural para a subversão, isto é, procuravam preservar as hierarquias sociais. “Por isso os poemas satíricos que desqualificavam os carregadores do cais correspondiam às tentativas de preservação de hierarquias sociais que eram respaldadas pelo estatuto da ciência” (Idem, p.
Aos poucos foi-se diferenciando o conceito de cidadania para os brancos e para os negros. Considerações finais Com este trabalho podemos observar que o fim da escravidão não se resumiu em uma data e nem em uma única pessoa. Foi um processo que durou boa parte do período imperial, marcado com diversas disputas de ideias e políticas entre diferentes grupos. A teatralização da política: a propaganda abolicionista". Tempo Social, Revista do Departamento de Sociologia da USP, volume 24, nº 2, 2012. ALONSO, Angela. Flores, votos e balas: O movimento abolicionista brasileiro (1868-88). São Paulo: Companhia das Letras, 2015. parte 1, 1850. CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Brasilia: Ed. UnB, 1980. ª ed. Rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2008. DUQUE-ESTRADA, Osório.
I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. MORAES, Evaristo. A campanha abolicionista (1879-1888), Brasília: Ed. UnB, 1986 (1ª ed. O Abolicionista: órgão da sociedade brasileira contra a escravidão. Recife: Fundaj, 1988.
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