A terapia cognitivo comportamental no processo de emagrecimento
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Psicologia
Foi possível verificar que a terapia cognitivo-comportamental no processo de emagrecimento tem como objetivo modificar as crenças e pensamentos disfuncionais atribuídos ao próprio corpo, alimentação e peso. Foi possível concluir que a terapia cognitivo-comportamental é eficiente para auxiliar no emagrecimento, uma vez que possibilita a alteração das crenças distorcidas e dos pensamentos disfuncionais que inviabilizam a perda de peso. Palavras chave: terapia cognitivo comportamental, obesidade, emagrecimento. ABSTRACT This article aimed to perform an analysis on the efficacy of cognitive behavioral therapy in the treatment of obesity, as well as to verify the techniques used by the therapist in the process of weight loss. The methodology used consisted of a bibliographical research carried out in the databases Scielo and PepSIC in Portuguese language. Além da abordagem médica, nutricional e fisioterapêutica, a abordagem das questões emocionais e comportamentais é necessária no tratamento de pessoas nesta condição (LUZ & OLIVEIRA, 2013).
Falar em obesidade é também falar sobre a saúde física e mental, um fator importante no desenvolvimento individual. Entretanto, observa-se que a obesidade é tratada pela maior parte das pessoas como basicamente um fator estético esquecendo que o ponto crucial é a vida, e dela dependem a saúde física e mental. Esta epidemia causa um forte impacto na saúde e bem-estar das populações assim como na economia das nações. Preocupados os órgãos de máxima autoridade em saúde a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2012 relatou que meio bilhão de pessoas 12% da população está obeso. Neste âmbito, ela tem como objetivo a mudança de estilo de vida, o padrão de comportamento alimentar inadequado. Além de proporcionar a manutenção de peso em longo prazo.
Assim, focalizando a modificação de pensamentos e sentimentos relacionados à alimentação. No entanto, Bakos, Ferreira e HabigzangI (2015) afirmam para que a obesidade e o sobrepeso sejam combatidos, são necessárias mudanças no estilo de vida do indivíduo, que incluem novos hábitos alimentares e adesão à exercícios físicos. Considerando os aspectos psicológicos relacionados à obesidade, buscou-se neste estudo, explorar pesquisas empíricas publicadas sobre a terapia cognitivo-comportamental (TCC) da obesidade e suas estratégias de intervenção, visando analisar a sua eficiência no processo de emagrecimento. Segundo os autores, a obesidade pode ser classificada em hiperfágica, metabólica e no tocante à sua etiologia pode ser classificada como iatrogênica, neuroendócrina, desequilíbrio nutricional, genética ou inatividade física. Estes fatores podem ser concomitantes e devem ser investigados, pois, variam de acordo com cada indivíduo.
Porém, os fatores comportamentais têm grande importância, uma vez que a grande ingestão de alimentos e o baixo gasto calórico podem colaborar para o desenvolvimento da obesidade. Melo et al. afirmam que o comportamento alimentar alterado demonstra como se encontra a psique do indivíduo. Segundo Cataneo et al. um estudo de Campos em 1993 identificou algumas características de caráter psicológico em adultos obesos, quais sejam: preocupação excessiva com comida, compulsão alimentar, ingestão de drogas, submissão e passividade, primitivismo, dependência, temor de não ser aceito e amado, não aceitação do próprio corpo, dificuldades de adaptação social, insegurança, desamparo, culpa, intolerância, dificuldade para absorver frustrações e ansiedade. Assim, para os autores, o ato de comer, para os obesos, é tido como tranquilizador da ansiedade, no entanto, acaba desencadeando sentimento de culpa, arrependimento e fracasso e, para aliviar estes sintomas, alimenta-se novamente, o que acaba tornando-se um círculo vicioso.
Segundo Rocha e Costa (2012), um dos fatores mais citados na literatura a respeito de obesidade é a ansiedade. Citam o estudo de Guisado e colaboradores, realizado em 2002, com obesos mórbidos que detectou a presença de distúrbios psiquiátricos do Eixo I com uma predominância de 40%, sendo a ansiedade e os distúrbios afetivos os mais recorrentes. Da análise dos dados obtidos nas entrevistas foram obtidas três categorias, a saber: possuir um corpo depreciado, revelando-o com feições deterioradas, deformadas e fora dos padrões estéticos e morais; padecimento da interação de um corpo desfigurado com o mundo social e identificação com o corpo obeso. No entanto, esta identificação com o corpo obeso foi demonstra em apenas 3 dos 19 pacientes entrevistados. Assim, é comum observar sintomas depressivos, tais como sentimentos de incapacidade, insuficiência, auto depreciação e vergonha, o que acaba contribuindo na manutenção da obesidade.
Os autores concluíram que a percepção do corpo obeso reflete, sobretudo, uma imagem negativa de si mesmo, que vem acompanhada de vergonha, tristeza, isolamento social e sensação de fracasso moral, o que significa que pacientes obesos apresentam baixa autoestima. De acordo com Lima e Oliveira (2016) existem aspectos psicológicos relacionados ao desenvolvimento e manutenção da obesidade, as quais impedem o processo de emagrecimento e de aquisição de hábitos saudáveis, tais como atividade física e dieta adequada. Assim, de maneira geral, o processo terapêutico tem como propósito central modificar as distorções cognitivas e possibilitar ao paciente interpretações mais realistas de seu mundo. Para tanto, o terapeuta cognitivo comportamental estabelece com o cliente uma relação de cooperação de forma que as estratégias de superação sejam planejadas em conjunto.
Além disso, lança mão de técnicas cognitivas que visam identificar os pensamentos automáticos, substituindo as distorções cognitivas. As mesmas autoras relatam que o tratamento da obesidade da perspectiva da terapia cognitivo comportamental é eficiente pois, além de auxiliar na reestruturação das distorções cognitivas e promover pensamentos adaptativos, trabalha com o cliente em sua estrutura operante, com o propósito de planejar as contingências que acarretarão na mudança de comportamentos e consequente perda de peso. Neste sentido, a terapia tem como escopo a promoção do controle de comportamentos alimentares inadequados e a detecção, avaliação e correção de pensamentos mal adaptativos, que promoverão a mudança comportamental. Tem como objetivo aumentar a capacidade de metacognição, com o escopo de o paciente constatar a forma como pensa, sente e se comporta devido às suas crenças.
O terapeuta deve recomendar que, frente a uma situação aversiva, o indivíduo identifique o que está pensando, sentindo e fazendo (DUCHESNE, 2001). Treino em resolução de problemas: estratégia utilizada para auxiliar na identificação dos comportamentos alternativos que substituirão os comportamentos alimentares disfuncionais perante determinada situação. Estratégias utilizadas para melhor adaptação em situações adversas, isto é, respostas cognitivas e comportamentais que tem como objetivo minimizar as características aversivas. Esta etapa tem como escopo substituir estratégias desadaptativas anteriormente internalizadas por novas formas de enfrentamento de situações adversas. É neste momento que o paciente deve conseguir identificar a presença de distorções cognitivas que inviabilizam o emagrecimento. Além do mais, o terapeuta deve auxiliar o paciente na construção de recursos e estratégias que visam o enfrentamento do problema.
São questões comumente levantadas pelo terapeuta: “Quais são os recursos disponíveis que podem nos ajudar neste momento?”, “Quais empecilhos podemos encontrar?” e “Quais as outras formas de lidar com esta situação?” (DUCHESNE, 2001). Restruturação cognitiva: paciente e terapeuta identificam pensamentos catastróficos e irracionais e examinam as evidências favoráveis e desfavoráveis aos pensamentos distorcidos, com o objetivo de substituí-los por pensamentos adaptativos. Para esta estratégia a autora sugere o modelo A-B-C que consiste em: A= situação, B= pensamento e C= consequência. Para isso, o terapeuta cognitivo comportamental deve iniciar o tratamento com a psicoeducação sobre a obesidade e eventual compulsão alimentar, sobre a metodologia da terapia e sua função na vida do paciente. Na etapa das intervenções, terapeuta e paciente deverão focar no monitoramento de comportamentos alimentares, no treinamento do autocontrole para evitar comportamentos compulsivos, desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis, e na reestruturação cognitiva.
Ademais, auxilia na prevenção de recaídas, com o objetivo de manter os ganhos terapêuticos, a perda de peso e prevenir o retorno do padrão alimentar inadequado (LIMA & OLIVEIRA, 2016). De acordo com Ferreira, Bakos e Habogzang (2015) o tratamento para emagrecimento na perspectiva da terapia cognitivo comportamental consiste em três fases, a saber: a primeira fase tem como objetivo a mudança cognitiva e comportamental com a consequente perda de peso. Neste momento o terapeuta deverá abordar questões referentes à distinção entre emagrecer e manter o peso perdido, isto é, entre o processo e a manutenção do peso. Dos doze encontros, seis foram reservados para orientação nutricional e os outros seis, para a intervenção amparada pela terapia cognitivo comportamental, com intervenções intercaladas entre nutricionista e psicóloga.
O primeiro encontro teve como objetivo realizar o contrato terapêutico e uma dinâmica para que os participantes pudessem expor seus objetivos em relação ao programa. O segundo encontro teve como pauta as dificuldades mais frequentes que os participantes apresentavam para perder peso. Posteriormente, foi realizada a psicoeducação do modelo cognitivo de Beck, com o objetivo de demonstrar como as cognições estão intimamente relacionadas com as emoções e comportamentos e de que forma podem interferir na perda de peso. Assim, utilizando a técnica de Resolução de Problemas, foi elaborado um continuum cognitivo, reproduzindo os pontos onde os participantes estavam e onde gostariam de chegar (NEUFELD, MOREIRA & XAVIER, 2012). Os resultados obtidos foram satisfatórios, uma vez que proporcionou a redução de peso e a consequente normalização das enzimas hepáticas.
Após uma avaliação realizada dois anos depois do estudo, verificou-se que os participantes mantiveram, em média, 5,6% menos do seu peso inicial. Luz e Oliveira (2013) citam, para corroborar com os resultados de Moscatiello et al. a pesquisa de Ash et al. realizada em 2006, com pacientes que se submeteram a intervenção no estilo de vida embasado pela terapia cognitivo comportamental. O fenômeno aqui estudado, é bastante complexo, não podendo apenas ser restringido à uma condição particularmente cognitiva. Deve-se, entretanto, levar em consideração o contexto social, cultural, e individual do qual o self foi constituído. Desta forma, o estudo não descarta tais aspectos, mas, abarca-os como variáveis que auxiliam na manutenção de uma autoestima baixa e de uma crença negativa que mantêm as variáveis que inviabilizam o emagrecimento.
O decorrer da pesquisa permitiu compreender que a Terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem teórica da Psicologia adequada para auxiliar no emagrecimento, tendo em vista que abarca técnicas que viabilizam alterar as crenças distorcidas, pensamentos disfuncionais, além de possibilitar mudanças de atitudes e comportamentos inadequados que contribuem para o ganho de peso. Permitiu compreender que as técnicas da terapia cognitivo comportamental para o emagrecimento compreendem a automonitoração, resolução de problemas, desenvolvimento de habilidades sociais, resolução de problemas e reestruturação cognitiva. Contribuições da Terapia Cognitivo Comportamental no tratamento à obesidade: quando perder é ganhar. São Paulo, 2015. BARRETO, E. C. RESENDE, E. CATANEO, C. et al. Obesidade e Aspectos Psicológicos: Maturidade Emocional, Auto - conceito, Lócus de Controle e Ansiedade. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(1), pp.
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