A Terapia cognitiva-comportamental na escola: O papel do professor no desenvolvimento socioemocional dos seus alunos
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Psicologia
Concluiu-se que o professor, como modelo e mediador de comportamentos aprendidos pode se valer das contribuições da teoria da Habilidades Sociais para auxiliar seus alunos a reconhecerem, expressarem e desenvolverem suas emoções. Os achados desta pesquisa sugerem um indicador importante para investir em práticas educativas, como o repertório de habilidades sociais e competências socioemocionais, é um fator de proteção para pessoas em desenvolvimento, como crianças e adolescentes. Palavras-chave: Terapia Cognitiva-Comportamental; Emoções; Desenvolvimento Socioemocional; Habilidades Sociais; Formação Docente. Introdução A Terapia Cognitiva-Comportamental reúne um conjunto de técnicas psicoterápicas, pautadas na Teoria Cognitiva com intervenções comportamentais, desenvolvida por Aaron Beck, na década de 1960. O primeiro postulado examinou os aspectos cognitivos dos sintomas depressivos e sistematizou o manejo terapêutico para esses casos.
Contudo, o advento da neurociência trouxe mais visibilidade sobre este constructo. As emoções são adaptativas porque preparam, predispõem e orientam comportamentos para experiências positivas ou negativas, mesmo comportamentos de sobrevivência e de reprodução. As emoções fornecem informações sobre a importância dos estímulos exteriores e interiores do organismo, e também, sobre as situações-problema onde os indivíduos se encontram envolvidos num determinado contexto (FONSECA, 2016, p. Este estudo tem como objetivo examinar o papel do professor no desenvolvimento socioemocional dos seus alunos, partindo de contribuições da TCC no âmbito escolar. Para tal, realizou-se uma revisão de literatura (GIL, 2010), a partir de autores consagrados e artigos publicados nos últimos cinco anos. Abreu, Miranda e Murta (2016) por meio de uma revisão sistemática que investigou programas ou estratégias brasileiras com o propósito de reforçar fatores protetivos da saúde mental, observaram que majoritariamente crianças e adolescentes foram alvos das intervenções.
Outra constatação foi de que, dos 25 estudos encontrados, 11, ou seja 41,19% apresentavam como estratégia adotada o aprendizado de habilidades sociais como prevenção ao sofrimento psíquico. A depressão na infância manifesta um padrão sintomático similar ao observado em adultos: alteração no apetite e no sono, irritabilidade, agressividade, avolição, perda de interesse em atividades comuns, tristeza, dificuldade de concentração, autocrítica, dentre outros. Além disso, é preciso considerar esse transtorno de uma forma mais abrangente, pois ele é multifatorial e implica em aspectos biológicos, sociais, cognitivos, comportamentais e afetivos. Os prejuízos podem ser observados pela família ou no ambiente escolar, sendo que neste último a criança passa boa parte do seu tempo, o que requer atenção por parte dos profissionais para a manifestação desse conjunto de características.
Neste sentido “haveria, portanto, um componente cognitivo mediador entre os estímulos ambientais e as respostas emitidas pelo sujeito, sejam emoções, pensamentos, comportamentos ou reações fisiológicas” (TEODORO et al, 2013, p. Os autores retomam a teoria de Beck e explicam, que esse processo de atribuição de sentido se forma a partir das crenças centrais, do conjunto formado pelas atitudes, regras e inferências, e por último pelos pensamentos automáticos. Estes últimos atuam diretamente nas emoções e por isso merecem atenção especial na promoção e prevenção de saúde mental. As habilidades sociais são competências socioemocionais, que correspondem a um conjunto de comportamentos utilizados em diferentes contextos, ou seja, são recursos que “que expressam sentimentos, atitudes, desejos, opiniões e direitos que devem ser adequados a situação, solucionar problemas imediatos e também minimizar a probabilidade de futuros problemas” (MARIN et al¸2017, p.
Perceber os próprios sentimentos e nomeá-los, além de responder de forma adequada ao contexto não são tarefas simples. Para as crianças mais novas, o relacionamento positivo com os professores pode fazê-las se sentir mais seguras para participarem de atividades escolares e interagirem com os pares, porque elas sabem que se enfrentarem dificuldades poderão contar com o apoio dos professores. Para as crianças de séries mais avançadas, o relacionamento professor-aluno positivo as auxilia a manterem o interesse pelas atividades escolares e sociais, favorecendo o melhor desempenho escolar e o relacionamento positivo com os pares (PETRUCCI et al, 2016, 395). Rosin-Pinola e Del Prette (2014) tratam sobre capacitação e treinamento de professores para lidarem com as dificuldades socioemocionais na perspectiva da inclusão escolar.
As autoras discutem sobre as habilidades sociais educativas do professor como preditoras de melhor ajustamento acadêmico. O estudo apontou que o investir no aumento do repertório de habilidades sociais do professor tem impacto direto capacidade de dar suporte emocional aos seus alunos. Estas estratégias, por sua vez, também aumentam o desenvolvimento das competências dos alunos (ALLEN, PIANTA, GREGORY, MIKAMI, & LUN, 2011) (COELHO et al, 2016, p. Não se pode negar as interligações entre desenvolvimento socioemocional e funções executivas, que são consideradas “um conjunto de habilidades complexas que nos permitem direcionar o nosso comportamento para metas e objetivos, flexibilizar estratégias e pensamentos, assim como autorregular-se, controlar os impulsos, tomar decisões, realizar planos e solucionar problemas, sempre tendo em monitorando nosso progresso” (CARVALHO e ABREU, 2014, p.
Carvalho e Abreu (2014) elucidam uma série de programas de desenvolvimento socioemocional com foco nas funções executivas e apresentam uma estratégia bem-sucedida chamada “Herois da mente”, aplicada em quatro módulos nas escolas. Afim de apresentar um conteúdo que sirva de suporte teórico para outros pesquisadores, psicólogos e professores, os módulos foram sistematizados e apresentados na forma da Tabela 1 – Módulos de Herois da Mente: Tabela 1 - Módulos de Herois da Mente Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 Organização e Planejamento; Uso de rotina em sala de aula; Uso de calendário mensal da turma; Atividades que envolvam estimar e controlar o tempo; Organização física e dos materiais pessoais; Organização e categorização das ideias; Planejamento compartilhado (parte e todo); Dividindo uma tarefa grande em pequenos passos; Discutir a agenda diária, o que traz sentimento de segurança para a criança e maior manejo e engajamento nas atividades.
Apresentar representações visuais e verbais para a compreensão do tempo. Gerar reflexões sobre as emoções geradas e como cada um percebe. Criação de Metas – comportamento a ser modificado – Painel Coletivo. Selecionar comportamento alvo: Como estou? Como quero ficar? Revisar periodicamente. Auto monitoramento: Prestar atenção em seus próprios comportamento. Usar brincadeiras e interações apropriadas. Contudo, as mesmas autoras expõem sentimentos de resistência por parte de professores quando se trata do uso de abordagens psicológicas no seu trabalho cotidiano na escola. Além disso, os estudos com tema “desenvolvimento socioemocional” são comumente focados nos alunos e pouco se dedica aos educadores. Ademais, é um campo interdisciplinar, que exige contribuições da psicologia e da pedagogia na formação e treinamento dos educadores.
A proposta desenvolvida por Fuza e Campos (2018) na experiência de um estágio supervisionado para formação de educadores, esclarecem que há múltiplas estratégias que podem ser adotadas para capacitar o professor para desenvolver habilidades sociais e emocionais nos alunos. As autoras adotaram dois instrumentos: modelo Bar-on (1997), que ensina habilidades para lidar com situações cotidianas; e a “reflexão distanciada”, que se refere a: toda situação em que o sujeito é levado a pensar, em segundo grau, sobre seus próprios procedimentos, através da passagem de um registro de linguagem a outro. O professor precisa ser capacitado para compreender os ciclos de desenvolvimento dos seus alunos e suas carências afetivas. Desse modo, o aluno poderá ter um crescimento não só acadêmico, mas emocional e psicológico, o que o tornará mais preparado para situações limites ou desafiadoras que certamente enfrentará ao longo da sua trajetória escolar e vivencial.
Conclusão Este estudo teve como objetivo examinar o papel do professor no desenvolvimento socioemocional dos seus alunos, partindo de contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no âmbito escolar. “A terapia cognitiva necessariamente envolve técnicas comportamentais, como o planejamento de atividades, a prática de exposição, o fornecimento de auto recompensas, a construção de cardápios de recompensas, a prática da assertividade e outras técnicas valiosas” (LEAHY, 2007 p. Apesar de transitória, a relação com o professor pode servir de apoio emocional e fonte de segurança e, por isso, ser preditora do desenvolvimento de competências ou disfunções na criança. Key Words: Cognitive-Behavioral Therapy; Emotions; Socioemotional Development; Social skills; Role of the teacher. Notas explicativas 1 Autora e vinculação institucional 2 A assincronia refere-se à disparidade entre diferentes áreas do desenvolvimento que pode ocasionar dificuldades emocionais e sociais” (PISKE, 2013, p.
Referências ABREU, Samia; MIRANDA, Ana Aparecida Vilela and MURTA, Sheila Giardini. Programas Preventivos Brasileños: ¿Quién Hace y cómo Es Hecha Prevención en Salud Mental? Psico-USF [online]. vol. n. p. mar. Disponível em <http://www. scielo. FERNANDES, L. F. ALCKMIN-CARVALHO, F. IZBICKI, S; DA SILVA MELO, M. H. n. p. out-dez/2018. KNAPP, P. BECK, A. pesqui. psicol. Rio de Janeiro , v. n. p. ter. cogn. Rio de Janeiro , v. n. p. ter. cogn. Rio de Janeiro , v. n. p. n. p. jun. Disponível em <http://pepsic. bvsalud. DEL PRETTE, Z. A. P. Inclusão escolar, formação de professores e a assessoria baseada em habilidades sociais educativas. Revista brasileira de educação especial, Marília, v. Available from <http://www. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002007000200001&lng=en&nrm=iso>.
access on 18 Nov. Escala de Pensamentos Automáticos para Crianças e Adolescentes (EAP): adaptação e propriedades psicométricas. Psico-USF, Itatiba , v. n. p. Apr.
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