A RESILIÊNCIA NA ATUAÇÃO DOCENTE E A RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO COM PROBLEMAS PSICOSSOCIAIS

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Bibliotecária Responsável: Maria Gabriela F. Cobianchi CRB8 9914 CRISTIANO RICARDO FUZARO A RESILIÊNCIA NA ATUAÇÃO DOCENTE E A RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO COM PROBLEMAS PSICOSSOCIAIS Trabalho de Conclusão de Curso de Docência do Ensino Superior do Centro Universitário Barão de Mauá Orientador: Prof. Me. Mario Marcos Lopes Data de aprovação: ______/______/__________. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________ Prof. Docência. Problemas Psicossociais. ABSTRACT On account of the importance of education in the life of any human being, this research sought to analyze the role of resilience in higher education from the perspective of the relationship between professor and student, especially those with psychosocial issues. Through bibliographical research on the concept of resilience, the goal was to understand the potential influence of this feature in the educator's formation.

In conclusion, the resilient posture on the professor’s part is fundamental for the appropriate support of the student with psychosocial issues. O equilíbrio entre emoção e razão 13 4. O educador resiliente 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS 17 REFERÊNCIAS 18 1 INTRODUÇÃO Um dos inúmeros aspectos do complexo comportamento humano diz respeito à forma singular com que cada indivíduo reage às mesmas situações. Assim sendo, pode-se perguntar que fator possibilita a algumas pessoas superarem as adversidades de forma positiva, de modo a continuar seu desenvolvimento, enquanto outras não. Para sistematizar, compreender e explicar essas interrogações, a Psicologia desenvolveu o conceito de Resiliência, ou seja, a capacidade do indivíduo de desenvolver habilidades de superação que o possibilitem enfrentar adversidades e eventos traumáticos. Atualmente este tema vem sendo mais amplamente estudado, e alguns trabalhos visam a compreender os fatores que impulsionam a atitude resiliente para possibilitar que as pessoas possam, assim, desenvolver-se de maneira plena e saudável, mesmo em face de desafios.

Quanto aos objetivos específicos, consistem em investigar o conceito de resiliência por meio de revisão bibliográfica; compreender a possível influência da formação do educador na sua relação com o aluno; e, a partir disso, descrever os benefícios do professor resiliente para uma melhor experiência acadêmica do estudante com problemas psicossociais. Ainda apoiado em Tavares (2014), reitero a importância da resiliência em parceria com o equilíbrio emocional e a escola. Esta trilogia conceptual [. pode ajudar a compreender uma realidade fundamental que nos envolve, nos habita e de que precisamos para respirar, para ser, estar com os outros e nos tornarmos mais humanos nas sociedades e organizações dos nossos dias em que a escola continua, apesar das suas profundas e rápidas mudanças e transformações, a apresentar-se como um lugar especial e um agente determinante de socialização, de cultura, de cidadania (TAVARES, 2014, p.

Logo, é essencial que resiliência e educação sejam tratados conjuntamente, de forma a fortalecer o estudante. E considerando que a resiliência é de fundamental importância nos contextos tanto pessoal quanto social ou profissional, este estudo busca identificar as características que a definem e sua classificação dentro de uma determinada escala de profissionais docentes do ensino superior. Porém, para compreender esse processo, é necessário antes contextualizá-la. Consciência e emoção: a descoberta do eu A fim de abordar o tema principal desta pesquisa, é preciso ressaltar, inicialmente, o conceito de caráter, a saber, o composto de respostas orgânicas e psicológicas relativamente estáveis do sujeito aos estímulos externos (WALLON apud SILVA, 2007). Trata-se, para Wallon, de um componente inerente ao ser humano, que tem, portanto, origem orgânica, Mas não se resume a ela, já que na concepção dialética walloniana filiação não significa causalidade.

No entanto, é a partir do caráter, este núcleo duro, que se acrescentarão as influências sociais, culturais e históricas que irão culminar na personalidade, que, por esse motivo, sofre variações e tem um desenvolvimento próprio ao longo da ontogenia (SILVA, 2007, p. O sujeito resiliente As habilidades individuais podem ser esboçadas por meio de histórias comparativas entre aquelas pessoas que puderam superar determinados momentos de crise e aquelas que cederam a eles, apesar da semelhança de trajetória entre elas. “Desta forma, o foco no indivíduo busca identificar resiliência a partir de características pessoais, como sexo, temperamento e background genético” (YUNES, 2003, p. Resiliência é um termo de conotação positiva, que transmite a ideia de firmeza e resistência.

Ela é parte do processo de gestão de mudanças, e sua presença indica equilíbrio emocional ao lidar com problemas cotidianos. O comportamento resiliente diz respeito também à reflexividade do ser humano. Todavia, é essa última a concepção inicial de resiliência que persiste em orientar grande parte da produção científica. A fim de esclarecer de vez a questão, Zimmerman e Arunkumar (1994) esclarecem que a resiliência não consiste em o indivíduo não ser afetado por uma situação de estresse ou de risco. Na medicina, por exemplo, o termo expressa a capacidade de resistência do doente, com ou sem o auxílio de medicamentos. Isto é, ele é acometido por determinada doença, mas não se rende a ela. A resiliência e seu papel social Conforme discutido anteriormente, a interação, tanto em seu aspecto individual quanto pelo contexto social, é elemento motor da resiliência.

Em suma, acima da flexibilidade física, biológica ou psicológica, o desempenho resiliente depende do exercício do eu, capaz de operar procedimentos de tomada de decisão, de comportamento, de realização, de inovação científica, tecnológica, artística e cultural. A Resiliência no âmbito escolar Unir a perspectiva filosófica à intenção pedagógica é uma tarefa urgente, visto que a educação está intimamente associada às abordagens epistemológicas, antropológicas e axiológicas abordadas no saber filosófico e nas ciências humanas. No entanto, hoje, a formação do educador dificilmente considera o parâmetro filosófico. A leitura da obra de Galvão (1995), que tem por título o nome do autor, revela que Henri Wallon, nome de extrema relevância no que diz respeito à psicologia associada à educação, não só aproxima essas duas vertentes como o faz a partir do desenvolvimento infantil.

Sua opção, Por estudar o desenvolvimento da pessoa completa e a de basear este estudo numa perspectiva dialética, faz com que sua teoria, abrangente e dinâmica, sirva a múltiplas leituras por parte de quem procura, nela, subsídios para a reflexão pedagógica (GALVÃO, 1995, p. COSTA, 2000, p. Nessa equação, é de extrema importância também o papel do educador, responsável pela facilitação no desenvolvimento da autonomia e da criatividade dos jovens em detrimento da dependência e da acomodação. Ele deve manter uma função de suporte, deixando o destaque ao jovem. Deve também manter-se aberto à diversidade, ao diálogo, suprimindo, dessa maneira, a antiga noção de hierarquia. A formação de jovens resilientes As relações e mediações entre o protagonismo juvenil e a resiliência têm como uma de suas determinantes a política delineada por organismos internacionais, ratificada no Brasil com o Plano Decenal de Educação1 (PNE), de 2014, em que as escolas passam a ser vistas como espaço ideal para a materialização de um projeto político de formação de novos cidadãos.

Conforme Araújo (1998), situações de adversidade entre adolescentes ou adultos, vivenciadas pela criança, podem afetar seu estado de humor, o relacionamento com os companheiros de classe, de trabalho e até seu dia a dia, resultando em baixa autoestima e podendo, consequentemente, interferir no desempenho escolar. O autor ressalta ainda que refletir sobre o desenvolvimento da inteligência infantil, e favorecê-lo, é algo intrínseco ao papel social da escola, e é isto o que se espera dela. Para tanto, é imprescindível enxergar a criança como sujeito emocional, que interage continuamente com universos tanto objetivo quanto subjetivo, dotado da capacidade intelectual que lhe propicia a organização e interpretação dessa constante relação que mantém com o meio externo. Isto é, a criança, tanto quanto o adulto, é um indivíduo simultaneamente biológico, afetivo, social, cognitivo e espiritual (ARAÚJO, 1998).

Pesquisadores "procuram compreender como adaptações prévias deixam a criança protegida ou sem defesa quando exposta a eventos estressores" (HAWLEY e DEHANN, 1996 apud YUNES, 2003, p. Todo o contexto de vida de uma pessoa coloca-a frente a um problema, e ela deve ser capaz não apenas de resolvê-lo, mas de conseguir prosseguir seu caminho apesar dele. Logo, no tocante à formação do docente, é essencial que se enfatize a responsabilidade de ensinar e de construir, conjuntamente com seus alunos, os conhecimentos necessários para a formação de cidadãos autônomos e críticos. A sala de aula não só está inserida na sociedade como a reflete, evidenciando assim todas as suas nuances. Por conseguinte, não pode ser tratada como um ambiente isolado da realidade que a circunda.

Ao contrário do que se pode pensar, as adversidades não atrapalham necessariamente o desempenho escolar. Deste modo, dispõem de maior oportunidade para detectar sintomas e sinais indicativos de que um estudante já tenha sofrido ou sofre algum problema psicossocial, além de permitir acompanhamento e encaminhamento para autoridades e/ou profissionais competentes. O período de transição entre a escola e a universidade representa, para o jovem, adaptações em diversas frentes, que podem ser desde geográficas ou financeiras até pessoais, sociais ou acadêmicas (PEREIRA et al. Em nível pessoal, fatores como ansiedade e solidão acarretam no sentimento de vulnerabilidade. Considerando que o início do curso pode ser determinante para o sucesso acadêmico, é essencial operar estratégias em favor da melhor experiência possível.

Durante todas as fases da vida, o ser humano lida com situações com as quais deve se adaptar. Enquanto algumas dessas situações mostram-se delicadas ou demoradas de ser convertidas, o controle emocional e os sistemas de proteção, como a família, a escola ou a comunidade, podem ser recursos essenciais para sua eliminação ou controle, tanto por parte do educador, elemento fundamental de apoio nesse processo, quanto ao próprio estudante. Conforme o argumento de Araújo (1998), acompanhando a vertente de pensamento de Piaget, a interação ocorre tanto no mundo físico, interpessoal e sociocultural quanto em nível intraindividual. Apesar de dedicado especificamente ao aluno com déficit cognitivo, o trabalho de Araújo apresenta vários pontos pertinentes também à questão dos problemas psicossociais.

Em vista disso, segundo propõem Monteiro et al. a transição para o Ensino Superior, vivida predominantemente por jovens, pode representar, naturalmente, um passo positivo nas suas vidas. Isso porque ela tem por característica a fácil propagação entre os indivíduos de um mesmo grupo, visto que em relações interindividuais os traços da personalidade individual são diluídos. Essa tendência explica a facilidade da atmosfera emocional de dominar determinados eventos, a exemplo de rituais religiosos ou comícios (GALVÃO, 1995). O fator interessante aqui, é o fato de que a importância das manifestações emocionais coletivas diminui na medida em que se fazem disponíveis outros recursos a determinado grupo, por exemplo técnicos ou intelectuais. Neste sentido, tanto para o recém-nascido como para as sociedades, as emoções aparecem como forma primeira de adaptação ao meio e tendem a ser suplantadas por outras formas de atividade psíquica.

Este é o caso das funções intelectuais, que na psicogênese vão adquirindo importância progressiva como forma de interação com o meio. É somente depois de tê-la vivido, já fora do "calor" do momento, que se torna possível a reflexão, a avaliação e uma possível compreensão da situação (GALVÃO, 1995, p. O educador resiliente Dessa forma, a presença da figura do professor, como mediador e facilitador, pode favorecer na superação, e mesmo na prevenção, de problemas psicossociais. Com uma abordagem resiliente, o docente, conhecendo a história de vida do estudante, pode influenciá-lo de maneira positiva. É sabido que grande parte dos alunos com dificuldade de aprendizado vive com o empecilho de precisar processar emoções traumáticas, sem necessariamente apresentarem qualquer déficit cognitivo (ARAÚJO, 1998).

Para que o professor esteja de fato disponível a auxiliar seu aluno, é imprescindível que esteja, ele mesmo no controle de suas emoções. Percebe-se, cada vez mais, o olhar atento ao cotidiano diverso da escola, buscando suprimir preconceitos educacionais e rótulos ao aluno que não aprende. A resiliência fornece ao professor a segurança de que seu aluno pode superar problemas psicossociais. Além disso, outras maneiras de incitar a psique saudável, além das citadas no decorrer do trabalho, como o constante diálogo e o estímulo ao pensamento crítico, incluem o estímulo à expressão conforme Galvão (1995, p. a define: “expressar--se significa exteriorizar-se, colocar-se em confronto com o outro, organizar-se”. A exteriorização do eu pode ser facilitada por atividades artísticas, visto que elas favorecem a expressão de estados e vivências subjetivas e também a reflexão sobre o mundo que o rodeia e, mais importante, sobre si mesmo.

Para tanto, é necessária uma profunda reforma no sistema educacional, até hoje ainda exclusivamente dedicado aos conteúdos didáticos, ignorando o fato de que a escola é um espaço social fundamental para as necessárias mudanças sociais. Dentre as mudanças necessárias, faz-se essencial a inclusão da temática da resiliência nos cursos de formação docente. Atualmente, no entanto, grande parte do corpo docente nacional não está nem mesmo familiarizado com o termo. Em conclusão, é primordial a formação do indivíduo integral, intelectual, social, emocional, circunstância que pode ser vigorosamente facilitada, antes de tudo, pelo melhor preparo e apoio ao docente. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Ulisses F. A importância da resiliência e da relação humanizada professor-aluno sob o ponto de vista de licenciados da UFPE/CAA.

Natal: Anais III Conedu, 2016. v. COSTA, Antônio C. G. PEREIRA, Anabela et al. Desenvolvimento de competências pessoais e sociais como estratégia de apoio à transição no ensino superior. International Journal of Development and Educational Psychology, v. n. p. YUNES, Maria Angela M. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicologia em Estudo, Maringá, v. p. ZIMMERMAN, Marc.

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