A PSICANÁLISE COMO FERRAMENTA PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DE MEDICAMENTOS CONTROLADOS

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Tais medicamentos resultam em diversos prejuízos para os pacientes, como efeitos colaterais no organismo, dependência química e indução a uma falsa sensação de prazer, alegria e satisfação no sujeito. Por outro lado, a adoção de terapias alternativas, como a psicanálise, sugere a uma reflexão interior acerca das causas relacionadas a progressão de patologias no indivíduo e, portanto, contribuem para o próprio desenvolvimento e crescimento pessoais. Dessa forma, a psicanálise tem sido empregada, inclusive no Brasil, como uma ferramenta que também auxilia na prevenção de doenças, como a Aids, depressão, anorexia e bulimia. Palavras-chave: Benefício; Psicanálise; Terapia. ABSTRACT: Since the 20th century, psychoanalysis is usually considered as a powerful tool for providing a better comprehension related to psychic issues related to physical and emotional disorders.

O crescente uso de medicamentos foi evidenciado sobretudo a partir de 1970, com o surgimento da Biotecnologia, ao comprometer-se em eliminar sintomas de patologias físicas e mentais de forma rápida e eficaz (PELEGRINI, 2003; MACHADO E FERREIRA, 2014). Entretanto, esse tipo de alternativa tem sido amplamente questionado, em detrimento do enorme crescimento da indústria farmacêutica, que mobiliza a economia mundial devido a sua alta rentabilidade (PELEGRINI, 2003; MACHADO E FERREIRA, 2014; SANTOS E FARIAS, 2010). Machado e Ferreira (2014) sugerem que o aumento no consumo de tais medicamentos, ditos “inovadores”, induziu a uma vasta investigação científica para a descoberta de novas síndromes, o que aumentaria ainda mais a rentabilidade da indústria farmacêutica. No Brasil, dados recentes do Boletim de Farmacoepidemiologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) revelam um crescimento no uso de medicamentos para transtornos psicoemocionais, em que medicamentos considerados como pertencentes às categorias “controle especial” e “psicotrópicos” somam mais de 75% de todos os medicamentos comercializados no país (ANVISA, 2011).

A elevada taxa de consumo desses medicamentos é preocupante, visto que podem apresentar inúmeros efeitos colaterais no organismo dos pacientes, além de induzirem o sujeito a um questionável estado de alegria e prazer (PELEGRINI, 2003). MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizado um levantamento teórico especializado, por meio de buscas de periódicos indexados dissertações, teses, livros e capítulos de livros nas bases de dados Scielo, Science Direct, Pubmed e Google Acadêmico. Termos gerais relacionados ao objetivo do trabalho, como “psicanálise e doenças”, “psicanálise e medicamentos”, “estatísticas da psicanálise”, “psicanálise no Brasil” e “depressão” foram pesquisados, sendo escolhidos trabalhos de grande impacto científico realizados recentemente para compor o atual trabalho. DESENVOLVIMENTO A CULTURA DO USO ABUSIVO DE MEDICAMENTOS Machado e Ferreira reportam que, com a expansão da indústria farmacêutica, a psicanálise está perdendo espaço no mercado, visto que não é tão rentável quanto a elevada venda de medicamentos mundialmente.

Os autores relatam que, por exemplo, a Imipramina é um antidepressivo que não obteve recursos de financiamento pelos laboratórios na década de 1950 e, portanto, estratégias foram adotadas para inserir o medicamento no mercado (MACHADO E FERREIRA, 2014). Uma dessas estratégias inclui a criação de uma ideia de epidemia de doenças, como a depressão, para convencer os consumidores a comprarem esse tipo de medicamento (MACHADO E FERREIRA, 2014). Assim, os medicamentos fornecem um sentimento de alívio imediato de alguns sintomas pertinentes ao sofrimento humano, como tristeza, ansiedade e angústia, os quais são bastante importantes para o desenvolvimento pessoal, preparando o sujeito para situações cotidianas (MAIA E ALBUQUERQUE, 2000; PELEGRINI, 2003). Nesse sentido, o indivíduo permanece em uma sensação de prazer e alegria instantânea induzida por medicamentos, porém exclui processos fundamentais para a experiência humana, como a dor e a frustração, o que pode bloquear o crescimento individual (MAIA E ALBUQUERQUE, 2000; PELEGRINI, 2003).

Portando, os prejuízos causados pelo consumo abusivo de medicamentos pela população podem ser irreparáveis, considerando-se os danos físicos e emocionais que podem desencadear em cada indivíduo (PELEGRINI, 2003). Além disso, os efeitos dos psicotrópicos disponíveis atualmente no mercado variam de indivíduo para indivíduo, sendo que, em casos de tratamentos de psicoses, não costumam ter grande eficácia (MACHADO E FERREIRA, 2014). Consequentemente, a adoção de terapias alternativas torna-se bastante promissora. Desse modo, incentiva-se a interioridade e introspecção nas psicoterapias, ao passo que a medicalização estimula a exterioridade, baseada na cultura atual do consumismo e da sensação de satisfação imediata (MAIA E ALBUQUERQUE, 2000; PELEGRINI, 2003; BIRMAN, 2007). Conforme afirma Machado e Ferreira (2014): Assim, eliminando qualquer tipo de escuta singular e de singularidade do humano, derivada da experiência ou da história individual, os antidepressivos incluem todo ser humano numa categoria de universalidade, cujo denominador comum é a existência de um corpo mental semelhante que por isso deverá ser tratado uniformemente (pp.

Dessa forma, podemos observar que a utilização da psicanálise tem muito a contribuir para o tratamento de transtornos psíquicos. Um dos grandes benefícios relacionados ao uso da psicanálise é o acesso ao inconsciente, também referido como subconsciente por alguns autores (MAIA et al. MACHADO E FERREIRA, 2014). Como pode-se imaginar, a solução mais rápida encontrada para o alívio imediato dos sintomas da depressão é o consumo de fármacos, visto que trata-se de uma síndrome que não é tolerada socialmente (MACHADO E FERREIRA, 2014; PELEGRINI, 2003). Tal medida torna-se ainda mais preocupante quando consideramos que, atualmente, qualquer pequena variação de humor tem sido precocemente diagnosticada como depressão, o que incentivaria ainda mais um consumo abusivo de tais medicamentos, considerados “máscaras da alma” (PELEGRINI, 2003).

Outro fato relevante é que tais medicamentos resultam em elevados níveis de dependência química, sobretudo em jovens, sendo essa drogadição um dos sintomas característicos de um quadro depressivo (SAÚDE MENTAL, 2004). Talvez ainda mais preocupante seja a prática de medicalização também em crianças (KAMERS, 2013). Além disso, a procura por pacientes em consultórios psiquiátricos atualmente é enorme, a fim de tentarem mudar o seu humor, a sua personalidade e seu jeito de ser, conforme afirma Pelegrini (2003). A PSICANÁLISE E TRANSTORNOS FÍSICO-EMOCIONAIS É bastante comum também a associação entre uma doença física e transtornos de ordens emocionais. A compreensão das formas pelas quais o indivíduo lida com suas proibições e desejos, por meio do acesso ao inconsciente pela psicanálise, permite à saúde pública implementar novas formas de prevenção à essas doenças (MORENO, 2011).

O Brasil destaca-se como primeiro país latino-americanoa implantar a proposta terapêutica de Freud, desde o início do século XX, uma vez que obteve satisfatória aceitação das comunidades médicas e científicas (TORQUATO, 2015). No Brasil, a contribuição da psicanálise há várias décadas não se restringe somente a questões médicas, mas também a uma melhor organização do funcionamento social na perspectiva sanitária, ou seja, não trata apenas da condição de doença física do sujeito, mas possibilita um projeto civilizatório-educativo primordial para o desenvolvimento da nação, atuando na prevenção de doenças (MORENO, 2011; TORQUATO, 2015). A chegada da psicanálise no Brasil ressoa no pensamento da intelectualidade da época, no seu ensejo de contribuir para o debate das questões em torno da construção do Estado nacional.

No Brasil, a aceitação da psicanálise não abrange somente as comunidades médica e científicas, mas relatos iniciados no século XX mostram também os efeitos da psicanálise sobre diferentes áreas, incluindo Direito, Pedagogia e Arte (TORQUATO, 2015). Sendo assim, conforme proposto por Torquato (2015): A disciplina freudiana vai se configurando como uma panaceia, uma teoria capaz de abarcar todos os problemas decorrentes do advento da modernidade, “constituindo-se em um poderoso instrumento de investigação e explicação do homem e de suas relações em sociedade (p. Finalmente, de acordo com a teoria da psicanálise freudiana, as reformas culturais e sociais são fundamentais para minimizar o quadro de mal-estar, tão comum na atualidade, pois considera essa característica um fruto de excessos e repressões provocados pela própria cultura (TORQUATO, 2015).

Assim, a teoria freudiana propõe que existe um sentimento de infelicidade comum na sociedade e que a psicanálise é uma ferramenta bastante apropriada para tornar os sujeitos “aptos para a vida” em direção a uma existência mais produtiva, prazerosa e tolerável, confirme afirma Torquato (2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho realiza um levantamento bibliográfico sobre os benefícios da utilização da psicanálise no tratamento e compreensão de fatores envolvidos na causa e progressão de transtornos emocionais. BIRMAN, J. Mal-estar na atualidade: a psicanálise e as novas formas de subjetivação. Psychê. nº 20, p. CARVALHO, D. In S. Caponi (Org. Medicalização da vida: ética, saúde pública e indústria farmacêutica (pp. Palhoça: Unisul. DAMACENA, J. T. Entre a Psicanálise e a degenerescência; sexualidade e doença mental no século XX no Brasil.

Rev. Latinoam. Psicopat. Rio de Janeiro: IBGE; 2014. Jerusalinsky, A. Fendrik, S. Introdução. In A. Rev. Assoc. Med. Bras. v. A indústria farmacêutica e psicanálise diante da “epidemia de depressão”: respostas possíveis. Psicologia em estudo. v. p. MAIA, A. Albuquerque, A. Get there now! Cultura Contemporânea, imediatismo e desamparo. Pulsional Revista de Psicanálise, v. nº 132, p. Ministério da Saúde. LOPES, A. M. MORAES, T. C. B. Grupo psicoeducativo multifamiliar no tratamento dos transtornos alimentares na adolescência. Psicologia em Estudo, v. p. PELEGRINI, M. R. p. Pignarre, P. Comment Ia dépression est devenue une épidémie. Paris: La Découverte, 2012. ROXO, H. In S. Caponi (Org. Medicalização da vida: ética, saúde pública e indústria farmacêutica, pp.

SAÚDE MENTAL. A psicanálise frente aos "males sociais".

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