A ARMADILHA DA RENDA MÉDIA
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Economia
O objetivo foi verificar como estes países ficaram presos à armadilha e verificar as possibilidades de saída, uma vez que apresentam falta de mudanças estruturais, ausências de tecnologias avançadas e a baixa acumulação de capacidades produtivas. Foi selecionado o Brasil como forma de objeto de estudo, uma vez que se encontra neste patamar e feita uma comparação a casos de sucesso como o da Coreia do Sul. Como metodologia de trabalho foram feitas revisões bibliográficas e leituras de diversos trabalhos sobre o assunto. Ao longo do estudo verifiquei estes países não apresentam perspectivas relevantes para saída da Armadilha da Renda Média em curto prazo, sendo necessárias severas transformações econômicas para superarem tal condição. Palavras-chave: Armadilha da Renda Média – Desenvolvimento Econômico - Brasil – Coreia do Sul ABSTRACT A Middle Income Trap is a term used by many economists to report when a country's economic development reaches a certain level of income, it is not possible to achieve evolution and it gets stuck at that level.
Dentre os países emergentes, os mais destacados são o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que fazem parte do chamado BRICS. Os BRICS iniciaram-se em 2006, de maneira informal através de um grupo de trabalho entre os chanceleres do Brasil, Rússia, Índia e China. Esta coordenação passou a constituir um mecanismo de ajuda em áreas com potencial, que podiam gerar resultados substanciais aos povos desses países. Em 2011, a África do Sul foi introduzida ao grupo, aditando o “S” acrônico. O que rendeu maior visibilidade ao grupo foi o campo financeiro, que justificou a expansão de suas atividades em diversos campos. Teve uma fase de decolagem e depois não conseguiu manter o ritmo de crescimento, mantendo-se moderado, como mostra a figura abaixo (Figura 1).
A linha esverdeada indica a trajetória de um crescimento sustentado; a linha avermelhada indica a entrada na armadilha da renda média; e a linha avermelhada tracejada indica uma trajetória de crescimento insubsistente. Figura 1. Trajetórias de crescimento das economias Fonte: Adaptado de Mueller (2014). O que é a armadilha da renda média A Armadilha da Renda Média é um termo utilizado por muitos economistas para relatar quando o desenvolvimento econômico de um país atinge certo patamar de renda, não conseguindo evoluir e fica preso a este nível. Como ocorre a armadilha da renda média Esse processo acontece quando um determinado país emergente atinge um acentuado desenvolvimento econômico por um determinado período e fica estagnado a uma fase de desenvolvimento e não consegue superar a armadilha da pobreza e da armadilha malthusiana.
Armadilha malthusiana ou população armadilha é uma condição em que o excesso de população iria parar de crescer devido à falta de abastecimento alimentar levando a fome, teoria criada por Thomas Robert Malthus. Após a decolagem acelerada, os países alcançam o nível de renda média e não conseguem segurar a sustentabilidade. Não conseguem superar a situação de pobreza e altas taxas de crescimento e despencam rapidamente, estagnando suas economias. De acordo com o Banco Mundial estes países alcançam este “status” quando seu PIB per capita localiza-se entre as faixas de US$ 1. Podemos constatar que é impossível prosperar dentro de uma economia ilusória e arcaica de crescimento. É preciso inovar sempre, gerar ganhos de produtividade, criar rebaixamento de custos e investir em qualidade de serviços e como resultado recolheriam ganhos extraordinários.
Os países que permanecem com um capitalismo estatal não prosperam e perdem estabilidade econômica, quando seu sistema político varia entre o autoritarismo e o populismo. O desenvolvimento econômico de um país é uma maratona com obstáculos a serem superados. Primeiro precisamos superar a limitação de poupança e de investimentos e em consequência o acumulo de capital. Estes países possuem um baixo investimento, sua produção industrial é limitada e lenta e seu mercado de trabalho é precário. Alguns países emergentes, nos últimos anos até conseguiram ter um crescimento considerável, mas não conseguiram atingir um pleno desenvolvimento econômico. Conseguiram evoluir em relação a pobreza, mas não conseguem manter o ritmo de crescimento em sua economia. A maioria dos países que estão presos à armadilha possuem um histórico de subdesenvolvimento e um acelerado crescimento nos últimos anos.
A razão do crescimento acelerado muitas vezes é causada pelo êxodo rural, que exporta trabalhadores do campo para os centros urbanos, criando uma força de trabalho assalariada e em consequência uma acumulação de capital. No começo dos anos 90 até aproximadamente 2013, a taxa média de crescimento foi de 3%, significando que o país estava prese a armadilha da renda média. O Brasil precisaria investir em economias mais avançadas para alavancar a taxa de crescimento do PIB per capita em pelo menos 4,2% nos próximos 50 anos e alcançar os países de alta renda que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e uma taxa de 4,7% para alcançar o nível de renda dos Estados Unidos. Somente a China entre os países emergentes possui uma taxa de crescimento considerável para alcançar os países ricos.
Entre os anos de 1980 a 2011, o Brasil apresentou uma taxa de 1%, ficando totalmente fora desta expectativa. A China não está fora de cair na armadilha da renda média como aconteceu com alguns países emergentes da Ásia, mas tem procurado balancear sua taxa de crescimento econômico e consequentemente irá diminuir sua contribuição econômica com o Brasil. Podemos verificar na figura 4 a evolução do PIB brasileiro de 1940 a 2018. Figura 4 – PIB per capita brasileiro de 1940 a 2018 Fonte: Ipeadata – http//www. ipeadata. gov. br A criação de estatais como CSN e Vale do Rio Doce durante a 2ª guerra Mundial geraram um grande impulso na economia brasileira. O governo também conta com a reforma previdenciária que prevê uma geração de economias acumuladas de 9% do PIB até 2030.
O maior desafio econômico para o Brasil hoje é restaurar a sustentabilidade fiscal. Como a Coréia do Sul superou a armadilha da renda média Observando a figura 5 podemos verificar a superação sul coreana no aspecto produtivo mostrando a sua evolução na diversificação de produtos, que a fez perder densidade na produção de gêneros simples, mas na década de 90 ganhar densidade na produção de gêneros mais sofisticados. Ao contrário da Coreia do Sul, o Brasil ficou estático e começou a depreciar. O Brasil investiu na diversificação e aumento de complexidade até o ano 2000, mas não teve como se manter e retornou a sua produção em gêneros menos complexos. No começo do século XXI, tecnologia coreana superou as tecnologias japonesas e taiwanesas, passando a ter domínio internacional nos setores de semicondutores e tecnologias da informação.
Suas televisões de tela plana e os celulares são os mais avançados do mundo. Outro setor que houve grande investimento pela Coréia do Sul é a educação. Houve um investimento significativo nesta área, fazendo com que o analfabetismo em massa a um grande potencial tecnológico internacional. O investimento na mão de obra foi primordial para o país e hoje a força de trabalho e altamente qualificada. Os países presos a armadilha precisam deixar de lado a imitação a economias pioneiras. Pois isto só é interessante quando há uma grande distância em suas economias, do contrário gera um processo de tentativas e erros que requer altas habilidades. Ao se aproximar das economias pioneiras, estes países precisam buscar uma tecnologia avançada e não ficar preso somente a intervenções na economia para torná-la mais competitiva.
É preciso ficar atentos à ampliação das atividades estatais para não criarem um efeito colateral, ocasionando um aumento de atividades no setor público e consequentemente criando uma barreira de crescimento. O Brasil, por exemplo, precisa gerar uma grande transformação em sua economia e deixar de ser uma economia imitadora e cumulativa e ser uma economia inovadora. Este processo consiste em três etapas. A primeira etapa consistiria em aumentar a taxa de investimento produtivo, desenvolver um ou mais setores manufatureiros com taxa elevada de crescimento e garantir uma estrutura social apta a transformar esse impulso na decolagem. Após esta etapa partiria para a concretização da decolagem, que seria a apresentação de altas taxas de crescimento econômico e por fim a última etapa seria o crescimento normal e sustentável, com as taxas de crescimento menores, mas com renda per capita elevada.
O Brasil foi negligente ao transferir pessoas do setor agrícola para os setores industriais. Isto só favoreceu o setor industriário, mas enfraqueceu o setor agrícola, um setor vital para a economia do país. Com a Covid-19 a situação mundial piorou, pois paralisou a economia global e atingiu em cheio os países emergentes como o Brasil. De acordo com o Banco Mundial estimula-se que o PIB brasileiro ficará em torno de – 5% em 2020. Isto certamente dependerá da evolução da pandemia no mundo. Como mostra a figura 7, a estimativa para o Brasil em 2020 já não era satisfatória, pois o país apresentava uma fragilidade em sua economia e apontava a pior década econômica de sua história. O gráfico abaixo mostra as taxas anuais do PIB brasileiro e como a situação piorou nos últimos 10 anos.
Com o desenvolvimento da economia japonesa após década de 50, a Coreia do Sul acabou se beneficiando, principalmente em termos de suportes técnicos. Isto levou o país a uma gradativa aceleração econômica, com o seu Estado atuando fortemente no direcionamento de crédito e investimento de políticas educacionais paralelas à evolução do setor produtivo. Os endividamentos externos dos países latinos americanos ficaram nas mãos das empresas privadas, que as obrigavam a se dedicarem às atividades exportadoras. Outro fator que elevou a economia da Coreia do Sul foi o aprendizado e capacitação tecnológica, que fez com que o país criasse empresas multinacionais, enquanto os países latinos americanos inseriam poucas marcas nacionais no mercado externo. Na década de 90, tanto a América Latina quanto a Coreia do Sul investiram em aberturas econômicas, como a atividade industrial coreana estava mais amadurecida, teve grande êxito nas exportações e não houve alteração na estrutura produtiva do país, porém os países latinos americanos sofreram uma considerável desestabilização na indústria nacional, que estava preservada desde a década de 40, levando estes países a uma estagnação na produtividade.
Transformações da ordem econômica mundial, do final do século 19 à Segunda Guerra Mundial. Revista Brasileira de Política Internacional, v. n. p. Rio de Janeiro, 2015. LEWIS, W. A. O desenvolvimento econômico com oferta ilimitada de mão-de-obra (1969). In: A. N. Disponível em Instituto Ludwig Von Mises Brasil: www. mises. org. br/Article. aspx?id=1765. P. SINGH, A economia do subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Contraponto: Centro Internacional Celso Furtado, 2010. SOUZA, N. J. Published Addison Wesley. Boston, 2011. VELOSO, F. PEREIRA, L. A Perspectiva Brasileira Sobre A Armadilha Da Renda Média.
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