TRANSTORNO AUTISTA E A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: POSSIBILIDADE DE AUXÍLIO PSICOLÓGICO

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Gestão ambiental

Documento 1

Ferster sugeriu, então, que o autismo seria resultante de uma interação pais/filhos inadequada e precária, que levaria a uma falha na aprendizagem destas crianças (Loovas e Smith, 2005). Hoje em dia tal teoria não é defendida, porém acabou por lançar as bases da compreensão de que a conduta autista pode ser entendida e tratada através dos princípios de aprendizagem da teoria behaviorista. Desde então, outros estudos vêm sendo realizados acerca da síndrome autística, porém ainda hoje suas causas são desconhecidas. O transtorno autista é enquadrado na classificação do DSM IV dentro dos transtornos invasivos do desenvolvimento e na CID 10 é classificado como um transtorno global do desenvolvimento. Logo, este transtorno caracteriza-se por um desenvolvimento alterado ou anormal na criança, manifestando-se antes dos 3 anos de idade, sendo este um dos critérios para diagnóstico deste quadro.

O que se sabe com certeza é que este número é maior entre meninos do que entre meninas. De forma ampla, pode-se dizer que estes números flutuam de 5 a 15 casos em cada dez mil crianças, sendo que estes números estão em dependência dos diferentes autores dos estudos, já que por vezes o enquadre de uma criança no diagnóstico autista pode assumir caráter subjetivo (Ballone, 2005). Não obstante todo o rol de desajustes descritos para o diagnóstico de autismo, deve-se levar em conta que as crianças autistas também apresentam diferenças entre si, que podem ser bastante marcadas (Lovaas e Smith, 2005), e que por este motivo o tratamento deve sempre ser avaliado e esquematizado a partir das peculiaridades apresentadas pela criança em questão, enquadrando a técnica ao quadro do paciente e não tentando enquadrar a criança a uma técnica de maneira generalista (Echegaray, García, Bujedo, Domínguez, 2002).

Manifestações mais comuns Dentro do que foi mencionado acima, é importante lembrar que das manifestações que serão a seguir descritas, estas podem ocorrer em diferentes graus, o que traz a individualidade do quadro dentro do espectro autista como um todo. A primeira manifestação que geralmente ocorre, é que a criança ainda bebê reage de maneira que parece incomodada ao ser pega no colo, ou de não estar à vontade, fato este que gera estranhamento nos adultos, mas que só vai ser compreendido mais tarde, quando se sabe do diagnóstico de autismo. Outro fator grandemente afetado qualitativa e quantitativamente é o da socialização, pois crianças autistas não tratam de forma diferenciada pessoas, animais ou objetos; ou seja, elas não conseguem compreender que há diferença entre objetos inanimados e seres humanos (Ballone, 2005).

E como há dificuldade de empatia, a criança não consegue discriminar no outro diferentes expressões faciais, emoções ou sentimentos, tendo também dificuldade de compartilhar tais situações (Mello, 2003). Tal dificuldade também aparece no comportamento imitativo, que é a base para o aprendizado, havendo, em conseqüência, déficit neste âmbito na criança autista. Aiello (2002, p. escreve que “cabe destacar que esses comportamentos, quando presentes no repertório da criança comprometem seu desenvolvimento referente a modular suas experiências afetivas, estabelecer e manter interações sociais e oferecer um meio de expressão de suas necessidades e desejos”. Ao contrário, deve fazer um levantamento de todos os comportamentos que são emitidos pela criança, passando depois a estudar as situações de ocorrência, assim como possíveis reforçadores subseqüentes aos comportamentos que podem ser seus mantenedores.

Para isso, deve seguir uma série de passos que serão abaixo descritos, sendo que na seqüência, estarão sendo apresentadas modalidades de atendimento cognitivo-comportamental para crianças com quadro autista, lembrando-se que as mesmas precisam estar sendo adaptadas a cada caso em específico, de acordo com a topografia de cada comportamento a ser modificado. Passos de avaliação cognitivo-comportamental do quadro autista Os passos aqui apresentados não são exclusivos para a avaliação do quadro autista, podendo ser utilizados para avaliação de diversos outros quadros que se apresentam na clínica psicológica. O terapeuta cognitivo-comportamental deve, em primeiro lugar, ouvir o relato dos pais acerca da criança, fazendo perguntas quando conveniente para esclarecer melhor pontos importantes deste relato. Segundo Aiello (2002), o terapeuta também pode valer-se da observação de vídeos nos quais a criança apareça junto a outras pessoas, como festas de aniversário, por exemplo, os quais podem constituir-se em material de apoio para análise de comportamentos retrospectivos da criança.

A escolha dos procedimentos é crucial, já que é o terapeuta “quem se responsabiliza pelo desenvolvimento de novas habilidades da criança e pela diminuição de comportamentos inapropriados” (op. cit. p. As técnicas cognitivo-comportamentais de tratamento Abaixo serão delineadas algumas das técnicas de manejo terapêutico, baseadas nos princípios cognitivo-comportamentais para o tratamento da criança autista. Intervenção intensiva Esta é uma forma de manejo que exige várias horas por semana de atuação do terapeuta junto à criança, que pode ser em ambiente doméstico e consiste, especialmente, em instalar novos repertórios de comportamento importantes para a criança atuar em seu meio social. O reforçamento subseqüente, receber aquilo que quer, faz com que o comportamento de utilizar os cartões seja instalado, ampliando o repertório comportamental da criança e servindo de instrumento de comunicação quando a criança não possui o comportamento verbal necessário para interagir com o ambiente.

Esta é uma técnica de baixo custo econômico, que pode (e deve!) ser revista e ampliada sempre que necessário, permitindo à criança com dificuldade de comunicação interagir em diferentes ambientes sociais. Para facilitar seu uso, os pais, ou mesmo o terapeuta, podem construir um álbum de PECS em uma pasta catálogo, que facilita o manejo por parte da criança. Num primeiro momento, sabendo-se de algo que a criança queira, como um chocolate, por exemplo, um desenho deste é feito, ou então uma figura é recortada e a criança é orientada pelo terapeuta a colocar a figura na mão da pessoa que segura o chocolate, que deve dizer algo como “você quer o chocolate?” e então entrega-o à criança. Na medida que a criança entende que está sendo efetivada uma troca (figura por chocolate), as ajudas vão diminuindo até que ela mesma passe a entregar a figura para receber o que deseja.

cit. p. pois é necessário estar-se suficientemente treinado para discriminar as mudanças que ocorrem consigo mesmo. A automonitoração inclui a pessoa aprender a definir seus próprios sentimentos e pensamentos e poder comunicá-los às outras pessoas, o que, via de regra, pode diminuir o comportamento de frustração, de ansiedade e de agressividade que geralmente eclodem quando a criança não se sente compreendida e atendida em suas necessidades. Uma maneira auxiliar para a criança pode ser fixar em algum lugar de fácil acesso à ela um dispositivo, que pode ser em forma de termômetro ou algo semelhante com uma parte não fixa que a criança possa movimentar para indicar estados de humor, sentimentos ou emoções. Isto torna o ambiente mais fácil de ser compreendido pela criança, assim como o que se espera que ela faça.

Existem críticas acerca deste programa, mas estudos mencionados por diversos autores (Mello, 2003; Trehin, 2005), ressaltam não só a validade deste, como também a aplicabilidade em diferentes países do mundo. No entanto, este programa não é adotado nas clínicas e consultórios, via de regra, mas geralmente é utilizado por escolas com atendimento de crianças com necessidades especiais, em especial autistas, formando um currículo individualizado para cada criança, no qual cada uma tem seus próprios objetivos a atingir. ABA O Applied Behavior Analysis (ABA), constitui-se em um estudo científico comportamental que intenta aumentar, diminuir, melhorar, criar ou eliminar comportamentos previamente observados e identificados segundo critérios de funcionalidade para um determinado indivíduo em relação a seu ambiente. A habilidade que ainda não faz parte do repertório da criança é ensinada em etapas, iniciando-se com uma instrução ou indicação do terapeuta.

Em seguida, a criança é motivada a realizar a mesma atividade do terapeuta, sendo orientada pela fala deste. Num terceiro momento, a criança é quem assume a responsabilidade de dirigir sua atividade, falando em voz alta os passos que deve seguir para realizá-la (auto-instrução). Em seguida, a mesma atividade é feita com a criança apenas sussurrando a ordem de execução da tarefa (auto-instrução disfarçada), e por último ela deve realizá-la apenas guiando-se por auto-instruções internas. Este tipo de procedimento pode ser utilizado para a criança aprender a ter maior controle sobre as atividades que precisa realizar, assim como pode fornecer a si mesmo auto-instruções no sentido de controlar seu comportamento agressivo, por exemplo, dizendo a si mesma “tente se controlar, você consegue”.

Tentativas discretas Bagaiolo e Guilhardi (2002), descrevem a técnica comportamental de tentativas discretas, a qual pode ser segmentada em quatro passos de execução. Além destas técnicas, o terapeuta deve atuar de forma a garantir a ocorrência de contingências para a manutenção dos novos comportamentos, as quais devem ser adequadas, presentes e contínuas, sendo que gradualmente o reforço vai sendo retirado, à medida que o comportamento desejado esteja fortalecido e esteja fazendo parte do repertório comportamental da criança. Importante também lembrar que a decisão de que classes de comportamentos é preciso instalar não é arbitrária, mas sim, esta decisão deve estar pautada na possibilidade de ampliação da vivência da criança autista (Bagaiolo e Guilhardi, 2002). Outro aspecto a se ressaltar é que o terapeuta também deve programar as respostas específicas a serem generalizadas, garantindo que o trabalho clínico seja estendido aos outros contextos da criança.

Para isso, um passo importante é ensinar a pais e educadores os manejos adequados que garantam a generalização dos comportamentos aprendidos e que visam à adaptabilidade da criança ao seu ambiente. Logo, ao terapeuta cognitivo-comportamental cabe estabelecer um estudo observativo dos comportamentos da criança, elencando aqueles que necessitam ser reforçados, daqueles que precisam ser extintos e mesmo instalados, para que haja melhor adaptação da criança autista ao meio social, com possibilidade de desenvolvimento pleno de seus diferentes aspectos, respeitando não só as diferenças entre as demais crianças e aquela com autismo, como também as diferenças encontradas entre as crianças autistas, respeitando-as como seres humanos únicos, levando em consideração que limitações existem, mas que não são estas que devem pautar seu trabalho, e sim a capacidade destas crianças de aprender e se desenvolver caso sejam oferecidas as devidas possibilidades a estas.

M. Duarte. In: GUILHARDI, Hélio José (org. Sobre comportamento e cognição – contribuições para a construção da teoria do comportamento. Vol. In: PsiqWeb, Psiquiatria Geral. Disponível em http://www. psiqweb. med. br/infantil/autismo. Terapia cognitiva com crianças e adolescentes – manual para a prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 1999. LOOVAS, O. Ivas; SMITH, Tristam.  Una teoria conductual comprehensiva del autismo como paradigma para investigación y tratamiento. ama. org. br. Download realizado em março de 2005. SAMPAIO, Adriana Soczek. São Paulo: Santos, 1999. TREHIN, Paul. Some basic information about TEACCH – Autisme France.  Disponível em http://www. teacch. Download realizado em junho de 2005. Parte superior do formulário Parte inferior do formulário PSICOLOGIA Parte superior do formulário Parte inferior do formulário Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado  http://www.

portaleducacao. com. br/psicologia/artigos/4121/transtorno-autista-e-a-abordagem-cognitivo-comportamental-possibilidade-de-auxilio-psicologico#ixzz2hBJvdrc4.

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