Um monologo sobre a vida de Chiquinha Gonzaga

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Religião

Documento 1

Sempre pensei que seria interessante conhecerem meu nome, não que eu não goste do apelido carinhoso, ainda mais quando se chega a minha idade e me chamam de Chiquinha. Mas o interessante do meu nome de batismo é que faz referência a dois santos, uma mulher, Edwiges, que viveu entre os excluídos a ponto de perder todo o seu status de nobre, para posteriormente entrar na história como uma santa. O segundo santo seria um homem, Francisco, que também vivia entre os excluídos, e, assim vivendo, mudou a Europa. Exclusão, sacrifício e mudança, três palavras que resumem a vida desses dois santos. A única diferença, em comparação com Francisco e Edwiges, é que eu não apenas ouvi seus lamentos, mas também cometi o sacrilégio de fazê-las serem ouvidas.

Uma mulher que após ter sucesso, por vezes essa mesma sociedade tentava me silenciar ou mesmo roubar a autoria de minhas canções. E eu que fui chamada por alguns de expressões como: – Aquela Chiquinha é o diabo! A justiça de todos me chamou de diabo, não apenas por dar voz ao povo ou lutar pelo fim da escravidão, mas por usar do carnaval a forma de mostrar essa voz alegre estagnada por uma elite esnobe que escondia suas alegrias atrás de uma cortina vitoriana, um tipo de moral nada condizente com nosso clima estampada nos rostos morenos, ainda que pobres e injustiçados. Por favor, não me interpretem contra a moral cristã, mas sim contra aquela moral neurastênica. Creio eu que para Deus fui apenas uma mulher, nem santa e nem demônio, que quis trazer alegria para um povo sofrido, mas que se recusava a parar de sorrir como faziam os que realmente tinham tudo.

Mudando um pouco de assunto, mas nem tanto assim, pois não sou eu o tema dessa festa? (riso). Como era bonito ver aquela gente reunida, uma alegria contagiante que sempre me levava a querer dançar e brincar com aquela gente mulata como eu. Mas, ao invés de me juntar a eles, o que eu fiz naquela dia? Sabe-se lá o que o povo diria ao ver uma mulher se juntar com mulatos e negros a vadiar pelas ruas entoando canções alegres; como se eu não fosse mulata!!! Por isso, para não ouvir mais desgostos e desmandos de todos que me cercavam, sentei ao piano e compus uma música inspirada naquele cordão e na vontade que tive de dançar. Assim nasceu “Abre Alas”, parece que aquela alegria que me foi negada acabou por ser vivida por todos e por muito tempo, e me parece que até os dias de hoje.

Fiquei feliz ao saber que os meus sonhos e fantasias encarnados na minha canção foram e são vividos por todos. Acho que todo mundo um dia já fez isso, como fantasiar mandando um superior às favas por ter te destratado, ou ao fantasiar um beijo em alguém totalmente proibido. Apenas por perdão eu busquei do meu pai, nada mais que isso. Mas enfim, sei que hoje é festa. mas no fim de tudo a tristeza me venceu, pois hoje vejo que esse sentimento, além da alegria, orbitou as minhas canções: Os desgostos que me afligiram por boa parte da minha vida, me levaram a pedir por várias vezes pela morte, ainda que buscasse ser resignada. Peço desculpas. Enfim, choro e riso eu tive bastante da vida, o que pode resumir minha obra, mulata na cor e no sentimento, assim como meu povo brasileiro.

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