WANDERLÉIA: Musa, carisma e referencial

Tipo de documento:PIM

Área de estudo:Design de moda

Documento 1

Tardes de domingo. Pode-se, ao voltar no tempo, compreender que os desejos, os sentimentos, eram os mesmos. Era o desejo de seguir em alta velocidade atrás de sonhos de amor e de liberdade. De uma maneira ingênua, o movimento foi trazendo para vida real, em músicas, os pequenos desafios: dar beijos e tapas no cinema, parar na contramão, ignorar o aviso “é proibido fumar”, se apaixonar pela namorada dos outros. A rebeldia mundial da geração do rock’n’roll dos anos sessenta teve uma versão mais comportada no Brasil. Músicas simples, mas muita gente nova, todos no início de carreira. A receita deu certo e arrastou milhares de adolescentes para o Teatro Record, local em que gravava o programa. E, em 1 Expressão em alusão direta à nomenclatura Yeah-Yeah-Yeah, presente em sucessos dos Beatles.

poucos meses, a Jovem Guarda se tornou uma das grandes atrações da Record: transformando a onda do iê-iê-iê em movimento musical. Não é segredo para ninguém que a “brasa” da jovem guarda provocou um curto-circuito na música popular brasileira, deixando momentaneamente desnorteados os articuladores do movimento de renovação iniciado com a bossa-nova. É necessário reforçar de que este movimento musical acontece e emerge durante o período de ditadura militar. Este período, segundo Ana Maria Colling (2015), há invisibilidade radical do feminino: a mulher sendo confinada à vida doméstica e tendo no casamento sua forma de aceitação social. Além disso, Wanderléa incorpora símbolos da revolução sexual - calças justas, minissaia e biquíni – em uma conjuntura na qual mesmo a pílula anticoncepcional é vista como símbolo de promiscuidade pelos conservadores (Colling, 2015) e questões morais e políticas são sempre relacionadas.

Note-se como o amor romântico pode ser constituído no universo do rock como ameaça ao companheirismo e à família masculina, parece ser central às constituições de feminilidade e masculinidade na Jovem Guarda. Amor, casamento, paquera e, por vezes, sexo, são temas recorrentes nas canções de Roberto, Erasmo e Wanderléa, sendo tratados de formas distintas por cada uma dessas figuras midiáticas. A história da roupa nos diz muito acerca das civilizações; ela revela seus códigos” (ROCHE, 2007, p. O programa aliou-se ao movimento e deu aos seus apresentadores, com investimento publicitário, a simbologia de ícones pop difusores de um estilo de vida jovem rebelde, ligado à influência internacional, principalmente dos Beatles. Posteriormente, desenvolve-se uma abordagem sobre as formas de expressão politicamente não engajadas do grupo Jovem Guarda como símbolo de identidade juvenil e uma discussão acerca das transformações comportamentais nos papéis femininos e masculinos tradicionais.

E uma figura que auxiliou nessa mudança de hábitos e criando modas foi a Wanderléa Charlup Boere Salim. No tempo em que se virava o disco, Lado A/Lado B, Wanderléa foi responsável em virar a cabeça da juventude do Brasil. Participou de filmes ao lado de Roberto Carlos e, depois de terminada a Jovem Guarda, continuou a carreira como cantora pop. Atualmente se apresenta cantando seus maiores sucessos, como "Pare o Casamento" (versão de Luís Keller), "Ternura" (Rossini Pinto) e "Prova de Fogo" (Erasmo Carlos). Essa mulher que era a Ternurinha, antes da pujança do movimento, se tornou a Musa do Iê-Iê-Iê com a Jovem Guarda. Com um repertório musical já gravado, viu no movimento o momento de reacender suas músicas no Brasil.

Uma cantora segura e exuberante. Wanderléa, em uma atitude desafiadora, até então restrita aos homens, veste camisa vermelha com mangas bufantes e colete branco, calça pantalona preta de cintura alta, óculos coloridos e correntes, com sapato de salto de verniz vermelho, aproximando-se do estilo psicodélico da Swinging London (ZIMMERMANN, 2013, p. Foi assim que, na década de 1960, a mineira Wanderléa Charlup Boere Salim se tornou um dos maiores ícones femininos da cultura pop brasileira. A jovem descendente de libaneses aparecia nas capas de revistas de circulação nacional, tinha uma boneca feita à sua imagem e uma linha de roupas. O cabelo loiro e o visual mod londrino que ostentava eram vastamente imitados por garotas adolescentes. Um tempo em que todas as mulheres queriam ser Wanderléa.

Ainda assim, ela mantinha um pé na sobriedade, porque escondia o colo com gola rolê. Os homens do programa abusavam do corte de cabelo com franja à la Beatles. No figurino, predominavam calças ajustadas e de cores fort fortes, além de vários acessórios como anéis, óculos e chapéus. A combinação dessa estética com os acordes do rock and roll fez da trupe alvo de críticas até da classe artística. Mas, enquanto os conservadores faziam passeatas contra a guitarra elétrica, a moda mostrava que era impossível conter uma mudança em curso. anos de ditadura no Brasil: questões feministas e de gênero. OPSIS, Catalão, v. n. julho/dezembro 2015, p. Disponível em: <https://www. MARTINS, Rui. A rebelião romântica da Jovem Guarda.

São Paulo: Fulgor, 1966. ROCHE, Daniel. A cultura das aparências: uma história da indumentária (séculos XVII-XVIII).

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