UTOPIA EDUCACIONAL: A CIDADE DO SOL DE CAMPANELLA

A expressão utopia traz em si o sentido figurado sobre política e sociedade. O vocábulo é composto de dois verbetes de origem grega, que unidos indicam não e lugar. Na língua brasileira, esse pode ser traduzido de distintas maneiras, sendo a ideia de um lugar inexistente. Dessa forma, podemos compreender que utopia é a concepção de uma comunidade ou sociedade ideal, na qual se baseia a perfeita felicidade e satisfação de seus habitantes. As utopias se opõem a uma realidade existente e estão enraizadas intrinsecamente na história. Essa pode ficar atrelada a uma concepção inalcançável de realidade e de concepção de homem. Como uma miragem que nunca será tocada ou alcançada. Uma vez que o sistema educacional pode não dar conta da constante demanda do mundo das ideias, das utopias.

Desenvolvimento Nesse ensaio, espera-se refletir como a concepção de utopia se entrelaça a concepção de educação, ao sistema educacional ou educacional pedagógico e a formação de identidade do homem, tal como refletir sobre as possíveis consequências de todo esse entrelaçamento. O que pode surgir dessa situação factual. A cidade é descrita em sua estrutura como ordenada. Nela seus cidadãos pautam suas ações com base em preceitos da racionalidade, de coletividade, do que é certo. Nessa, predomina-se a ideologia de que uma sociedade organizada com base nos preceitos de exclusividade, de particularidade e de individualismo geraria a vaidade, a soberba, a luxúria e empáfia nos homens, uma vez que a noção de concorrência permearia a formação dos homens dessa sociedade.

Na cidade utópica de Campanella, todas as ações se estabelecem e se desenvolvem por meio do coletivo, do trabalho em conjunto, todos são iguais, unos, independente, da atividade a ser desenvolvida. Percebemos que essa é pautada na ideia do socialismo. Porém, não é de se estranhar, uma vez que nossas esferas de pesquisa atuais ainda não haviam se findado no contexto de produção da obra. No entanto, na leitura de sua obra, a principal mensagem que deve ser filtrada é o que ele idealizou de fato. Uma cidade utópica, um repositório de todo o conhecimento produzido pelo homem através dos tempos, desde o saber mais simples ao saber mais complexo, estão à disposição de forma igualitária a todos nessa cidade imaginária.

A arquitetura da cidade de Campanella é um receptáculo de informações que materializa tudo o que sabemos. Na imaginação do autor, qualquer novo saber, quando emanado era logo compartilhado aos olhos de todos, a mente é nutrida de forma constante. Para além, necessitamos saber identificar as coisas que nos dão bem na vida; por exemplo, habilidades sociais e técnicas. Hoje, praticamente, todo ser humano nasce sobre uma concepção de utopia que brota da concepção de nação, de família, de propriedade e de conhecimento que esse indivíduo obrigatoriamente deve ter. Assim, dentro da concepção de sociedade utópica, a educação é extremamente prestigiada, como uma estrada a ser seguida para o mundo progressista de desenvolvimento, com um estilo de vida pleno, com realizações, com contentamento, com as ideias que se idealizam a forma de viver.

Em determinado ponto de vista, a concepção de utopia educacional vem a ser fundamental, pois essa pressupõe uma forma de agir para desenvolvimento da sociedade, essa se formula a partir da utopia social. A utopia jamais se dá em nível individual. Como se essas tivessem os muros de Campanella no trajeto de sua casa para a escola. Bem sabemos que muitas delas, por muitas vezes, não têm nem o que comer ou vestir, essas não chegam ao sistema educacional com o mesmo capital de conhecimento. Se o fator utópico em relação à educação se apresentasse apenas no momento de inserção da criança no sistema educacional, essa poderia ter chance de estar em pé de igualdade com os demais em determinado momento.

Entretanto, o sistema utópico de educação pode perpassar por todo o processo letivo do aluno. Assim, as habilidades adquiridas durante todo o processo do ensino letivo do aluno, em certo ponto, nunca estarão dentro dos padrões da ideologia educacional. Porém, essa totalidade da integridade estaria às mãos de uns e de outros, pois o sistema utópico educacional concebe também um aluno utópico. Concebemos que, antes de estipular ideias utópicas de cidadãos, essa precisa desenvolver habilidades básicas necessárias para uma vida saudável e feliz, como habilidades sociais, algumas habilidades técnicas e conhecimentos gerais. Assim, o que é importante o processo educacional sejam o aluno descobrir-se, identificando seus talentos, suas habilidades. Por fim, é claro que a educação é de suma importância.

Porém, percebemos que não há demarcações reais do que se deseja dela, ou seja, demarcações reais de como ela possa se efetivar de forma igualitária. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin. PEROZA, J. PAULO FREIRE: UTOPIA, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO PEROZA. Acessado em: http://www.