Usinas nucleares flutuantes para atender regiões remotas do país

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Engenharias

Documento 1

Atualmente, a aplicação dos reatores nucleares marinhos se expandiu para usinas nucleares flutuantes (floating nuclear power plant, FNPP). Esse conceito nada mais é do que a combinação de um navio ou plataforma oceânica com um pequeno reator nuclear modular. As usinas nucleares flutuantes podem prover energia de forma efetiva e confiável para aplicações em alto mar, como a exploração de petróleo em águas profundas, ou para atender regiões remotas, como ilhas distantes da costa. Outra possível aplicação é para fornecer energia para processos de dessalinização de água do mar. Embora diversos países tenham conduzido pesquisas e experimentações nesse campo, a Rússia é a pioneira nesse tipo de empreendimento, com pretensões de criar uma nova indústria no setor de geração de energia, através das FNPP, tendo lançado a primeira usinar nuclear flutuante em 23 de agosto de 2019.

A energia nuclear é isenta de emissões – não se baseia na queima de um combustível – e, ao contrário das principais alternativas renováveis, é plenamente confiável em relação à sua disponibilidade. A geração de energia por fonte eólica e solar fotovoltaica depende da disponibilidade de um recurso natural, ventos e irradiação solar, respectivamente, que são essencialmente intermitentes. Além disso, sua disponibilidade não é distribuída de maneira geograficamente uniforme. Algumas regiões não dispõem de irradiação solar e ventos suficientes para sustentar plantas de geração de energia. Pequenas unidades móveis de geração nuclear poderiam resolver esse problema. Por conta da extrema importância do setor de energia e dos múltiplos aspectos que se relacionam com a questão da energia nuclear, muitos estudos – entre os quais este trabalho se insere – são necessários para que se possa determinar a conveniência e adequação do uso dessa importante fonte.

ENERGIA, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Nas últimas décadas, cresceu muito o interesse da comunidade internacional sobre as múltiplas interconexões entre energia, sociedade e meio ambiente. Hoje, a ligação estreita entre energia e desenvolvimento é oficialmente reconhecida. Uma evidência clara desse reconhecimento é encontrada na Agenda 2030 e em seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, estabelecidos pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. Mais especificamente, o objetivo de número 7 da Agenda 2030 identifica a disponibilidade de energia como um pré-requisito necessário para a promoção humana e social, além de um direito instrumental para lutar contra a pobreza (UN, 2015). Figura 01 – Oferta total de energia primária mundial (fonte: IEA, 2018) Ao analisarmos a participação de cada fonte na matriz energética primária mundial, conforme apresentada na figura abaixo, podemos observar que entre 1973 e 2016 ocorreram poucas mudanças, sendo a mais notável a substituição estrutural do uso de petróleo para o uso do gás natural em algumas aplicações.

De qualquer maneira, apesar da oferta total de energia primária ter mais do que dobrado neste período, os combustíveis fósseis ainda representam mais de 80% do total. Neste período, a participação da biomassa manteve-se praticamente fixa em torno de 10% da oferta total de energia primária. Figura 02 – Participação por fonte na oferta total de energia primária mundial (fonte: IEA, 2018) A instabilidade energética mundial ocorre justamente porque há escassez progressiva e desigual distribuição desses recursos – muitas vezes concentrados em regiões politicamente instáveis – e especialmente por uma grande pressão internacional, preconizada pelos diversos acordos que tratam de mudanças climáticas, a exemplo da COP 21, para que as emissões de gases tóxicos na atmosfera sejam diminuídas. GUERRA et al.

Apesar do alento, o órgão estima que o contingente populacional do planeta chegue à magnitude de 11,2 bilhões. A figura a seguir ilustra o crescimento e taxa de crescimento populacional de 1750 a 2015, com projeções até 2100. A figura permite observar que o período de maior incremento de contingente populacional se deu entre 1945 e 2000, com pico de crescimento nesse período de 2,1%. A partir do início da década de 70, os valores das taxas começaram a cair, com projeções de crescimento até 2100 de 0,1%. Figura 03 – População mundial 1750 a 2015 e projeções até 2100 Fonte: ONU – Divisão populacional (2015) No entanto, mesmo que o crescimento demográfico mundial acabe se estabilizando em níveis baixos, outro fator fundamental para a manutenção de uma demanda crescente de energia, tanto em nível local como mundial, é a inclusão e o desenvolvimento de populações de baixa renda.

Nesse caso, existe uma relação de quase direta proporcionalidade entre um maior consumo de eletricidade e uma maior renda per capita. Figura 05 – Relação entre consumo de energia elétrica e renda nacional bruta (fonte: RIVA et al. Nesse contexto, a Agência Internacional de Energia reconhece que o futuro do mundo caminha para a eletrificação, com a demanda por eletricidade crescendo em um ritmo duas vezes maior que o crescimento da demanda por energia primária como um todo (IEA, 2018). Para um desenvolvimento sustentável, esse crescimento da demanda por eletricidade deve ser suportado por tecnologias de baixa emissão de carbono. O mundo caminha para uma maior eletrificação, ou seja, uma maior demanda por eletricidade uma maior penetração da eletricidade nos balanços energéticos e, portanto, uma cada vez maior demanda por eletricidade.

Incentivos e subsídios para fontes renováveis só passaram a existir após uma maior compreensão da necessidade de se diversificar a matriz elétrica, seja por conta do futuro exaurimento dos combustíveis fósseis ou – especialmente – por conta da necessidade de redução de emissões de gases de efeito estufa, causadores das mudanças climáticas. REFERÊNCIAS COLOMBO, E. BOLOGNA, S. MASERA, D. Renewable Energy for Unleashing Sustainable Development. Applied Energy v. p. maio 2015. REN21. Renewables 2017 Global Status Report. T. HITE, A. B. CHOREV, N. The Globalization and Development Reader: Perspectives on Development and Global Change. Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development (resolution 70/1). Geneva: 2015.

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