Um estudo bibliográfico sobre o movimento feminista no Brasil

Tipo de documento:Monografia

Área de estudo:História

Documento 1

No Brasil, o movimento feminista ficou marcado por três gerações: a primeira geração buscava o direito pelo voto feminino, a segunda geração reivindicava pelas melhores condições de trabalho e a luta contra a violencia contra a mulher, e a terceira geração adquiriu um caráter voltado para a discussão crítica do próprio movimento, com o fortalecimento do movimento feminista negro e lésbico. Entendendo que toda atividade humana, na medida em que está implicada, é política, é preciso explicitar os pressupostos teórico epistemológicos e, ao fazê-lo, assumir os aspectos político-ideológicos inerentes nessas práticas. Com base nessas considerações busca-se, neste trabalho, analisar o estado da arte das publicações relacionadas ao tema do movimento feminista em revistas científicas brasileiras.

A partir de uma revisão sistemática da literatura, mais especificamente, o objetivo foi de sistematizar as vertentes feministas preponderantes, identificar suas convergências e divergências, bem como, mapear suas contribuições para o protagonismo e empoderamento feminino. O levantamento das publicações foi realizado na base de dados da SciELO (Scientific Eletronic Library Online), com os termos “movimento feminista no Brasil” e “feminismo no Brasil”, assim como o auxílio dos operadores booleanos “OR” e “( )”. Based on these considerations, this work seeks to analyze the state of the art of publications related to the feminist movement in Brazilian scientific journals. More specifically, the objective was to systematize the prevailing feminist aspects, to identify their convergences and divergences, as well as to map their contributions to female protagonism and empowerment.

The survey was carried out in the Scientific Eletronic Library Online, with the terms "feminist movement in Brazil" and "feminism in Brazil", as well as the help of Boolean operators "OR" and ". We found 102 results, after which the selection criteria were applied: language, date of publication, Qualis of the journal, type of document and country of affiliation of the scientific periodical. Articles that were not written in Portuguese, published between the year 2012 until 2017 in Brazil and in journals that do not follow the A1 qualification were excluded. A jurista Maria Rita Soares 25 5. As romancistas Júlia Lopes de Almeida e Ana de Castro Osório 27 5. A comunista Zuleika Alambert 30 5. As comunistas negras Maria Brandão dos Reis e Maria José Camargo de Aragão 31 5. A estratégia narrativa das biografias feministas 33 5.

De acordo com Pierre Bourdieu (2012), a concepção biológica foi construída por meio de uma percepção social que compôs o ideal de corpo encaixando-o em uma relação arbitrária de dominação dos homens. Bourdieu (2012) quando se refere a divisão entre os sexos diz que: Parece estar "na ordem das coisas", como se diz por vezes para falar do que é normal, natural, a ponto de ser inevitável: ela está presente, ao mesmo tempo, em estado objetivado nas coisas (na casa, por exemplo, cujas partes são todas "sexuadas"), em todo o mundo social e, em estado incorporado, nos corpos e nos habitus dos agentes, funcionando como sistemas de esquemas de percepção, de pensamento e de ação. BOURDIEU, 2012, p. As particularidades que formam o corpo feminino e o corpo masculino quando “percebidas e construídas segundo os esquemas práticos da visão androcêntrica tornam-se o penhor mais perfeitamente indiscutível de significações e valores que estão de acordo com os princípios desta visão” (BOURDIEU, 2012, p.

e que está organizada em uma divisão de gêneros relacionais, levando a caracterização masculina e feminina a formarem as “duas essências sociais hierarquizadas”. A utilização do termo “patriarcado” pode ser criticada devido à multiplicidade de seu conceito. Esse termo pode aparecer referenciado a um regime paterno, a uma dominação da mulher pelo homem, e também a uma característica humana universal ou um termo cultural, sendo então historicamente variável (BARRETT, 1982; PATEMAN, 1993). Em contraposição, existem feministas que argumentam que “abandonar o conceito [patriarcado] significaria a perda da história política que ainda está para ser mapeada”, (PATERMAN,1993, p. alegando que antes seria necessário estabelecer uma construção histórica feminista do conceito de patriarcado. Segundo Pateman (1993): Patriarcado refere-se a uma forma de poder político, mas apesar de os teóricos políticos terem gasto muito tempo discutindo a respeito da legitimidade e dos fundamentos de formas de poder político, o modelo patriarcal foi quase totalmente ignorado no século XX.

Até a década de 60, as divisões de papéis sociais eram hegemônicos, a partir desse momento, ocorreram algumas conquistas nos papéis das mulheres, e começarem a se deslocar da exclusividade da esfera privada para a possiblidade de participação no domínio público, essas mudanças se repercutem nas relações atuais, porém “nem sempre essas mudanças se comprovam na práxis do cotidiano”( FARIA, 1997, p. Assim, o movimento feminista surge para expor e problematizar as normatizações sociais, lutando não pela igualdade, mas sim pela equidade dos gêneros, ou seja, para que seja dado oportunidades diferentes para que sejam tratados como equivalentes, não ignorando a história e nem o contexto em que os seres estão inseridos (NAVAZ, 2005).

GERAÇÕES DO MOVIMENTO FEMINISTA Segundo Alves e Pitanguy (1982), uma das primeiras vozes feministas da história americana surgiu no século XVII. Ann Hutchinson, embasada em um discurso religioso, “afirmava que o homem e a mulher foram cridos iguais por Deus, contrariando assim os dogmas calvinistas da superioridade masculina” (ALVES, PITANGUY, p. Como consequência, foi banida de sua cidade em 1967, com a justificativa de que realizava comportamentos impróprios para seu sexo e para Deus, como “ter sido mais um marido que uma esposa, um pregador que um ouvinte, uma autoridade que um súdito[. Então, a primeira geração do feminismo, e que representa o surgimento do movimento feminista, ocorreu em meio a um movimento liberal de luta das mulheres pela igualdade de direitos civis, políticos e educativos, os quais eram apenas atribuído aos homens (NARVAZ,2005).

O século XIX se caracterizou em duas frentes de luta operária: a de condições melhores de trabalho e o direito de cidadania. A partir de uma luta constante por seus direitos, as mulheres trabalhadoras começaram a inserir suas reivindicações no âmbito privado. No dia 8 de março de 1857, as mulheres operárias organizaram uma passeata para protestar contra seus salários baixos e jornada de trabalho abusiva. Em 1908, elas se mobilizaram novamente para relatar as mesmas condições degradantes que se encontrava no trabalho. Essa geração problematizou as teorias que estavam presentes nas gerações anteriores, onde o gênero foi definido com as categorias natural, binária e hierárquica, como se a subjetividade fosse essencialmente natural masculina e feminina. Assim, buscaram desnaturalizar e desconstruir a perspectiva de gênero que antes tinham, redirecionando-o para um âmbito político, e tratando-o como relação social construída e fundamentada por uma invenção social (NOGUEIRA, 2001; NARVAZ,2005).

Especificamente no Brasil, a terceira geração adveio como um continuação das lutas travadas nas décadas anteriores, devido a falha da segunda geração no Brasil, as problemáticas acerca da violência doméstica foi um dos principais focos e uma das conquistas foi a criação das delegacias especiais para mulheres, além da Lei Maria da Penha de 2006. Ao analisar as três gerações do feminismo, em seus contextos políticos e sociais, encontramos características singulares, porém constatamos que estas sempre coexistiram e ainda coexistem na contemporaneidade (NARVAZ E KOLLER, 2006). O movimento feminista contemporâneo contém reflexo das transformações do feminismo original, que é predominatemente branco, intelectual e de classe média e é caracterizado por um discurso múltiplo e de várias tendências, embora exista bases comuns.

Ou seja, a jornada total feminina excede a masculina em cerca de 10,5 horas. O lugar da mulher fora do âmbito privado foi uma das grandes conquistas feministas, mesmo que ainda seja normatizado a mulher como somente e única encarregada pelas responsabilidades do lar. De acordo com Alves (1980), o direto de voto e de ser eleita, conquistado há 35 anos, em 1932, foi uma grande conquista do movimento feminista. Porém, mesmo tendo conquistado o direito de se candidatar, o poder feminino não está presente nas decisões legislativas. Segundo o IBGE (2015), as mulheres representam mais da metade da população (51,28%), no entanto, a presença feminina em cargos parlamentares não chega nem perto dessa porcentagem. Por fim, os resultados podem contribuir em discussões nos estudos sociais da atualidade que debatam sobre o movimento feminista, afinal, a teoria ajuda na prática.

METODOLOGIA A presente pesquisa de natureza bibliográfica consiste em uma revisão de conteúdos já publicados, que proporciona ao pesquisador uma investigação mais ampla sobre o assunto, particularmente, quando envolve variáveis muito dispersas e, também, históricas (GIL, 2009). Porém, a revisão bibliográfica não é uma síntese acerca do material já produzido, pois irá proporcionar uma análise do tema a partir de uma nova perspectiva (MARCONI; LAKATOS, 2003). Levando essa perspectiva em consideração, a pesquisa está sendo produzida por meio da investigação de artigos científicos que contenham no título, resumo e/ou corpo do texto palavras-chave como “feminismo no Brasil” e “movimento feminista no Brasil”. O levantamento das publicações foi realizado na base de dados da Scientific Eletronic Library Online (SciELO), com os termos “movimento feminista no Brasil” e “feminismo no Brasil”, assim como o auxílio dos operadores booleanos “OR” e “( )”.

n. setembro/ dezembro. Revista Estudos Feministas FEMINISMO E NARRATIVA NACIONAL A1 O artigo tem como objetivo discutir a participação de escritoras feministas nas narrativas nacionais das primeiras décadas do século XX no Brasil e em Portugal, fazendo algumas interseções entre elas. Para tanto, restringi a análise às representações de gênero e de nação, construídas pela portuguesa Ana de Castro Osório e pela brasileira Júlia Lopes de Almeida nos romances epistolares Mundo Novo (1930) e Correio da Roça (1913), respectivamente. Argumento que, ao contrário da perspectiva masculina mais hegemônica de representar a nação que tende a instituir um modelo de domesticação e submissão feminina, essas escritoras construíram uma representação de nação associando o progresso desta à emancipação e independência femininas.

Iniciativas e ações feministas no audiovisual brasileiro contemporâneo. Revista Estudos feministas, Florianópolis, vol. n. setembro/ dezembro. Revista Estudos Feministas MULHERES NEGRAS; FEMINISMO NEGRO A1 De início, situamos a emergência dos conceitos Blackness, Black Experience e de interseccionalidades no marco da história do pensamento feminista negro, marcadamente nos Estados Unidos. E o uso do conceito de gênero parece ser mais importante para pensar como as desigualdades se estruturam no Brasil, se comparado à experiência nos países africanos, particularmente na Guiné-Bissau. Nosso objetivo é analisar a experiência do "feminismo negro" nos dois países, numa perspectiva comparada. Buscamos compreender em que medida essas duas realidades apresentam cenários similares no que tange às lutas ideológicas, políticas e sociais das mulheres. Palavras-chave: Feminismo; Mulher negra; Mulher africana; Gênero; Diferença FIGUEIREDO, A.

GOMES; P. O gênero negro: apontamentos sobre gênero, feminismo e negritude. Revista Estudos feministas, Florianópolis, vol. n. Setembro/ Dezembro. Cadernos Pagu FEMINISMO, SEXUALIDADE, BRASIL A1 A partir do confronto entre imagens contrastantes da brasilidade associadas à sexualidade, ensaio uma discussão sobre os sentidos teóricos e políticos mutáveis que podem assumir as reflexões sobre as conexões entre prazeres e perigos, no que diz respeito tanto ao feminismo quanto às questões de diversidade sexual e de gênero. Janeiro/Junho, 2015. Revista Estudos Feministas ECOFEMINISMO A1 O movimento de ecovilas representa uma alternativa de organização social de baixo impacto sobre os componentes naturais e de novos valores condizentes com o bem-estar de vida social. O movimento ecofeminista, por sua vez, sustenta que a defesa do meio ambiente constitui parte essencial do movimento feminista.

Esta pesquisa investiga se, na organização e dinâmica da ecovila, os princípios do ecofeminismo estão presentes e se contribuem para a sustentabilidade ambiental da comunidade nas dimensões social, econômica e dos componentes naturais. Para efetuar esta avaliação, tomou-se como base empírica a Ecovila de Piracanga, localizada no município de Maraú, litoral sul da Bahia, Brasil. Palavras-Chave: Movimentos Sociais; Protestos; Feminismos Plurais; Feminismos Jovens; Feminismos Negros; Transversalidade; Sidestreaming ALVAREZ,S. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminismo. Cadernos Pagu, Campinas, n. Julho/ Dezembro, 2014. Cadernos Pagu ESTADO BRASILEIRO E DESCOLONIZAÇÃO A1 Este artigo debate o tema da despatriarcalização do Estado brasileiro, especialmente, a partir da dinâmica de participação/representação nos âmbitos dos poderes Executivo e Legislativo.

Tempo social FEMINISMO E POLÍTICAS DO CUIDADO A1 O texto explora as arenas de conflito em torno do cuidado em asilos. Equipe técnica, cuidadoras e idosos dependentes constituem uma configuração específica da vida nessas instituições. Trata-se de analisar o modo pelo qual a questão é abordada por Pascal Molinier no artigo "Interseccionalidade, cuidado e feminismo", tendo como contraponto minha pesquisa sobre mulheres imigrantes cuidadoras de idosos na Itália e o emprego doméstico no Brasil. Palavras-chave: Idosos; Cuidadores; Imigra ção; ilpi; Empregada doméstica. DEBER, G.  Interfaces e deslocamentos: feminismos, direitos, sexualidades e antropologia.  Cad. Pagu [online]. n. pp. R. J. O feminismo bem-comportado de Heleieth Saffioti( presença do marxismo). Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. n. Maio/ Agosto, 2013. Revista Estudos Feministas FEMINISMO POSCOL A1 À luz das teorias pós-coloniais e feministas, o artigo propõe uma reflexão sobre esses dois campos teóricos a partir tanto de suas articulações quanto de suas especificidades, procurando pensar ainda sobre suas relações com o contexto das teorias críticas produzidas no Brasil.

Palavras-chave: pós-colonialismo; feminismo; subalternidade. ALMEIDA, S. R. Cadernos Pagu, Campinas, n. Janeiro/ Junho, 2013. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea FEMINISMO, HISTÓRIA, LITERATURA A1 O romance A república dos sonhos (1984), da escritora brasileira Nélida Piñon, empreende representações de gênero ambientadas, por um lado, em uma Galícia de inspiração medieval e de tradição oral, terra de peregrinações e de emigrantes. Por outro lado, as representações de gênero ambientadas no Brasil do século XX constituem um interessante painel da trajetória da emancipação da mulher, galgada a partir dos movimentos feministas. O romance, nesse sentido, integra o processo de implantação de vozes dissonantes em relação a ideologias dominantes como o patriarcalismo e o falogocentrismo, comumente representadas e reduplicadas na literatura canônica.

O tema da saúde reprodutiva, com recorte racial, adquiriu importância na década de 1980, a partir de denúncias de esterilizações cirúrgicas entre mulheres negras. O artigo investiga o contexto em que emergiram tais denúncias e a relevância dessas para a formação de uma identidade entre as ativistas negras. Palavras-chave: feminismo; raça; saúde reprodutiva; identidade social; racismo. DAMASCO, M. S. A perspectiva teórica está baseada na compreensão ou na busca por situar a realidade brasileira, sua formação e de que maneira ela contrasta com a realidade do feminismo branco ou feminismo neoliberal. Este feminismo, que Chandra Mohanty (1986) teoriza tão bem em seu Under Western Eyes, durante longo tempo, partiu da mulher como uma categoria homogênea e que experimenta a dominação masculina ou o patriarcado de formas semelhantes ao redor do mundo.

Deste modo, era preciso uma coalizão universal de mulheres tratadas como sujeitas iguais. Este argumento, segundo Mohanty, vai ao encontro da realidade das mulheres do sul global, negras, indígenas, escravizadas cujas realidades e formas de dominação eram inseparáveis da história de dominação colonial que seus territórios e seus corpos experimentaram. Assim, é preciso compreender que tipos de teorias podem ajudar a entender esta outra história e vivências das mulheres do sul global.  Cad. Pagu [online]. n. pp. ISSN 0104-8333. FERNANDES, D. A. O gênero negro: apontamentos sobre gênero, feminismo e negritude. Revista Estudos feministas, Florianópolis, vol. n. MAIO, M. C. MONTEIRO, S. Feminismo negro: raça, identidade e saúde reprodutiva no Brasil (1975-1993). Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v.

Cadernos Pagu, Campinas, n. Julho/ Dezembro, 2014. Biografia de mulheres com participação relevante na História oficial brasileira Narrativas Biográficas SILVA, T. FERREIRA, G. E as mulheres negras? Narrativas históricas de um feminismo à margem das ondas. Cadernos Pagu, Campinas, n. Janeiro/ Junho, 2013. Deste modo, dado o número de recorrências dos textos e o interesse teórico, optamos por fazer uma análise mais detalhada das duas correntes que parecem dominar o debate: pensar o gênero a partir da teoria pós-colonial e decolonial e as narrativas biográficas, totalizando nove textos. É importante deixar claro que existe um entendimento que é transversal a essas duas correntes teóricas identificadas que é a necessidade de re-situar a mulher negra como sujeita do feminismo no Brasil, debruçando-se sobre sua história, sua experiência particular de opressão, a forma como sua identidade é sobredeterminada pela experiência do entroncamento de patriarcados, como diz Julieta Paredes, em que o patriarcado colonial branco se alia ao patriarcado local para produzir uma experiência de dominação e subjugação das mulheres.

Optamos por não definir a mulher negra dentro de um eixo temático porque a análise dos textos deixa claro que ela é mais do que um tema, ela tem emergido como a grande sujeita do feminismo brasileiro, de modo que ela será trabalhada de forma transversal dentro dos temas. De acordo com Silva e Ferreira, Maria Rita Soares de Andrade foi uma das primeiras mulheres a se formar em Direito pela Universidade Federal da Bahia, sendo também a mulher pioneira em participar do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, além de ser uma das fundadoras da Associação Brasileira das Mulheres Universitárias. Feminista, articulista, jornalista, ativista política, Maria Rita alcançou diversas vitórias ainda nos primeiros anos da década de 1930, onde o desafio de ser mulher, negra e pobre era ainda maior.

Contribuinte na criação e, futuramente, presidente da Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF), era conhecida pelos discursos fortes e críticos. Mostrava-se desconfiada quanto ao Estado e sua capacidade de gerir mudanças significativas, em especial em relação à equidade de gêneros. Nos anos 50, época tomada pelas tensões ideológicas, criticava a aproximação dos movimentos feministas aos grupos comunistas, que ela considerava como uma grave perturbação da ordem social, assumindo uma crescente postura liberal, com certo discurso meritocrático, sendo inclusive candidata a deputada federal pela UDN, partido conservador que Maria Rita ajudou a fundar. Todavia, Maria Rita tinha consciência da necessidade dos grupos mais desfavorecidos, compostos principalmente por mulheres negras, de lutar por melhores condições de vida e contra a opressão e a exploração.

SILVA e FERREIRA, 2017) Ao transitar em diferentes grupos, de diversas esferas, Maria Rita atuou para o feminismo de maneira mais contundente nas políticas institucionais. Sua história se confunde com a história política do Brasil. Ainda assim, seu nome não consta nos livros de história, nas narrativas hegemônicas, dominadas pelas figuras masculinas brancas. Há de se esperar que nas narrativas feministas o nome de Maria Rita ganhe destaque, porém tampouco: talvez pelo caminho liberal que esta mulher tenha escolhido, ou ainda por não se encaixar nas ondas feministas. Maia (2017) apresenta uma resumida biografia da história das duas autoras: Ana de Castro e Julia Almeida. Inicia sua apresentação pela escritora portuguesa Ana de Castro Osório, nascida em uma rica família burguesa em 1872, e que teve uma profícua carreira literária em uma época em que mulheres eram desacreditadas da capacidade de escrever.

Participou intensamente de diversos movimentos políticos e sociais femininos, sendo considerada uma importante voz feminina no cenário da época, em especial quanto à participação das mulheres no mercado de trabalho, à liberdade jurídica, à educação e ao divórcio. Ainda que separadas pelo oceano, a brasileira Julia Almeida compartilhava diversas características com a escritora portuguesa. Nascida em 1862, em uma família favorável à educação feminina, também se dedicou intensamente ao ativismo social e político e a frutífera carreira literária, e foi a primeira mulher a tentar entrar para a Academia Brasileira de Letras. o casamento de Leonor com Bernardo representa a comunhão de ideias, onde marido e mulher não estão numa relação de subordinação de um sexo pelo outro, mas são complementares.

Essa maneira de pensar o casamento em ruptura com o ideal patriarcal presente na obra de Ana Osório é, por sua vez, característico do feminismo liberal burguês do período do qual ela participa. Por conseguinte, esse modelo de casamento aparece em Mundo Novo como símbolo também de uma nação moderna, expansiva e eugênica. A representação, naqueles casos, serve não somente como uma imagem da visão de mundo das autoras, mas também como doutrinação ou crítica às atitudes ao público que cada uma visava. Se Osório primava por transmitir aos seus patrícios formas de se criar um ideal de nação utilizando-se de uma relação mais equilibrada entre homens e mulheres, Almeida utilizava-se da voz de Fernanda para instruir não só Maria, mas também para criticar o padrão de mulher elitista apática, superficial, sem escolaridade ou trabalho.

A intenção da autora é colocar em questão a afirmação usual de que o partido comunista não se interessava por outras pautas que não estivessem ligadas diretamente à abolição da propriedade privada e à mudança nas relações de classe e, ao mesmo tempo, busca revelar, a partir da trajetória de Zuleika Alambert, como ela mesma passou a se identificar com as propostas feministas. Nascida em 1922, Zuleika iniciou sua militância aos vinte anos de idade e participou de diversos momentos importantes da história, como a segunda guerra mundial, em que pressionou o governo brasileiro por romper as relações com o Eixo, defendeu a anistia, a redemocratização do país e a convocação da Assembléia Constituinte. Foi a primeira mulher a se tornar membro do Comitê Central do PCB, embora afirme que esta posição era como um álibi para que o partido dissesse que apoiava a causa das mulheres.

Segundo Soihet (2013), a entrevista feita com Zuleika mais seu levantamento bibliográfico levam a crer que o movimento comunista tanto exaltava a mulher comunista como aquela que não poderia se aliar à mulher burguesa, ao mesmo tempo reservava a elas um papel secundário. Segundo Soihet (2013, p. Não era incomum mulheres negras se associarem ao PCB, já que as ideias de Lenin (data de nascimento - morte) e de Marx (data de nascimento - morte) previam uma sociedade justa em todos os sentidos, o que incluía também a questão de gênero e de raça. Logo, existia uma associam forte entre a opressão classista com a racista e misógina. Desta forma, muitas mulheres negras tinham seu primeiro engajamento político em partidos de esquerda para, em ato contínuo, organizarem movimentos feministas que combatiam as desigualdades sociais – tanto de classe quanto de gênero e raça.

Com esse viés, Maria Brandão organizou e liderou moradoras nas favelas de Salvador e participou de vigílias e passeatas para garantir o direito de moradia das pessoas que lá moravam, assim como, para combater a pobreza que se instalava. Na década de 1950, destacou-se – em parceria com outras mulheres negras – na participação da “Campanha da Paz”, movimento organizado pelo PCB que visava criar conselhos em diversos municípios. As autoras nos explicam essa invisibilidade citando Bell Hooks (1995), dizendo que “esse tipo de invisibilidade seria resultado do racismo, do sexismo e da exploração de classe institucionalizada, que também impõe reais barreiras quando as mulheres negras decidem se inserir no espaço da resistência política e/ou do trabalho intelectual. ” Como se não bastasse, Maria Brandão também foi vítima da representação sexista e racista do arquétipo da mãe negra que, segundo Bell Hooks (1995), é a representação da feminilidade negra como maternidade clássica, como “‘peito’, amamentando e sustentando a vida de outros”.

Este arquétipo introjetado coletivamente insere a ideia que a mulher negra é aquela que deve cuidar das demandas básicas dos demais, abdicando das suas, em prol de todos os outros, inclusive dos mais abastados. Essas atitudes racistas e sexistas podiam ser vistas em diversas outras premiações, onde mulheres negras só eram laureadas na esfera da família e da arte. Ainda assim, Brandão não se afastou dos movimentos por direitos civis e combate a preconceitos. SILVA e FERREIRA, 2017, p. XX). Após a análise e interpretação dos três artigos, que trazem as histórias das brasileiras Zuleika Alambert, Maria Rita, Maria Aragão, Maria Brandão, Júlia Lopes de Almeida e da portuguesa Ana de Castro Osório, podemos pensar que a estratégia narrativa comum é ressaltar a biografia dessas mulheres como contexto, ou “pano de fundo”, para refletir ora uma trajetória de transformação entre preocupações políticas e partidárias e de que maneira as questões feministas emergem nas histórias individuais, refletem também como a própria condição de mulher e negra pode invisibilizar as trajetórias biográficas e impedirem o reconhecimento de seu legado.

Na próxima seção de análise, esta conclusão a que chegam as autoras que abordam o feminismo a partir das biografias de mulheres de que existe uma condição feminina específica e uma luta de mulheres e sobre mulheres é trabalhada sob outro ângulo, trazendo uma análise mais teórica do que empírica. FEMINISMOS DECOLONIAIS E O LUGAR DA MULHER BRASILEIRA Dos diversos textos analisados no momento da revisão bibliográfica, ficou claro que existe uma busca por consolidar e enunciar como se dá o movimento feminista no brasil em termos teóricos e em termos políticos. As lutas cotidianas e as ações coletivas realizadas por muitas mulheres como as mulheres negras comunistas na metade do século XX, são centrais nessas experiências e em muitos casos não se enquadram na narrativa oficial das “ondas feministas”.

SILVA; FERREIRA, 2017, p. Além da forma clássica de categorizar o feminismo em ondas, as autoras seguem afirmando que: Refletir sobre as vivências e as lutas das mulheres negras, das mulheres indígenas, das mulheres que estão imersas nas mais diferentes regiões do que convencionamos chamar de Brasil pode não apenas possibilitar novas narrativas da história das mulheres, mas também e, principalmente, nos ajudar a deslocar a ideia do que é ser feminista. Afinal, também nunca é bastante perguntar, o que é feminismo? O que é ser feminista quando consideramos corpos e histórias diferentes? Esse desafio ao feminismo é a marca deste movimento pós-colonial e decolonial, como dito anteriormente, e que busca também afirmar a mulher negra como a sujeita deste feminismo outro, este feminismo não-ocidental que surge a partir da realidade brasileira.

Neste sentido, neste grupo de análise, dois textos teóricos soam importantes: O de Danúbia Fernandes (2016) que busca relacionar o conceito de gênero ao de feminismo e negritude e o de Sandra Almeida (2013) que relaciona as intersecções entre a teoria feminista e os estudos pós-coloniais. De outro lado, as mulheres negras tiveram suas experiências ignoradas no movimento de mulheres em nome de uma homogeneização da vivência feminina. Pode-se compreender com este fragmento, o quanto as mulheres negras batalharam para serem ouvidas dentro dos movimentos negros, mesmo desempenhando um papel crucial na manutenção destes movimentos e atuando nas organizações de eventos para angariar fundos, por exemplo. No que tange ao movimento feminista, percebe-se também, pela literatura especializada, que as reivindicações das mulheres naquele contexto dizia respeito a ter a propriedade do próprio corpo, a ter autonomia financeira e a ter liberdade sexual.

FERNANDES, 2016). De acordo com Fernandes (2016), o feminismo negro utilizou-se "da força semântica do termo 'feminismo'”, e ampliou suas reivindicações para temas como combate à pobreza, criação de políticas públicas específicas e o acesso à educação. Dessa forma, as militantes brancas lutavam pela posse de seus corpos, pela independência entre outras questões, e as negras preocupavam-se com a proteção à família, a violência e a pobreza. Assim, a mulher negra não via qual caminho seguir. É quando começa a ser percebida a importância de se discutir o papel da mulher negra no mercado de trabalho, na educação e, também, em assuntos relacionados à saúde (FERNANDES, 2016). Realidades decoloniais e pós-coloniais das mulheres negras Esses dois artigos, tanto o de Fernandes (2016) quanto de Almeida (2013), oferecem uma perspectiva de avanço teórico para o feminismo decolonial ou pós-colonial que permite abrir novos eixos de análise que, mesmo aplicados ou voltados para uma realidade empírica específica, podem trazer novas abordagens para compreender a experiência específica da mulher não-ocidental.

Na seleção de artigos feita neste trabalho, duas abordagens se despontam: a de Figueiredo e Gomes (2016) que fazem uma perspectiva comparada entre o feminismo negro brasileiro e da Guiné Bissau e de Damasco, Maio e Monteiro (2012) que observam as questões de saúde para falar da importância do fortalecimento do feminismo negro e sua luta contra a esterilização compulsória de mulheres negras nos anos 1980. Apontava-se, ainda, a necessidade de promover discussões mais amplas acerca de conceitos como classe social e raça. DAMASCO, MAIO E MONTEIRO, 2012, p. XX) Dessa forma, o campo da saúde reprodutiva – criado a partir de acusações de procedimentos cirúrgicos esterilizantes contra mulheres negras nos anos 80 – irrompe como estopim do ativismo e da formação de um feminismo negro no Brasil durante a década de 80.

Os autores nos apresentam o contexto em que afloram tais acusações e, concomitantemente, esclarece as discussões que deram base para a conexão entre as militantes negras e a saúde pública no país nessa época. Um dos casos emblemáticos desta luta aconteceu no ano de 1982, quando um documento produzido pelo governo de São Paulo analisando o Censo de 1980 apresentou afirmações de nítido viés racista ao defender um controle de natalidade da população negra para que esta não superasse em números a população branca, e para que aquela não tivesse meios de acesso aos cargos mais importantes de comando político do país. Segundo a PNAD, 71% das mulheres brasileiras casadas ou unidas e que tiveram filhos, de 15 a 54 anos, usavam algum tipo de anticoncepcional.

Desse percentual de mulheres, a esterilização figurava em primeiro lugar (44%), seguida da pílula anticoncepcional (41%). Os maiores índices de mulheres esterilizadas, de 15 a 54 anos, encontravam-se nos estados do Maranhão (75,4%), de Goiás (71,3%) e de Pernambuco (61,4%), indicando a prevalência da esterilização cirúrgica na região Nordeste, onde a população parda e preta é majoritária (DAMASCO; MAIO; MONTEIRO, 2012, p. XX). Com tais pesquisas, a campanha contra contra o neomalthusianismo e a esterilização de mulheres negras ganha novo impulso, com os órgão governamentais e seus patrocinadores internacionais sendo acusados pelos movimentos feministas negros de genocidas, por apresentarem a esterilização como única forma de controle familiar, além dos dados dos sistemas de saúde não registrarem diferenças étnicas/raciais, o que dificultava a coleta de dados sobre o assunto.

No caso da Guiné Bissau, o conceito de interseccionalidade não tem a mesma penetração e reconhecimento, uma vez que as percepções sobre a diferença nem sempre são sinônimos de opressão e constituem outras rotas de pensamento e formas de compreender a experiência da mulher que não são articuladas pelo binômio dominação/subalternidade. Diferentemente da experiência brasileira, conforme temos visto nos textos analisados anteriormente, a experiência da mulher negra não é de todo invisível. Há um reconhecimento nacional da importância que as mulheres tiveram nas lutas de libertação da Guiné, contudo, viram e ainda veem negadas as possibilidades de alçar cargos de poder e exercer papeis sociais de liderança: O movimento feminista na Guiné-Bissau, tal como o compreendemos, nasceu a partir de uma luta anticolonial e de um processo revolucionário conduzidos contra o poder colonial português, em que as mulheres tiveram uma participação significativa.

O discurso emancipatório oficial procurou promover a imagem das mulheres guineenses, mostrando a sua centralidade no processo de independência e na sociedade em geral. Seguindo os objetivos do movimento de libertação, as principais reivindicações do movimento feminista se concentraram na busca de melhores condições sociais e econômicas para as mulheres, como a luta contra determinadas práticas culturais ancestrais, tais como os casamentos precoces e as circuncisões. Neste outro contexto, a cor não é um problema racial, contudo, ser do mundo rural sim. O operativo semelhante que subalterniza a empregada doméstica por ser negra é o fato da mulher vir da tabanka, do mundo rural, com pouca instrução. Deste modo, as autoras concluem que: Sendo o gênero uma categoria histórica e socialmente construída, ela não pode ser analisada da mesma forma em tempos e espaços diferentes, ou em sociedades que apresentam caraterísticas sócio-históricas diversas; portanto, é necessário analisar as várias dinâmicas e atores locais (agregados, grupos, organizações etc.

que tomaram e tomam parte no processo de construção das identidades de gênero. Portanto, sendo uma construção social, o gênero acaba por ser também um fenômeno cultural. Esses artigos foram analisados e resumidos (ver Quadro 1) e foi possível fazer um recorte temático que traduz as principais pautas do debate feminista contemporâneo que podem ser subdividas em duas vertentes: a busca por uma elaboração teórica sobre as especificidades do movimento feminista brasileiro e o resgate de biografias de mulheres que tiveram um importante papel na história do país. A primeira vertente, que busca elaborar as especificidades do feminismo brasileiro tem se preocupado com os seguintes temas: o gênero e a sexualidade, mais especificamente de que modo sexualidades e gêneros dissidentes no contexto da realidade brasileira trazem novos aportes às demandas feministas considerando-se a especificidade do Brasil como país que mais mata pessoas LGBTQ no mundo, um país que constrói uma narrativa nacional que se mistura com a figura de uma mulher mulata sexualizada.

Esta discussão também convive com a reflexão sobre o Estado e a sociedade civil, em que se busca analisar como o feminismo enquanto ativismo e formado por diversos coletivos tem tido poder de interferir na esfera e nas políticas públicas a favor dos direitos das mulheres. A terceira vertente identificada é o esforço teórico de resgatar narrativas biográficas que re-situem as mulheres na narrativa histórica brasileira. Invisibilizadas pela própria narrativa androcêntrica, mulheres que tiveram papel fundamental na constituição de coletivos ou lutas políticas geralmente são apagadas da narrativa oficial. Fernandes (2016) fala da impossibilidade de dissociar a raça e o gênero como um lugar de opressão da mulher negra, bem como Almeida (2013) retoma ambos os conceitos para trazer a colonialidade como um dispositivo também subjetivo de opressão da mulher para, então, terminarmos a análise com o emblemático artigo de Damasco, Maio e Monteiro (2013) que pesquisam as políticas de esterilização da mulher negra até a década de 1990 e a sua relação com uma forma de opressão à brasileira.

Ambas as chamadas vertentes neste trabalho – a de enaltecimento de biografias de mulheres e as análises pós-coloniais – trazem como projeto político mais importante o de re-situar a mulher negra como a sujeita do feminismo no Brasil, debruçando-se sobre sua história, sua experiência particular de opressão, a forma como sua identidade é sobredeterminada pela experiência do entroncamento de patriarcados, como diz Julieta Paredes, em que o patriarcado colonial branco se alia ao patriarcado local para produzir uma experiência de dominação e subjugação em que, no caso do Brasil, relacionam-se também com aspectos particulares de sua própria narrativa nacional. REFERÊNCIAS ALVES, B. M. Ideologia e Feminismo: A luta da mulher pelo voto no Brasil. de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

ed. BENEVENTO, C. Revista USP, São Paulo, v. mar/maio 2001. BOURDIEU, P. A dominação masculina. Tradução Maria Helena Kühner. DAMASCO, M. S. MAIO, M. C. MONTEIRO, S. O gênero negro: apontamentos sobre gênero, feminismo e negritude. Revista Estudos feministas, Florianópolis, vol. n. Setembro/ Dezembro. FREIRE, M. Estud. Fem. online]. vol. n. “Intelectuais Negras”. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, IFCS/UFRJ e PPCCIS/UERJ, v. n. p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. M. Fundamentos de metodologia científica. In_____. São Paulo: Atlas. ed. F. BIROLLI,F. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Bom tempo. NARVAZ, M. Um novo olhar sobre as relações sociais de gênero: feminismo e perspectivas críticas na psicologia social. Fundação Calouste Gulbenkian,2001.

PATEMAN, C. O contrato sexual. São Paulo: Editora Paz e Terra S. B. de (Org. Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p.

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