Saúde Mental e trabalho docente- ossos do oficio ou sobrecarga

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

As doenças psicológicas oriundas do trabalho, ou desenvolvidas no trabalho estão cada vez mais comuns nas áreas mais diversas, e nos mais variados ramos de atuação, vai do Médico, Juiz, Policial militar até faxineiros, garis, comerciantes, estudantes, ninguém está imune. Dentre as doenças psicológicas mais perceptivas e diagnosticadas estão a depressão, o estresse, a ansiedade, transtornos bipolares e até mesmo a síndrome de Burnout. A grande consequência trazida por essas doenças, principalmente o estresse desdobra-se em doenças psicossomáticas, que são aquelas com sintomas físicos, mas que apresentam causas psicológicas. Além disso, a depressão e ansiedade atingem cada vez mais indíces de incidência, acometendo inclusive crianças, e gerando muitas vezes sequelas catastróficas como multilação e até mesmo suicídio em casos mais severos.

Nessa pesquisa, será analisado através de um ensaio, como as doenças ocupacionais psicológicas afetam a saúde do profissional da educação. Na visão do empregador não há porque ele investir em maiores condições sendo que há muitos querendo aquela vaga, seria um gasto desnecessário em sua ótica. O problema disso tudo está no efeito dominó desbravado pela crise do desemprego. Um desses efeitos mais danosos constitui na coisificação de áreas de formação humana, como a educação básica. Nesse sentido Frigotto (2002, p. explica que a crise afetou a educação básica que passou da condição de formação humana para um forma de trabalho alienada, isso quando não reduzido como forma de emprego ou subemprego. A condição capitalista exerce uma pressão social muito forte sobre o docente, o qual se sente desvalorizado e inapropriado.

Assim, a supervisão docente, diretores e os donos de escola não tem “motivos” para proporcionar um ambiente estruturado capaz de valorizar o professor, já que tem dentro do mercado uma tantada de outros profissionais querendo entrar em uma eventual ausência de um docente. Ante ao exposto, percebe-se grande influência da teoria de Karl Marx dentro dessa celeuma de alienação do trabalho, que tem muita pertinência temática com o assunto tratado. A condição precária do labor exprimida é o que afeta o trabalhador e por isso repercuti na sociedade no geral como a principal responsável pela problemática das doenças ocupacionais. As vezes, pode parecer que determinado caso tenha sido ocasionado por exclusiva culpa de uma pessoa que agiu com indelicadeza, rudez, ou assédio perante outra, porém as causas tendem a ser muito maiores.

Todos esses fatores distanciam-se da genuidade do ensino praticado, eles prosperam no sentido de exigir uma sociedade cada vez mais produtiva e menos consciente. Por conta do exposto, o ensino ministrado pelo educador não tem a semântica exata em que deveria se proliferar, tem, pelo contrário, uma semântica que exige o foco para questões estritamentes produtivas, pautado nas exigências da sociedade contemporânea. Logo, um profissinal que tem seus esforços desvirtuados tem juntamente disso seus esforços comprometidos. Hoje, o professor se tornou um mero profissional que deve contribuir para reprodução da sociedade em que ela está, não mais deve ser parte de melhorar a sociedade, proporcionar achatamento das desigualdades e produzir um indivíduo crítico e agente de mudança.

Suas ações são avalidas de maneira pragmática e perturbadora de sua ordens mais nobres. Esse tipo de conduta exigida do professor o desgasta em muito, pois se ele não o fizer, não conseguirá exercer seu ofício profissional, são fatos que prejudicam a pedagogia dentro da sala de aula. O professor que em toda sua carreira de estudos delimita sua formação para aprender como repassar conhecimento para seus alunos acaba se deparando no Brasil com diversos problemas sociais trazidos por seus alunos para dentro da sala de aula. Ou seja, ele passa a atuar como um verdadeiro assistente social, pois deve orientar e educar seus alunos para que este lide com problemas sociais muita vezes vividos em suas casas. Ainda, dentro de casos mais complexos o professor é aquele que percebe o problema de um aluno, muitas vezes antes mesmo da família do mesmo.

É o professor quem muitas vezes diagnostica em sala alunos hiperativos. O resultado disso é catastrófico. Nessa área de atuação uma hora/aula não significa apenas uma hora, significa muito mais. O docente deve preparar planejamento de aula, deve corrigir atividades e provas, deve avaliar desempenho de alunos, preencher papeladas etc. Logo, o professor acaba tendo que dispensar muito mais horas de seu dia para garantir que as aulas aconteçam ,e quanto mais aula ele pegar, e precisa pegar, pois ganha mal, mais tempo ele deverá demandar em sua rotina. Tudo se conclui em um ciclo vicioso e ininterrupto, que se rompe somente quando o princípio gerador desse ciclo para, quando o professor fica doente. E em 2017, até no mês de setembro já haviam sido registrados 27. afastamentos por conta desses transtornos.

Cumpre mencionar a gravidade da depressão, pois dela decorre o suicídio, dado este também apontado pela referida pesquisa, a qual apontou mais de 90% das pessoas que cometeram suicídio tinham quadros agudos de depressão. Não há dados mais recentes registrados em forma clara de pesquisa, mas acredita-se que desde setembro de 2017, onde pararam os dados da pesquisa até a data de hoje os casos de professores com transtornos mentais tenham aumentado ainda mais, inclusive de depressão. Tendo esses dados como exposto, é necessário lembrar dos fatores que causam esses transtornos nos docentes, que são as más condições que enfrentam diariamente. Primeiramente, em virtude da semântica atual do trabalho, que visa a exclusividade capitalista e despreza o lado humano e acaba, por consequência , gerando um pressão social nos professores e trabalhores em geral.

Tal coisificação prospera somente o consumo e a conquista de padrões exigidos pela sociedade. Outro motivo está na questão da oferta e demanda de mão de obra no mercado de trabalho, que com a saturação do mercado faz com que a atividade sofra com muitos profissionais para poucas vagas, que acaba por imperar aos que estão empregados sujeitarem-se a quaisquer condições impostas pelo empregador. Ainda, outra condição de mercado está nos baixos salários de remuneração que o docente recebe. Os baixos salários desdobram outro problema de sobrecarga, pois exige do profissional que pratique muitas horas/aula para que incremente seu salário, que somente com horas ordinárias não cumprem sua necessidade. Somente com o apoio da população é que os direitos devidos dos professores serão alcançados através de muita luta.

Para corrigir as estatísticas absenteístas dos transtornos mentais bem como melhorar o trabalho do docente no Brasil perfaz a criação de uma política pública que dê assitência digna ao docente. Uma política que institua um limite máximo de alunos em sala de aula, minizando a proliferação de problemas sociais vivenciados dentro do ambiente escolar. Além disso, o caminho da melhora passa por um aumento significativo da remuneração desses profissionais, sobretudo daqueles do ensino básico ao médio, que sofrem com a baixa dos salários e recorrem a sobrecarga de horários. Ainda, requer a instalação de um suporte presente e efetivo que auxilie o professor em todo em qualquer problema que tiver com alunos, por parte das escolas, secretarias de educação, coordenadorias e todos os responsáveis hierarquicamente superiores.

FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; DA COSTA, Dora Henrique.  A experiência do trabalho e a educação básica. DP & A Editora, 2002. TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude.  O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas.

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