RISCO DE INFECÇÕES NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO DE UM HOSPITAL PÚBLICO MUNICIPAL DE MATO GROSSO MT

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Engenharias

Documento 1

A metodologia consistiu na execução de um estudo de caso, de caráter descritivo e de abordagem quali-quantitativa, realizado por meio da aplicação de um questionário. Os principais resultados demonstraram que esta unidade hospitalar possui uma gestão ineficiente de riscos, que tende a contribuir para a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais, em especial, de infecções. Palavras-chave: Saúde do trabalhador; riscos ocupacionais; serviços hospitalares; infecção hospitalar. iNTRODUÇÃO Ao longo dos últimos anos, as condições inadequadas de segurança e higiene no ambiente de trabalho têm sido responsáveis por promover inúmeros acidentes e doenças ocupacionais, em diferentes setores, de modo a ocasionar, em especial, a incapacidade temporária ou definitiva do trabalhador (SANTOS, 2013). De acordo com Santos (2013), a Organização Internacional do Trabalho – OIT estima que ocorra, aproximadamente, 250 milhões de acidentes de trabalho por ano, que contam 330 mil fatalidades e 160 milhões de casos envolvendo doenças ocupacionais.

Uma vez que, segundo o mesmo autor, o risco está associado a fatores adversos presentes neste ambiente e as características das atividades desenvolvidas. Os riscos podem variar, também, em razão de problemas administrativos, financeiros, normas, treinamento, entre outros (SANTOS, 2013). Dentre do contexto de riscos, acredita-se que o principal, no ambiente hospitalar, seja o biológico, o qual define-se como a probabilidade da exposição ocupacional a agentes microbiológicos, em determinado tempo e intensidade de contato. Estes agentes são capazes de contribuir para o surgimento sobretudo de infecções, ocasionadas por bactérias, bacilos, protozoários, helmintos, parasitas, fungos e vírus, que penetram no organismo hospedeiro (imunodeprimido) por meio de vias respiratórias, cutâneas e digestivas (ABEN, 2006). Os fluidos biológicos considerados de risco, segundo Galon, Robazzi e Marziale (2008), compreendem o sangue e os líquidos orgânicos, potencialmente infectantes.

O questionário, aplicado na entrevista apresentou cerca de vinte e quatro (24) questões no total. As perguntas selecionadas para compor o questionário buscam avaliar a atual estrutura do hospital municipal, em termos de equipe (cargo e quantidade de profissionais), unidades (RX, UTI, enfermaria e isolamento), práticas de limpeza, disposição de resíduos de serviços de saúde (lixo hospitalar), medidas preventivas (contra infecções), ocorrência e tipologia de infecção, como ilustra o Anexo I. O questionário foi respondido pela Secretária Municipal de Saúde e complementado pelo Coordenador do Hospital Municipal. Aspectos éticos Levando em consideração a segurança e a qualidade das informações a serem coletadas, preocupou-se em fornecer sigilo e a garantia do anonimato ao entrevistado. Desta forma, o entrevistador buscou explicar que a sua colaboração é de caráter voluntário, podendo ser recusada a qualquer momento, e que os dados particulares da instituição iriam permanecer sob sigilo.

Visto que, como evidencia Cavalcanti et al. a unidade hospitalar constitui o principal local de trabalho em que os profissionais atuam em contato direto e contínuo com o paciente, em um ambiente em que os riscos e as exposições tendem a ser maiores e mais frequentes. Desta forma, conforme prevê o item 4. da NR-4, os órgãos públicos da administração direta ou indireta e dos poderes judiciário e legislativo; empresas privadas ou públicas, que tenham empregados sob o regimento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) devem, obrigatoriamente ter um Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT. O SESMT constitui uma equipe composta por profissionais da saúde que tem por função proteger a integridade física dos trabalhadores (BALTHAZAR et al.

Não apresentando assim, espaços destinados a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a enfermaria para recém-nascidos. O que evidencia um quadro precário, uma vez que, o hospital tende a atender a população residente do município que, segundo o IBGE (2018), pode alcançar cerca de 101. pessoas. Além disso, há, também, a população flutuante ou vizinha, que pode vir a recorrer aos serviços da unidade. A ausência de UTI e enfermaria para recém-nascidos, assim como o limitado número de quartos de isolamento, pode contribuir para a proliferação, em especial, de patógenos, que podem favorecer a proliferação de infecções e tornar o ambiente mais agressivo a saúde do trabalhador. Além disso, é interessante ressaltar que apesar da responsabilidade pela coleta ser da empresa terceirizada, a instituição hospitalar deveria monitorar este serviço, visto que, qualquer manuseio inadequado de resíduos e/ou materiais perfurocortantes, pode vir a promover a contaminação dos ambientes da unidade hospitalar ou de profissionais da instituição, que se encontrem no local.

A disposição inadequada destes materiais descartados pode, também, contribuir para um maior nível de infecções, não apenas na área comum do hospital, mas fora de seu ambiente. O descarte inadequado de resíduos, em áreas inapropriadas, pode promover a proliferação de agentes biológicos e, consequentemente, vetores, favorecendo o surgimento de epidemias. Apesar da empresa terceirizada ser, como relatada pelo entrevistado, responsável pela destinação final do produto, a responsabilidade é compartilhada, uma vez que, a gestão do hospital é a geradora dos resíduos e a contratante do serviço. Deve, portanto, preocupar-se com a destinação deste material e prezar pela proteção da vida de seus trabalhadores. Acredita-se que os riscos físicos e químicos possam ser controlados e evitados por meio de capacitação, uma vez que, estão direcionados a manipulação de produtos/substâncias, bem como a execução de atividades de saúde, geralmente, exames, que envolvem agentes físicos como: ruído, vibração, entre outros, como ilustram os autores Cabral e Silva (2013), e Balthazar et al.

Os riscos biológicos, como ressalta Rezende et al. são de difícil previsão, enquanto que os físicos e químicos já são, geralmente, conhecidos e percebidos pelos profissionais. Este fato demonstra que, a presente unidade hospitalar possui um programa de capacitação e treinamento falho, visto que, os principais riscos, do ponto de vista da gestão, representam os agentes químicos, que estão associados, geralmente, a manipulação de substâncias químicas. Levando em consideração, também, que a unidade não conta com um profissional de Segurança e Saúde do Trabalho e nem com mapa de risco, bem como executa ações simples de limpeza e, portanto, demonstra um cenário precário de controle de riscos, assim como proteção da saúde do trabalhador, nota-se a escassez de medidas de identificação e quantificação de riscos biológicos.

A estratégia de PSF, segundo Silva (2013), vem representando, ao longo dos últimos anos, uma nova forma de assistência à saúde, sendo considerada, também, uma das grandes empregadoras da força de trabalho na área de enfermagem. O mesmo autor ainda cita que, estes postos tendem a ter uma infraestrutura, segurança e uma condição precária para os trabalhadores desenvolverem suas atividades, em comparação as unidades hospitalares de grande porte. Acredita-se que pelo menos 72% destes profissionais estejam expostos a riscos biológicos que até o presente momento, não foram mensurados. Em relação aos riscos biológicos das unidades hospitalares, é possível estimar os principais acidentes que uma equipe de enfermagem se encontra exposta, com base na incidência de eventos já ocorridos. Por meio do trabalho de Rezende et al.

Rio de Janeiro: ABEN, 2006, 44p. BAKKE, H. ARAÚJO, N. M. C. F. CAVAGNA, V. M. VALENTE, S. C. n. p. CAVALCANTE, C. A. A. p. GALON, T. ROBAZZI, M. L. C. Disponível em: <https://cidades. ibge. gov. br/brasil/mt/tangara-da-serra>. Acesso em: 05 de maio de 2019. Florianópolis, 2003. REZENDE, L. C. LEITE, K. N. Acidentes de trabalho e suas repercussões na saúde dos profissionais de enfermagem. Revista Baiana de Enfermagem, v. n. p. RODRIGUES, M. M. M. MIRANDA, F. M. D. p. SANTOS, D. N. S. Riscos de acidentes de trabalho envolvendo profissionais de enfermagem no PSF: Uma revisão da literatura. V. Avaliação do gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde em municípios da região metropolitana de Belo Horizonte (Brasil). Engenharia Sanit Ambient, v.

n. p. Artigo Científico (Pós-Graduação em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacional). Faculdade Objetivo. Rio Verde, 2013. VIEIRA, C. S.

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