Reprodução e Larvicultura de Pintado pseudoplatystoma corruscans

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Medicina Veterinária

Documento 1

Galileu Crovatto Veras. Data da aprovação. Belo Horizonte, MG: _____/_____/______ ______________________________________________ Professor Dr. Galileu Crovatto Veras – Orientador Universidade Federal de Minas Gerais _____________________________________________ MSc. Adriana Xavier Alves – Membro Titular Universidade Federal do Pará ____________________________________________ Bruno Dias dos Santos Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte, MG 2018 AGRADECIMENTOS Agradeço a toda minha família, por todo apoio até aqui, por toda a paciência e força, tornando o caminho ao longo dos anos mais fácil. ABSTRACT Pseudoplatystoma corruscans is one of the major Brazilian migratory fish species, which is found in wide river basins in the South America. This species is popularly known as “surubim pintado” and is possesses high commercialization value specially into hospitality, gastronomy and sport fishing, by the recognition of the considerable flavor and the absence of intramuscular spines.

The artificial fish breeding is very important for P. corruscans in Brazil. The current work describes the management practices carried out during the internship developed by the student during graduation course, in Piraí Pisciculture, which is located at Terenos, Mato Grosso do Sul State, Brazil. Espécie trabalhada durante o estágio 17 3. Manutenção e seleção de matrizes de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) para reprodução 17 3. Indução hormonal e fertilização artificial em reprodutores de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) 19 3. Incubação dos ovos e acompanhamento completo do desenvolvimento embrionário e larval do pintado (Pseudoplatystoma corruscans) 22 3. Manejo alimentar e limpeza das incubadoras na fase de larvicultura 23 3. MELO, 2013). Apesar da vasta biodiversidade brasileira, muitas espécies de peixes estão ameaçadas de extinção, tais quais cascudo-preto, pirá, pintado e dourado (GODINHO E GODINHO, 2003).

Dentre os fatores relacionados à diminuição de espécies nativas de peixes nas bacias brasileiras, destacam-se a introdução de espécies exóticas nesses ambientes, construção de barragens e usinas elétricas e poluição dos rios e do solo, visto que danificaram o habitat natural desses animais, prejudicando também a prática da pesca (GODINHO E GODINHO, 2003). Dessa forma, a reprodução desses peixes em cativeiros é de grande importância, pois alivia a pressão ocasionada pela pesca em fontes naturais. Atualmente, a prática da piscicultura movimenta o setor econômico brasileiro, no qual peixes como o pintado (Pseudoplatystoma corruscans) possuem fácil aceitação de consumidores, sendo bastante apreciado nos mercados nacional e internacional (SMERMAN, 2002; INOUE et al. CORDEIRO, 2014; PIRAÍ PISCICULTURA, 2018). As características ambientais do Mato Grosso do Sul evidenciam uma riqueza de recursos hidrológicos e favorecem uma elevada produtividade biológica, atraindo recursos pesqueiros para o Estado (RESENDE et al.

SATOLANI, 2008). Situando-se no Pantanal, o Estado do Mato Grosso do Sul, portanto, apresenta vasta área de planície alagável, passíveis de abrigar diversas espécies de peixes (SATOLANI et al. Desse modo, a pesca movimenta enormemente a economia no Estado do Mato Grosso do Sul, tanto para a subsistência da população ribeirinha quanto promovendo a produção de pescado em larga escala por produtores rurais (RESENDE et al. Devido a tais características, o pintado tornou-se um dos peixes mais valorizados no mercado, sendo também bastante utilizado em práticas de pesca esportivas (SMERMAN, 2002; VIDAL et al. O pintado é uma das espécies nativas encontradas na Bacia do Rio São Francisco, na Bacia do Rio Paraná e na Bacia do Rio Paraguai, contribuindo para a nutrição da população ribeirinha nesta localidade, de modo que a pesca nessa região é extremamente importante para a movimentação econômica dessa população (GODINHO E GODINHO, 2003).

O pintado é considerado uma espécie ideal para cultivo no Brasil, em decorrência de seu rápido crescimento e eficiente conversão alimentar, podendo atingir até 1,5 kg em 12 meses (PADUA, 2001; INOUE et al. Dessa forma, a piscicultura do pintado tem se disseminado pelo território brasileiro, em Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo (SMERMAN, 2002; BALDISSEROTTO E GOMES, 2010). Atualmente, o Estado do Mato Grosso do Sul fornece toneladas de pintado tanto para outros Estados brasileiros, sobretudo para grandes redes de supermercado das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, quanto para países como Alemanha, Estados Unidos, França e Inglaterra (SATOLANI, 2008; PROCHMANN E TREDEZINI, 2018). Após a desova, os peixes migratórios retornam aos cursos hidrológicos inferiores, onde realizam uma farta alimentação, recuperando o gasto energético ocorrido na migração e desova (RESENDE et al.

A desova ocorre por diversas vezes no período de vida de peixes migratórios, como o surubim pintado, geralmente em intervalos repetitivos e, no caso desta espécie, a desova é total (RESENDE et al. ZANIBONI-FILHO E Weingartner, 2007). Para que ocorra a desova, é necessária uma sucessão de eventos fisiológicos no corpo do animal, relacionados a controles hormonais que promovem a maturação das gônadas (ZANIBONI-FILHO E Weingartner, 2007). Primeiramente, ocorre a ação da gonadotropina na hipófise e no plasma, propiciando o recrutamento de ovócitos e o início da vitelogênese, além de estimular um aumento nos níveis de estrogênio e testosterona (ZANIBONI-FILHO E Weingartner, 2007). Dentro da ordem dos Siluriformes, também se destaca a espécie Pseudoplatystoma fasciatum, popularmente conhecida como cachara, sendo caracterizada por alta valorização comercial, seguindo os mesmos parâmetros de P.

corruscans (INOUE et al. Os exemplares dessas duas espécies, se diferenciam principalmente nos padrões estéticos (Figura 3) apresentados por cada uma, que apresentam formatos corporais e sabor da carne semelhante (INOUE et al. Comparando-se as diferenças entre as duas espécies, é possível evidenciar o padrão de manchas circulares no surubim pintado, ao passo que o cachara apresenta manchas irregulares, com padrão “tigrado” ao longo do corpo (INOUE et al. Além disso, em condições naturais, o primeiro pode atingir o dobro do tamanho corporal, quando comparado com o cachara (INOUE et al. Objetivos específicos Com o presente trabalho objetivou-se realizar as seguintes práticas relacionadas ao cultivo do pintado Pseudoplatystoma corruscans; • Selecionar matrizes de pintado aptas para o protocolo de indução hormonal; • Aprender a técnica de indução hormonal e fertilização artificial para a espécie; • Incubação de ovos e acompanhamento completo dos desenvolvimentos embrionário e larval; • Manejo alimentar total e limpeza das incubadoras na fase de larvicultura; • Treinamento alimentar; • Biometria e estocagem de alevinos; • Procedimentos de transporte para a venda a varejo e atacado dos animais; • Avaliar a qualidade da água; • Avaliar a eficiência da técnica aplicada na Piscicultura.

ESTÁGIO NA PISCICULTURA PIRAÍ 3. Área de estudo O estágio foi realizado na Piscicultura Piraí (Figura 5), localizada na Fazenda Cachoeirão Gleba VIII, BR 262, Km 424, S/B, CEP 79. no município de Terenos, no Estado do Mato Grosso do Sul - MS, a 75 Km da capital Campo Grande. As atividades ocorreram sob supervisão dos produtores rurais Rodrigo Kasai, médico veterinário, e Yassuo Kasai, proprietários do estabelecimento. Adicionalmente, todas as matrizes de surubins eram devidamente marcadas com microchips, que permitem a rastreabilidade dos animais ao longo do processo e o controle do processo de produção na piscicultura. Por fim, para a obtenção de melhores resultados, os reprodutores eram preparados e mantidos em condições ambientais favoráveis, como baixa densidade de estocagem (um peixe/5m²), alimentação ao final do dia com ração de alta proteína (50% de proteína bruta), fotoperíodo e temperatura acima de 20 ºC, além de boa qualidade da água, descritos nos itens a seguir.

O processo de canulação baseia-se no pressionamento manual do abdômen do animal pelo profissional, observando-se o volume do abdômen, bem como a flacidez da região ventral e papila urogenital hiperemiada, ou seja, apresentando bastante irrigação sanguínea (INOUE et al. Assim, a canulação e demais características permitem a diferenciação entre reprodutores machos e fêmeas, considerando-se que muitos machos não liberam o fluido espermático durante o pressionamento, além de permitir a avaliação da qualidade e do estágio de maturação dos gametas (INOUE et al. Por sua vez, a marcação dos animais por microchips é imprescindível por possibilitar o controle do processo de produção, bem como por evitar a fuga de peixes e o cruzamento endogâmico dentro da piscicultura, conforme descrito por Cordeiro (2014).

A proporção sugerida por Pádua (2001) é de um ml de sêmen para a fertilização de mil óvulos (MELO, 2013). A inclusão de muita água causa a diluição do sêmen, e diminui a possibilidade de encontro com a micrópila para a fertilização. Da mesma forma que a quantidade insuficiente pode causar a obstrução (fechamento) da micrópila (região por onde o espermatozoide entra), reduzindo sensivelmente a taxa de fertilização. Woynarovich e Horváth, 1983). A hipofisação, utilizada no presente trabalho, é uma técnica previamente estabelecida por lhering e Azevedo (1936) no Brasil, baseando-se na desova por indução em peixes migradores, a partir da aplicação do extrato de hipófise contendo hormônios presentes na hipófise de peixes maduros (ZANIBONI-FILHO E Weingartner, 2007; inoue et al.

Adicionalmente, a extrusão dispensa a necessidade de utilização de tanques especiais para a desova, facilitando o manejo dos ovos fertilizados (ZANIBONI-FILHO E Weingartner, 2007). Tais procedimentos estão bem estabelecidos por produtores de diversas espécies de peixes no Brasil, pois permitem ótimos índices de reprodutibilidade e controle de produção (ZANIBONI-FILHO E Weingartner, 2007). Inoue e colaboradores (2003), por exemplo, relataram uma taxa em torno de 90% de sucesso reprodutivo após a indução hormonal de surubins em cativeiro. Para isto, é necessário instalações adequadas, bem como grande dedicação por parte do criador (INOUE et al. Incubação dos ovos e acompanhamento completo do desenvolvimento embrionário e larval do pintado (Pseudoplatystoma corruscans) Após a fertilização em bacias plásticas, os ovos eram divididos igualmente entre as incubadoras (200 L cada equipamento), por meio de medidas de volume utilizando béqueres padronizados pelo estabelecimento, dependendo da quantidade e volume disponíveis após a fertilização.

Náuplios de Artemia salina, recém eclodidos em água contendo 26 ppt de sal, 2000 lux e aeração constante, foram utilizados para alimentação dos peixes em intervalos de 60 minutos, utilizando cerca de 500 náuplios por larva. Após 24 horas de tratamento, a alimentação foi fornecida em intervalos de duas horas, por cerca de 10 dias para as pós larvas, visto que neste estágio, já apresentam aparato bucal completamente aberto para aceitar a alimentação exógena. Os náuplios, para poderem ser administrados para as pós larvas, foram filtrados por um filtro de 200 micras para a remoção de água salgada. Ao final do dia, as incubadoras eram limpas com o auxílio de mangueiras de pressão e escovas de cerdas pelo lado externo, com o intuito de evitar-se o entupimento e subsequente transbordamento das mesmas.

A alimentação exógena por náuplios de Artemia salina é recomendada quando as pós larvas de pintados atingem cerca de 4,5 mm de tamanho médio, ou seja, após 2-3 dias de idade, até os 10 dias de idade, conforme demonstrado no item subsequente (INOUE et al. Um treinamento alimentar semelhante foi efetuado por Guerrero-Alvarado (2003) com exemplares de pintado no Mato Grosso do Sul, em que foram obtidos excelentes índices de sobrevivência ao longo do experimento (INOUE et al. Inoue e colaboradores (2003) também relatam que a utilização de rações contendo alto teor de proteínas de origem animal resulta em um satisfatório crescimento de pintados em cativeiro, propiciando a obtenção desses animais em larga escala. Ainda mais, Cordeiro (2014) relata que, por meio do treinamento alimentar acima descrito, a Piraí Piscicultura mantém credibilidade a décadas para o fornecimento de alevinos que rapidamente adequam-se a uma alimentação em outros horários, fato que atrai a comercialização por demais produtores da região.

Estocagem de alevinos de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) Os tanques onde os animais permaneciam, após o treinamento, apresentavam renovação de água constante e as medidas eram 1,3 m x 8,0 m x 0,6 m. Foram consideradas as seguintes densidades de estocagem: 9 a 11 cm para 15000 peixes, 11 a 13 cm para 10000 peixes, e 13 a 15 cm para 5000 peixes. Cordeiro (2014) descreveu que alevinos das espécies do gênero Pseudoplatystoma são comercializados apenas por unidade, visto que possuem um preço relativamente considerável, variando entre e R$ 1,25 a 7,00, para alevinos maiores, também chamados juvenis. O trabalho também descreve a grande competência da Piraí Piscicultura no comércio sobretudo de alevinos de surubins, fato que justifica sua vasta credibilidade no mercado (CORDEIRO, 2014). CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho descreveu as atividades realizadas durante o estágio obrigatório realizado pelo aluno, durante o período do curso de graduação, na Piscicultura Piraí, o qual proporcionou um enorme e imensurável conhecimento prático acerca de procedimentos rotineiros utilizados na reprodução em larga escala de peixes, tais quais o mercado de peixes de couro, assim como toda a cadeia produtiva, manejo e acompanhamento total das espécies.

O conhecimento prático foi de enorme valia, como o aprendizado de técnicas relativamente simples, em que se destaca indução hormonal por hipofisação, tão amplamente padronizada pela literatura especializada. Além da aprendizagem de procedimentos técnicos, o contato com equipamentos específicos, incluindo até mesmo procedimentos microscópicos foram bastante enriquecedores. Bras. Reprod. Animal. v. n. W. et al. Aqüicultura no Brasil: bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília: CNPq, 2000. CARVALHO, D. FARIA, P. M. C. RIBEIRO, L. P. Relatório de estágio curricular obrigatório (Graduação em Zootecnia) – Universidade Federal de Goiás, Jataí. GODINHO, H. P. GODINHO, A. L. A desova e a hypophysação dos peixes. Evolução de dois Nematognathas. Arch. Inst. Biol. A Larvicultura e a Alevinagem do Pintado e da Cachara.

Panorama da Aqüicultura. p. Inoue, L. A. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste; Manaus: EmTebrapa Amazônia Ocidental; Corumbá: Embrapa Pantanal, 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tabela 3940 – Produção da Aquicultura, por tipo de produto. Disponível em <https://sidra. ibge. PADUA, D. M. C. Fundamentos da piscicultura. Ed. Acesso em 14 jun 2018. PROCHMANN, A. M. TREDEZINI, C. A. C. NASCIMENTO, F. L. PALMEIRA, S. da S. Corumbá, MS: EMBRAPA-CPAP (EMBRAPA-CPAP. Boletim de Pesquisa, 02, 1996. Satolani, M. F. Corrêa, C. P. Migratory fishes of the Sao Francisco River. In: Carolsfeld J, Harvey B, Ross C, Baer A (eds). Migratory fishes of South America. WorldFisheries Trust, Victoria: BC, Canada, 2003. a. s. de Godoi, d. s. Larvicultura de Pintado (Pseudoplatystoma sp) em Alta Floresta – Mato Grosso. c. l. de Mecêdo, g. r.

Utilização do eugenol como anestésico para o manejo de juvenis Pintado (Pseudoplatystoma corruscans). ZANIBONI-FILHO, E. NUÑER, A. P. O. Fisiologia da reprodução e propagação artificial dos peixes. ZANIBONI-FILHO, E. Weingartner, M. Técnicas de indução da reprodução de peixes migradores. Rev Bras Reprod Anim. v.

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