Reabsorção radicular externa na ortodontia

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Medicina

Documento 1

Esta revisão abordará a Reabsorção Radicular Externa (RRE). Conceito e Classificação A reabsorção externa é iniciada no periodonto e afeta as superfícies externas ou laterais de um dente.  É uma sequela comum após a ocorrência de lesões traumáticas, movimentação dentária ortodôntica ou infecções crônicas das estruturas periodontais.  Pode ocorrer como uma entidade única ou uma combinação de reabsorções internas e externas e pode manifestar simultaneamente no mesmo dente ou aparecer como defeitos separados (Patel, Kanagasingam, Pitt Ford, 2009). Pode ser classificada em reabsorção externa da superfície, reabsorção inflamatória externa, reabsorção externa de substituição, reabsorção cervical externa e quebra apical transitória (FERNANDES, ATAÍDE, WAGLE, 2013). Portanto, é essencial fazer radiografias periapicais periódicas durante o tratamento.

Quando a reabsorção radicular (RR) é detectada durante o tratamento ativo, deve ser tomada uma decisão quanto a continuar, modificar ou descontinuar o tratamento. Luxações são relatadas como a principal causa de reabsorção por substituição (FERNANDES, ATAÍDE, WAGLE, 2013). A reabsorção por substituição é um processo contínuo pelo qual o dente é gradualmente substituído por osso. Os dentes submetidos a essa forma de reabsorção têm um som de percussão metálico característico. DUDIC et al. Presume-se que essas mudanças de pressão criem uma condição inflamatória na membrana periodontal que induz o processo de RR (PIÇANÇO et al. Outras causas da RR citadas são: extrações dentárias; comprimento radicular reduzido; RR prévia ao tratamento; pequena proporção entre coroa e raiz; pequena espessura do osso alveolar (PICANÇO et al.

Um estudo realizado com o objetivo de compreender melhor os fatores clínicos que podem levar à RRE valeu-se de varreduras de tomografia computadorizada de feixe de cones maxilares de 18 (dezoito) indivíduos que foram tratados com retrações caninas bilaterais durante ortodontia.  Como resultados encontrou-se que a carga não foi o único fator causador de RRE. Em conclusão, pesquisas sobre a etiologia da RR também se concentraram nas reações inflamatórias e condições de reabsorção causadas por doenças gerais que afetam o tecido ósseo e / ou o tecido ectodérmico (PORTO; BARBOSA, 2015). Em resumo, outras causas conhecidas além das reações inflamatórias são a afecção geral da dentição (ectoderme e ectomesênquima) e a afecção local (ectomesênquima e inervação) (FERNANDES et al.

Em casos de reabsorção com etiologia desconhecida, o problema é igualmente complexo. Esses tipos de reabsorção são chamados de reabsorções idiopáticas. Ocorrem normalmente em locais diferentes na dentição e frequentemente com a mesma aparência fenotípica: raízes de pré-molares pequenos, raízes de incisivo curto e pontiagudo e raízes distais curtas do primeiro molar na mandíbula (KJAER, 2013).  Hasegawa et al.  (2003) mostraram que o papel protetor de HERS não havia sido estabelecido.  No entanto, eles revelaram que as células HERS, produzindo proteínas específicas da matriz, incluindo osteopontina, ameloblastina e proteínas morfogênicas ósseas (BMPs), desempenham um papel importante no reparo do cimento após a reabsorção.  Outra hipótese é a ausência de alguns fatores intrínsecos no cemento e na predentina, como a amelogenina ou a osteoprotegerina (OPG) [membro da superfamília do fator de necrose tumoral (TNF)], que atuam como inibidores das células reabsortivas.

A OPG é um receptor chamariz por ligação ao ativador do receptor do fator nuclear κ ligando B (RANKL). Outros fatores associados que agravam o problema podem ser citados, tais como magnitude das forças aplicadas, posição e a influência das estruturas adjacentes (CONSTANTINO et al. Independentemente da técnica utilizada pelo ortodontista, a RR acaba sendo consequência do tratamento empregado, porém, não é a técnica, mas sim as forças empregadas que fazem com que haja a perda de substância radicular. Essas forças apresentam diferentes características como intensidade, direção, frequência e duração. Foi o que concluiu Ganda, Mazzieiro e Batista (2009) após fazer comparação entre diferentes técnicas e mecânicas ortodônticas e seu potencial em causar reabsorção.

Uma investigação sobre a variação na quantidade de RR cervical induzida ortodôntica e a associação com vários fatores, como a quantidade de deslocamento dentário, localização do dente na maxila ou mandíbula e presença de interferência que pode influenciar a quantidade de RR.   3 Reparo da reabsorção radicular O movimento dentário ortodôntico é sempre acompanhado por certa quantidade de RR.  Quando a aplicação de forçar ortodônticas é interrompida, a reabsorção de raiz ativa entra em transição para um processo de reparo.  Acredita-se que este reparo seja de três tipos: parcial, funcional e anatômico.  O reparo parcial ocorre quando a dentina exposta é parcialmente coberta por um novo cemento com alguma área da dentina exposta restante descoberta; o reparo funcional ocorre quando a dentina exposta foi completamente coberta por uma fina camada de reparo cemento sem o restabelecimento do seu contorno original; e o reparo anatômico é caracterizado pela restauração da superfície da raiz em seu contorno original (MEHTA et al.

A quantidade de RR tem sido amplamente estudada em relação à magnitude, bem como a duração da aplicação das forças ortodônticas. A força intrusiva foi aplicada nesses dentes por um período de 6 semanas, seguido pela retenção dos dentes durante 4 semanas (grupo A) e 6 semanas (grupo B) como períodos de descanso antes da extração.  Os dentes extraídos foram preparados para exame histológico com hematoxilina e coloração com eosina e estudados sob um microscópio de luz.  As seções histológicas foram pontuadas com base no nível de reparo (nenhum, parcial, funcional ou anatômico) observado nas crateras mais profundas na região termal apical das raízes.  Todos os dentes mostraram cicatrização em suas crateras mais profundas.

 Os dentes do grupo A apresentaram reparação parcial com maior frequência (84,6%), com o restante (15,4%) mostrando reparo funcional.  Estudos destacam melhor precisão da radiografia periapical quando comparada à radiografia panorâmica ao determinar a magnitude da RR, devido à menor distorção e precisão dos detalhes finos (Brüllmann, Schulze, 2015).  Portanto, um número crescente de profissionais solicita exame periapical completo para tratamento de pacientes ortodônticos adultos (Makedonas, Lund, Hansen, 2013).   No que tange ao tratamento, se o dente for restaurável e tiver um prognóstico razoável, o canal radicular é o tratamento de escolha.  O objetivo do tratamento do canal radicular é remover todo o tecido vital e necrótico, para garantir que as células reabsorventes sejam lisadas e desinfetar e obturar o sistema de canais radiculares (Keinan et al.

As complexidades do sistema de canais radiculares e a inacessibilidade do defeito oferecem dificuldades técnicas para a desinfecção completa do canal radicular.  O tratamento endodôntico por canal não é necessário quando se trata de reabsorções externas inflamatórias associadas à lesão de trauma oclusal.  Isso requer uma abordagem diagnóstica e terapêutica bem fundamentada no conhecimento sobre lesões de trauma oclusal (CONSOLARO; BITTENCOURT, 2017). É importante destacar o fato de que não há evidências metodologicamente aceitáveis ​​na literatura para revelar a possibilidade do trauma oclusal induzir a necrose pulpar.  Sempre que esta hipótese de diagnóstico existir, o profissional deve verificar se há história pregressa de traumatismo dentário no caso em questão (SAMANDARA et al. Se a causa identificada se deve a traumas dentários de menor magnitude, como concussão, o processo de reabsorção retrocederá sem sintomas.

 Quando se trata de concussão, não há aumento da mobilidade dentária e, quando há um sintoma, não passa de uma breve sensação desconfortável que dura entre 2 e 4h.  Tudo somado, refere-se a pequenos impactos ou traumas diários (CONSOLARO; BITTENCOURT, 2017). Após a reabsorção cervical externa começar, o processo dificilmente irá regredir: será contínuo, lento e gradualmente comprometerá a estrutura cervical do dente afetado.  Esse tipo de reabsorção dentária não tem relação etiopatogênica com a polpa dentária (FERNANDES, ATAÍDE, WAGLE, 2013). A conduta do profissional e o tratamento nesses casos envolvem a identificação do ponto de entrada da reabsorção nos tecidos mineralizados e, uma vez que o retalho gengival é levantado, suavemente cureta a região reabsorvida, irrigando, protegendo a polpa e preenchendo com material esteticamente favorável que deve ser compatível com a saúde dos tecidos gengivais.

 Isso é justificável apenas por razões técnicas.  A reabsorção pode ser muito profunda e ampla, além de estar muito próxima da polpa, na medida em que é tecnicamente impossível protegê-la ou não perfurar a fina parede pulpar que a isola e protege.  Mesmo nos casos mais profundos e amplos, a polpa será normal, livre de qualquer sinal de pulpite (CONSOLARO, 2012). O prognóstico do tratamento de reabsorção cervical externa em dentes com manutenção da vitalidade pulpar ou casos de dentes branqueados internamente é muito positivo.  Casos de recorrência não foram relatados (FERNANDES, ATAÍDE, WAGLE, 2013).  Além de exame clínico e radiografias periapicais, estudos confirmaram a utilidade da tomografia computadorizada de feixe cônico no diagnóstico de reabsorção.

Mais estudos são necessários para entender o processo de reabsorção para um tratamento mais novo e com abordagens mais previsíveis. Diagnóstico oportuno, remoção da causa e tratamento adequado são obrigatórios para o sucesso do tratamento.  Com o advento de tecnologias diagnósticas superiores, como, a tomografia computadorizada, uma gestão mais conservadora pode ser esperada.  Técnicas endodônticas modernas, incluindo as ajudas ópticas, ultrassônicas e técnicas de preenchimento de termoplásticos oferecem oportunidades para a reabilitação dos dentes reabsorvidos.   et al. Repair of root resorption 4 and 8 weeks after application of continuous light and heavy forces on premolars for 4 weeks: a histology study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. p. CONSTANTINO, G. I; OLIVEIRA, R. C. G; OLIVEIRA, R. C.

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